sexta-feira, 11 de setembro de 2020

PEGADAS








                                                                   Pegadas





   E’ interessante perceber, apesar do muito que sabemos, como nossa compreensão e’ limitada em diversos aspectos.
   Existem em muitos países, cientistas que dedicam e dedicaram toda uma vida na tentativa de entender como nosso cérebro funciona. Os estudos ainda estão, praticamente, em fazes preliminares. Muitos ainda tentando desvendar cérebros menos complexos como o de uma mosca, por exemplo.
   Mas, assim mesmo, conscientes de nossa limitação, muitas vezes tentamos entender  os mistérios de Deus.
   Em 1943, Reinhold Niebuhr escreveu uma oração que diz: "Concede-me Senhor a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso mudar; Coragem para modificar as que posso e, sabedoria para distinguir a diferença."
   Uma vez presente ao enterro de uma pessoa muito querida ouvi algo muito interessante... Uma senhora, ao ouvir; “Ha’ tanta gente ruim solta por ai... Porque so’ as pessoas boas morrem?” Sem mesmo pensar respondeu; “Porque Deus quer a seu lado pessoas boas...” Temos também o habito de reclamar a respeito dos acontecimentos que por vezes nos afligem sem nunca pensar que a alternativa poderia ser bem pior...
   Normalmente procuramos preencher o vácuo de nossa compreensão com algo fácil de entender ou assimilar, concluindo assim a busca por algo que, de antemão, sabemos imcompreensivel.

   Existe na América um conto muito conhecido pela maioria das pessoas religiosas; “Footprints”. Ele relata a historia de um homem que, ao morrer, questionava Deus sobre sua vida.
   Este conto e’ um exemplo tipico de como vemos as coisas mais claras de uma maneira destorcida e não conseguimos entender eventos simples. Como se fosse um desenho de ilusão ótica que, depois que conseguirmos visualiza-lo pela primeira vez, nunca mais nos esquecemos.
   Apesar de gostar da historia, o fato de estar escrito em prosa não me agradava.   
   Resolvi então, traduzi-lo para Português e, desta vez, em forma de poema..



                       Pegadas

   Um homem no céu por Deus esperando
   o juízo final, com calma aguardava,
   olhando pra Terra apenas pensando
   em locais e pessoas que ainda amava...
   Ao ver Deus chegar `a ele sorrindo,
   humilde dizia ao seu criador,
   tristeza na alma ainda sentindo,
   apesar de ama-Lo com todo fervor...
   Por toda uma vida andaste comigo.
   Os passos lado a lado a praia la’ mostra
   mas, nas horas mais duras a mim destinadas,
   não vi tuas pegadas na areia marcadas...
   Filho! O’ meu filho! Como todo mortal
   ainda la’ em baixo, tu pensas igual, 
   sem ver com clareza o que acontece,
   aceitando apenas o que lhe parece...
   Pegadas de um so’ que vez no caminho,
   quando pensas que triste andavas sozinho,
   são marcas que eu deixava no solo
   quando a ti, em meus bracos, trazia no colo...




Copyright 2013 Eugenio Colin 

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

L'INSTANT D'UNE PAUSE








L’instant d'une pause.






L’instant d'une pause
Le bonheur est fait de rien
Et de mille petites choses
De se lever le matin
Sans plus en chercher la cause
De savoir que le chemin
Parfois peut-être morose
Et dans un sourire malin
Être prêt pour une pause
Il y a des jours où tous est gris
Et où l'on ne voudrait rien voir
Et puis, il y a notre coeur aussi
Qui nous conduit jusqu'au soir
Il y a cette solitude intense
Qui existe et qui est là
C'est dans ces moments je pense
Que je peux rêver de toi
À chercher, à tout comprendre
Je me demande si je verrais
Un jour les fleurs en décembre
Et la neige en été
Sur le site de mon coeur
Il y a tant de va-et-vient
Et j'en ressent la douleur
De la nuit jusqu'au matin
Le bonheur est fait de rien
Et de mille petites choses
D'avoir ta main dans ma main
 
Seulement, l'instant d'une pause...




