sábado, 27 de agosto de 2016

MENINA










                                                           Menina







Menina querida, a quem não conheço,
mas tenta me dar o que não mereço,
a pele morena, a beleza singela
o sonho de amor que dela se espera,
o som de uma fala tão linda, tão calma
que imagino, e mexe, com fundo da alma
a bondade de quem tanto fala de amor,
que nunca merece sentir uma dor...
que mantem a esperança de noite, de dia,
que de um homem comum, realeza faria...
Aquela que sabe tão bem o que quer
que o sabe ensinar a quem não souber.
que tem o perdão como meta importante
mantendo o ódio de si tão distante...
Os olhos que sempre sorrindo estão
completando a beleza se nem um senão...
Você viajou, andou pelo mundo
e, mesmo assim, nem por um segundo,
perdeu as raízes que um dia criaram
a mulher que os passos as ruas cruzaram...
Eu olho pra ti, sonhando acordado
não acreditando no que esta' combinado,
que vou pra te ver, poder te encontrar,
uma vida a dois, quem sabe, sonhar...
Se então, acontecer o que tanto espero,
se tudo sair também como eu quero,
nem sei como vou la' dentro sentir...
Vontade de um dia contigo fugir
para terras distantes que tão bem conheço,
pra juntos tentar um novo começo...
Poder encontrar o que procuramos
num ninho de amor que `a parte sonhamos
sem sequer saber que ao lado, um dia,
este sonho antigo aconteceria...
E então, quem sabe, sem mesmo querer
ao teu lado, na cama, ao amanhecer,
vou falar bem baixinho, ao pe' do ouvido:
Muito! Muito obrigado por ter me conhecido...





Copyright 7/2016 Eugene Colin.



