quinta-feira, 26 de setembro de 2019

NOIVADO INTRÍNSECO











                                                         Noivado Intrínseco










   Trolinha veio, toda sorrisos, em direção a Brolha que a recebeu com um beijo ardente e apaixonado, e com muitas dúvidas de que sabia o que estava fazendo, especialmente depois de ter deparado com Betty, a última pessoa que pensou ali encontrar. Foi aplaudido por todos os presentes que, olhando para os "pombinhos" com ar de sarcasmo e gozação, começaram a rir enfaticamente.
   Brolha a esta altura não estava muito certo de que Trolinha havia chegado em sua vida para ficar.
   Depois de cumprimentar e ser apresentado aos que ainda não conhecia, num ato repentino e espontâneo, Brolha, ajoelhando-se no chão de maneira nervosa e desconcertada , pagou a mão de Trolinha e, amorosamente, apresentou a ela um anel de noivado que trazia em seu bolso.
   Ela ao ver o maravilhoso anel de diamantes abriu a boca como reação à surpresa que este ato repentino e inesperado lhe causou.
   Quando a reação de Trolinha foi percebida por seus amigos, todos se levantaram, movendo rapidamente em direção à futura noiva para tentar uma bisbilhotada no anel.
   No meio desta total comoção, assim que Josélia Madrugada se levantou, 
Maria Cafetina, tentando chegar mais perto, tropeçou em sua perna, involuntariamente no meio do caminho, empurrando Rosilda Gostosa para a frente que, por sua vez, tentando se equilibrar, deu uma porrada inesperada nas costas de Brolha, fazendo com que o anel que ele segurava com a ponta de dois dedos, motivo de tanta curiosidade, fosse empurrado garganta de Trolinha a dentro.
   Neste momento, Trolinha pôs a mão cobrindo sua boca num ato mecânico e involuntário.
   A "festa" imediatamente se transformou em convulsão generalizada. Trolinha começou a chorar ao mesmo tempo em que Rosilda Gostosa se desculpava enfaticamente com gestos desesperados e lágrimas nos olhos. Josélia Madrugada e Maria Cafetina também não sabiam o que fazer. 
-  Chame a emergência, precisamos levar Trolinha ao hospital. Alguém murmurou, dando uma de entendido.
-  Se é apenas um anel de noivado, sem pontas afiadas, não requer nenhuma intervenção médica, ele será expelido, normalmente, no dia seguinte. Informou o enfermeiro que, não estava a fim de ser aporrinhado justamente àquela noite em que havia levado três DVDs para o trabalho, afim de matar o tempo, respondeu ao telefonema.
   De repente, a festa se transformou em consternação, trazendo tristeza a todos os corações que, segundos atrás jubilavam de felicidade.
   Agora as preocupações eram outras. Brolha não queria ouvir que, depois deste incidente, alguém referisse  ao anel de Trolinha, ouro de 18 kilates e diamantes verdadeiros, comprado com tanto amor e sacrifício em 24 prestações mensais sem juros, como sendo um anel de merda, isto se realmente fosse expelido, como previu o enfermeiro.
   A tensão era total. Até Maria Cafetina, normalmente fria e insensível, estava preocupada. Quem iria resgatar o anel? Vai ser muito difícil limpar em baixo dos diamantes... pensou.
Josélia Madrugada que aventurou sua opinião: 
-  E se a gente desse um laxativo para Trolinha?
-  Eu não acho uma boa ideia, disse Brolha. Isto pode fazer com que o anel seja expelido sob pressão, com muita velocidade, podendo ser perdido para sempre no vaso sanitário... Finalizou.
-  Talvez seja melhor forrar o chão com papel toalha e instruir Trolinha para
   caprichar na pontaria. Quando ela fizer suas necessidades diárias será mais fácil 
   procurar pelo anel... Disse Rosilda Gostosa.
E se ela fizer xixi? Perguntou Maria Cafetina... 
-  O que está no estomago sai por outro lado… Disse Betty, meio reservada, sem tentar    confrontação…
-  Quando eu tomo água, ela vai pro meu estômago e depois eu mijo… Ponderou Maria Cafetina, como se sentindo ofendida pela observação.
-  Mesmo que seja verdade, você viu o tamanho do anel, não dá pra sair. Informou
 Rosilda.
-  Ah! A Trolinha é grande! Disse Maria Cafetina, “defendendo sua tese”.
-  É mesmo, como é que o nosso corpo sabe o que tem que sair pela frente ou por traz? Será que a gente tem um sistema de sinais de tráfico por dentro? Pensou Maria Cafetina em voz alta, visivelmente intrigada.
   Brolha achou a observação engraçada, além de estúpida e sem propósito mas não riu, é claro, entendendo e compartilhando a preocupação de sua… Noiva?
Mas ela engoliu o anel… Pensou…
    Enquanto conversavam, decidindo o destino da “noiva” Josélia Madrugada pegou uma almofada, foi à cozinha, pegou uma tesoura e cortou um buraco no centro da mesma.
Voltando à sala, perguntou a Trolinha se ela tinha uma agulha de costura.
-  Pra que você quer uma agulha? Perguntou Trolinha.
-  Abri um buraco nesta almofada e quero costurar o centro para que você possa  
   colocar em baixo e sentar nela… Explicou Josélia.
-  Eu não estou com hemorroidas. Engoli um anel! Disse Trolinha, puta dentro das
calças, ofendida pela ideia idiótica de sua amiga.
   Caótico era o ambiente naquela casa. Ninguém se entendia e as piruadas começaram a se tornarem bizarras e incoerentes.
   Finalmente após horas de incongruências todos resolveram deixar Trolinha e Brolha sozinhos com seus problemas.

