quarta-feira, 25 de setembro de 2013

WORDS



                                              

                                             Words



                       It is very intrestnig to realize 
                       how do thnigs work whitin our mind...
                       Look at the words, for an exmaple.
                       Tehy can tell thgins of any kind.

                       How do we read, wehre do we start?
                       From the begininng or from the end?
                       If everthriyng was wirtten wonrg,
                       Wuold we be able to undsretand?

                       I've learend a lot thgourhout my life,
                       I had surpsries at many times,
                       I've seen impisosbles tihngs happen,
                       Some very stnrage, some otehr fines...

                       But it was hrad to just beleive
                       what I have read anhoter day...
                       No matter how the wrods are wirtten,
                       we awlays raed them the same way.

                       And piayng attnetion to waht I said,
                       in many wrods taht you jsut read,
                       only the fsirt and the last letter
                       are in the order taht it shulod matter.



   This poem was written in 2004... In a way, it was the beginning of a long series of poems, novels and short stories I've been written since.
   At that time I've learn that we read a word in its entirety, not only the characters which form them.
   As a matter of fact, I read that  when looking at letters, the reader activates a specialized part of the visual system that would coordinate this action with the phonological system he has in his "brain database". As the reader seeks phonological information from print, it puts a kind of "pressure" on the visual system to recognize that information, sending back to the brain as a silent reading or speaking the word.
   I thought it was interesting and wrote the poem...
   In a test, a few days after, I realized that some people would find a few mistakes, not all of them.
   Later, this poem was used in training classes for new nurses of a local hospital, on the town I used to live at, to show them the importance of attention to details...
   In other words, check if the doctor did not leave a scalpel inside the belly he just finished the surgery on.
   Oh!... In that case, don't be afraid to tell him, preferably before the closing stitches are done. And, when you do that, use the right words.



Copyright 2013 Eugenio Colin










domingo, 22 de setembro de 2013

INSPEÇÃO






                                                            Inspeção






   A Casa da Criança era uma estabelecimento exemplar... La’ tudo dava certo. Os alunos eram felizes e adoravam a escola, os professores carinhosos com as crianças e dedicados ao trabalho...
   Neste semestre Josefina Grosso Safada havia sido eleita a melhor professora da escola. Seus alunos porem não eram os melhores colocados nas competições escolares mensais mas, se alguem falasse mal da professora, eles viravam bicho. Josefina era idolatrada...
   Alguns pais de seus alunos porem, reclamavam `a diretoria que os meninos e meninas nem liam muito bem e estavam atrasados em relação `a outros meninos da rua que cursavam a mesma serie.
   Um dia, resolvendo desvendar o mistério, o diretor da escola mandou instalar uma câmera oculta no teto da sala de aula de D. Safada bem sobre a mesa onde ela sentava. Pode constatar então, que ela ficava a aula inteira, com seu computador aberto, procurando namorados pala Internet. Os alunos, faziam o que queriam, liam revistas, rabiscavam as carteiras, “namoravam” as colegas... Tudo o que tinham direito. A única coisa que não faziam, instruídos pela professora, era algazarra. Assim, sem gritaria, todos pensariam que estavam estudando...
   Professor Merdolino Mendonça, o diretor da escola ficou revoltado.
   Não querendo se complicar com o sindicato, na tentativa de despedir a “melhor professora do semestre”, decidiu bolar um esquema no qual ela pudesse ser despedida sem que a escola tivesse participação no evento.
   Naquela segunda-feira foi anunciado que todas as salas passariam por uma inspeção do Ministério da Educação.
   Josefina Safada porem era esperta... Combinou com os alunos, que estavam muito nervosos, ja‘ que tinham consciência que não sabiam nada, que os ajudariam. Quando o Inspetor estivesse na sala, fazendo perguntas, ela descobriria uma maneira de ajuda-los. Instruiu que, na duvida, olhassem para ela, disfarçadamente. 

