quinta-feira, 25 de julho de 2019

MITOS










                                                                    Mitos









   Mitos são representações falsas e simplistas, geralmente admitidas por membros de uma sociedade, algo que e’ recordado, representado ou afirmado de forma irrealista.
   Plantas carnívoras comem gente, tomar sorvete no inverno da' dor de garganta, manga com leite faz mal, elefantes tem medo de rato, goma de mascar gruda no estomago, cães sentem cheiro de medo, gatos sempre caem de pe', um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar, se cruzar os olhos e bater um vento você fica vesgo...
   Estes são alguns das centenas de mitos que ouvimos ao longo de nossa vida. Mas, nenhum deles porem chegam perto de fazer parte da realidade...

   Este pensamento me lembrou a historia de Clarimunda e Dorivaldo...
   Clarimunda era uma das mulheres mais lindas de cidade onde residia. E olha que estamos falando de uma cidade com mais de cinco milhões de habitantes... Alta, morena, cabelos negros e longos, olhos amendoados, feições clássicas e delicadas, esguia, sempre bem maquiada, dedos longos, unhas sempre feitas... Verdadeiramente uma modelo de capa de revista mas, não conseguia arrumar um namorado. Se saísse com alguém para ir a uma festa ou a um bar, era como se fosse o beijo da morte. Nunca mais veria o homem... Amigas, não tinha, ninguém conseguia ficar a seu lado por muito tempo. Sua mãe era a única pessoa na face da terra que havia aprendido a conviver com ela.
   Trabalhava por conta própria, em seu carro, fazendo entregas domiciliares, a única ocupação que conseguira manter, assim mesmo porque estava sempre sozinha e o contato com seus colegas e gerentes era minimo. Antes deste, de todos os empregos por onde passara havia sido dispensada.
   Ninguém entendia o motivo daquela discriminação cruel. Uma mulher tão bonita...
   E, Clarimunda ja' estava começando a ficar preocupada... Mais de quarenta anos, sem namorado e, ainda virgem. Não que aparentasse sua verdadeira idade mas, o fato e' que o tempo passava e nada...
   Um dia, em uma entrega, num bairro nobre da cidade, ao tocar a campainha, foi atendida por um homem muito forte, muito bonito, parecia um ator de cinema... Efetuou a entrega, recebeu sua assinatura e se foi, deixando com ele um belo sorriso que foi retribuído amavelmente, acompanhado por uma voz grave, máscula que mais parecia com a daqueles locutores que anunciam trailer de superproduções holliwoodianas, ao dizer: “obrigado querida!”
   A moça tremeu nas bases, seus joelhos balançavam a ponto de bater um no outro e foi com grande sacrifício que conseguiu deixar o local.
   O dia foi consumido por pensamentos envolvendo aquele homem lindo que havia encontrado, alguns ate' dignos de filmes pornocênicos da mais baixa qualidade.
   A noite foi terrível. Não conseguia dormir... Sera' que ele e' casado? Tem namorada? Ja' pensou o tamanho do pinto daquele cara?...
   No dia seguinte, não resistiu! Voltou a casa do homem sem mesmo saber o que fazer, ou dizer, como se aproximar...
   Tocou a campainha da porta e, desta vez uma senhora atendeu. Clarimunda gelou... Não podia ser sua esposa, tinha muita idade para isso, a menos que fosse a dona da grana, estava muito bem vestida para ser a governanta ou empregada... Ainda estava estática, chocada, sem saber o que dizer quando ouviu aquela mesma voz maravilhosa que encantara seus ouvidos no dia anterior dizer:
-  Quem e', mamãe?
   Pronto! Parte do problema esclarecido. Agora, tinha que pensar rápido, antes do homem chegar, para saber o que dizer...
   Assim que ele chegou e abriu um pouco mais a porta ouviu:
-  Como vai?
-  Bom dia! Vim aqui para confirmar que a mercadoria chegou sem avarias. Nosso
   serviço e' personalizado e sempre gostamos de saber a opinião de nossos clientes. Mentiu,
   descaradamente, Clarimunda.
-  Vamos entrar! Por favor... Convidou o homem.
-  Muito prazer! Meu nome e' Dorivaldo. Disse o homem, so' agora reparando que
   aquela mulher era realmente digna de maiores atenções, fato que não havia percebido
   no dia anterior.
   Dona Dorivalda, a senhora que atendeu `a porta, mãe de Dorivaldo, pode entender que os dois estavam interessados um no outro e, assim sendo, resolveu sair de fininho antes que começassem a se agarrar e, quem sabe, fazer coisa pior ali mesmo em sua frente.
   Dorivaldo não tirava os olhos da bunda da mulher que, por sua vez também dirigia olhares tentadores e pecaminosos  ao local onde presumia estar aquele algo tentador.
   Porem, um fato inexplicável chamava a atenção dele. A mulher não parava de se mexer, de um lado para o outro, pra cima e pra baixo, com se estivesse sentindo coceira e não quisesse se coçar.
   A dado momento perguntou:
-  Você esta' bem?
-  Tudo bem! Acho que e' a emoção... Respondeu.
-  Fica ai que te trago um pouco de água com açúcar para te acalmar...
   Assim que o homem se afastou, Clarimunda soltou o maior peido que jamais havia acontecido naquela sala...
   Dorivaldo assustado com o barulho disse para sua mãe que, felizmente para ela, estava em seu quarto:
 -  Mamãe não fica arrastando móveis sozinha. Me chama que eu te ajudo...
 -  Se for arrastar móveis te chamo! Estou lendo... Gritou Dona Dorivalda.
 -  Você ouviu um estrondo? Perguntou Dorivaldo se dirigindo a Clarimunda ao mesmo
    tempo que lhe oferecia um copo d’água.
-  Não! Respondeu ela com a cara mais lavada, sabendo muito bem que sofria de
   flatulência aerofágica e peidava mais do que uma cabrita.
   Clarimunda era consciente, ou pelo menos suspeitava, que esta era a causa pela qual não conseguia um relacionamento amoroso estável. Lembrava-se das vezes em que não pode segurar e passou pelos maiores vexames que alguém poderia passar mas, e agora? Não queria perder a chance e deixar escapar de suas garras de virgem faminta aquele homem maravilhoso. Pelo menos por alguns minutos estava aliviada.
   Tinha plena ciência que este era um problema praticamente sem solução. Ja' havia tentando tudo. Médicos, curandeiros promessas, remédios caseiros e, nada!
   Uma vez ate’ havia tentado introduzir uma rolha de champanhe no local apropriado antes de dormir. `Aquela época, ha' algum tempo estava com medo de não acordar no dia seguinte, asfixiada pelos gazes que `a noite, inconscientemente, deixava escapar. Naquele dia não tardou muito para que assustada, fosse despertada pela explosão que ouviu. Ainda sonolenta, a primeira impressão foi que uma bala perdida houvesse entrado em seu quarto. Depois, recuperando o pleno raciocínio, ajudada pelo insuportável cheiro de enxofre, abrindo mais os olhos, pode reparar um furo no teto, bem acima de sua cama... O difícil foi explicar aos policiais da PM que em sua casa chegaram, chamados pelos vizinhos, o que causara aquele estampido.

