quinta-feira, 23 de novembro de 2017

NÃO HAVIA PENSADO NISSO, NE'?









                                                Não havia pensado nisso, ne'?









-  O sonho acabou…mas ainda tem pão doce!


-  Se você passar em algum lugar e as pessoas ficarem lhe olhando dos pés a cabeça, 

   não se iluda... Feio também chama atenção!

-  O mundo só é bom porque é um bola, pois se fossem duas seriam um saco.


-  Se um dia sentir um vazio dentro de você, come porque é fome.


-  Você foi um sonho que virou realidade, hoje é meu pesadelo!


-  A abstinência é um boa coisa, desde que praticada com moderação.


-  Se algum dia o nosso amor virar cinzas,lembre-se que eu mandei brasa.


-  Ontem eu sonhava, hoje nem durmo mais!


-  A única vantagem em ser pequeno é economizar na roupa!


-  A relação platônica é possível; mas só entre marido e mulher...



-  Sou livre de qualquer preconceito. Odeio todo mundo, igualmente...
-  Se passando álcool nas mãos você fica imune a várias bactérias, bebendo então, você 
   fica quase imortal.”
-  Quem vive de amor é dono de motel.
-  A diferença entre o veneno e o remédio é a quantidade consumida.
-  A humildade é o último degrau da sabedoria...
-  No dia que eu parar de beber, vou tomar um porre pra comemorar!
-  Marido de mulher feia tem raiva de feriado
-  Duas coisas que matam de repente: vento pelas costas e sogra pela frente...
-  So' não bebo acetona porque tira o esmalte do dente...
-  Quando for casar, escolha uma baixinha... Dos males, o menor...
-  Em baile de cobra, sapo não dança...

-  Mulher deixa o rico sem dinheiro, e o pobre sem vergonha...
-  Em rio de piranha, jacare' bebe água com canudinho...

- A terra e' virgem porque a minhoca e' mole.

- Pobre so' come carne quando morde a língua.

- As mulheres perdidas são as mais procuradas.

- Filho e' igual a peido... Você so' aguenta o seu.

- Não sou rei mas gosto de uma coroa...

- Chifre e' como consórcio. Quando menos se espera, e' contemplado.

- Quer saber quanto vale sua mulher? Peca o divórcio...






Copyright 1/2011 Eugene Colin.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

OBRIGADO IRMA!












                                                          Obrigado Irma!









   Na fabula "a raposa e as uvas" atribuída `a Esopo e escrita por Jean de La Fontaine, o autor implica que e' mais fácil desdenhar o que não se pode alcançar do que lutar para conseguir-lo.

   A mensagem descrita abaixo foi publicada em 8 de agosto de 2017 no Facebook por um brasileiro que agora vive nos Estados Unidos...

