sexta-feira, 20 de maio de 2016

A FILHA





         

                                                                   A FILHA








   Uma filha se queixou a seu pai sobre sua vida e de como as coisas estavam difíceis...
   Ela já não sabia mais o que fazer e queria desistir. Estava cansada de lutar e combater. Parecia que assim que um problema estava resolvido um outro surgia. Seu pai, um "chef", levou-a até a cozinha dele. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto. Logo as panelas começaram a ferver. Numa ele colocou cenouras, em outra colocou ovos e, na última, pó de café. Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra. A filha deu um suspiro e esperou impacientemente, imaginando o que ele estaria fazendo. 
   Cerca de vinte minutos depois, ele apagou as bocas de gás. Descacou as cenouras e colocou-as numa tigela. Retirou os ovos e colocou-os em outra tigela. Então pegou o café com uma concha e colocou-o numa xícara e, virando-se para a filha, perguntou: 
-  Querida, o que você está vendo?
-  Cenouras, ovos e café - ela respondeu. 
   Ele a trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras. Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. Então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse. Ela obedeceu e depois de retirar a casca verificou que o ovo endurecera com a fervura. Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole do café. Ela sorriu ao provar seu aroma delicioso. Neste ponto a filha perguntou humildemente: 
-  O que isto significa, pai? 
   Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade, água fervendo! Mas, que cada um reagira de maneira diferente. A cenoura entrara forte, firme e inflexível mas, depois de ter sido submetida à água fervendo, ela amolecera e se tornara frágil. Os ovos eram frágeis. Sua casca fina havia protegido o líquido interior mas, depois de terem sido colocados na água fervendo, seu interior se tornou mais rijo. 
   O pó de café, contudo, era incomparável. Depois que fora colocado na água fervente, ele havia mudado a água. 
   O pai, seriamente, mas com muita ternura, acariciando os cabelos daquela quase menina, que se achava perdida:
-  Qual deles é você? Perguntou ele à sua filha. 