quinta-feira, 18 de agosto de 2016

DUZENTOS METROS OLÍMPICOS












                                    DUZENTOS METROS OLÍMPICOS











  Ao virar a esquina da rua, ele viu três mulheres, ao redor de um Corcel II mais velho do que um baú de estimação, lutando para trocar um pneu, aparentemente furado.
   Um cavalheiro que era, se aproximou, oferecendo ajuda.
   Assim que se abaixou para colocar o macaco embaixo do carro, sentiu um saco preto sendo enfiado em sua cabeça, imediatamente sendo jogado no chão e, com a ajuda das outras duas, sentiu suas mãos amarradas violentamente, atrás das costas.
   As três o ajudaram, agora dominado, com a cabeça coberta, a se levantar e o jogaram no banco de trás do carro.
   Inicialmente, ele pensou se tratar de um assalto, pensamentos desfeitos assim que sentiu suas pernas acariciadas e ouviu o comentário das duas que sentavam no banco da frente do carro, dizendo uma para outra: 
-  Desta vez vamos “tirar a barriga da miséria”…
-  Tô morrendo de tesão! Exclamou a outra, em resposta…
   Calado, começando a aceitar a ideia, achava que, na pior das hipóteses teria uma experiência nova. Ouvia amigos contarem suas fantasias sexuais mas, era um homem correto e, na realidade, nunca tinha pensado nisto. Agora porém era diferente. Estava sendo forçado, consequentemente, não poderia se culpar moralmente. 
   Não tardou muito a chegarem ao destino.
   Ainda vendado, sentiu o carro parando e ouviu a mulher a seu lado dizer carinhosamente ao seu ouvido: 
-  Vamos meu querido! Chegamos! Cuidado para não se machucar… Você está
 bem?
   Aquela voz rouca, pausada e carinhosa começou a “despertar-lo”, fazendo com que ele sentisse, moleza nas pernas, arrepio no pescoço e enrijecimento em sua masculinidade.
   Carinhosamente era conduzido pelas escadas que subia sem saber para onde era levado.
   O perfume da mulher que o ajudava era sensual e inebriante, suas mãos eram delicadas e vez por outra, devido aos movimentos característicos que quem sobe uma escada, sentia algo macio tocar em seus braços…
   A esta altura ele já era cúmplice de suas raptoras, estava disposto a encarar as três, já que este era o que o destino lhe havia reservado.
   Além do mais, sua esposa, ultimamente, estava brigando muito com ele fazendo assim com que ele jejuasse mais do que beato na quaresma.
   Conformado com a ideia e ainda antecipando prazerosamente os acontecimentos futuros dos quais não tinha a menor noção, parou à entrada da porta do que concluiu ser um apartamento, residência de uma de suas raptoras.
   Assim que estava dentro do local, ouviu a porta ser trancada atrás dele e a mesma mão delicada que o havia ajudado por todo trajeto, tirar o saco que cobria sua cabeça.
   Levou um susto quando viu onde estava… Uma sala discretamente iluminada por luzes negras, bancos altos, acolchoados, que mais pareciam os braços de um sofá gigante, algemas penduradas na parede, como aquelas usadas para amarrar escravos antes de serem torturados, chicotes, e um verdadeiro arsenal de objetos adequados à sodomia.
   As três se aproximaram do prisioneiro ao mesmo tempo e, uma delas, que parecia ser a “chefe” falou: 
-  Meu querido, vamos soltar uma de suas mãos e algemá-la à frente. Se você 
   fizer algum movimento brusco ou tentar reagir, “Navalha”, minha amiga aqui, 
   disse apontando para a mesma que estava sentada ao seu lado, vai ajudar você 
   a se livrar do peso do seu “pêndulo”, Entendido?
   Ele apenas balançou a cabeça concordando em cooperar com as “senhoras”…
   Assim que viu suas mãos algemadas à sua frente, sentiu uma das mulheres desabotoando e puxando sua calça para baixo, com o que cooperou prazerosamente.
-  Olha só! Ele não usa cueca… Disse Navalha sorrindo e brincando com o 
   “brinquedo” do cara que, a esta altura, mais parecia o nariz do Pinóquio depois 
   de mentir o dia inteiro.
   Tarada, a que parecia ser a “chefe” do grupo olhando para ele, todo animado disse para as outras duas, sorrindo sarcasticamente: 
-  Parece que o “nosso amigo” já esta preparado…
   Sacana, a terceira do grupo, se aproximou do “prisioneiro” e, depois de cortar sua camisa com a navalha emprestada por sua amiga, começou a brincar com o seu “nariz” fazendo com que ele ficasse maior ainda.
   As três começaram a se despir, vagarosamente, proporcionando ao raptado uma visão que ele jamais pensou poder acontecer, nem mesmo nos melhores de seus sonhos.
   Puxa vida, pensou, elas são mais gostosas do que minha mulher…
   A única razão que o impedia de “avançar” nas três, ao mesmo tempo era o fato de estar algemado, o que não o impedia de babar mais do que neném recém-nascido fazendo gracinha.
   Por vezes pensava: “Não é possível, o que será que fiz para merecer tanta felicidade”?, enquanto apreciava cada movimento de suas raptoras.
   Completamente despidas, as três se aproximaram de Brolha, simultaneamente, começando a acariciá-lo, uma no rosto e no peito, uma nas pernas, outra no “nariz”.
   Àquela altura, concluindo que o ato estava prestes a se consumar ele indagou: 
-  Vocês tem preservativos? Acho que vou precisar de muitos deles…
   A pergunta do cativo provocou risadas convulsivas e generalizadas, o que ele não entendeu, a princípio.
-  Ele quer preservativo! Exclamou Navalha…
-  Essa é boa! Sorriu Tarada, ainda “brincando” com o “nariz” do prisioneiro.
-  O que você vai fazer com preservativos?
   Ele, um cavalheiro, não queria ser explícito e dizer que não tinha relações sexuais com mulheres estranhas sem o uso de preservativos.
-  Meu amor! Hoje você vai ter o prazer de ser nossa escrava… Hoje você vai ter o
   prazer de ser nossa mulher… Informou Sacana.
   Imediatamente o “nariz” dele, ainda na mão de Tarada, murchou mais rápido do que dormideira quando tocada de repente. Ele começou a suar frio
-  Trás ele para a cama! Ordenou Tarada, imediatamente obedecida pelas outras 
   duas que soltaram o prisioneiro da parede e começaram a conduzi-lo para a 
   “alcova nupcial”.
O homem não sabia mais o que fazer…
É bem verdade que tinha mente aberta e não temia experimentar, desde que fosse com a bunda dos outros, é claro. Como ouviu dizer uma vez, “bunda que mamãe beijou, vagabunda nenhuma põe a mão”, ou coisa parecida…
   Não podia capitular agora. Quando menino recusou até uma Monareta (ciclomotor que era o sonho de consumo em sua infância) em troca de um sarrinho de cinco minutos… Pensando bem, uma proposta muito tentadora para a época…
   É verdade que agora era diferente, aquelas mulheres eram bandidas profissionais, e estavam decididas a “jantá-lo”, com ou sem seu consentimento.
   Em um pensamento louco e desesperado até tentou imaginar sua própria imagem como uma galinha humana, de bruços, com os braços e pernas amarradas por uma corda, com o cu pra cima… “Coisa horrível” pensou, sacudindo a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos inusitados de sua mente sofredora.
   Depois de despido violentamente pelas algozes, como um último pedido antes de ser “executado”, disse:
-  Dá pra ir ao banheiro, antes de vocês começarem? Estou realmente muito apertado…
-  Navalha, leva o cara no banheiro… Olho nele! Disse Tarada.
   Ajudado por uma de suas raptoras, levantou, de cócoras, com muita dor, já que não mijava desde que saiu do trabalho, se arrastou até o banheiro.
   Tentou fechar a porta mas a raptora falou:
-  Para de frescura! Senta e mija logo antes que eu mude de idéia.
Assim que sentou no vaso, peidou sem querer… Acontece! Quando ouviu o som
característico, enojada, quase resolvendo desistir da idéia de sodomizar o “prisioneiro”,
   Navalha afastou-se da porta, tampando o nariz.
   As outras duas que estavam entretidas, preparando o local onde a presa seria usada, quando sentiram o cheiro tomando conta do ambiente que tinham tão carinhosamente perfumado com “Sensação Erótica”, perfume para ocasiões especiais que haviam adquirido um pouco antes de raptar a vítima, se dirigiram à porta do banheiro, tentando saber o que estava acontecendo.
  Àquela altura, tomado por pânico e coragem, ele levantou-se do vaso, correu em direção à porta, rodopiou velozmente, jogando duas de suas raptoras que tentavam impedir sua fuga ao chão e, se jogando pela porta com determinação, como nos desenhos de Tom & Jerry, fugiu, escada a baixo, completamente pelado, descendo os degraus cinco-a-cinco. Meteu o peito na porta do edifício que se escancarou imediatamente e, mesmo pelado, correu mais do que se estivesse treinando para a medalha de ouro dos duzentos metros olímpicos...