Droits d'auteur 3/2020 Eugene Colin

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

MEIO CHEIO OU MEIO VAZIO









                                                Meio Cheio ou Meio Vazio









   André Pé, depois de mais de quinze anos `a frente de sua industria de calcados, resolvera diversificar...
   Depois de alguns anos de pesquisas de mercado, vendendo sandálias, achava que era hora de investir em sapatos. “Dedão Macio”, como era o nome da industria, devido ao seu know-how havia criado um modelo de sapato que, segundo eles era categoricamente revolucionário. Era como ter o mesmo conforto de uma sandália em um sapato fechado.
   Em uma promoção para testar a qualidade de seu novo produto, André havia ordenado que protótipos fossem distribuídos a alguns transeuntes felizardos que, poderiam e deveriam dar sua opinião com relação a conforto, qualidade, custo e tudo mais... O slogan que criaram para aquela promoção era “ Falem mal mas, falem do Dedão Macio”. E não e’ que ninguém falou mal...
   Foram mais de mil pares de sapatos, propositadamente fabricadas sem o menor cuidado ou controle de produção mas, o tal do sapato era tão bem bolado que assim mesmo era super-confortável.
   Agora, faltava apenas acertar a estrategia de mercado e pronto. Dedão Macio ficaria melhor ainda. Porem, André sabia que a concorrência no mercado domestico era muito grande, por isso, teve uma ideia: pensara em tentar abrir um novo mercado, ajudando assim, caso as vendas no mercado Brasileiro estagnasse por algum motivo.
   Andre’ era muito meticuloso e gostava de fazer tudo com  muita segurança, gostava de dar passos seguros, não gostava de surpresas ou imprevistos...
   Para isso, numa primeira etapa de estudo de um mercado internacional de calcados, pensara em lançar uma produção exclusiva dirigida especificamente para o oriente-médio.
   Contratou um vendedor experiente com a finalidade exclusiva e especifica de verificar, tomar conhecimento e dar sua opinião a respeito de alguns países daquela região, principalmente a Arabia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, praticamente esquecidos pelo mercado Brasileiro.
   A entrevista com Murilo Moroso agradou a Andre’ e, depois de explicar ao primeiro pretendente o que realmente tentava realizar, deixou a reunião esperançoso e confiante em seu tino comercial.
   Murilo ficaria uma semana hospedado em cada pais. Neste período faria contatos, visitaria lojas, tentaria, se pudesse estabelecer um esboço de negócios que poderiam ser realizados e ate’ mesmo tentar estabelecer um representante local que se interessasse por uma distribuição exclusiva.
   O cara estava tão animado que, todo orgulhoso fez questão, ele mesmo, de levar seu novo vendedor ao aeroporto e desse se despedir todo esperançoso, desejando-lhe boa sorte.
   Moroso não mostrava o mesmo otimismo que pudesse animar seu patrão. Talvez porque ele morria de medo de avião. Atravessar o oceano e voar ate’ Londres e depois sofrer mais ainda, num total de mais de 24 horas, era algo que o vendedor não sentia o menor prazer em fazer mas, por outro lado, era uma grana boa que não podia deixar passar por fora de seu bolso, alem do mais quem sabe, ate’ conseguiria arrumar um revendedor e, segundo ele, a partir dai, tentar ganhar dinheiro pelo telefone, sem ter que voltar la’, pelo menos por algum tempo.
   Pé estava otimista, mesmo sem ter recebido um único telefonema de seu empregado. A esta altura, não tinha certeza de que havia feito a escolha certa mas, também, Moroso fui o único que se apresentou interessado na proposta.
   Os negócios continuavam progredindo com o Dedão Macio. O protótipo final do novo calcado havia chegado e André estava realmente orgulhoso. O novo lançamento era da melhor qualidade e, principalmente o custo de produção era irrisório comparado com a concorrência... Desta vez André Pé havia pisado na mosca. Quer dizer... Acertado da mosca!
   Finalmente o grande dia havia chegado. Murilo estava de volte de sua viagem ao Oriente-Médio, com as respostas para as aspiracoes do empresário.
-  Preparou seu relatorio, Sr. Murilo? Perguntou André, sentado `a cabeceira da mesa 
   da sala de reuniões de sua empresa.
-  Não! Respondeu Murilo.
-  Como assim? Você passou duas semanas viajando e nada a dizer?
-  Como e’ que eu vou vender sapato em um local onde todo mundo só anda de
   sandália? Não preciso de um relatorio para dizer isso...
   O homem estava devastado... Não era possível que não houvesse uma solução. Também não queria ir la’ ele mesmo. Não se via em condicões de deixar sua empresa neste momento tão crucial... O remédio era tentar novamente, mandar outra pessoa para la’ e, antes de desistir de seus planos, receber uma segunda opinião...
   Desta vez resolveu usar alguem da própria empresa, ao invés de um vendedor profissional.
   Ja’ por algum tempo estava prestando atenção em um faxineiro da empresa que estava sempre com espanador de pó e uma vassoura em sua mão, o Horácio Rodo. O cara tinha sempre uma solução para qualquer problema que se apresentasse. 
   Soube que em um dia de verão os funcionários estavam reclamando do calor insuportável na linha de produção da fabrica. Ja’ estavam ate’ pensando em pedir dispensa quando o faxineiro botou a mão no queixo, olhou um pouco para um enorme exaustor que tomava conta da metade da parede dos fundos da fabrica, foi `a caixa de ferramentas, botou uma escada nas costas, subiu la no alto, soltou a enorme hélice, fixando-a na posição inversa e, pronto! Ou invés de sugado, agora o ar estava sendo soprado mas, como se não bastasse, ainda improvisou um chuveiro na ponta de uma mangueira d’agua que colocou `a frente do “ventilador”... “Muito engenhoso”, comentou Dr. Pé quando soube do fato.
   Porque não então tentar? Quem sabe o Rodo não resolve mais um problema da empresa...
   Dito e feito! Uma semana mais tarde la’ se ia nosso herói ao encontro do mercado Arabe...
   Desta vez André não estava la’ muito confiante. Ja’ começava ate’ a pensar em uma outra alternativa, caso o Rodo viesse a confirmar a mesma opinião de seu antecessor.
   No dia programado para o encontro com o vendedor improvisado, de certa maneira responsável pelos destinos do Dedão Macio, la’ estava seu presidente sentado `a cabeceira da mesas de reunião.
   Assim que viu seu empregado chegar, `a ele fez a mesma pergunta:
-  Preparou seu relatorio, Sr. Rodo?
-  Não!
   O presidente pensou por instantes... “Novamente!”
-  Não doutor mas, se o senhor quiser eu preparo um... Não e’ preciso ser muito
   esperto para ver o que eu vi...
-  E o que foi que o senhor viu Sr. Rodo?
   O funcionario olhou para ele entusiasmado e falou, quase gritando:
-  Eu vi que nos vamos arrebentar de vender sapatos... La’ todo mundo só anda de sandália...