   Na casa de seu novo conhecido, depois de tomar água e se sentir mais aliviada, conversaram tanto que ela nem voltou ao trabalho. Descobriu que seu interesse amoroso era um Industrial milionário, dono de uma fabrica de aeronaves para executivos. Era solteiro, nunca havia se casado, viajava para a Europa duas vezes por ano, era simples e frugal, apesar de todo dinheiro que tinha. Era presidente de três instituições de caridade. Todo ano, no dia de Natal, ao invés de esbanjar consigo próprio, gastava uma fortuna e passava o dia inteiro organizando e servindo um banquete para pessoas carentes na igreja em que sistematicamente frequentava. Alem disso era bonito pra cacete e devia ter um pinto enorme. Como poderia deixar este cara escapar?
   Dorivaldo, por sua vez também gostou do jeito de Clarimunda.
   O romance decolou sem maiores problemas. Ambos estavam felizes. Clarimunda ate' descobriu uma maneira de não peidar; antes de encontrar com seu “amor” não comia nada, assim sendo não tinha nada em seu estomago para fermentar.
   As poucas vezes que saíram para jantar fora, pedia sempre salada e comia que nem um passarinho, tentando assim controlar reações químicas inevitáveis que poderiam resultar em catástrofe.

   Mais uns poucos dias e os “pombinhos” não conseguiam se controlar. Ele estava louco para comer; ela, louca para dar...
   Combinaram então ir a um motel para extravasar toda aquela ansiedade.
   Mal fecharam a porta do apartamento e começaram a ser despir avidamente... A noite de amor seguia melhor do que antecipado por ambos... Certamente estavam felizes... Clarimunda começava a ficar mais confiante. Mais de duas horas naquele esfrega-esfrega e nenhum peido... Ate' que, sem querer Dorivaldo apoiou seu cotovelo sobre a barriga da moca, quando tentou se esticar para alcançar o telefone, do outro lado da cama, com a intenção de pedir algo para comerem.
   A principio, ela sentira apenas a pressão que o braço de seu companheiro havia feito. Segundos depois porem, o inevitável acontecia... Clarimunda começou a se espremer, morder os lábios com forca, juntar as pernas, enfiar a ponta do lençol na bunda, fingindo estar se limpando, sem nenhum resultado. A cada segundo a pressão era mais forte. Fazia de tudo para se conter e não desapontar seu “amor”. Tudo em vão!
   De repente, como uma panela de pressão pronta para explodir, aquele estrondo...
   Foi um senhor peido! O deslocamento do ar contido naquele quarto fechado fez a cama estremecer e alguns quadros de decoração nas paredes cair.
   Dorivaldo olhou para um lado, depois para o outro, procurando por algo que nem ele sabia o que. E' claro que não encontrou nada. Mais uns segundos e um cheiro insuportável invadia o ambiente. Clarimunda estava mais vermelha que um camarão depois de frito. Não sabia onde enfiar tanta vergonha. Dorivaldo, por sua vez, não entendia nada.
   Os gazes eram tão  fortes que Clarimunda poder ver, para sua consternação, lagrimas verterem dos olhos de seu amor. Quanto mais ele tentava limpar os olhos, mais os irritava... Ela se desculpou, tentou explicar, tentou disfarçar, pensou em botar a culpa em outro peidorreiro mas, pensando bem, so' os dois estavam ali... Pegou uma tolha no banheiro... Nada! Nada era capaz de amenizar tanto sofrimento... Dorivaldo não parava de chorar... Era como se tivesse sido atingido por uma daquelas bombas de gaz lacrimogêneo. Foi preciso mais de duas horas de um trabalho de recuperação intensa para que os “pombinhos” conseguissem deixar o ninho.

   A historia de Clarimunda e Dorivaldo serve muito bem para descredibilizar duas suposiçoes:
   Homem não chora...
   Mulher não peida...
   Dois dos mais comuns, entre tantos mitos.







