segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O PLANO NATALINO







                                                             O Plano Natalino








   `Aquela noite, um homem, andando pelas ruas de Boston, viu a sua frente uma mulher loira, alta, muito elegante, de salto alto, que despertou sua curiosidade...
   Apressou o passo e olhando para ela, andando a seu lado falou:
-  Can I ask you something?"
   A mulher olhou pare ele, de relance, não deu importância, e seguiu seu caminho. Ele deixou, propositadamente, que ela andasse um pouco `a frente.
   Depois de olhar para seu rosto, sentia uma compulsão em falar com ela. 
   Decididamente, era a mulher mais linda que jamais havia visto.
    Apressou um pouco o passo para que `a ela pudesse chegar novamente mas, o olhar serio que viu estampado em seu rosto o fez deixa-la seguir, mais uma vez. Quando ela ja' quase havia sumido de sua vista apressou-se, agora com determinação, tentando resgata-la. Não podia deixa-la passar. Tinha que falar com ela. Tentou finalmente.
-  I just want to ask you something! May I?
   Ela apressou o passo, andando rápida e impecavelmente naqueles saltos altos que a faziam tao elegante.
   "- Puxa vida! Acho que não tem jeito..."  Pensou o homem consigo mesmo quando, pode perceber
    um sorriso no rosto da mulher.
   De repente, lembrando-se que muitos Brasileiros vivem em Boston, arriscou:
-  Você e' Brasileira?
-  Sim! Foi a única resposta que ouviu.
   Tentou puxar conversa, andando ao seu lado mas, ela mudava de direção, propositadamente colocando outra pessoa, que pela rua também andava, ente os dois. Depois de varias tentativas infrutíferas, a mulher pegou um ônibus e se foi. Não sem deixar na mente daquele homem uma imagem que ele, tinha certeza, guardaria para sempre.

