domingo, 25 de janeiro de 2015

MINEIRÊS










                                                            Mineirês










   Existem no mundo, segundo a Unesco 172 línguas principais, faladas por mais de três milhões de pessoas... E’ claro que a grande parte delas apenas uma minoria conhece...
   Cada pais tem sua seu idioma... Inglês, Frances, Italiano, Alemão, e assim por diante. O Português, também falado em Portugal, Angola, Cabo Verde, Goa, Guine’,  Moçambique, e e' a língua oficial do Brasil. Mas, o que a maioria não sabe e' que o Brasil tem também um outro idioma usado por milhões de pessoas... E' como se fosse um dialeto de nossa língua. Muitas vezes precisamos ler com maior cuidado para poder decifrar as palavras e entender o que elas querem dizer...
   Esse idioma e' usado, principalmente no interior do segundo estado mais populoso do pais, Minas Gerais e em parte de alguns de seus estados vizinhos como no sul da Bahia, leste de Goiás, leste do Mato Grosso do Sul e norte de São Paulo. 
   Esta maneira de se expressar e' muito usada, principalmente pelos nativos destas regiões do Brasil.    `A primeira vista, ou melhor, `a primeira lida, você pode ate' pensar que seria necessário o uso de um dicionário... Ao ouvir pela primeira vez, ou ate' se acostumar, fica ainda mais difícil compreender...
   Leia este texto e veja se você entende...

  Sapassado, era sessetembro. Taveu na cuzinha tomando uma pincumel e cuzinhandu um quidicarne cumastumate pra fazê uma macarronada cum galinhassada. Quascaí de susto quanduvi um barúi vindi denduforno parecenum tidiguerra..
 A receita mandopô mi di pipoca denda galinha prassá... O forno isquentô, o mi istorô e o fiofó da galinhispludiu!  Nossinhora! Fiquei branco quineim um lidileiti. Foi um trem doidimaiz!                 
 Quascaí denda pia! Fiquei sem sabê doncovim, noncotô, proncovô...                                        Óprocevê quilocura!                                                                                                          
 Grazadeus ninguém simaxucô!                                                                                                  
 Dispois du sustu resorvi cuzinha’ uma receita cazêra minêra dimôidirepôi nuái iói qui passu procês...

   Gridienti:
   5 denti di ái; 3 cuié di ói; 1 cabessa direpôi; 1 cuié dimastomati; Sá agosto.

   Modi fazê:
   Casca o ái, pica o ái, i soca o aí cumsá; Quenta o ói na cassarola; foga o ái socado no óiquenti; pica o repôi beeemmm finim; foga o repôi no ói quentim junto cum ái fogado; Põi a mastomati i mexi cum a cuié pra fazê o môi.

   Ta’ pronto modi cumê...                                                                                                        
   Sirva cum rois i meleti...   
  
   Bãopetí  procê...


   Se você entendeu, parabéns! Se não entendeu, tem que ler com maior atenção e praticar um pouco mais para, finalmente, poder entender, ler, e quem sabe, no futuro, com um pouco de "estudo", poder dominar e, ate' mesmo, se tornar fluente em “mineirês”.. 






Copyright 1/2015 Eugenio Colin    

domingo, 18 de janeiro de 2015

O RABINO









   
                                                                O Rabino


                                                        
                




        Parecia que o encontro da Comissão de Combate `a Intolerância Religiosa (CCIR) seria um sucesso absoluto. Assim era o que esperavam os responsáveis por sua realização `aquele ano.
   Pela primeira vez, representantes de mais de vinte diferentes religiões estavam reunidos. Depois do café da manha todos se dirigiram ao centro de convenções da igreja para primeiras apresentações, confraternização entre os representantes e inicio dos trabalhos.
   O juiz provedor da Igreja falou de esperança por dias melhores. “Esta fé tem que ser construída como o alicerce de uma casa. Espero que saiamos alegres por termos unido todos que, à sua maneira, tenham fé”. Seguindo o mesmo raciocínio, o pastor anglicano disse  acreditar que estamos convergindo para uma liberdade individual de credo. “Religião significa religar ao sagrado, aquilo que é luminoso, sobrenatural. É uma alegria ver que somos de várias religiões, mas estamos falando sobre a mesma coisa”, proferiu.
   Tudo corria como previamente planejado. Apesar de divergências profundas na maneira pela qual encaram a religião, aparentemente o respeito era a palavra de ordem daquele dia.
   Ao termino dos trabalhos iniciais, e para encerrar aquele primeiro dia do encontro, um almoço de confraternizacao estava preparado... Cada representante de cada religião tinha seu lugar `a mesa previamente demarcado, possivelmente de propósito colocando sempre, lado a lado duas religiões que mais se antagonizavam em suas crenças...
   Ao sentarem, cada um olhando para o outro com uma cara meia desconfiada, encontraram-se lado a lado um padre católico e um rabino.
   O padre olhava para o rabino com um olhar de gozador, com uma atitude meia superior mas, mesmo assim, conversavam amigavelmente... Descobriram, em meio `a baboseira que propositadamente conversavam, tentando evitar um “confronto religioso” que o padre torcia pelo flamengo e que o rabino era torcedor do botafogo... Ai o padre se sentiu mais poderoso ainda, e começou a gozação...
   A única coisa que o rabino conseguia dizer em sua defesa e, por extensão de seu time, era que o flamengo tinha o time mais feio do brasil, verdade incontestável, concordou o padre.
   Depois do vinho, o almoço, que mais parecia um banquete, por sua enorme variedade de carnes e saladas, começou a ser servido
   O padre, propositadamente querendo gozar o rabino, enche o prato com pedaços de um suculento leitão e, dirigindo-se ao rabino diz:
-  Posso lhe servir algumas fatias deste maravilhoso leitão?
   O rabino recusa dizendo:
-  Muito obrigado mas, não sabe que em minha religião não e’ permitido comer carne de porco?
-  Nossa! Que religião esquisita... Comer leitão e’ uma delicia... Comentou o padre, ironicamente.
   A confraternizacao continua e, aparentemente, apenas o padre instigava seu colega que, a esta altura ja’ estava quase lamentando sua falta de sorte.
   Ao final do almoço, ao se despedir, o rabino diz ao padre:
-  Mande minhas recomendações `a sua mulher...
-  Minha mulher? Não sabe que a minha religião não permite casamento de sacerdotes? Responde o padre, horrorizado.
-  Nooossa! Que religião esquisita! Comer mulher é uma delícia !!!....Mas, se você
   prefere leitão... Responde o rabino.