   Copyright 7/2018 Eugenio Colin

sexta-feira, 19 de julho de 2019

MUJINHA & BONITÃO










                                                        Mujinha & Bonitão









   Depois do episodio ocorrido em um super mercado de Belo Horizonte, quando um de seus colegas de trabalho a pedira em casamento em frente de todos que `aquele momento ali estavam, Mujinha havia decidido se recluir, principalmente em relação   `a sua vida amorosa. Foi com muita dor no coração   que fez seu pretendente sofrer mas, ja’ com mais de sessenta anos de idade, tinha sido casada três vezes, por isso não queria saber de mais confusão em sua vida e, diga-se a verdade, todo relacionamento amoroso e' sempre uma puta confusão... Trazia também em sua bagagem três títulos, para ela muito importantes... Miss Bahia, quando tinha apenas dezenove anos de idade, Miss Java ( Juventude Avançada de Salvador ) e  Miss Puta ( Participação Unitária Trabalhista Americana ), entidades das quais na época fazia parte. Parecia que sua sina era de arrebentar corações masculinos, despreparados para aguentar as vibrações que olhos enamorados lhe mandavam em impulsos cheios de eletricidade amorosa.
   `Aquela altura de sua vida o que mais queria era dar uma folga `a sua querida “perseguida” companheira de muitas orgias indecentes inconsequentes.
   Mujinha estava tão decidida `a uma vida reclusa que de Belo Horizonte nem voltou para sua cidade natal. Resolveu parar em Teresina, Piauí. Não queria mais saber de trabalhar em super mercado. Resolveu então, so’ para melhorar um pouco sua renda de aposentada, trabalhar em uma agencia de viagem pela qual havia passado em seu primeiro dia de reconhecimento pelas ruas da cidade e leu em uma placa; “Precisa-se de ajuda”. Não queria atender a clientes... Na maioria dos casos, eles começam pedindo descontos, depois prazos para pagar e, conversa vai conversa vem acabariam olhando para os olhos verdes da mulata e, pimba! Poderiam se apaixonar e, novamente, “pobrema”! Felizmente, para sua alegria, o cargo era de caixa. No principio ficou meia escarmentada mas, pensando melhor, depois de ver o local onde iria trabalhar, constatou que se tratava de um cubículo pelo qual, do exterior, suas coxas estariam fora do alcance visual, seu rosto parcamente aparecia e, se cobrisse os peitos, talvez estivesse fora do alvitre de olhos cobiçosos.

   O tempo passava e, aos poucos, ela acreditava que havia feito a escolha certa. Primeiro, todos os homens que ate’ então havia visto na agencia, em sua opinião, eram feios pra cacete. Ate’ hoje, depois de mais de um ano de trabalho, nunca tinha encontrado com Brad Pit, Tom Cruise, qualquer outro ator do cinema Americano ou, pelo menos alguém que pudesse assemelhar-los. Nem um simples “pagodeiro” conhecido havia la’ solicitado por serviços. E’! Teresina era o lugar adequado para ela...
   Sua vida, rotineira e desesperadora para qualquer mulher, era apropriada para ela. Morando perto de trabalho, agora, coisa que nunca havia feito antes, acompanhava a novela das sete, das oito, o jornal depois da novela e o filme depois do jornal. O problema era so’ nos finais de semana. Não tinha novela e os programas exibidos na TV eram de endoidecer qualquer mortal.
   Numa Sexta-feira porem, procurando abrigo, fugindo de um temporal torrencial, coisa rara naquela região do pais, entra na loja um homem, mais molhado do que roupa dentro da maquina de lavar, pedindo licença para ensopar o chão imaculado daquele estabelecimento.
   Tentando evitar que algum cliente de verdade pudesse cair, machucar a bunda ou coisa pior e, em consequência acionar a loja, Brabinha, a gerente da loja, gentilmente pediu a Mujinha que pegasse uma toalha e enxugasse a loja. Mujinha, com cara de poucos amigos, aquiesceu.
   Assim que chegou perto do estranho e olhou para ele, imediatamente sentiu um frio na barriga. Que homem lindo! Pensou... O homem por sua vez, quando deixou escapar uma olhada nos peitos e nas coxas da baiana piauiense, não pose se conter e, com todo seu charme e educação   falou:
-  Pode limpar sem medo, não e’ mijo, so’ água.
   Mujinha não sabia como resistir a tanta “sutileza”...
-  Como e’ seu nome? Indagou ela.
-  Pode me chamar de Bonitão. Respondeu o homem.
   Não tardou para que Mujinha oferecesse uma outra toalha para que seu interesse se enxugasse.
   Apesar das olhares reprobatórios da gerente, Mujinha nem ligou. Sentou ao lado de Bonitão e continuou a conversa, a esta altura quase apaixonada por aquele homem lindo. Conversa vai, conversa vem, acabou convidando o homem para dormir em sua casa, quando soube que ele não havia reservado hotel e estaria de partida no dia seguinte. Pelo que conversaram, pode saber que Bonitão era de São Paulo mas, atualmente morava com a filha em uma cidade pequena no interior do Brasil. Descobriu também que havia sido casado e pensava que ainda era apaixonado pela ex-esposa. Soube que era vendedor e trabalhava para uma multinacional viajando pelo Brasil vendendo adubo e, como todo bom profissional que se dedica `a sua ocupação  , e pensa em seu trabalho, vivia na merda e, so’ tinha merda na cabeça. Mas isso seria problema para daqui a pouco, agora, seu único pensamento era não deixar escapar de sua vida o homem mais bonito que jamais havia visto.