   Depois desta reunião, André Pé, descobriu que os fatos são os fatos e que, na maioria dos casos, não temos poder sobre eles. Mas, a grande diferença, o que move montanhas, o que promove sucessos ou testemunha fracassos, e’ a maneira com que encaramos estes mesmos fatos... E’ aquela velha historia de ver o mesmo copo d’agua meio cheio ou menos vazio.








Copyright 8/2014 Eugene Colin

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

BANGU! CAMPEãO MUNDIAL...








                                          Bangu! Campeão Mundial ...










   Em 1960, William Cox, um empresário americano e proprietário do Philadelphia Philies uma equipe de Basebol dos EUA, viu um mercado em potencial no país para o futebol de alto rendimento. Reconhecendo que os clubes da Liga americana não apresentavam um futebol suficientemente vistoso para atrair novos fãs, começou a considerar a possibilidade de convidar equipes européias e sul-americanas para o seu campeonato.
   O futebol nos EUA era gerido pela United States Soccer Football Association (USSFA). Como membro da FIFA, o USSFA tinha em suas mãos o domínio do futebol no país, obrigando o empresário filiar-se a American Soccer League, uma liga reconhecida pela USSFA. 
   Resolvido esse impasse, ficava a missão de convidar os clubes que configuravam o cenário do futebol mundial no período. Foram convidados: Kilmarnock (Escócia), Burnley (Inglaterra), Red Star Belgrade (Iugoslávia), Sampdoria (Itália), Nice (França), Rapid Wien (Áustria), Sporting (Portugal), Bayern de Munique (Alemanha), Norrkoping (Suécia), Glenavon (Irlanda do Norte),  New York Americans, criado para representar o país sede.
   A única equipe sul-americana na competição seria proveniente do Brasil, o atual campeão mundial de futebol, com o título conquistado na Suécia em 1958. Como ainda não existia um Campeonato Brasileiro que pudesse apontar um representante para o Torneio Internacional, Bill Cox resolveu escolher um grande time, que em 1959 tivesse conquistado um título nos grandes centros (Rio de Janeiro ou São Paulo).
   O Fluminense, campeão em 1959 no Rio de Janeiro, não poderia participar do evento por estar envolvido nos jogos do Torneio Rio-São Paulo, assim como o Palmeiras, campeão paulista, estaria na mesma competição. O convite, então, acabou chegando às mãos do Bangu, que era o atual vice-campeão carioca. O clube de Moça Bonita cancelou uma viagem marcada para a Europa, para poder disputar o primeiro Campeonato Mundial Interclubes, em Nova York, no período de 4 de julho a 6 de agosto.
  O então presidente do Bangu, Maurício César Buscácio, ao contrário dos dirigentes de Fluminense e Palmeiras, preferiu arriscar... Além dos 17 atletas, embarcaram no dia 30 de junho, o chefe da delegação Sérgio Vasconcelos, o médico Ivon Côrtes, o jornalista da Rádio Nacional Antônio Cordeiro, o presidente Buscácio e o técnico Tim.
   Pelo regulamento do Torneio apenas o campeão de cada grupo passaria para próxima fase. Ou seja, o campeão do grupo A e o campeão do grupo B decidiriam o título em uma partida única. Com três vitórias e um empate, o clube conquistou o primeiro lugar no grupo A, garantindo seu lugar na final.






   A equipe composta por Ubirajara, Joel, Darci Faria, Zózimo, Ananias, Nilton dos Santos, Luis Carlos, Zé Maria, Correia, Ademir da Guia e Beto sagrava-se campeão invicto após vencer o Kilmarnorck por 2×0, tendo como craque do torneio Ademir da Guia, com apenas 18 anos.
   O bairro de Bangu, no Rio de Janeiro entraria em delírio para receber os campeões, e com certeza teve… Comércio fechado, como diz o hino do clube.
   Por isso, `a próxima vez em que você pensar em um grande clube, que ajudou a colocar o nome do Brasil no cenário mundial como uma potência do futebol, que ate' `aquela época so' tinha um título mundial, e ainda carregava na bagagem a derrota humilhante para o Uruguai em 1950, com muito orgulho, pense no Bangu Atlético Clube, O primeiro campeão mundial...


                                    
  Em pé: Joel, Ubirajara, Darci Faria, Ananias, Zózimo, Nilton dos Santos. 
Agachados: Correia, Zé Maria, Luís Carlos, Ademir da Guia e Beto.