   No dia marcado, o Inspetor explicou `a todos que escreveria palavras no quadro-negro e escolheria um dos alunos para soletrar a palavra.
   Safada estava preparada...
   O Inspetor então escreveu a primeira palavra em letras maiúsculas bem grandes, para não haver duvidas. CANETA.
   Virou para a sale e, apontando para um menino disse:
-  Você, na primeira fila, pode soletrar esta palavra?
   Olhando para a professora assustado, percebeu que ela balançava uma caneta entre os dedos. Não titubeou...
-  CA-NE-TA! Disse o menino.
-  Muito bem! Disse o Inspetor.
    Voltou-se para o quadro novamente e escreveu; BORRACHA. Virando-se para a classe falou:
 -  Agora a menina com blusa vermelha na segunda fila. Soletre para mim!
    BO-RRA-CHA! Disse a menina, que entendeu o esquema e, olhando para a Professora, viu que ela agora brincava com uma borracha.
-  Muito bem! Repetiu o Inspetor.    Agora você, sentado em baixo da janela, pode soletrar para
   mim  a palavra que escrevi?
-  BO-TÃO! Exclamou o menino que viu a professora brincando com um dos botoes de sua blusa.
-  Professor Merdolino, os meninos não estão nada mal... Ponderou o Inspetor, dirigindo-se ao Diretor da escola.
-  Mais uma pergunta para você ai na ultima fila, com camisa preta. Disse Inspetor...
   Virou-se para o quadro e escreveu: SINO.
   O menino olhou para a professora que balançava a mão para cima e para baixo, com os punhos cerrados, como se estivesse segurando algo.
   A principio, o garoto não entendeu bem os gestos confusos de sua professora, mas depois, pensando melhor, abriu um sorriso e falou:
-  PU-NHE-TA!.









Copyright 2013 Eugenio Colin







terça-feira, 17 de setembro de 2013

O SOL






                        O Sol





Escrevi  sobre o mundo, versei sobre a lua,
a mesma que `a noite clareia a rua
tão triste e escura a quem, de alma nua,
procura na vida  alguem pra ser sua...

Falei sobre o mundo que tu me revelas
que muitos ainda pensam, so’ existe em novelas.
Tentei com a lua te dar um presente,
faze-la so’ tua, deixar-te contente...

Agora, o amanha esta’ quase chegando,
ainda dormimos no outro pensando,
de longe o futuro ainda sonhando...

Em breve, o sol estara’ clariando
os dias que tristes, `as vezes chorando,
sentimos saudades no futuro presente
que aguas passadas,  lembrando contente
lavarão as tristezas daquele momento
que ainda traremos em algum pensamento...

Amanhã , o hoje chegou lentamente,
trazendo sorrisos, lembrando `a mente.
E o sol, que custou tanto tempo nascendo,
corpos, corações, estara’ aquecendo
e juntos, mãos dadas, lembramos do mundo
ainda, novamente, mesmo que num segundo,
te conto de como quase te dei a lua,
de como queria faze-la so’ tua
pra ver o sorriso que exibes agora
fazendo de todas, esta, a melhor hora
de muitas que sei viveremos somente
manha, dia e noites de amor permanente...