Copyright 5/ 2015 Eugene Colin

domingo, 15 de maio de 2016

AMOR










  
                                                                  Amor











   Pensando sobre o amor... Porque dependemos tanto dele, refletido na pessoa, ou pessoas, a quem amamos, para que sejamos felizes?
   O que e' o amor?
   Essa e' uma das perguntas mais difíceis de responder... Séculos se passaram, relações se desenvolveram, assim como também o amor. Mas ninguém sabe dar uma definição correta sobre o que e' o amor...
   Para alguns, amor e' amizade em fogo, para outros, amor e' sorte mas, não importa como seja definido, o amor e' a única verdade na historia da humanidade.
    O amor e' paciente, o amor e' gentil... O amor não tem inveja... O amor triunfa sobre
sentimentos menores e e' amigo da verdade.... O amor protege, preserva e aposta nos aspectos positivos da vida. O amor e' o sonho dos nossos melhores momentos de afeição transformados em realidade. O amor, quando acontece, une duas pessoas com um elo de amizade, verdades irrefutáveis, intimidade e interdependência. Ele amadurece uma relação e conforta uma alma. O amor deve ser experiemntado e não apenas sentido. A quantidade de amor não pode ser medida. Uma nova dimensão em nossas vidas pode ser alcançada pela magia do amor. Para que isso aconteça e, acreditando que o amor e' um sentimento positivo, e' so' nos concentrarmos nas qualidades da pessoa `a qual amamos.
   Se isso pode ser alcançado com facilidade, então sera' fácil amar...
   Quando duas pessoas se amam, o sentimento que compartilham e' intimo, profundo
e intenso... O significado do amor e' diferente de todos os outros sentimentos que experimentamos... Para muitas pessoas que nunca amaram e' um sentimento sem muita importância, um sentimento inexistente. Não e' que o amor não exista em cada um de nos mas sim que, `as vezes não o descobrimos e, quando o fazemos, so' podera' ser realmente aproveitado se a pessoa a quem dedicamos esse amor for capaz de entender sua pureza e importância.
    No passado, e mesmo atualmente, muitos ja' estudaram e especularam a respeito deste fenômeno que tem o poder de transformar completamente a vida de uma pessoa.
    Para nos e' mais fácil entender a respeito de coisas paupáveis e concretas mas, como e' possível algo tão subjetivo como o amor ter tanto poder?
    A psicologia define o amor como um fenômeno cognitivo com uma causa social. Também diz que nele existem três componentes principais: Intimidade, cometimento e paixão... O amor ainda inclui amizade, compatibilidade, tolerância, a busca da realização da pessoa amada, total falta de egoísmo, estar junto em todos os momentos, mesmo quando isso não e' fisicamente possível, dividir alegrias e tristezas, dar liberdade e abrir espaços para poder receber mas, principalmente estar sempre disposto a ajudar a quem se ama, com uma palavra, com um toque, com uma lagrima de solidariedade, com um gesto amigo, com um silencio sincero...
   Refletindo sobre o que e' o amor, a realidade so’ chega quando o receptor do sentimento e' encontrado. 
    Muitas vezes, apesar de tanto sentimento positivo ( se o amor pode ser assim considerado ) o doador eventual não consegue se fazer entender pelo receptor e este, por sua vez entristece, se preocupa, se confunde mas, na grande maioria das vezes e' porque tudo isto e' muito novo para um, ou outro que, sobrecarregado pela ansiedade de proteger, esclarecer, informar, causa, por isso mesmo, uma impressão antagônica; uma que o objeto daquele afeto, também confuso, por todo um turbilhão de emoções intrelaçadas, não consegue entender.
   O importante e' que os envolvidos saibam que compartilham os mesmos sentimentos , mesmo que tais não sejam explicitados ou esclarecidos da maneira que o outro pretendia ou futurisava.
   Um sentimento tão complexo e inexplicado como o amor, não e' algo que se domine ou masterize através de um tempo pré-determinado ou indeterminado.
   De fato, as grandes historias amorosas de que se tem conhecimento, são justamente aquelas nas quais as regras foram permanentemente abolidas, em que a relação e' um permanente aprendizado quando, por vezes o “aluno” se apossa da “maça” da sabedoria  e, a professora que ate’ então ditava as regras, se rende a uma “semente” que brotou  inesperadamente e que, se bem cultivada, frutificara', tonando-se assim mais uma conquista dos que a cultivam.
   Em outras palavras, e' impossível descrever algo que não e' destinado a ser explicado e sim experimentado.
   Aqueles que conseguem viver com ambiguidades são aqueles que conseguem entender de uma maneira positiva o que o outro, pensa, sente, diz, almeja, pretende...
   E' como se alguém perguntasse: 
-  Onde esta' a cachorra da tua mãe?
   Dependendo da interpretação, principalmente se o ouvinte e' uma pessoa que se apressa a responder sem tentar entender ou ponderar sobre o que ouviu, esta pergunta pode ser o termino de uma amizade, de um relacionamento... Mas, se apesar da pergunta, a mãe mencionada não for dona de uma cadela, neste caso, estaremos presentes, na melhor das hipóteses, a um funeral. Se não o seu, por certo o do amor..








Copyright 6/2015 Eugene Colin

sexta-feira, 6 de maio de 2016

PROMESSA...










                                                         Promessa...