   Na manha seguinte `a noite que passou com a admiradora, Bonitão estava animado. Telefonou para a filha contando a novidade. A menina recebeu a noticia com ceticismo e reprovação  . Imediatamente começou a se referir `a sua, quem sabe, futura madrasta como “a bruxa”. Bonitão estava entre a cruz e a espada ou, se pudermos adaptar o ditado `a profissão que ele exercia, entre a prisão de ventre e o leite de magnésia. Não queria contrariar a filha, uma menina inconsequente que não queria saber de nada na vida a não ser comer, dormir e gastar o dinheiro de seu pai, razão principal pela qual não queria repartir a "fortuna" que Bonitão fazia com a merda. Mas também queria dar uma chance `a sua felicidade. Alem disso, Mujinha, apesar de sexagenária não era de se jogar fora, pelo contrario, quem os visse juntos diria que Bonitão era, pelo menos, dez anos mais velho do que ela.
   Ele estava decidido! Queria que sua “namorada” visitasse sua cidade, conhecesse sua filha, soubesse onde moravam... Afinal de contas, se combinassem, talvez pudessem viver "felizes para sempre".
   A reação   da filha em relação `a namorada foi de ódio `a primeira vista. Na Sexta-feira em que seu pai pediu para que ela fosse buscar Mujinha na rodoviária da cidade, a menina respondeu; “porque ela não vem voando em sua própria vassoura?”
   E’! Bonitão estava numa situação   difícil... Mas, estava decidido e tentar uma aproximação   entre as duas.
   Domingo, dois dias depois, Mujinha se ofereceu a preparar o almoço.
   A menina estava quase resignada com sua sina, ate’ a hora em que sentou `a mesa e sua futura madrasta se ofereceu a servi-la. Assim que abriu a tigela belíssima colocada ao centro da mesa, enfeitada com castiçais e tudo, falou:
-  Você gosta de panelada?
-  O que e’ panelada? Indagou a menina.
-  Tripa, pata e bucho de boi, bichinha. Respondeu a “madrasta” com seu sotaque
   nordestino.
   A menina, apresentou ânsia de vômitos, levantou da mesa correndo, jogou algumas bugigangas na bolsa e saiu do apartamento `as pressas, jurando a si mesma uma vingança inexorável. Comer tripa tudo bem... Tem gente ate' que gosta mas, ser chamada de bichinha era algo inadmissível em sua cabeça oca de quem não conhece o palavreado do nordeste.
   Enquanto caminhava em direção  `a casa de uma amiga, provavelmente também com a intenção   de filar uma boia, ja’ que seus planos de almoço se viram frustrados pela “bruxa”... E logo no dia em que estava disposta a dar um credito de confiança `a sabedoria de seu pai que, ate então só havia feito cagada em sua vida...
   Agora era pensar uma maneira de se vingar daquela intrusa em potencial que, ate’ agora, o único erro era de ter se interessado por um idiota que tinha uma filha imatura e inconsequente.
   Andava irritada, `a passos largos, em direção   a casa de sua amiga Celinha, que morava apenas algumas quadras distantes, quando pisou em um pedaço de barbante, daqueles que eram usado para amarar pão embrulhado em padaria... “Eureka!” Pensou... A ideia veio imediatamente... “Diabólica!” Sorriu ao terminar de planejar o plano.
   Ao chegar em casa, tarde da noite, Mujinha e Bonitão ja’ dormiam...
   Foi ao sofa’ da sala, levantou uma das almofadas e colocou uma daquelas bolas de plastico que quando apertadas emitem um som de peido...
   Naquela mesma noite, por baixo da porta do quarto onde os “pombinhos” dormiam, acendeu um daqueles barbantinhos que cheiram como enxofre. Com as “antenas” ligadas ainda pode ouvir Bonitão dizendo:
-  Mujinha! Acorda! Acho que você deveria ir ao banheiro...
-  Que tu ta dizendo bichinho? Respondeu, sonolenta.
-  To dizendo que tu ta’ peidando mais do que uma cabrita com caganeira... Respondeu
   Bonitão.
   Agora sim! Poderia dormir em paz... O inicio da vingança havia sido plantada...