                                            Campanha do Bangu no Torneio Internacional
                 Jogo 1 – Bangu 4×0 Sampdoria no dia 4 de julho de 1960
                 Jogo 2 – Bangu 3×2 Rapid Wien no dia 10 de julho de 1960
                 Jogo 3 – Bangu 5×1 Sporting no dia 16 de julho de 1960
                 Jogo 4 – Bangu 5×2 Red Star no dia 18 de julho de 1960
                 Jogo 5 – Bangu 0x0 Norrkoping no dia 20 de julho de 1960
         Semi – Final – Bangu 2×0 Red Star no dia 31 de julho de 1960
                    Final – Bangu 2×0 Kilmarnorck no dia 6 de agosto de 1960.





  Este e' o link para assistir ao jogo final: https://youtu.be/7r7DNFJtbpI







copyright 8/2020 Eugene Colin








sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Mr. JOHN









                                                            Mr. John








   John, um Americano, nascido em Knoxville, estado do Tennessee, nos Estados Unidos, era maluco por mulher... Por sua falta de sorte havia nascido justamente na que e’ considerada a cidade mais conservadora do “bible belt” Americano. Mulher ali so’ pra casar. Ate’ namorar e’ difícil.

   Para se dar uma olhada, de leve, em um peitinho, era um sacrifício homérico. Ate’ hoje, aos seus 27 anos, so’ havia conseguido uma vez. Assim mesmo teve que namorar por seis meses e jurar, de pe’ junto, que tinha intenção de casar.
   Uma vez, em uma tentativa que pensara ser providencial, arrumou um emprego de motorista de taxi, so’ porque um conhecido lhe disse uma vez que pegou uma passageira sem dinheiro para pagar a corrida, e lhe ofereceu mostrar os seios em troca. “Naquele dia, por sorte, não atropelei três cachorros, passei por cima de uma senhora com uma sacola cheia de compras de super mercado, derrubei um hidrante a avancei um sinal”. Disse aquele motorista.
   Mas John era mesmo sem sorte... Trabalhou dois anos como taxista, e não conseguiu conduzir nem uma porra d’uma mulher que estivesse sem dinheiro para pagar a corrida, ate’ gorjeta recebia.
   Vai ter azar la’ longe!
   Um dia em casa, em um mês de fevereiro, após haver desistido daquele emprego sem futuro, assistindo a um noticiário vespertino, pode ver, para seu espanto e alegria, uma reportagem sobre o carnaval do Rio de Janeiro. Nunca havia visto tanta mulher pelada. Foi meia hora de bunda, peito, coxas, umbigo pintado e coisas que nem sabia existir em corpo de mulher. Ao final do programa, nosso amigo estava babando mais do quem recém nascido. Estava pasmo, estupefato, assombrado, embasbacado, interdito, petrificado, atônito. Levantou da cadeira onde sentava, deu uma arrumadinha, para o que antes dormia poder caber dentro de suas calcas e decidiu; iria trabalhar o tempo que fosse preciso para poder juntar dinheiro e viver um ano no Rio de Janeiro. Se planejasse direito, daria tempo ate’ para vivenciar dois carnavais, se conseguisse sobreviver ao primeiro sem um ataque cardíaco. Não ia para trabalhar ou morar de vez. So’ queria poder ficar um ano sem fazer nada, sentado na praia, vendo mulher pelada... Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar...

   Três anos mais tarde, apos jornadas de trabalho que muitas vezes se estendiam por mais de quinze horas, John pediu demissão. Ninguém entendeu porra nenhuma. O cara era o melhor programador da empresa. Sabia tudo. Era educado, gentil, solícito, repeitava ao extremo as colegas de trabalho... Sarah, uma loira de olhos azuis que trabalhava com ele, fez tudo para namora-lo mas, John sabia muito bem... Se comesse, tinha que casar. Dispensou a menina na maior... Todos davam em cima dela e o John não quis. Seu único pensamento era mulher pelada no Rio de Janeiro. Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar...


   Finalmente chegou o dia pelo qual aguardara sua vida inteira. Sacou todo o seu dinheiro do banco, vendeu tudo que possuía, entregou o apartamento onde morava de aluguel, fez as malas com o pouco de roupa que havia sobrado e, saiu feliz em busca da realização de seu sonho. Tinha tudo ja’ planejado... Ia alugar uma quitinete no Leme; era mais barato do que Copacabana, Ipanema ou Leblon mas dava para ir ate’ la’`a pe’. Além disso, nos dias de preguissa, poderia ate’ tentar ver mulher pelada na praia do Leme... Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar.

   Podia almoçar na praia. Sabia que vendiam cachorro quente, angu, milho verde, batata frita, as mesmas porcarias que comia em sua cidade natal... O único detalhe que  não havia conseguido resolver foi chegar ao Rio a tempo para o carnaval mas, tudo bem, o importante e’ que estava onde queria e, feliz da vida, podia aguardar o próximo carnaval, sentado na praia, olhando mulher pelada... Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar.
   Havia no entanto um problema um pouco mais sério que ele não conseguia resolver; o domínio da língua portuguesa. Não era completamente incapacitado mas, como pensara muitas vezes, “e’ muita difixil esso porro desxto linguou”. O importante e’ que o  básico ele conseguia falar, o problema era dos outros que não faziam o esfôrço necessário para entende-lo.