   Hoje, enquanto cozinhava, pensando no filme que assisti ontem `a noite, "O pagador de Promessas", me senti como um político...
   E' claro que faz sentido! Senão, vejamos...
   Estava preparando uma receita que havia pensado dias atras enquanto lembrava do filme que, por não conseguir a versão brasileira, acabei assistindo a versão francesa, que foi traduzida como "La Parolle donnée", que significa, "a palavra dada" ou, mais livremente traduzindo: "a promessa".
   O resultado final da receita foi tão surpreendente que me senti compelido a dividir minha alegria com todo mundo.
   Foi então que me vi como um político... Porque? Bem, politico promete tudo, mas não cumpre nada. E não pense que e' so' político brasileiro que assim faz, pelo contrario! Existem piores espalhados pelo mundo inteiro. Em vários países do mundo, inclusive no Brasil, os caras são mestres em "duping". Muitos ate', enquanto concorrem ao cargo, encomendam pesquisas para saber o que os eleitores desejam ou desesperadamente necessitam. Prometem tudo mas, depois de eleitos, fazem apenas o que lhes garante a re-eleição ... Esquece o povo! O povo so' serve para atrapalhar, lamentar, reclamar, pedir... Certo! Pra votar também. Que pena que na grande maioria das vezes vota errado. Ou melhor, enganado...
   E o que tem a ver a "panela com o fogão", para não vulgarizar, escrevendo "o cu com as calcas"?
   Acontece que, semanas atrás, quando publiquei uma receita de "pizza de macarrão", prometi que não publicaria outra receita novamente.
   Recebi tantos comentários agradecidos e encorajadores, refentes `aquela receita que, ontem, me senti compelido a publicar mais uma...
   Então veio `a minha mente a determinação do "Ze' do Burro" em cumprir a promessa que havia feito... Minha outra parte, que queria publicar a receita, argumentava que "o padre" se recusou a receber "a promessa", ja' que a mesma havia sido feita a Iansã e como, no filme, a igreja católica não reconhecia o candomble', a promessa era frívola, descecessária de ser cumprida.
   Ai era a hora de fazer um exame de consciência...
   Minha promessa foi pueril?
   Porque, se foi, nada me impedia de publicar a receita.
   Me reportei então ao passado, tentando recordar das promessas que ate' agora havia feito...
   Uma, tenho ciência, não pude cumprir porque não dependia so' de mim. Essa então não valeu...
   Dentre outras, que me vieram `a mente, não consegui me lembrar de nenhuma que tenha descumprido...
   E' claro que, estava levando isso tudo muito a serio. Estamos falando apenas em publicar uma receita de um experimento culinário que superou as melhores expectativas do concebidor e que, certamente traria prazer aos que se aventurassem na reprodução. A quebra da promessa não taria consequências maléficas, não ofenderia a ninguém  e, se mudasse o curso da humanidade, que agora teria mais uma oferta de prazer, aos que assim encaram a culinária como tal, seria apenas para melhor.
   Por certo, se alguém, mesmo que involuntariamente, colocasse na receita, leite de magnésia ao invés de fermento em po', causando assim uma homérica caganeira de incomenssuráveis proporções, ou mesmo a morte dos mais azarados que provassem o resultado culinário, neste caso, nem os malefícios como as consequência, poderiam ser a mim atribuídas, concomitantemente eximindo-me do desliz...
   Mas, como uma promessa deve ser encarada?
   So' algumas devem ser cumpridas ou como dizia o Carlos José de Almeida Prado da Anunciação Tereza dos Pinhais e Albuquerque Lima: "promessa e' promessa!"
   Eu sei que muitos leitores, deleitados pelos resultados da ultima receita, nem se lembram mais que prometi não mais publica-las. Outros, por certo não tomaram conhecimento daquele blog e, assim sendo, não sabem o que foi prometido. Outros tantos, se lambuzariam de prazer, ja' que uma boa dose de molho rescendido, nesta receita abunda...
   Mas e eu? O que penso? Pode uma promessa ser esquecida ou desprezada?
   E os princípios, os valores individuais, não são eles os mesmos independentes das circunstancias?
   E'! Sinto muito! Gostaria de compartilhas com vocês os excelentes resultados que ontem alcancei mas, infelizmente, tenho que cumprir minha promessa...






Copyright 3/2016 Eugene Colin