   "Faz dois anos que decidi me mudar do Rio de Janeiro para Miami com minha mulher e meus dois filhos, em busca de algo melhor para nossas vidas.
   Por ironia, depois de dois anos vivendo na América, recebi o meu Green Card exatamente no dia em que também recebi a notícia de que o furacão Irma, o pai de todos os furacões, também está a caminho.
   O governador da Florida, Rick Scott, assim que soube da gravidade do problema, foi para a TV e ordenou que todos no sul da Florida evacuassem suas casas imediatamente, pois as consequências podem ser catastróficas. 
   Da noite para o dia, como em um piscar de olhos, milhões, literalmente milhões de pessoas, abandonaram suas casas e já estavam nas estradas, subindo ao Norte. 
   Eu era mais um na multidão, no meio de um enorme congestionamento, e isso me fez lembrar das minhas voltas dos feriados de Búzios, na Região dos Lagos. A única diferença é que, pasmem, aqui na Florida, mesmo em uma situação absolutamente adversa, as pessoas não trafegam pelo acostamento para tirar vantagem e chegar mais rápido ao destino. Todos respeitam as leis de trânsito, mesmo em situações caóticas, emergenciais. Motociclistas loucos também não existem por aqui. É proibido trafegar entre as faixas. Acho que eles nem sabem o que significa isso, podem acreditar.
   Quando encontrei um lugar seguro, a primeira coisa que eu fiz foi ligar a TV. Lá estava o Governador novamente falando ao vivo, e eu comecei a ter uma aula de patriotismo, solidariedade, respeito pelo próximo e, acima de tudo, respeito pela vida. A mensagem que mais me tocou foi: “se você não tem como sair de casa, seja por qual motivo for, ligue para o número que você vê no rodapé da imagem, que iremos agora na sua casa te salvar. Ainda temos tempo!”. Isso me arrepiou! Pensei: esse cara é o meu herói! 
   Lembrei automaticamente das enchentes de Teresópolis, tenho uma conexão com a cidade pois, desde que me entendo por gente, tenho casa lá. Anos após aquela triste tragédia de 2011, descobriu-se que a quadrilha de Cabral desviou parte do dinheiro que deveria ser utilizado nos resgates das vítimas e reconstrução da cidade. Até o prefeito foi preso. Confesso que tive vontade de vomitar ao comparar!
   Voltando ao furação, as companhias aéreas americanas, das quais todos sempre reclamam, colocaram voos extras, durante toda a madrugada, com preço fixo de $98 dólares, para ajudar a escoar o pessoal pelos céus. A Expedia, site de reservas de hotéis, ofereceu tarifas com descontos especiais em lugares seguros. O mesmo fez o "Airbnb", site de reservas de casas e apartamentos. Os hotéis, por sua vez, passaram a aceitar mais hóspedes por quarto e também animais de estimação. 
   As operadoras de telefonia, que normalmente restringem suas redes de wi-fi aos seus clientes, liberaram internet grátis para todos. Onde existir cobertura, existirá wi-fi grátis. Comunicação, ou a falta de, pode salvar uma vida ou causar uma morte nesse tipo de situação. Até o hotel em que estou, acaba de informar que todo o conteúdo de filmes e desenhos, que normalmente é cobrado, será grátis nas próximas 72 horas. 
   O Google se uniu ao governo, em um esforço sem precedentes, para conseguir localizar e colocar em tempo real nos seus mapas (Google Maps e Waze) as ruas fechadas, bloqueadas e danificadas, após a passagem do Irma.
   São muitos os exemplos, que realmente emocionam. Na maioria das vezes coisas simples, mas que trazem o mínimo de conforto nesse momento, e esperança de um futuro melhor. Como diz o famoso ditado: depois da tempestade, sempre vem a calmaria.
   Que diferença!
   Obrigado Irma!

  






Copyright 11/2017 Eugene Colin

sábado, 11 de novembro de 2017

QUEM TUTU QUER, TUTU PERDE,,,










                                                 Quem tutu quer, tutu perde...              