  Na manha seguinte, ao acordar, sua primeira providência foi acender um outro barbantinho e colocar dentro de um vaso vazio, que nunca havia visto uma flor para enfeita-lo.
   Imediatamente, assim que sentiu o cheiro, Bonitão Exclamou:
-  Mujinha! Que esta’ acontecendo? Não da’ pra aguentar!
   A menina, mesmo com a boca cheia de pasta de dente, sorria satisfeita...
-  Bom dia! Disse ela assim que adentrou a sala.
-  Bom Dia minha filha! Respondeu Bonitão...
   Mujinha não falou nada... Sabia que não estava peidando, so’ não sabia o que estava acontecendo... Talvez não tivesse tido infância, talvez nunca houvesse se vingado de namoradas de pai, talvez não fosse tão ma’... O fato e’ que, tinha certeza que não havia peidado nem uma vez, apesar de ter comido o que comeu no dia anterior...
   Assim que saiu da cozinha em direção `a sala, para ficar bem longe da menina, da qual `aquela altura ja’ desconfiava, sentou-se exatamente em cima da almofada que escondia a bolinha de imitar peido...
   Ao ouviu o som característico, Bonitão falou:
-  Mujinha! O que ha’ com você? Me diz agora que não peidou...
   A menina apenas sorriu, desta vez, propositadamente alto para ser ouvida...
   A cada vez que a "bruxa" se ajeitava no sofa’, um novo peido...
   Desta vez, mesmo tomando cafe’ a menina, sorrateiramente, acendeu outro barbantinho e colocou dentro do mesmo vaso. Agora era som e cheiro, dando uma credibilidade maior ao plano diabólico tao bem executado.
-  Mujinha! Não ta’ dando p’ra te aguentar... Vai ao banheiro e caga logo! Exclamou Bonitão.
   Ao passo em que os dois se desentendiam, a menina sorria de satisfação.
   Finalmente, depois de tantas acusações, a moça acusada, resolveu fazer as malas e voltar para Teresina onde, quem sabe, poderia começar nova procura...
   Bonitão ainda tentou ponderar que talvez uma rolha de Champagne poderia resolver o problema, pelo menos temporariamente, mas Mujinha estava muito injuriada. Sabia que não tinha o habito de peidar e, a esta altura, sabia que a filha do Bonitão não queria ninguém entre eles.

 - Eu ate’ que gostava dela mas ela peida muito minha filha! Não da’ para aguentar... Exclamou
   Bonitão, de certa maneira entristecido, acariciando sua filha que, assim que Mujinha saiu, enquanto
   seu pai corria atrás dela, sem saber o que fazer, tratou de jogar pela janela os barbantinhos e o
   imitador de peido, antes que seu pai descobrisse o que realmente havia acontecido e, como ja’ havia
   feito outras vezes, a cobrisse de porrada.
- Eu ate’ que gostava dela mas ela peida muito, minha filha! Não da' para aguentar...
  De certa maneira, acho que sempre soube que jamais seriamos o casal  Mujinha e Bonitão.








   Copyright 2013 Eugene Colin

sexta-feira, 12 de julho de 2019

RAPIDEZ...












                                                             Rapidez...