Copyright 2013 Eugenio Colin

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A FONTE DA JUVENTUDE






                                               A Fonte da Juventude





   Alcebiades Aristóteles Antônio Antunes Arantes da Anunciacao Almeida de Sa’, um renomado pesquisador, que desde que se formara em medicina sempre dedicara boa parte de seu tempo em procurar solução para doenças e estados patológicos crônicos que afetava seus pacientes, era mais conhecido como Dr. Sa’.
   Dr. Sa’ era um incurável ideológico romântico. Achava que poderia e, se não pudesse, ao menos havia tentado, resolver os problemas de saúde da humanidade.
   Para ele, a maior riqueza do ser humano era a saúde. “Um duro com saúde vai ter sempre condição de trabalhar por dias melhores”, dizia constantemente...
   Dr. Sa’, poderia facilmente passar por um galã de novelas. O homem tinha quase dois metros de altura, forte como um boxeador, uma saúde de ferro, quando perguntado, dizia que nunca se lembrava da ultima vez em que esteve doente.
   Funcionarias eram difícil manter emprego em seu consultório. Não que não gostasse de mulher, pelo contrario, mas achava que não tinha tempo para se dedicar `a família ou a uma relação séria. Quando estava com vontade de “extravasar” seus “sentimentos” acumulados por algum tempo, procurava um Strip Club e, de la’ saia acompanhado por uma “atriz”para mais uma noite de aventuras inconsequentes que, segundo normas rígidas por ele mesmo estabelecidas, depois daquela noite nunca mais repetiria a mesma cena com a mesma “atriz”.
   Ultimamente porém, Dr. Sa’ estava muito envolvido em seu novo projeto. Uma serie de expedições `a Amazônia onde, com uma equipe de médicos e enfermeiras que havia formado, permaneceria por três meses cuidando de pacientes carentes.
   Este programa era financiado por sua própria fundação com auxilio da UNESCO e outras entidades filantropicas.
   O mesmo projeto de iniciativa do governo federal la’ comparecia de seis em seis meses. Assim sendo, o seu projeto preencheria o vácuo, contribuindo melhor para o auxilio da população local.
   Cada viagem cobria uma área especifica naquele enorme território. Desta vez o destino era Piniquim bem no centro da Amazônia.
   Para facilitar e dar maior conforto aos médicos e enfermeiras que o acompanhariam, as viagens eram feita por transporte aéreo em cooperação com a FAB.
   O cenário visto do alto era realmente amedrontador. Uma enorme área verde, aparantemente impenetrável. O único meio de transporte para aqueles pequenos povoados indígenas eram as hidrovias que, de la’ do alto, sumiam na vastidão do cenário.
   Estavam quase chegando ao pequeno aeroporto quando, de repente, uma enorme tempestade se armou, justamente no momento em que o avião começava a descida de aproximação.
   No meio de toda aquela água que do céu despencava, um raio atingiu a asa direita da aeronave, paralisando um dos dois motores. Alguns entraram em panico imediatamente. Nanando, um dos médicos que sofria de insonia, logo se arrependeu de ter brigado com sua noiva, razão pela qual havia aderido `a expedição; so’ porque ela vivia se recusando a dar pra ele, `as altas horas da madrugada, o que ele achava ter direito, mesmo ser ter mencionado casamento uma so’ vez, em cinco anos de compromisso.
   Dr. Sa’ havia ate’ sugerido algumas vezes que se enturmasse no mesmo “Clube” que frequentava, se quisesse, resolvendo o problema ali mesmo em uma das salas vip, nos fundos do estabelecimento mas, Nanando era fiel `a sua noiva.
   O panico ainda era geral quando o piloto avisou que se via obrigado a realizar um pouso  forçado. Todos se seguraram da melhor maneira possível, alguns que nunca haviam rezado em toda a vida, aprenderam rapidinho.
   O piloto estava tentando visualizar um rio mas estava difícil, sem muita claridade, com muita chuva, e arvore a dar com o pau. Finalmente, decidiu que não podia esperar mais... A porrada foi tão grande que so’ se via caixa subindo, gente descendo, vidro quebrando, agua entrando na cabine, explosões do lado de fora, faiscas do lado de dentro... Tudo que teriam direito se estivessem protagonizando uma superprodução hollywoodiana sobre desastre aeronáutico. Aquilo durou apenas alguns segundos que mais pareciam uma hora para os que la’ estavam. Finalmente... Silêncio total por alguns instantes, pouco a pouco, alguns gemidos, começaram a se ajudar uns aos outros... Por incrível que possa parecer, apenas alguns cortes e hematomas que começavam a ser notados nos bracos, pernas e rostos que ainda demonstravam pavor.
   Dr. Sa’ começou a, muito superficialmente, examinar um por um, constatando que nada mais sério havia acontecido. Estava tão preocupado que nem percebeu um enorme corte em seu braco que sangrava profusamente. Um dos médicos aplicou um torniquete que temporariamente resolveu o problema.
   Agora a chuva havia parado. O céu estava limpo e a claridade da lua era a única iluminação disponível `aquele momento.
   Abriram a porta do avião com cuidado e resolveram explorar a área imediata onde o avião havia parado, para se certificar que poderiam esperar pelo dia com as portas abertas. Sem muito caminhar, Dr. Sa’ pode ver, sem muita clareza, uma pequena arvore com folhas bastante grandes que se fechavam ligeiramente `a medida que eram tocadas. Notou também que elas eram quentes, mesmo estando em uma floresta tropical em uma noite úmida.
   Cortou uma das folhas, envolveu seu braco cortado e a amarrou com um rolo de gaze, solto de uma caixa, no interior do avião.
   Arrumaram da melhor maneira possível o que ainda estava espalhado e foram dormir.