   Eram sete horas da manhã quando Dona Benévola do Rego Grande bateu `a porta de Bucéfalo do Pinto Vermelho.
   Pinto, como era conhecido pelos amigos, acordou assustado pensando ser mais uma vítima de assalto pedindo refúgio, como ja’ havia acontecido na semana anterior.
-  Fala Dona Bené... Disse Pinto, ao abrir a porta, ainda bocejando.
-  Meu filho! Você tem que me levar ate’ a cidade hoje
-  Que que aconteceu, Dona Bené?
-  Hoje e’ o último dia para pagar minha conta da Light. S’eu não pagar hoje, eles vão 
   corta’ minha luz, se corta’ minha luz vou perder o capítulo final da novela das sete.
-  Por favor não deixe isto acontecer...
-  Dona Bene’! Não e’ mais fácil ficar de olho e quando o cara da Light chegar pra cortar  
   a luz a gente cobre ele de porrada?
 - Num diz bobagem meu filho!
 - Poque a senhora não paga na Lotérica?
 - Ja’ tentei mas estou dois meses atrasada. 
 - Porque não pagou antes?
-  Tava dura! 
 - Como e’ que a senhora arrumou o dinheiro?
 - Vendi meu papagaio...
 - Tem gente que compra papagaio?
 - Claro! Além do mais, o meu sabia falar tudo que era palavrão... Isso da’ um valor 
   inestimável na “bolsa de papagaios”.
 - Deixa de preguissa, me leva la’... Insistiu Dona Bene’
   Na verdade, Pinto não era preguiçoso, não se importava em ficar de pe’ mas, tinha
que ter o motivo certo... Ate’ que gostava de arrumar algum pretexto para poder dar uma volta em sua “moto”, novinha.
   O fato era que sua “PCX” não deve ser considerada exatamente uma motocicleta.   
   Tecnicamente e’ uma scooter. Ate’ aí tudo bem. Quem não tem cão... O problema era que Dona Bene’ não possuía um porte físico adequado ao uso destes pequenos veículos locomotores. Todos os seus 120 quilos não caberiam naquele assento traseiro minusculo.
 - Ta’ bem! Não quer me levar? Nunca mais faço tutu de feijão  pra você.
 - Calma Dona Bene’! Eu levo!
 - De ma’ vontade eu não quero... Disse, ja’ indo de volta para casa.
 - Eu levo! De boa vontade... Disse o rapaz, dando uma boa olhada no "posterior" de sua
   vizinha, enquanto ela se afastava, rebolando satisfeita, tentando rapidamente fazer 
   um cálculo apressado, pra ver se cabia na moto, baseado naquilo tudo que via
   mover-se `a distância, como cubos de gelatina em prato de criança tentando evitar  
   que se esparramem no chão
   Pinto ainda teve tempo de ver o sorriso vitorioso de sua visinha enquanto ela gritava de longe: “Vou me vestir e volto.”
   “Tô fudido! Sair de Madureira ate’ a cidade... Pensou... Essa porra dessa coroa vai acaba com minha moto”.
   Em sua mente, valia mais a pena arriscar a integridade da moto do que ficar, para sempre, sem poder comer o tutu de feijão da visinha, seu prato favorito.
   Pinto era solteiro, vivia so’, não sabia cozinhar, nem precisava... Tinha sempre uma namorada que o nutria ou, em último caso, os petiscos de Dona Bene’. Fome e’ que não ia passar.

   Assim que deu partida na “moto”, ja’ com o assento da garupa ocupado, percebeu que seria viagem sacrificada... Primeiro, o Pinto ja’ estava quase caindo. Se não fossem suas calças que o mantinham no local apropriado, estaria no  chão ha’ muito tempo. Elas o ajudavam a se manter sentado, sem escorregar, toda vez que freava e via aquela avalanche de “saude” se desprender em sua direção.
- Porque você não comprou um Opala. Aquilo e’ que e’ um transporte, esse teu banco ta’ entrando na minha bunda... Disse Bene’, aos gritos
- Dona bene’, não adianta falar que eu não escuto porra nenhuma.
- Eu disse que o Opala e’ bom, não machuca minha bunda. Gritou novamente.
- Em casa a senhora me fala... Disse Pinto
- Como e’ que e’? Minha fala atrapalha?
- Dona Bene’, fica calada!
- Se eu estou atrasada? Não! La’ só fecha `as quatro. Gritou a visinha...
   O que ele não podia mesmo era dar ouvidos `as frases que dos passageiros dos ônibus que por ele passavam, ja’ que não conseguia manter velocidade maior do que 50 quilômetros por hora.
   Coisas como: “O cara! Você e’ que tinha que ta’ atrás dela. Assim não vai acontecer nada”, “Vai comer a vovo’ hoje, ne’?”, “Que saúde Guilhermina!”, “Aí! A moto ta’ peidando mais do que a velha”, “Tem pra hoje, ne’ camarada?” foram ouvidas pelo percurso inteiro. Desde que entraram na Avenida Brasil era uma gozação depois da outra. Sera’ que um prato de tutu de feijão valia o sacrifício? E’ bem verdade de que se tratava de tutu `a mineira com torresmo, ovo cozido e tudo mais...