                                                  
   Professora Orineivalda tinha sob seu comando a classe mais adiantada da escola.
   Val, como carinhosamente conhecida, era admirada por todos, principalmente pela maneira lúdica e inovadora com que ministrava suas aulas. Seus alunos eram notados e invejados por todos os outros... Alem dos conhecimentos curriculares, inerentes `a classe, eles eram também perspicazes, diligentes e muito atentos.
   Poderia se dizer que as aulas da professora Val nada mais eram do que brincadeiras constantes que envolviam Matemática, Português, Sociologia, Ciências e tudo mais.
   Ninguém chegava atrasado `a uma aula da professora e, na hora da saída parecia que não queriam ir embora. A grande maioria ficava em volta de sua mesa, como que pedindo por mais uma brincadeira, adivinhação, jogo ou outra coisa qualquer que os mantivesse alegres por mais alguns minutos.
   `A cada aula, a professora escolhia um tema e, sobre ele, fazia com que seus alunos deixassem sua imaginação voar alto, em realção ao assunto. Falavam sobre família, namoro, esportes, espiritualidade, comida, passeios, amigos, e os mais variados temas que ela pudesse imaginar inserir em cada aula para que seus alunos pudessem se acostumar a pensar por si so'.
  Ate' sobre política conversavam,vez por outra, ensinando seus alunos `a observar fatos, analisar consequências, ao invés de se deixarem ser "petralhados" por idiotices coletivas, organizadas com o intuito único de começar a doutrinar os pequenos desde cedo, as obliviando e suprimindo suas capacidade de raciocínio lógico e factual.
   Além de competente, Val era esperta... Enquanto mantivesse seus alunos ocupados e se divertindo, se livrava da bagunça generalizada que acontece quando se reúne muitas crianças, da apurrinhação dos pais que acham que professor e' baba', do diretor da escola que quer agradar aos pais, alem de garantir seu emprego que, embora não lhe de uma renda satisfatória, e' bem melhor do que ser caixa de supermercado.
   Meninos e meninas ja’ sabiam; a cada aula uma novidade...

   Naquela manha, Val se dirigiu `a turma e disse:
 - Hoje vamos falar sobre rapidez...
   Todos riram. Não sabiam de que, mas sabiam que iam se divertir...
   A professora pergunta `a uma de suas alunas preferidas;
 - Mariazinha, o que e’ a coisa mais rápida que você conhece?
 - A luz professora! Respondeu a menina.
 - Muito bem! Disse a professora.
 - E você Luizinho, me diz o que e' mais rápido do que a luz.
 - O som!
 - E porque? Indagou a professora.
 - Porque, `a noite, minha mãe so' acende a luz para saber o que aconteceu, depois de
   ouvir o som do meu peido.
   Todos riram, e' claro!
 - Agora você, Nelsinho; me diz o que e' mais rápido do que a luz e o som...
 - O pensamento professora. Respondeu ele.
 - E, por que? Perguntou a professora.
 - Porque eu sempre penso se vou ver o som de meus pais pelados na cama, se 
   agarrando, antes de acender a luz.
 - Muito bem! Repetiu professora Val.
 - E você Joãozinho, me diz o que e' mais rápido do que a luz, o som e o pensamento.
 - Dor de Barriga Professora. Respondeu o menino.
 - O que? De onde você tirou essa resposta?
 - Eu deduzi ontem, em casa, professora...
 - Como assim? Indagou Orineivalda.
 - Eu me lembrei que outro dia, eu fui ao banheiro e, quando ouvi o som do meu peido e        pensei em ligar a luz, ja' tava todo cagado!
   E, isso e' o que chamo de rapidez...










   Copyright 2018 Eugene Colin.





quinta-feira, 4 de julho de 2019

THE LAND OF LIBERTY!










                                                  The Land of Liberty!








   Fourth of July is the independence day of the United States of America. 
   There are celebrations of all sorts throughout the whole county... Parades, air shows, picnics, cook outs... Many people get together to celebrate their love for our land.
   Here, we celebrate our love, respect and admiration by these lines:

   
            I love my country's pine-clad hills,
            Her thousand bright and gushing rills,
            Her sunshine, and also her storms;
            Her rough and rugged rocks, that rear
            Their hoary heads high in the air
            In wild, loud fantastic forms.
            I love her rivers, deep and wide,
            Those mighty streams that seaward glide
            To seek the closest ocean's breast;
            Her smiling fields, her pleasant vales,
            Her shady dells, her flowery dales,
            The constant haunts of peaceful rest.
            I love her forests, dark and lone,
            For there the wild bird's merry tone
            I hear from morning until the night;
            And there are lovelier flowers, I ween,
            Than ever in Eastern lands were seen,
            In varied colors, all of them bright.
            Her forests and her valleys fair,
            Her flowers that scent the morning air
            All things have their charms for me;
            But more, I love my country's name,
            Those words that echo deathless fame,
            The Land of Liberty.





   

Copyright 10/2001 Eugene Colin