   O sol, refletido em uma das asas ainda presa na fuselagem, acordou a um por um. Puderam perceber que, no local onde haviam “pousado”, a água do rio era bastante clara e límpida. Dr. Sa’ resolveu então limpar seu braco e agora, com a luz do dia, poder avaliar melhor a profundidade daquele corte.
   Procurou uma toalha, agua oxigenada, um pouco de álcool e caminhou em direção ao rio. Notou porém, para sua surpresa, que aquele corte, apesar de muito profundo não doía ou incomodava, nem um pouco. Se abaixou perto da água que corria vagarosamente e, com muito cuidado começou a desamarrar a faixa que envolvia a folha que protegia o corte. Assim que desprotegeu o braco, gritou por Nanando e outros médicos que o haviam ajudado a cobrir o corte.
   Todos chegaram correndo assustados, e para o espanto geral, aquele enorme corte estava quase que completamente cicatrizado. Somente uma pequena linha vermelha lembrava que, apenas algumas horas atrás, uma laceração estava ali presente.
   Dr. Sa’ estava intrigado... Que planta seria aquela? Que poderes medicinais possuía? E’ claro que isto seria alvo de estudos muito mais detalhados.
   Resolveu então montar o Centro Atendimental Geral  Ambulatorial Da Amazônia, CAGADA, como se lia na sigla, ali mesmo. Quem sabe poderia se utilizar daquela planta maravilhosa para aliviar seus futuros pacientes...
   Os responsáveis pela logística daquela expedição se encarregaram de montar um esquema de transporte que trariam os pacientes ate’ ali. Dr. Sa’ não queria se afastar de sua descoberta. Naquele mesmo dia, enquanto todos se encarregavam de fazer a CAGADA de pe’, ele ligava seu computador tentando pesquisar a respeito de sua descoberta ocasional.

   Dois dias depois, começaram a chegar os primeiros pacientes. O Centro Odontológico era um dos mais procurados. Muitos problemas visuais também eram frequentes... Para cortes e pequenas lacerações localizadas, Dr. Sa’ agora contava com um aliado poderoso. Sua planta miraculosa.
   Naquele mês, em apenas um dia , a populacao local não pode contar com a CAGADA que tao bem lhes serviam, devido a tempestade que arrebatou sobre a região.
   Mas, Dr. Sa’ não estava com muita sorte em suas pesquisas. Ate’ agora não tinha a menor ideia sobre aquela planta miraculosa. So’ sabia que funcionava...
   Um dia chega uma senhora que acabara de se ferir na perna com um facão, enquanto desmatava parte do terreno onde sua palhoça se localizava.
   Ao ver aquele corte, Dr. Sa’ ja’ sabia o que fazer... Assim que pegou uma das folhas e voltou, ouviu a paciente dizer sorrindo:
-  Ah! O senhor vai botar No seu cu?
   A primeira reação do medico foi responder: “No seu, sua idiota!” Mas, não queria se rebaixar tanto, resolvendo ignorar o insulto.
 -  O que a senhora disse? Perguntou então, um pouco desconcertado pela verborreia ofensiva da
    paciente.
 -  A planta que o senhor segura... O nome dela e’ No seu cu... Repetiu a senhora.
 -  A senhora conhece esta planta? Indagou Dr. Sa’
 -  Meu falecido marido usava muito...
 -  A senhora sabe como soletrar este nome?
 -  Sei não moço! Mas o nome e’ esse... Disse a senhora.
    Ao dar o dia por encerrado, depois do ultimo paciente deixar a CAGADA, chamou Dr. Nanando. Ja’ que ele não dormia mesmo, pelo menos poderia ajudar na pesquisa daquela planta.
    Tentaram varias opções de pronuncia ate’ que, finalmente, depararam com uma pagina da África, onde descobriram artigos falando sobre plantas exóticas ate’ hoje desconhecidas pela humanidade. Por fotos e descrições de varias plantas, por comparações e medidas, chegaram `a conclusão que haviam descoberto algo que lhes dariam muita satisfação, algo lindo, valioso, maravilhoso, “Nuceucuh”.
    Agora, com o mistério desvendado, era so’ continuar as pesquisas e, imediatamente, publicar o mais que pudesse no Jornal de Medicina, para no futuro estar apto a clamar a autoria da descoberta, se isto ainda não tivesse sido feito.
  