    Elfinho voltou para o céu e, antes da reunião daquela noite, disse a Papai Noel...
 -  O senhor lembra daquela carta maluca que recebemos do Bundinha Doente pedindo uma mulher
    como presente de natal? Hoje eu vi a mulher que ele quer...
 -  O nome do homem e’ Horinando Bundin Dodói... Guardei a carta... Falou papai Noel. 
 -  Mas como você sabe ser a que ele quer? Finalizou.
 -  E’ uma Brasileira, loira e de bunda grande... Bonita pra cacete... Ta’ na cara! Ademais, ela tem
    cara de quem gosta de chup...
-  Para! Modere seu palavreado. Isto aqui e’ o céu. Não o botequim que você frequentava quando
   estava vivo e era bicheiro...E o que você fez? Indagou o “velinho”.
-  Nada! Eu não sabia se o senhor queria dar a mulher ao cara...
-  Por falar nisso, o que você estava fazendo em Boston ao invés de trabalhar aqui? Estamos
   enrolados ate' o pescoço e você passeando? Indagou Papai Noel.
-  Estava com vontade de fumar um cigarrinho e tomar uma cerveja e senhor proíbe tudo aqui...
   Respondeu Elfinho.  
   Depois de ouvir a historia, Papai Noel levou o assunto `a reunião daquela noite e ficou resolvido que, se fosse possível, ele deveria dar a mulher de presente. Além de fazer o cara feliz, ganharia mais um aliado para comprovar a veracidade deste mito que envolve o Natal.
   Ali mesmo, ordenou `a Elfinho, aquele duende rebelde, que voltasse ao mesmo lugar no dia seguinte e falasse com a mulher, de qualquer maneira...
   Todas as noites, Elfinho voltava para o céu, com um bafo de cerveja e cheiro de cigarro difícil de aguentar dizendo a Papai Noel; “- Nada!”
   Os dias se passavam e todos no céu ja’ estavam preocupados. Agora era uma questão de honra... A mulher tinha que ser encontrada. O dia de Natal estava chegando...
   Finalmente, na manha do dia 23, Elfinho, de volta `a Boston, estava quase jogando seu cigarro fora quando uma estranha pediu que acendesse o cigarro para ela. Ele tirou o isqueiro do bolso, o acendeu, e sentiu uma das mãos da mulher tocando a sua, tentando proteger a chama do vento gelado. Ao levantar o rosto, em sua direção, levou um susto... Era a mulher por quem procurava...
   Desta vez não podia deixa-la escapar. Usando de toda sua sutileza, passou a mão na bolsa da mulher e saiu correndo.
   Como era um duende, podendo ate’ voar se quisesse, ninguém o alcançou...
   Logo após bisbilhotar seus documentos e escrever o que interessava, voltou ao mesmo lugar e devolveu a bolsa `aquela mulher... Assim que ela viu o baixinho gritou: “- Foi esse ai quem roubou minha bolsa!”
   Pra que! Começaram a meter porrada no pobre duende que, se não conseguisse voar, morreria pela segunda vez.
   Quando Papai Noel o viu chegar ao céu todo arrebentado, perguntou:
-  O que aconteceu?
-  Deixa pra la’ “patrão”. Tenho aqui todas as informações daquela mulher...
   Papai Noel conferiu tudo que Elfinho escreveu em um papel e começou a traçar seus planos para satisfazer o pedido que o homem havia feito naquela carta maluca.
   Na mesma noite “fez” com que Horinando pensasse em entrar num dos sites de namoro pela Internet. Tratou que a “coincidencia” o fizesse escolher mesmo que a mulher também frequentava...
   A tristeza da noite solitária daquele homem, foi completamente transformada quando viu o primeiro perfil. Alem da foto que “tinha certeza” ja’ havia visto antes, O cabeçalho de sua descrição dizia: “Procuro por um homem que goste de mim, não so’ da minha bunda...”
   Horinando mandou uma mensagem e, imediatamente foi respondido.
   Mais duas mensagens e a mulher lhe deu o numero do telefone. Mais alguns minutos e ja’ estavam conversando `a viva voz, começando a se entender e, em poucas horas, descobriram um no outro o que sempre procuraram... Agora! Diz que Papai Noel não sabe o que faz...
   No dia seguinte, véspera de Natal, quando haviam combinado se encontrar, conversando casualmente, Nilde, nome daquela mulher, disse que tinha a sensação que ja' houvessem convivido antes. Que apenas estavam se reencontrando...
   Na primeira vez que Horinando ouviu esta sentença não deu muita importância.
   Quando ouviu a mesma observação pela segunda vez, como que por instinto, sorriu. Nilde olhou para ele, sorrindo também e me perguntou:
-  O que foi?
   Sorriu novamente! "O que foi?" Insistiu curiosa...
   Ele a olhou e disse:
-  Ja' sei! E' verdade, ja' havíamos nos visto antes...
-  Quando? Perguntou Nilde.
-  Em Boston, andando na rua. Tentei conversar mas não recebi tua atenção. Depois de varias
   tentativas, você pegou o ônibus e foi embora. Hoje, depois que te conheci pessoalmente, sabendo
   que teu irmão vive em Boston, me lembrei que foi la' que te vi pela primeira vez.
   Ela olhou para seu companheiro, como se estivesse tentando reconhece-lo e, depois de algum tempo, apenas sorriu. Não sabia se convencida, se conscientizada de que esse fato era real ou apenas reflexo das muita imagens que, na esperança de se encontrarem, fizeram um do outro e agora, depois de algum tempo, começavam a tomar forma.
    Depois de passarem o dia juntos, repleto de conversas, passeios, reflexões, troca de carinhos, decidiram começar a explorar mais a magia daquele encontro. Se deram a mão e saíram felizes com o presente de Natal que haviam se dado um ao outro...

   Do céu, Papai Noel olhava, feliz ao constatar que o plano havia dado certo...
   Elfinho, a seu lado, percebendo a felicidade do velhinho, perguntou...
-  E se este encontro não tivesse dado certo?
   Papai Noel, olhando para ele com um olhar de quem sempre soube o que fazia, apenas sorriu ironicamente, em resposta...
-  Não era mais fácil pegar logo a mulher e dar para ele amanha, ao invés de ter corrido o
   risco de não se entenderem? Perguntou Elfinho.
   Papai Noel, olhando para ele mais uma vez, com toda sabedoria, respondeu:
-  Você sabe me dizer como fazer uma bunda daquele tamanho passar pela chamine'?...







Copyright 2013 Eugenio Colin












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