   A vida seguia, em sua opinião, melhor do que planejado. So’ ainda não havia ficado vesgo por sorte. Um dia, tentou virar o pescoço tão depressa que foi parar na Santa Casa de Misericórdia. No dia seguinte, nem todo enfaixado, como estava, deixou de ir `a praia para apreciar “o maior espetáculo da terra”, mulher pelada... Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar...


   Estava no Rio por mais de três meses quando, naquele dia, resolveu visitar a praia de Ipanema, onde nunca havia estado.

   Em la’ chegando, sentou em um banco na Vieira Souto e iniciou a admiração da “natureza”... De repente, sentiu seu olhar atraído por uma figura feminina que estava muito distante, quase inperceptivel... Aos poucos os detalhes eram revelados. Cabelos longos, negros e lisos, a pele morena, as pernas longas, o corpo escultural, olhos verdes... Como um imã, aquela mulher o atraiu, fazendo que ele se levantasse de onde estava e a seguisse. Andava a uma distância segura para não assustar a presa. Inconscientemente entrou no mesmo ônibus, sem mesmo saber o destino. Viajou por horas ate’ chegar não sabia onde. Mal entendeu o motorista dizer: “Bangu, parada final”. Assim que a viu levantar, fez o mesmo. Ainda a seguia a distância quando a percebeu entrando em um portão apertado, dando impressão de tratar-se de uma casa de fundos.
   Mas, e agora? O que poderia fazer? Não tinha a menor ideia de onde estava. Nem sabia como voltar para casa. Andou meia hora, de um lado para o outro da rua, pensando, pensando...
   Pensava naquela mulher maravilhosa, que o havia encantado, quando viu um casal se aproximar. Olhou para os dois sem saber exatamente o que queria fazer.
 - Tudo bem? Cumprimentou o rapaz que se aproximava dele.
 - Nau xei aindo. Respondeu John.
-  Você fala Português? De onde e’?
-  Sou de Tennessee, Estados Unidos maix esta’ aca paro conescer a Rio.
-  Ta' entendendo alguma coisa? Perguntou a moça que acompanhava o rapaz.
-  Me chamo Três Pernas. Apelido e’ claro. Esta e’ minha noiva, Rosilda Gostosa.
-  Minha nome es John.
-  O senhor mora aqui?
-  Não sei onde eu mora...
-  Esta’ perdido?
-  Acho que esta’. Respondeu John,
   Tentando ajudar, mesmo contra as advertências de Rosilda, Três Pernas convidou o forasteiro `a sua casa.
   Mais calmo, depois de contar toda aquela historia, desde quando ainda dirigia taxi, John confessou que nunca havia visto nada mais lindo em sua vida do que aquela mulher que entrara no portão que podia ser visto da casa onde estava.
   Não e’ a casa da Gracinha? Disse Rosilda.
   Inexplicavelmente, eles gostaram do estranho. Depois de horas de conversa, ofereceram que ele dormisse ali mesmo e que, no dia seguinte, Sábado, quando sabiam que seu interesse amoroso não trabalhava, os apresentariam.
   John não entendeu nada mas aceitou. Além do que, `a esta hora não tinha mais ônibus para Copacabana.

   Quando acordou, convidado para o cafe’ da manhã, teve a maior surpresa de sua vida; ali estava, diante de seus olhos aquela mulata que havia seguido na noite anterior, mais linda do que pensara com um sorriso capaz de fazer qualquer um  comprar a pasta de dente que anunciara.

   John tremia de nervoso, pensou ate’ que fosse dar caganeira.
   Três Pernas e Rosilda se divertiam com a tentativa de conversa entre os recém conhecidos.
 - O gringo e’ legal! Disse Três Pernas `a sua companheira. Vamos deixar eles
    sozinhos...
   Os dois conversavam desde que se viram pela manhã. `A noite, John ate’ ja’ tinha melhorado seu Português. Pelo menos Gracinha estava entendendo...
   Eram onze horas da noite e os dois ainda estavam grudados no sofa’ onde sentaram desde que terminaram o almoço que ela mesmo fez questão de preparar.
   Desta vez foi Rosilda que sugeriu a Três Pernas que o convidasse para a quermesse do Bangu, clube que frequentavam. Ate’ seu amigo Brolha e sua prima estariam la’. John estava envergonhado de dormir pelo segundo dia na casa de uma pessoa que mal conhecia...
-  Fica frio, amigo! E’ um prazer. Além do mais, deixa eu falar... Por favor, tome
   cuidado com Gracinha. Ela’ e’ uma pessoa maravilhosa mas, não deu muita sorte na
   vida... Tinha muita ambição em estudar, ser alguem mas, arrumou um pilantra que a
   deixou quando estava grávida  e nunca mais apareceu, nem para ver a filha.
-  O que ser “pilantra”? Perguntou John
-  Uma pessoa desonesta, sem caráter, que engana os outros...
-  Oh! I know! An asshole!
-  O que? Indagou Três Pernas
-  Deixo pro la’! Disse John. Não preaculpa se. Não ser pinlantrow...

   Domingo pela manha, Gracinha chegou `a casa de Três Pernas toda sem jeito para saber de John se ela podia levar a filha com eles.