   Os dias se passavam e cada vez mais o ambulatório era procurado. Síndromes das mais variadas eram cuidadas. Dr. Sa’ havia conseguido ate’ envazar aquela planta, misturando parte de suas folhas picadas com pequenas porcões de álcool, éter sulfúrico, óleo de amêndoa e água destilada. A ideia era que o álcool pudesse desinfetar, o éter ajudar na vaporização, o óleo tornar a mistura mais aderente e a água espalhar os efeitos medicinais daquela solucao.
   Em uma manha, logo apos ter, delicadamente recusado a oferta de um paciente de comer rabo de jacare’ como seu desjejum, alegando que sua primeira refeição diária era sempre o almoço, além de ser vegetariano, mentira deslavada que qualquer dono de churrascaria da cidade onde residia poderia facilmente desmentir, atendia seu primeiro paciente do dia. Tratava-se de uma senhora de, aparentemente, setenta anos com a pele de ambos os bracos cobertas de queimaduras que, embora leves e superficiais, segundo ela, incomodavam muito. O que mais o repugnava naquela paciente era que ela possuía apenas dois dentes, um na arcada superior o outro na inferior. Muito delicadamente, tentando não ferir a auto-estima da senhora, ele sugeriu que ela procurasse o Centro Odontológico que, certamente a ajudaria da correção daquela anomalia.
   A senhora, sorrindo respondeu: “Que nada douto! Isso são minhas faca. Com esses dente eu corto ate’ cana de açúcar...”
   Apos pensar que talvez cortar tanta cana de açúcar tenha sido a causa daquele sorriso esdruxulo, Dr. Sa’ não titubeou. Pegou um frasco da nova mistura que já havia preparado e, depois de limpar os ferimentos, a instruiu que usasse duas vezes naquele dia. A primeira vez dentro de quatro horas e, a segunda antes de dormir.
   Dentre os vários beneficios que aquela equipe estava trazendo a toda a populacao, um dos maiores, sem duvida havia sido a descoberta ocasional que um acontecimento inusitado havia tornado possível.
   `A noite, Sa’ aproveitava a insonia de Nanando para que ele, de bom grado, segundo varias vezes havia verbalizado, transcrevesse progressos, descobertas e realizações  em um diário que mantinham, organizando e descrevendo as atividades da CAGADA, o que diariamente faziam.