   A duras penas chegaram `a agencia da Light na Marechal Floriano. Asim que sua carona desceu, Pinto informou que esperaria por ela na calçada, onde ja’ estava estacionado.
   Dona Bene’ saiu, alegremente, em direção ao prédio enquanto Seu Pinto pensava na vida...
   Em menos de cinco minutos, enquanto Pinto ainda lembrava do tempo em que era pequeno e molenga, seguindo o ritual cronológico de introspeção pessoal que resolvera simular em sua mente, absorta pelos horrores que os pensamentos incestuosos sugeridos pelos interlocutores ocasionais em ecrãs que por ele passaram em alta velocidade.
- Olha aí, companheiro... Hoje e’ seu dia de sorte... Este bilhete voou da minha mão e 
   caiu bem no teu pe’. Disse a vendedora de bilhetes de loteria, aplicando um golpe 
   velho que ainda hoje, por incrível que pareça, ainda funciona... `As vezes!
-  Quanto e’? Perguntou Pinto
-  So’ cinquenta! Respondeu a mulher.
-  Dou dez! Pinto goza a vendedora.
-  Não acredito! So’? 
-  E’ porque estou duro!
- Te dou por vinte! Disse ela - Feito! Pega aqui, antes que eu desista de me arriscar com você. Disse ele, tirando uma nota da carteira.
   Pegou o bilhete, olhou para o numero displicentemente, e o colocou em sua carteira, ainda aberta.

   Mais de uma hora havia se passado quando viu, e ouviu, Dona Bene’ andando em sua direção gritando: “Desculpe meu filho, tinha uma fila filha da puta la’ dentro e ainda tive que esperar “piranha” que me atendeu acabar de falar no telefone”.
   A viagem de volta foi mais tranquila... Ainda eram duas horas da tarde e o trafego de volta para o subúrbio ainda não era intenso.
  Mais tarde eu venho te dar um pouquinho de tutu que vou preparar. Disse Dona Bene’, agradecida pela ajuda de seu vizinho.

   Eram cinco horas da tarde de domingo quando Pinto, sem prestar muita atenção ao  noticiário do intervalo do jogo que assistia pela televisão ouviu: “E no Rio de Janeiro, uma vendedora ambulante diz ter  vendido o bilhete premiado do bolão a um rapaz sentado em uma moto”.
   Assim que distraidamente ouviu a notícia, Pinto colocou o prato com o resto do tutu, com o qual estava prestes a fazer um sanduíche, de volta `a geladeira e correu para sua carteira para ver o bilhete. Abriu o computador com pressa para conferir os números. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo... Ainda olhou três vezes para o bilhete e para o computador, antes de ter um ataque do coração e morrer sem a certeza de que realmente havia ganho, sozinho, o premio de trezentos e cinquenta milhões de reais.

   Refeito do susto que quase o matou, Pinto passou a semana inteira envolto com a burocracia inerentemente conectada aos problemas de quem tem uma puta sorte igual `aquela.
   A primeira providência, assim que sua vida se acalmara um pouco foi comprar um Opala 1992, último ano em que foi fabricado, novinho, com apenas 31 mil quilômetros, e dar de presente para sua vizinha, Dona Bene’.
   As lágrimas jorravam dos olhos, daquela senhora agradecida, como o verter da nascente de um rio ao descer da cachoeira. Agora, dirigindo seu próprio carro, não precisaria mais ficar se acomodando melhor no banco, como se tivesse com hemorroidas inflamadas, da mesma maneira que fez ha’ alguns dias, naquela viagem da sorte, tentando salvar as partes de suas nádegas avantajadas que não cabiam naquele assento projetado para pigmeu.
   Agora, antes da viagem `a Europa na qual sempre, remotamente pensou, queria comprar o apartamento de seus sonhos: uma cobertura dúplex, com piscina e vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, em sua opinião, um dos locais mais lindos do mundo.

   Meses após devidamente instalado em seu novo apartamento, ja’ “aposentado” pelo destino bondoso que o presenteou regiamente, morrendo de saudades do tutu de feijão de Dona Bene', arrumava as malas em direção  `a sua excursão Europeia.
   Ainda pensou ir para o aeroporto na sua “PCX” porém, olhando bem para sua mala, lembrando dos problemas que teve alguns dias atrás, decidiu que o melhor seria chamar um taxi. Afinal, de agora em diante, economias eram desnecessárias.