   Em um momento de desafogo, conversando com Rosilda perguntou: “Qual e’ a desse cara? Loiro, bonito pra cacete, parece um artista de cinema... Que sera’ que ele viu em uma empregada doméstica dura, com uma filha, que mora em Bangu?
- Amiga, você tem espelho em casa? Olha bem para o teu corpo, teu rosto... Você e’ 
   delicada, educada, gentil, linda... Não sei não minha amiga mas, tenho a impressão
   que você esta’ com sorte.
   Gracinha também havia se interessado naquele Americano. Não sabia direito o que ele queria. Por certo namorar, dar uns beijinhos, uns amassos... “Ate’ que eu dava uma trepadinha com ele...” Pensou, em um momento em que viu o tamanho de seus pés. Dizem que o tamanho do pe’ revela o tamanho de alguns orgãos do corpo... "Sera' que e' verdade?" Pensou, curiosa...

   Eram cinco horas da tarde quando resolveram que ja’ era hora de ir para a festa no clube. Gracinha estava mais linda do que nunca. Sua filha Graciosa ouviu de Mr. John, como ela o chamava, que era encantadora.

-  O senhor me ensina Inglês, Mr. John? Disse a menina.
-  Sou se voxe insenhar mim Portugueix... Respondeu
-  O que ele disse? Perguntou a menina `a mãe.
   Gracinha estava feliz... Mesmo ainda sem ter um sentimento maior por aquele estranho que conhecera ha’ apenas um dia, começava a admira-lo e, estava disposta, se ele obstinasse, a manter uma aventura amorosa. Principalmente porque ha’ anos não sabia o que era sexo. “Como e’ que eu vou trepar? Trabalho a semana inteira como uma condenada, estou sempre fedendo `a alho, cebola, cafe’, agua sanitária... No final de semana estou mais cansada do que jogador de futebol depois do treino”... Ainda bem que John não conseguia ler pensamentos. Se, vagamente, soubesse do que estava se passando na mente daquela mulata linda, como jamais vira outra igual, ela seria degustada ali mesmo, com roupa e tudo.
   Agora no clube, sentados `a uma mesa, ao lado de seus vizinhos, Gracinha falou, dirigindo-se a sua filha: “Quer um guarana’?” Apos a resposta afirmativa da menina, virou-se para John e disse: “Para você, meu amigo, vou trazer uma caipirinha.”
   Ela se levantou em direção ao bar, imanando, como fazia desde  o dia anterior, os olhares, pensamentos e atenções do gringo. Enquanto se afastava, em direção ao bar, John pensava: “Ja’ penxou esta mulier pelada?” O melhor e’ que, naquele pensamento, era pelada mesmo! Não tinha biquíni para atrapalhar...
   Assim que chegou de volta `a mesa, deu o refrigerante para a filha e caipirinha para John. Pronto! Era so’ o que faltava. Sem saber ela havia aberto a “boceta de Pandora”. Foi a primeira vez que ele estava provando uma caipirinea, como ele pronunciava. Passou a fazer parte integrante de sua vida...
   Agora, e’ claro, ele teria que dormir mais um dia na casa do novo conhecido. Tomou tanta caipirinea que ja’ estava de porre antes mesmo da festa começar. Gracinha se divertia... Gostava daquele homem. Ele era espontâneo, engraçado, gentil, sempre sorrindo, e além de tudo, passara o dia inteiro, conversando, brincando, fazendo cócegas em sua filha que, aparentemente, também havia se entrosado perfeitamente com seu novo “amigo”.
   Aquela Segunda-feira foi um dia triste. Tinha que voltar para casa. Acompanhou Gracinha ate’ o seu emprego em Ipanema onde ela ficaria ate’ o final de semana...
-  Poxo tei ver na Sábada por na manan?
-  Claro! Vou telefonar para Graciosa dizendo. Sei que ela vai ficar contente...  Respondeu, sorrindo.

   O dia foi terrível para John. Não comeu nada o dia inteiro... Não queria sair de casa. So’ pensava nos dias em que esteve em Bangu.

   Dois dias depois, sem nenhuma explicação, telefonou para seu novo, e único amigo, Três Pernas, perguntando se dava para ajuda-lo a conseguir um emprego.
-  Pensei que você estivesse no Brasil para gozar férias?
-  E’u tambiem maix, para cuidar do famílio tenho que trabaliar... Disse John.
-  Que família? Pensei que estava’ so’... Respondeu Três Pernas.
-  Estar so’! O famílio vem por maix tarde...
-  Ta’ complicado entender mas, a melhor pessoa para te arrumar emprego e’ a Betty
    Frigida, amiga do meu amigo Brolha. Vou falar com ela.
-  Possa ir Sábado ate’ xua caso?
-  Claro! Melhor ainda! Vou falar com a Betty... Ela mora na lagoa e pode passar aí para 
   te pegar. Disse Três Pernas.
-  Maix nao ser longine pra elo?
-  Nada! A Betty adora vir a Bangu nos visitar...
   O resto da semana foi excruciante. John não saiu de casa uma vez sequer. Esqueceu de bunda, de peito, de coxa. So’ pensava em Gracinha. Havia ate’ se esquecido de ver mulher pelada... Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar...
  