   Exaustos, tristes e desapontados, os noivos resolveram dormir e tentar esquecer a noite de horrores que acabaram de viver, na esperança que o novo dia viesse acompanhado de novas maneiras de como resgatar o símbolo de cometimento, amor e dedicação, inesperadamente engolido por Trolinha, tornando aquele, um noivado intrínseco.






Copyright 8/2019 Eugene Colin.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

CHUPETA NA BOCA








                                                   Chupeta na Boca.










   Marco Aurélio Gaylor estava apavorado com o nascimento de seu filho, prestes `a acontecer em poucos meses...
   A duras penas havia conseguido sobreviver ao estigma cruel que rondava em todo Brasil sobre sua cidade natal... "Todo homem de Pelotas, ou seus descendentes são gays". A duras penas conseguira se casar sem que sua namorada duvidasse de sua masculinidade.
   E' bem verdade que `a primeira noite em que dormiram juntos, sua atual esposa, então namorada, quase desistiu do cara. Não porque ele era gay, muito pelo contrario. Nosso amigo deu uma "surra" tão grande na pobre coitada que no dia seguinte a moça quase não conseguia falar, com a boca toda inchada, estava toda assada,  so' andava muito devagar e, além disso se escorando nas paredes para não desmaiar de fraqueza. E isto tudo após haver tomado o melhor cafe' da manha de sua vida, segundo ela mesmo confessara ao seu namorado, a duras penas, e' claro.
   Passou um mês sem responder `as ligações telefônicas do Marco Aurélio. Mudou-se temporariamente para casa de sua prima, da qual o namorado nem sabia da existência, para poder tentar se livrar dos assédios do homem.
   O único problema era que o tal namorado era bonito pra cacete, forte que nem um touro... Seu corpo parecia uma escultura de algum herói desconhecido da mitologia Grega e, além disso, depois que o inchaço passou, pensando bem, ela nem sabia que aquilo poderia ter acontecido.
   Já tinha ouvido historia de algumas amigas sobre encontro sexuais maravilhosos e inesquecíveis mas, passar dez noras na cama, "brincando" sem parar era algo inexplicável, incomum, inacreditável e, por isso mesmo, depois de um mês, ja' estava maluca para repetir a dose.
   Assim sendo, sucumbiu aos prazeres da carne, implorando a seu namorado que tentasse se controlar um pouco mais, com que ele concordou e cumpriu... Naquele segundo encontro ficaram no hotel por apenas nove horas. No dia seguinte, Marcela ate' que se movia bem melhor do que no primeiro encontro... Das duas uma: ou ja' estava com calo nas regiões afetadas ou ja' estava se acostumando com a "masculinidade" do namorado...
   Aparentemente Marcela era uma ótima aluna ja' que, na noite de nupcias estava tao "animada" que saiu da festa assim que partiu o bolo, direto para sua casa e, ao invés de lua de mel, mandou imprimir um cartaz que dizia: "mudamos temporariamente para Jijoca do Jericoacoara, por três meses".
   So' queria ficar na cama com o marido o dia inteiro... A mulher tava tao doida que nem ligava mais para as novelas da Globo. As mesmas que a fizeram companhia, que a consolara e a viciara durante aqueles mês em que tentava avaliar em sua mente se teria coragem de encarar o bonitão...
   Agora porem, apos dois anos de casados, a coisa tava feia...
   Marcela estava gravida de seu primeiro filho e Marco Aurélio estava apavorado com a possibilidade de que seu primogênito nascesse em Pelotas, onde viviam e, por isso mesmo, fosse considerado "gay", preocupação de certa maneira infundada ja' que apenas 20 milhões de homens brasileiros são homossexuais, ou seja, um em cada dez... Mas pra quem e' macho de verdade, um ja' e' demais, imagina vinte milhões!
   A única solução que encontrara era mudar de Pelotas o mais rápido possível. Queria ir para uma cidade onde todos os homens eram machos para que, assim sendo, seu menino se acostumasse, mesmo antes de nascer com os ares masculinos da cidade escolhida.
   O problema era descobrir a tal cidade de macho, ja' que a "bichisse brasileira" e' tao grande que e' difícil de encontrar uma esquina sem um bicha.
   Finalmente, depois de árdua pesquisa, escolheram a cidade de Noiva do Cordeiro, no estado de Minas Gerais... Nem as mulheres conseguem encontrar homens na cidade, assim sendo vai ser difícil ser gay... A tal lei da "oferta e da procura"...
   Dito e feito! De comum acordo, arrumaram as malas e se mandaram rapidinho pra Minas Gerais enquanto era tempo.
   Mais uns meses e Marcela estava preparada para dar a luz a seu macho, que dizer, primeiro filho...
   Na maternidade, com a mente aliviada, depois de uma gravides tranquila e feliz, finalmente chegou o grande dia.
   Marco Aurélio estava nervoso enquanto sua esposa, alem de muito tranquila, o acalmava com palavras e pensamentos positivos, enquanto ja' na maca, rumo a sala de parto, segurava a mão de seu esposo que sua profusamente por tudo que era buraco.
   O parto foi ótimo, sem qualquer complicação... Marcela estava feliz e seu marido aliviado.
   Uma das enfermeiras que assistiram no parto, em alguns minutos, entrava no quarto com um lindo menino, enrolado em uma manta azul.
   Assim que ela saiu, deixando o menino no peito da mãe, Marco Aurélio, desmanchou a manta que o enrolava para tentar ver o "tamanho" do menino.
   Sua esposa so' teve tempo de ver o sorriso de satisfação do pai quando, olhando para ela, abriu a mão, mostrando cinco dedos e sussurrando: " cinco centímetros... Esse e' macho!".
   No dia seguinte, ao chegar `a maternidade a mesma enfermeira que ate' então cuidava de sua esposa o chamou em um canto e reservadamente perguntou:
-  O senhor e' de Pelotas, não?
-  Sou! Porque? Respondeu Marco Aurélio.
   A enfermeira então, deixando escacar um sorriso maldoso respondeu:
-  E' porque os recém nascidos aqui não estão acostumados a acalmar usando partes de seu corpo.
   Aqui, os bebes põem a chupeta na boca...







Copyright 9/2019 Eugene Colin

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

O PERFUME DA XERECA









                                                   O Perfume da Xereca...