   Como todo “parvenu” viajava de primeira-classe, com direito a todas as mordomias que nós, reles mortais, so’ veremos de perto na hora do desembarque do avião.
   A porra da aero-moça, que na verdade era um careca baixinho e chato, não parava de encher o saco... Olhava para ele com cara de babaca dizendo: “Champagne monsieur?”  “Voulez-vous caviar?”  “Senhor! Escargot?” Depois dessa Pinto não resistiu e respondeu: “Ainda não mas, se comer esse monte de porcaria que você esta’ tentando enfiar na minha guela, não tenho duvida que vou cagar pra caralho...”
   Depois dessa o “comissário de bordo”, como preferia ser denominado, deixou o Pinto em paz.
   Doze horas depois, aterrissavam em Roma. onde ficariam três dias... Dali, foram de ônibus para Bruxelas, na Bélgica, depois Berlim, na Alemanha. Então para Paris, na França.
   Ate’ então estava tudo bem. Em uma manhã, a caminho de um passeio pela Torre Eiffel, viu nas ruas de Paris, um monte de scooters, uma delas pilotada por uma “senhora” de certa maneira um pouco avantajada, coisa não muito comum no país. Imediatamente, por associação de ideias, lembrou da sua “PCX”. Depois, lembrou-se da viagem ao centro da cidade, daí a volta para case e, finalmente, o tutu de feijão que degustou `aquela noite. Agora a coisa estava preta. Deu banzo, dos brabos...
   Foi ate’ a guia turística que os acompanhava e perguntou se dava para encontrar um restaurante que contasse com seu prato favorito no cardápio.
- Tutu de feijão de Paris? Vai ser difícil... Ouviu em resposta.
   Mas o Pinto não iria amolecer, ou desistir. Estava firme! Em todo restaurante que entrava perguntava aos garçons: “Avez-vous haricot tutu?” 
   “Quoi?” Ouvia em resposta, acompanhado por um semblante que denotava espanto e um certo receio...
   Foram quatro dias de “Avez-vous?” e “Quoi?” sem nenhum sucesso.
   Agora, de repente, Pinto mudou seu humor de saudoso para puto dentro das calças.
 Como e’ que ninguém serve tutu na Europa? Azucrinava no ouvido da guia que ja’ estava começando a se desesperar.
   Em Madrid, Espanha, próxima etapa da viagem, a mesma coisa...
- Tienes tutu de frijoles?
- Que es eso? Respondiam os garçons, invariavelmente.
   A esta altura do campeonato, a guia fazia o possível para se esconder do Pinto que a perseguia, sempre com as mesmas intenções. 
   Chegaram a Lisboa, Portugal. A última etapa da excursão. Ele ja’ estava ate’ conformado... Tutu, so’ quando estivesse de volta, em casa. Passeava triste e desinteressado pelas ruas da cidades, ouvindo as mesmas baboseiras que a cicerone certamente repetia quando, sem motivo, olhando para cima viu escrito em uma placa de madeira: “Cantinho do Brasil”.
   Pinto não podia acreditar! Olhou para sua guia e falou: “Pode ate’ me deixar aqui se não quiser me esperar mas, aqui tem tutu!”
   Meteu a mão na porta e foi entrando.
   Gumercinda Goulart, “Gugu” como era conhecida a cicerone, ja' que com o nome de Gumercida seria difícil arrumar um emprego igual `aquele, olhou para o relógio e constatou que era quase hora do almoço, resolveu então, com anuência geral, que tomassem as refeições ali mesmo.
   Agora estava em casa. Nem seria preciso abrir o dicionário de expressões de viagem que no bolso carregava.
   Foi direto ao gerente do estabelecimento...
 - Você sabe o que e‘ tutu de feijão?
-  Claro! O que mais gosto e’ `a mineira, com pururuca, ovo cozido e couve... Disse Seu  
 Pedro Paulo dos Anjos Maria de Oliveira Travassos, Gerente. Como estava escrito na 
 plaqueta de orgulhosamente ostentava no peito.
 - Que maravilha! Pode me servir um? Pediu Pinto, com alegria.
-  Não! Não faz parte do nosso cardápio.
   Foi como se o mundo houvesse desabado em cima do Pinto, esmagando-o mais do que se Dona Bene’ tivesse sentado em seu colo. Imediatamente seu semblante entristeceu profusamente.
   Olhando aquilo tudo, penalizado pelo efeito devastador que suas palavras causaram naquele jovem, Seu Pedro Paulo dos Anjos Maria de Oliveira Travassos, o gerente, falou: “Se poder esperar um pouquinho, te preparo um”.
   Se, alguns dias antes, no “Olympia de Paris”, houvesse assistido a um concerto de Debussy, os sons jamais seriam tão harmoniosos como o daquelas palavras que acabara de ouvir.
   Enquanto os companheiros de excursão comiam bolinhos de bacalhau, garoupa recheada, pastel de natas, chourisso, aletria, e outras iguarias locais, nosso Pinto aguardava seu prato favorito ser preparado a milhares de quilômetros de casa por uma alma caridosa que compreendeu a razão intrínseca daquele pedido.
   Todos ja’ haviam terminado e agora bebiam “sumol” enquanto esperavam pelo tutu do companheiro de viagem.
   Foi com lágrimas nos olhos que nosso herói pode ver o gerente trazendo, ele mesmo, a refeição por tanto tempo desejada.
   Segurava na borda do prato com carinho, e também porque estava quente pra cacete, andando diligentemente em direção a seu cliente.
   Estava perto da mesa onde Pinto sentava quando Maria das Dores, uma das que faziam parte da excursão, sentiu seu estomago emitindo sons estranhos e doloridos, acompanhados de cólicas, talvez devido `a quantidade enorme de tremossos que havia degustado. Sabia que se esperasse mais um minuto, ia cagar ali mesmo. Imediata e abruptamente se levantou e, ao iniciar a corrida que a livraria do maior vexame, deu uma porrada bem nos peitos do gerente que portava a refeição de seu companheiro de viagem.
   Seu Pedro Paulo dos Anjos Maria de Oliveira Travassos caiu para frente, o prato de tutu voou uns dois metros no ar e se espatifou, em cheio, no chão de pedras portuguesas daquele restaurante brasileiro.
   A primeira reação de Gugu foi de dizer que não dava mais tempo de comer nada. A hora do almoço ja’ havia se estendido por duas horas e meia mas, pensando bem, olhando para o semblante daquele pobre mortal, achou que seria mais prudente aguardar um pouco, e ver qual seria a atitude de seu passageiro. Estava com receio de ser vítima da ira do Pinto e que ele, por isso mesmo, fizesse com ela o que outros não conseguiram.
   Além disto, se preocupava também com integridade física de Maria das Dores que voltava do banheiro aliviada e, so’ agora, se dava conta do transtorno que causara.
   Sentado ao mesmo lugar, sem proferir uma palavra, todo encolhido, Pinto apenas se resignava com sua sorte. Agora tinha certeza que tutu, so’ quando chegasse em Madureira.
   Os últimos dias da viagem foram tristes e deprimentes para aquele pobre rapaz, cujo único pecado havia sido ter vontade do comer seu prato preferido, ao invés de “schinitzel”, “bratkartoffeln”, “eisbein”, “pasta fagioli”, nomes que nem conseguiria pronunciar. Aliás, daquilo tudo, so’ havia entendido um tal de “bunda beije”, que lhe haviam sugerido três dias passados, quando ainda estava em Paris. Disseram que se tratava de uma espécie de sopa de peixe mas, com aquele nome, decidiu não arriscar.