   Eram nove horas da manhã de Sábado quando ouviu a voz de Betty pelo interfone. Ja’ a esperava. Desceu imediatamente.
   A conversa ate’ o destino foi animada. Betty colheu todas as informações inerentes ao emprego que John procurava. A única observação que fez foi: “ Mas você tem que melhorar teu Potugues”.
- “Estar trabenlhando nixtou!
   Betty se divertia com o Americano. Como os outros, havia gostado muito dele, imediatamente.
   Ao chegarem `a casa de seu amigo, todos ja’ la’ estavam, esperando por eles... A primeira a correr em sua direção foi Graciosa, que pulou em seu colo. Gracinha chegou perto e deu um beijo respeitoso em seu rosto enquanto ele a abraçava saudoso.
   O cafe’ da manhã, em sua homenagem preparado, era de fazer inveja a um hotel cinco estrelas... Tinha de tudo; pão doce, salgado, roquinha, bolo de milho e de fuba’, pão de queijo, jerimum, banana, mamão, queijo de minas e queijo prato, leite, cafe’. Tinha ate’ batata frita para a menina... Durante toda a refeição John estava muito calado e compenetrado, o que, de certa maneira, preocupava a todos, principalmente Gracinha, que ate’ tentava impedir sua filha de chegar muito perto dele.
   Assim que terminaram e se dirigiram `a sala. Betty começava a falar sobre o que estava pensando, em relação ao emprego de John quando ele, levantando-se de onde estava falou: “Dao licencia!” Se ajoelhou ao chão, em frente `a Gracinha, segurou sua mão, e disse:
-  Meu querido! Sei qui extou aca so’ poucous diax maix gosta saber se voxe ser meu
   exposo... Nao sei falo muito teu linguou maix sei qui te ama muita... Por Favor? Disse 
   John.
   Gracinha levou os dedos `a boca, arregalou seus lindos olhos verdes e começou a  chorar... “Porque mamãe ta’ chorando? Mister John não fez nada!” Pensava sua filha, entristecida.
   Betty, calada, instintivamente arregalara os olhos, sem saber de onde tudo aquilo havia surgido...
   O único que começava a entender era Três Pernas. “Por isso queria trabalhar...” Pensou.
   Pronto! Haviam aberto as portas da represa. Gracinha não parava de chorar. Ja’ havia molhado dois guardanapos, agora pedia uma toalha. John acariciava as mãos ásperas de sua, noiva. Graciosa se sentara em uma poltrona no canto da sala toda triste. Não estava entendendo porra nenhuma. Rosilda agarrou o braço do namorado e tascou-lhe um beijo bem babado, o qual, a respondeu beijando sua testa carinhosamente.
   Agora estava pior! Além de chorar, também soluçava.
   Rosilda veio com um copo de água com açúcar, que todo mundo sabe, não adianta nada mas, insistem em sua administração.
   Finalmente, depois de mais de uma hora, a coisa estava pior. Gracinha olhava para John e chorava... Desviava o olhar, se acalmava um pouco, olhava para ele e, chorava novamente.
   Os outros, demonstravam surpresa e alegria com risos e cumprimentos enquanto Gracinha chorava mais ainda.
   Em dado momento, Mr. John muito sério, olhou para ela e disse: “Nao quer maix nao! Desixtiu!”. Todos olharam para ele. Gracinha parou de chorar e disse: “O que?” Ao mesmo tempo em que ele começou a rir dizendo: “Viu? O suxto faix passa’ o lagrimos melhour di qui aguou doce...”
   Mr. John podia não saber falar Portugues mas, ja’ estava assimilando os costumes locais...
   Engraçado! De repente não queria mais ver peito, bunda, ou mulher pelada... Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar...
   Mas, não era isso que as meninas de Knoxville queriam, casar antes de trepar? Vai se entender a humanidade...
  
   O resto de dia foi de festa.
   John pediu que Gracinha parasse de trabalhar. Queria que ela estudasse e cuidasse da casa. Assim que casassem queria leva-la aos Estados Unidos para conhecer seus pais. Graciosa fazia sua parte. Tentava ensinar Português a Mr. John mas, ele era duro de aprender... Não conseguia entender quando usar “a” ou “o” no final das palavras... A menina fazia de tudo e nada de ver resultados.  “ Masculino e’: O, feminino e’: A. Entendeu Mr. John?” “Não! Que ser masculina? !” ouvia em resposta, invariavelmente...
   Em um domingo ensolarado, quando saiam para uma visita, e pequenas compras no shopping center mais próximo, Gracinha escorregou no meio fio da calçada e se estabacou no chão, bolsa para um lado, sapato para o outro, saia pra cima e calcinha aparecendo. Ao ver a mãe imóvel no asfalto quente, a menina gritou: “Mr. John! Mr. John! Acuda a mamãe!
   John, calmamente olhou para a menina, dedo em riste e afirmou: “Não e’ A Cu da mamãe! O certo e’ O Cu da mamãe”... As aulas estavam começando a ter resultados.

   Com o dinheiro que tinha, planejava comprar uma casa para eles, em Bangu, e’ claro, junto de seus amigos. Com o saldo, abrir uma conta de poupança, começar a trabalhar o mais rápido possível e iniciar a vida que jamais havia planejado.