Copyright 8/2016 Eugene Colin.

sábado, 6 de agosto de 2016

O PAI









                                                           O Pai







Havia um homem muito rico, possuía bens, uma grande fazenda, muito gado e vários empregados a seu serviço. Tinha ele um único filho, um único herdeiro que, ao contrário do pai, não gostava de trabalho, nem de compromissos.
O que ele mais gostava era de fazer festas e estar com seus amigos e de ser por eles bajulado.
   Seu pai sempre o advertia que seus amigos só estavam ao seu lado enquanto ele tivesse o que lhes oferecer depois, o abandonariam. Aos insistentes conselhos do pai ele não dava a mínima atenção.
   Um dia o pai já avançado na idade, disse aos seus empregados para construírem um pequeno celeiro e, dentro dele, ele mesmo fez uma forca e, junto a ela, uma placa com os dizeres:
   "PARA VOCÊ NUNCA MAIS DESPREZAR AS PALAVRAS DE SEU PAI.”.
   Mais tarde, chamou o filho e o levou até o celeiro e lhe disse:
-  Meu filho, eu já estou velho e, quando eu partir, você tomará conta de tudo o que é meu e eu sei qual será o seu futuro. Você vai deixar a fazenda nas mãos dos empregados e irá gastar todo o dinheiro, seus amigos vão se afastar de você e, quando você então não tiver mais nada, vai se arrepender amargamente de não ter me dado ouvido. Foi por isto que eu construí esta forca. Ela é para você e quero que você me prometa que se acontecer o que eu disse, você se enforcará nela.
   O jovem riu, achou um absurdo mas, para não contrariar o pai prometeu e pensou que jamais isso pudesse ocorrer. O tempo passou, o pai morreu, o filho tomou conta de tudo. Assim como seu pai havia previsto, o jovem gastou tudo, perdeu os bens, perdeu os amigos e a própria dignidade.
   Desesperado e aflito, começou a refletir sobre sua vida e viu que havia sido um tolo.
   Lembrou-se das palavras de seu pai, começou a chorar e dizer:
- Ah, meu pai..... Se eu tivesse ouvido os seus conselhos... Mas agora? Tarde demais.
  Pesaroso, o jovem levantou os olhos e, longe, avistou o pequeno e velho celeiro. Era a única coisa que lhe restava. A passos lentos, se dirigiu até lá e, entrando, viu a forca e a placa empoeirada e pensou:
- Eu nunca segui as palavras do meu pai. Vou cumprir a minha promessa. 
  Não me resta mais nada... Então, ele subiu nos degraus e colocou a corda no pescoço e pensou:
- Ah, se eu tivesse uma nova chance.
  Então se jogou da alto dos degraus e, por um instante, sentiu a corda apertar. 
  A sua garganta. Era o fim...Mas o braço da forca era oco e quebrou-se facilmente. O rapaz caiu e, sobre ele caíram jóias, ouro, prata, esmeraldas, pérolas, rubis, safiras e brilhantes - a forca estava cheia de pedras preciosas - e caiu também um bilhete:
  "Esta é sua nova chance. Eu te amo...
   Com amor. Seu velho e já saudoso pai. "





Copyright 9/2005 Eugene Colin.