   Eram sete horas da manha do dia seguinte quando, ja’ dentro do avião, acordou com o anuncio que dentro de vinte minutos estariam pousando no aeroporto Antônio Carlos Jobim no Rio de Janeiro. Assim que ouviu o anuncio, olhou pela janela ainda a tempo de ver a aeronave contornando o “Santos Dumont”, em direção ao “Galeão” imediatamente lembrou: “Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro, estou morrendo de saudades...”
   Assim que chegou em sua nova residencia, a qual ainda não tivera muito tempo para aproveitar, telefonou para Dona Bene’ que, toda satisfeita com a volta do antigo vizinho, o convidou para uma festa de boas vindas que iria organizar em sua homenagem, no dia seguinte.
   Eram dez horas da manha quando Pinto, preparado para a festa, entrou na cozinha da vizinha.
   Foram abraços, beijos e sorrisos. Ate’ uma furtiva lágrima, percebeu nos olhos da anfitriã.
   Ao enatar na sala, por ela acompanhado, uma surpresa... Mais de vinte pessoas, amigos e ex vizinhos estavam `a sua espera, indagando a respeito do que havia vivenciado. Todos o olhavam como se estivessem aguardando por um discurso.  Chegaram `a sua volta, Dona Bene’ sentou-se por último e disse: “Conta! Como foi?”
   Ele ainda deu uma ultima olhada para os que o cercavam e falou:
 Sabe? Vi muita coisa bonita... Museus, jardins, teatros, o Vaticano... Em Bruxelas, quando me mostraram uma das maiores atrações da cidade, reconheci o manequinho do Botafogo, so' que sem a camisa gloriosa.. Experimentei comidas que nem sei como pronunciar mas, todas elas, iguais as daqui... Na Itália, comi pizza e lasagna, Em Paris comi estrogonofe e bomba de chocolate, Na Alemanha comi bife `a milanesa com outro nome, em Portugal, bacalhau de varias maneiras... O que não encontrei foi um Corcovado, um Pão de Açúcar, uma Floresta Amazônica, uma Foz do Iguaçu, um estádio do Maracanã, uma Ilha de Fernando de Noronha, praias com areias brancas, iguais as do nordeste e, principalmente, a alegria contagiante do nosso povo...
  Vou dizer uma coisa... Quero que cada um de vocês escolham o que quiserem. Uma casa, um carro, qualquer coisa que os façam feliz. Quero dividir com todos a sorte com que fui premiado. Para Dona Bene’, que me “obrigou” a leva-la na cidade, vou comprar a casa em que mora de presente. Não quero ficar à-toa, sem trabalhar. Se ela concordar, quero montar uma industria de tutu de feijão, e espalhar pelo mundo. Nunca mais quero ver ninguém com vontade de comer tutu sem poder. O tutu da Dona Bene’ e’ a jóia mais rara da culinária Brasileira. Quero que o mundo saiba disso