   Em pouco tempo fazia parte de um circulo que, assim como ele, tiveram a felicidade de conhecer pessoas humildes, alegres, honestas e sinceras.
   Três Pernas, Rosilda Gostosa, Brolha, Trolinha, Betty Frigida, eram amigos de convivência quase diária. Ate’ Josélia Madrugada e Maria Cefetina os visitavam de vez em quando
   As ideias do passado deram lugar `as taras do presente. Havia trocado quantidade por qualidade. Em sua opinião, sua futura esposa dava de dez a zero em todo aquele monte de mulher pelada. Quer dizer, quase pelada! Tinha o biquíni para atrapalhar.
   Ganhou ate’ uma filha, sem ter que fazer nada...

   Vai ter sorte la’ longe, Mr. John!







Copyright 5/2020 Eugene Colin



sexta-feira, 7 de agosto de 2020

RIDDLE









                                                   Riddle







                  Please, guess out this riddle that I mad last night.
                  By thinking it over , you will have it right...
                  Tell me what did I do, when I was at my work,
                  Was I doing something or was just like a lurk?

                  What did I do the whole time I was in?
                  Being productive, or just being mean?
                  And, when I was working, yet doing my round,
                  Did I do it right? Was I really abound?

                  And at dinner time, well, more like a supper, 
                  did I eat my food or act like a packer,
                  that grabs all he can and save it for later
                  to eat all at home, while reading his paper?

                  Again, just around three o’clock in the morning,
                  was I still awake or asleep with eyes turning?
                  And, after I finished what I had to do, 
                  Did I stayed inside or outside, in the dew?

                  It isn’t to hard to guess out what it is, 
                  this one is so easy, how can you still miss?
                  Come on, try again, this is not something new!
                  I spent my whole night just thinking of you...







Copyright 10/2019 Eugene Colin.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

MUNDO PERFEITO...












                                                    Mundo perfeito...








   Minha vizinha tem três herdeiros. Os dois maiores são casados e ja' tem filhos... A mais nova... Tem dezenove anos, não estuda, dorme o dia inteiro e, `a noite assalta a geladeira sem pena e com voracidade. Ao nascer do novo dia, quando ja' esta' dormindo novamente, a pia da cozinha amanhece cheia de pratos, copos, talheres... Tudo que foi usado no banquete noturno. Quando a mãe a critica, responde que esta' "aproveitando a juventude".

   Nos damos muito bem... Apesar de tudo, ela e' uma boa menina. Alegre, feliz, muito engraçada... Vez por outra, me chama para conversar sentados ao meio-fio da calcada. Me pede conselhos, reclama que não tem namorado...Diz que eu a entendo.
   De vez em quando escrevo poemas para ela, relacionados com o acontecimento, ou a reclamação do momento... Ela ri das criticas que lhe faco.
   Hipocondríaca no mais amplo sentido, um dia, a mãe me chamou correndo porque Jeralda (isso mesmo! Jeralda com J) estava com muita falta de ar... Como bom medico, que não sou, fui visita-la para saber do que se tratava...
   - Estou com muita dor no peito. Não consigo respirar. Me disse.
   - O que mais você esta' sentindo? Indaguei...
   - Você acha pouco? Respondeu.
   Olhei para ela e vi que não tinha absolutamente nada mas, por via das duvidas, voltei com meu aparelho de medir pressão e um termômetro...
   Temperatura normal. Pressão melhor do que qualquer atleta profissional, rosto corado e sadio, semblante triste como o de quem esta' louco por um pouco de atenção...
   - Fica tranquila, vou te dar um remédio, que uso quando estou me sentindo assim e você vai ficar
      boa em um instante. Simpatizei.
   Fui em casa, coloquei uma colher de sal e uma de açúcar em copo d'água e voltei.
   - Toma! Bebe de vagar, respirando entre os goles e fica deitada por quinze minutos. Vou medir tua
     pressão a cada cinco minutos para monitorar o efeito do remédio.
   Perfeito! Em quinze minutos estava se sentindo melhor do que nunca, segundo suas próprias palavras.

   No dia seguinte voltei `a sua casa com a receita...
                     
   Falei pra mamãe:
   estou depressiva.
   Eu estava tão  bem,
   alegre a ativa...

   Meu peito doendo,
   meu braço manchado,
   nariz escorrendo,
   ninguém ao meu lado...

   O Lucas ligou...
   Vem aqui minha amiga!
   Agora eu não vou,
   estou meia perdida...

   So' quero ficar
   na cama, deitada.
   Vem você me chamar
   pra sentar na calcada!!!???

   Um dia `a tarde
   minha mãe me chamou
   sem muito alarde
   ao medico eu vou...
   O doutor me olhou
   de cima a baixo,
   depois me falou
   contrito, cabisbaixo...

   Minha filha, te digo,
   com toda certeza
   o que acontece contigo,
   vejo aqui com clareza...

   Te escrevo a receita
   que vai te curar,
   te fazer mais perfeita,
   tua vida mudar...

   De manhã TABEFLEX
   logo ao acordar.
   Vai te deixar alerta
   ate' o jantar...

   `A noite, ao dormir,
   CHINELOX receito.
   Vai te fazer sentir
   em um mundo perfeito...




Copyright 4/2020 Eugene Colin.