   Xereca acabara de chegar ao Brasil...
   Não sabia ao certo se estava de visita ou se veio ao pais para ficar. Por perder seu emprego em Nova Iorque, em uma decisão espontânea e, segundo algumas amigas, impensada, decidiu arriscar a sorte no Brasil.
   Ja' ouvira falar muitas coisas a respeito do país. Muitas boas, muitas más... Assim sendo, avaliando as possibilidades e constatando que o resultado de sua pesquisa "cientifica" era meio a meio, resolveu arriscar, contando com sua sorte que, para pensar a verdade não era la' muito favorável `as sua pretenções aventureiras.
   Xereca era muito bonita! Cabelos lisos, lábios finos, olhos alongados, sobrancelhas bem feitas, peituda e bunduda, capaz de fazer inveja a qualquer rainha de escola de samba do Rio de Janeiro mas, como nada na vida e' perfeito, tinha um gênio que ninguém conseguia aturar. A mulher era uma peste encarnada em gente. Brigava por tudo. Tinha pavio curto e prestes a explodir. Não admitia nenhum mortal olhando para ela por mais de um segundo. Mais do que isso era considerado um insulto passível de ser punido com um esporro, palavrões ou, se possível, ser atingido por um projetil improvisado.
   E' claro que suas opções eram, de certa maneira, limitadas devido ao fato de não dominar perfeitamente o idioma e, assim sendo, tendo que se contentar em insultos menores e mais familiares ao seu vocabulário parco ou xingar em Inglês mesmo, na esperança de que aquele ou aquela "filha da puta" entendesse sua língua natal. Mas, como toda boa insultadora profissional, estudava arduamente o novo idioma para poder, que sabe um dia, insultar de verdade, ao vivo e `a cores...
   Outra de suas características que parecia encantar a todos era seu perfume... Sem duvida ela era a Xereca mais perfumada do universo e, nunca repetia a mesma fragrância por dois dias seguidos. A porra da mulher gastava uma fortuna em perfumes caros, importados e da melhor qualidade, capazes de fazer inveja a qualquer francesa que não toma banho por quinze dias...
   Uma coisa importante que ela havia notado desde que chegou ao novo país e' que não a discriminavam devido ao fato de ser negra ou por ter um nome exdruchulo para os conceitos locais mas, como Xamiqua, Malia, Kalisha, Lashonda, Saniqua entre outros mais, por sua vez, comum em seu pais de origem... Pelo contrario, os homens ficavam era babando toda vez que ela passava, principalmente no escritório de advocacia internacional em que ja' estava trabalhando, emprego que facilmente conseguira encontrar para a felicidade geral dos sócios diretores, que não entendiam lhufas de Inglês mas, se aventuravam em fazer advocacia internacional... So' mesmo no Brasil! E tem mais! A tal da "americana" como era chamada, ja' que seu nome, no local onde agora vivia, tinha uma conotação adversa `a seriedade, principalmente em um ambiente de trabalho no qual as pessoas fingem ser serias...
   Ja' pensou ouvir: "Eu sou o melhor amigo da Xereca!" Ou, a "Xereca hoje esta' com o cabelo liso" ou "Antes de entrar na sala da Xereca, tenho que fazer xixi!" ou "Não quero ninguém aqui de gracinha com a Xereca!" ou "Deixa a Xereca em paz!" ou "sai de cima da Xereca para ela poder trabalhar!"
   Para evitar este tipo de chacota e' que os diretores decidiram que seria melhor chama-la de "americana"...