   De certa maneira, aquela viagem mudou completamente as perspetivas do Pinto. Sabia que nunca mais ia ficar duro mas isto, ao invés de desanima-lo, o alegrava... Agora tinha certeza que poderia ajudar, dividir com os outros um pouco do que lhe tinha sido dado gratuita e inesperadamente. Não queria saber de ostentação ou luxo, mesmo morando em um apartamento de cobertura. Queria poder, todo dia, voltar `a Madureira, onde havia vivido toda sua vida, trabalhar em sua nova industria, que la’ construiria, fazer da simplicidade sua dádiva maior. Não queria acumular poder ou riquezas, muito menos tentar comprar tudo que via a sua frente

   Uma coisa aprendeu nas ultimas semanas, e principalmente na viagem que sempre quis realizar: quem tutu quer, tutu perde.



Copyright 2013 Eugenio Colin 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

AND, THAT'S WHAT HAPPENED...










                                               And, that's what happened...











   One day, a lady gets on a public bus. Without saying a word, she gestures to the bus driver by sticking her thumb on her nose and waving her fingers at the driver.
   The driver, smilingly acknowledges the lady, turns to her and uses both hands in the same type of gesture and waves all his fingers at her.
   The woman holds her right arm out at the driver and chops at it a few times with her left hand.
   Then the driver puts his left hand on his right bicep and jerks his right arm up in a fist at her.
   The woman then cups both of her hands under her breasts and lifts gently. So the driver places both of his hands at his crotch and gently lifts up.
   Then the woman frowns, runs a finger up between her derriere, and gets off the bus.


   There was another woman sitting in the front row of the bus, oposite to the driver who witnessed the whole exchange.
   She stands up, move towards the driver and speaks up:

  “That was the most disgusting thing I have ever seen on a public bus! What the hell were you doing?”
   “Listen mame
,” states the gruff bus driver, “the lady that got on the bus before was a deaf-mute.
She asked me if the bus went to 5th Street. I said no, we go to 10th Street. She asked if we make many stops. I told her that this was the express. She asked if we go by the dairy, and I told her we go by the ballpark. She said “Shit, I’m on the wrong bus!” and got off.”
    "And that's what happened"...





Copyright 11/2009 Eugene Colin