   Estavam la’ a pouco mais de um mês quando, inesperadamente um helicóptero pousou no meio da CAGADA.
   Desta vez não se tratava de um paciente que necessitava de atendimento urgente e sim o Governador do Estado que vinha pessoalmente agradecer por todo aquele esforco, dedicação, altruísmo por parte de Dr. Sa’ e sua equipe de profissionais abnegados. O Governador chegou ate’ a oferecer a construção de um Centro de Atendimento permanente, se aquele abnegado doutor se dispusesse a atuar como diretor daquele projeto, ali comparecendo apenas quinzenalmente.
   Dr. Sa’ gostou da ideia e se propôs a pensar como poderia ajudar a este novo projeto se concretizar.
   Mais tarde, apos a comitiva deixar o local, o atendimento aos pacientes continuava. Assim que chegou ao seu consultório, viu na sala de espera uma jovem, muito bonita, rosto angelical, cabelos negros e longos, olhos amendoados, usando um short tao curto e apertado que provavelmente estava impedindo a circulação sanguínea daquelas lindas coxas. Mas o que mais chamava atenção naquela jovem, alem da beleza,  eram seus enormes seios que mal cabiam naquela blusa toda rasgada. De repente, teve saudades do “Entra devagar” nome daquele “Strip Club” que sempre frequentava e que uma vez havia sugerido `a Dr. Nanando.
-  Em que posso ajudar `a jovem. Você não me parece doente... Disse Dr. Sa’, sem conseguir tirar os
   olhos daqueles seios encantadores.
-  O senhor não se lembra de mim? Disse a jovem.
-  Você ja’ esteve aqui? Perguntou Dr. Sa’.
-  Memoria curta doutô? Respondeu a jovem sorrindo.
   Ao reparar naquele sorriso inesquecível, com apenas dois dentes, um em cima o outro em baixo, Dr. Sa' lembrava daquela senhora a quem havia sugerido, com cuidado para não ferir sua auto-estima, procurar o Centro Odontológico.
-  O que aconteceu? A senhora me disse que tinha setenta anos... Indagou.
-  Setenta e um! Fiz aniversário semana passada...Agora eu sou “senhora”? Ainda ha’ pouco não
   tirava os olho das minha coxa e dos meu peito. De repente virei
   “senhora”? O que que houve Doutô, brochô?
-  Deixa eu ver os bracos. Melhoraram da queimadura? Indagou Dr. Sa’.
-  Doutô! Tanta coisa pra vê e o sinhô que’ olha' meus braço?
-  O que aconteceu? Indagou Dr. Sa’.
-  Sei la’! O senhor e’ que e’ o médico. Cheguei em casa, bebi aquele liquido do vidro e, 
    uma semana mais tarde as ruga começaram a sumi’, os peito crescê, a coxa
    engrossa’, a pele estica’ e agora to aqui doida pra agradecê ao sinhô. Se quise’
    posso agradecê aqui mesmo no chão... Disse a “senhora” ja’ desabotoando a blusa,
    concluindo...
 -  O pior e’ que to maluca pra dar uma trepadinha...
 -  A senhora não tem namorado?
 -  Doutô! Naquela tribo so’ tem homem com mais de quarenta ou menino com menos
    de quinze. Além do que, índio anda pelado! O senhor ja’ viu o tamanho dos pinto deles? Aquilo
    não da’ nem pra fazer cosquinha... O seu ainda não vi não mas não pode ser menor do que os deles.
   `Aquela altura, Dr. Sa’ so’ pensava em sua descoberta. Havia ocasionalmente encontrado o que todos os pesquisadores do mundo sempre procuraram.
    Acidentalmente aquela viagem havia se tornado no premio maior que jamais poderia ter alcançado. Agora teria algo muito mais importante a transcrever no Jornal de Medicina.
   Ainda estava absorto em seus pensamentos quando ouviu:
-  Doutô! Come’ qui e’... Tô aqui toda molhada. Vai querê ou não?
   Dr. Sa’ olhou para aquilo tudo que se exibia `a sua frente, pensou, cocou a cabeça, lembrou do seu “Strip Club” e falou:
-  Vamos fazer o seguinte... Procura o Centro Odontológico, arruma estes dentes e depois volta aqui
   para conversarmos...
-  Ta’ bem mas, primeiro agente trepa, depois cunversa... Disse a, “senhora”?
   A “moça/senhora” saiu correndo mais do que um foguete...
   Dr. Sa’ ponderava sobre ética profissional mas, agora queria saber se os efeitos daquela planta atingiam também a mente... Aquela senhora que antes tentava comprar uma televisão agora queria comprar uma cama nova. Pensando bem, teria que “pesquisar” mais sobre aquela total transformação alem de, e’ claro, estar em jejum por mais de dois meses, com as mãos todas machucadas, sem falar sobre outras partes do corpo, o que, tudo misturado, de certa forma, desculparia aquela atitude.
   Pelo menos, enquanto ali estivesse teria companhia, para o bem da ciência e’ claro, e porque não dizer, de toda a humanidade, alem de ajudar `aquela pobre senhora, agora moça, carente.
   Por um instante pensava mais alto. Premio Nobel de Medicina, mais dinheiro para poder ajudar a um maior numero de pacientes carentes e, quem sabe, uma companheira para esquentar as noites úmidas, `as vezes frias da Amazônia. E’ bem verdade que ela tinha setenta e um anos mas, pensando bem estava, gracas `a sua descoberta, agora estava melhor do que as “atrizes” do Entra Devagar.
   A historia se espalhou rapidamente por toda a equipe. Todos se sentiam orgulhosos por poder trabalhar com aquele gênio da medicina que, mesmo o fato de ter feito uma descoberta acidental, que so’ se materializou por seu esforco, persistência e dedicação, não tiravam o mérito de ter encontrado Nuceucuh, a fonte da juventude....