   Dr. Marpucio Chilidro', diretor majoritário da empresa ja' havia notado as olhadas de sobrolho arqueado que seu sócio Jose' Roberto Esperto vez por outra, sempre tentando disfarçar, dirigia `a direção da "americana", que por sua vez, com relação `a ele era sempre muito gentil e educada... Uma vez, em um dos primeiros dias que trabalhava, ficou mais de um minuto em frente ao "chefe", com aqueles peitos enormes praticamente na sua cara, com o pretexto de procurar por uma caneta para fazer algumas anotações pertinentes ao momento... O cara ficou ate' vesgo, sem saber ate' hoje se foi por causa dos peitos ou inebriado pela funcionaria. E'! Talvez ela tenha simpatizado com o chefe, o que em sua mente, neste caso, o tornaria imune `a insultos.
   O tempo passava e a americana se sentia cada vez mais `a vontade. Ate' havia saído do hotel de programa no centro da cidade, em que morou por algumas semanas, para o quitinete de cobertura na Avenida Atlântica que havia comprado. Seu Português ja' era ininteligível e, suspeitava que havia tomado a atitude certa em se mudar para o Rio de Janeiro.
   Em um Domingo, ao atravessar a avenida em direção `a praia, sem prestar atenção, tropicou em uma pedra solta na calcada e deu uma porrada no ombro de um cara que `a sua frente andava. Seu primeiro instinto foi o de soltar todo seu novo repertorio de insultos pra cima do cara mas, pensando bem, ele não tinha culpa por ter tropicado, pelo contrario, se não fosse aquele ombro "amigo e protetor" Talvez ala tivesse se estabacado toda.
   Alias, em fração de segundos descobriu que sua decisão de se conter havia sido acertada e providencial ja' que o tal do "ombro amigo e protetor" fazia parte do corpo de seu chefe Dr. Esperto.
Quando a americana viu o cara so' de sunga, peito de fora e apenas uma toalha enrolada no pescoço, ficou maluca. Alem de culto e educado, seu chefe era bonito pra cacete. Este, por sua vez, por algum tempo ja' vinha prestando atenção aos "atributos" da secretaria mas quando viu a funcionaria usando um fio dental minimo que não deixava nada `a imaginação, grudou na americana. Primeiro indagou se poderiam ficar juntos, depois de algumas horas de conversa agradável e reveladora, regada a guarana' e recheada por pão de queijo, a convidou para almoçar, convite que ela trocou pela oferta de cozinhar para ele em seu apartamento, no outro lado da rua.
   Ficaram juntos o dia inteiro e, `as nove horas da noite, ainda com assunto para conversarem por mais de três meses, decidiram, de comum acordo, que era melhor passarem a noite juntos. Esperto estranhou o convite mas, aceitou, e' claro. Afinal de contas ele era Esperto, não era burro...
Relaxados, depois de algumas taças de vinho, ja' no pega-pega que sempre antecede o whoopee, americana pede que ele tenha cuidado ao confessar que ainda era virgem, o que, apesar de completamente incompreensível ao Dr. Esperto, fez parar imediatamente seus projetos e taras imediatas.
   A principio a americana não entendeu nada. Sabia muito bem que era gostosa pra cacete, estava louca para se entregar ao chefe sem segundas intenções mas, mesmo chocada ouviu, quando Esperto a sentou `a sua frente, toda pelada, linda como nunca e falou...
- Americana! E' o seguinte: você vai achar que sou maluco mas, vamos esperar um pouco ate' nos
casarmos. Isto e'; se você aceitar casar comigo... Depois do dia de hoje, sei que temos muito em
comum e temos grande chance de sermos felizes... O que você acha?
   Xereca entrou em estado de choque e a única coisa que conseguiu dizer enquanto enxugava uma furtiva lagrima que inconscientemente deixara escapar foi:
- Holy Shit!

   Muitos anos mais tarde, agora ja' com uma filhinha que Esperto nomeou Maria, contrariando veementemente, e pela única vez, o desejo de sua esposa que pretendia batizar a menina de Chimbica, conversando com amigos, que admiravam mãe e filha, um deles comentou:
- Esperto, o que te atraiu mais na tua esposa?
  Ele respondeu:
- Apesar de uma mulher notável, linda, extremamente sexy, a primeira coisa que nela me chamou
  atenção foi o perfume da Xereca.







Copyright 9/2019 Eugene Colin

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

CICATRIZES

    







                                                  Cicatrizes








                        Memórias gravadas no corpo e na alma
                        por sonhos desfeitos, esperanças perdidas,
                        em ruas que um dia pisamos com calma,
                        sem ver os espinhos que abriram feridas,
                        fizeram com que sentimentos de outrora
                        ficassem arquivados no mundo de agora...

                        Aqueles sorrisos, aquela alegria,
                        os beijos roubados nas noites de lua,
                        com tempo perderam calor e magia,
                        ferindo ainda mais a alma ja' nua
                        e, mãos que traziam la
çados os dedos
                        vestiram as luvas que guardam segredos...

                        O sol que brilhava e dava calor,
                        o vento que sopra a folha vadia,
                        as prec
es rezadas com todo fervor
                        mantinham o corpo e a alma sadia,
                        um sorriso puro, uma vida singela,
                        nos dias de inverno, verão, primavera...

                        De repente um dia, no outono da vida,
                        cruzando os rios de águas passadas,
                        quando ate' a esperança estava perdida,
                        sentimos a pele e a mente tatuada,
                        cobrindo as marcas daquele caminho
                        com cores de amor, alegria, carinho...


                        Então, a confiança que estava perdida
                        no fundo da alma tão bem escondida
                        acorda um outra vez, desperta cantando,
                        sonhos do passado ainda lembrando,
                        prevendo futuro de dias felizes
                        tentando agora encobrir cicatrizes...








Copyright 2/2019 Eugene Colin.