  


Copiright 2013 Eugenio Colin.

sábado, 7 de setembro de 2013

VOCÊ






                                  Você




              
        Você e’ o sol, você e’ a lua,
        você e’ a briza que foge na rua,
        você e’ a noite, as estrelas do céu,
        cabelos dourados, olhar cor de mel…

        Você e’ o calor que em dias chuvosos
        eu quero sentir em beijos carinhosos.
        Você quem me lembra que a vida e’ bela
        na coisas mais simples, na flor mais singela…

        Você quem me faz cruzar oceanos,
        me dando prazer que não tinha ha’ anos…
        Você e’ a beleza que na mente eu via
        deitada a meu lado, dizendo: Bom dia!

        Você e’ quem tenho comigo, a meu lado,
        quem me faz ser feliz, querido, amado.
        Você e’ o amor que nunca pensei,
        que antes senti, sofri ou chorei…

        Você e’ o premio maior que um dia
        de Deus recebi e, minha alma vazia
        que nos dias vagava, que calma dormia,
        que via um rosto que não conhecia,
        acordou de repente, com muita alegria
        feliz pelo amor que agora sentia…









   Copyright 2013 Eugenio Colin

domingo, 1 de setembro de 2013

A DONA DO MEU SACO




   
                                                       A dona do meu saco






   Nunca me esqueço daquele natal, quando tinha sete ou oito anos de idade. Acho que foi o primeiro natal do qual me lembro com clareza…
   Naqueles dias estava meio triste ao ter acabado de aprender uma lição importantíssima a respeito de como se usar ferramentas manuais. Havia enterrado um formão na minha mão quando, sem saber, o posicionei entre a mão e o martelo. Aprendi que as mãos devem estar, sempre, atrás das ferramentas… Uma cicatriz que tenho, marcada ate’ hoje, me lembra daquele fato.

   Meu pai lutava para poder manter um padrão de vida bem acima do que era capaz de nos oferecer. Minha mãe então, com muita humildade, tomando as redas da família alugou uma casa com oito quartos, alguns dos quais sublocava, com pensão, para senhoras de idade, proporcionando-nos assim uma qualidade de vida muito acima da qual havíamos nos acostumado.
   Como crianças, embora não entendêssemos de finanças ou economia, sentíamos que estávamos bem, sempre bem vestidos, estudando em bons colégios, frequentando clubes, praticando esportes... Tínhamos vida de crianças ricas…
   Aguardei com ansiedade a manha do dia daquele natal. Quase não acreditei quando vi o projetor de cinema que havia pedido `a Papai Noel estar ali, na minha frente, pronto para ser usado… Todos olhavam para a tela onde o filme era exibido, eu olhava para o projetor, maravilhado pela engenharia que em minha frente se revelava.
   Não era algo profissional ou de primeira linha mas, era o suficiente para ocupar seu lugar importante como uma lembrança indelével.
   Naquela tarde, junto com meu irmão e alguns amigos, visitamos uns aos outros para vermos e brincarmos com nossos presentes.

   `Aquela noite, decidi que essa lembrança deveria ser preservada e, assim sendo resolvi, imaginariamente, criar o meu saco…
   Claro que como todo menino, havia nascido com um, mas não e’ a este que estou me referindo… Resolvi criar um saco imaginário, onde arquivaria, daquele momento em diante, acontecimentos importantes e marcantes em minha vida.
   A infância foi alegre e cheia de lembranças que automaticamente enchiam o meu saco. Não de uma maneira pejorativa como pode soar mas, de uma maneira agradável e prazerosa.
   Com o tempo, a medida que a infância ia cedendo lugar `a juventude, as respondibilidades começavam a chegar, os sorrisos de criança começavam `a desaparecer, os compromissos cresciam, as primeiras desilusões marcantes ocupavam seu lugar de destaque e, meu saco começou a ficar mais volumoso, com o decorrer do tempo, atrapalhando ate’ `a minha maneira de andar, pelo peso que causava em minhas costas.
   A principio, jovem e cheio de vitalidade, apenas tratava de esvaziar o saco, quando estava muito cheio, jogando o excesso que ele guardava em cima de quem estivesse deitada em baixo, indescriminadamente…

   O tempo andava, as responsabilidades amentavam, os erros, embora involuntários, se acumulavam e o saco ficava cada vez mais cheio.
   Com o passar dos anos, nem me preocupava mais em esvaziar o saco e carregava todo aquele peso, e a dor que causava, em minhas costas, sem reclamar, resignado com o meu destino.
   Por vezes, no silencio das preces noturnas, em minha racionalização humana, ponderava com o Criador que não era justo, que a maioria daquilo não era merecido, que havia muita gente que so’ fazia o mal e ainda andava com o saco leve.
   Talvez Ele soubesse que eu era forte o suficiente para carregar um peso maior do que a mim era devido e, assim sendo, ajudar outro alguem a suportar o peso do destino.
   A medida que a maturidade chegava comecei a entender que a vida não e’ justa e que quanto mais procuramos por justiça mais nos desapontamos com o resultado dessa busca.
   O interessante e’ que embora milhares de lembranças felizes de minha infância estivessem guardadas no meu saco, elas nunca pesaram, ao passo que lembranças tristes e em muito menor quantidade causavam um peso tao grande que muitas vezes, caminhando sozinho, minhas lagrimas eram as únicas com as quais podia contar para ajudar e aliviar a dor quase insustentavel que o peso da vida causava ao meu saco que, `aquela altura carregava.

   Um dia, num momento de reflexão introspectiva, descobri que as lembranças alegres são leves e fáceis de serem carregadas ao passo que as experiências tristes, alem de nos fazerem sofrer, no imediato momento em que nos deparamos com elas, muitas vezes causam um peso insuportável em nosso saco, fazendo com que se arraste no chão, nos fazendo tropeçar e, inevitavelmente nos derrubando com ele.
   Comecei então a esvaziar o saco. Me livrar de todos os acontecimentos tristes, que me impediam de ser feliz, livre, alegre, responsavelmente despreocupado… Não queria que quem estivesse a meu lado ou para mim olhasse, presenciasse aquela deformidade.
   As tristezas eram tantas que demorou alguns anos para que delas me livrasse totalmente mas, com determinação, consegui.

   Em muito pouco tempo me livrei dos últimos resquícios de tristezas que, recalcitrantemente, ainda tentavam se misturar com as alegrias que desde a infância trazia guardadas.
   Hoje estou feliz, leve, alegre como aquele menino no dia do Natal.
   Hoje, tenho certeza que qualquer uma tem condição de segurar o meu saco `a qualquer hora, em qualquer lugar, sem o menor esforco, sem a menor dor…
   Delicadeza, beleza, mãos carinhosas, sempre serão os melhores apoios para o meu saco.
   Agora, estou apto para em mãos cuidadosas depositar o meu saco sem o menor receio, se tiver a certeza de que sera conduzido com amor e dedicação.
    Com ela  terei o prazer de compartilhar o que nele trago e faze-la sentir intrinsecamente tudo de bom que ele guarda...Agora, com  o saco leve, terei melhores condições de subir com maior frequência, apontar para frente e deixa-la a vontade para, espremendo meu saco, descobrir algumas das alegrias que ele guarda e poder sentir e reviver, junto comigo, todas os sentimentos positivos que nele acumulei através dos anos, `a espera de alguem  que estivesse disposta a tirar do meu saco o que ele tem de melhor, concomitantemente nele guardando apenas alegrias, tornando-se assim a dona do meu saco...






Copyright 2013 Eugenio Colin