Copyright 12/2014 Eugenio Colin

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A ROLIÇA REBELDE











                                                       A Roliça Rebelde








   Felício Castro Pinto era um dos maiores aficionados por cinema que o mundo já conheceu. Foi criado vendo filmes... Primeiro, seus pais pensavam que televisão era baba’, e botavam o garoto para ver filme o dia inteiro. Quando se tornou adolescente, ia para o cinema as duas da tarde e so’ saia `as dez da noite... Quando começou a trabalhar, e ganhar dinheiro, passou a colecionar filmes... Quando começou a namorar, só queria saber de meninas que haviam emprestado seus nomes a filmes como Gilda, Anastácia,  Sabrina, Gloria, Roxana, Sarah, Frieda, Júlia, e por ai vai.
   Não que tivesse namorado tanto... Nem tinha tempo para isso, assistindo a tantos filmes mas, se alguem, por ventura quisesse se candidatar ao seu coração, ou pelo menos `a sua cama, mesmo que só por uma noite, seu nome deveria antes ter sido iluminado pelas luzes da ribalta.
   Certo dia, assistindo a um filme, e’ claro, em um cinema superlotado, por sorte encontrou um lugar... Ao sentar, ao lado de uma moca com alguns quilos que deveriam te-la deixado há algum tempo, `a ela sorriu gentilmente, como um cumprimento, ou um “boa noite”, ou um “com lisenca”, ou um “se encolhe um pouco”... A moca olhou pra ele e disse:
-  Não te conheço!
   Felício ficou abismado com tamanha grosseria mas, pensando bem, olhando para os lados, não havia nenhum outro lugar vazio, assim sendo, abdicar-se daquele, significaria ter que assistir ao filme de pé, portanto, ficou calado, ignorou a moca, e seguiu concentrado...
   Não demorou muito e ouviu:
-  Porra de filme chato! Em voz bem baixinha, como se estivesse falando so’ para ele ouvir.
   Ignorou o comentário, prosseguindo concentrado.
   Mais alguns segundos...
-  Que babaca! Se alguem me beijasse assim, metia porrada nele.
   Mais uma vez, nosso amigo ignorou o comentário, ainda concentrado no filme.
-  Não sei como você pode perder tempo com toda essa babaquice. Disse a moca, agora falando com
   ele.
   Desta vez, foi a gota d’agua... Felício deu uma olhada seria para a gordinha, se levantou e deixou a sala de projeção.
   Ja’ estava na praça de alimentação do shopping, tomando uma cerveja para esfriar a cabeça e não explodir de raiva, afinal estava querendo assistir `aquele filme por mais de um mês, quando sentiu uma mão tocando suas costas e uma voz grave e sensual dizendo:
-  Posso me sentar com você?
   E’ claro que aquilo havia sido uma pergunta retorica, uma vez que a moca, a mesma que o havia irritado anteriormente, já se sentara, muito antes de terminar a sentença.
   Felício abriu as mãos, balançando a cabeça, olhando para ela, como se estivesse perguntando; “o que você quer agora?”
-  Me desculpe mas não aguentava mais aquele filme e queria conversar um pouco... Te achei
   simpático! Gostei de você! Disse a moca que a ele se apresentou como Galvina.
   O cara olhou bem para ela, pensou, e disse para si mesmo: “Nao conheço filme com nome “Galvina”, detesto mulher gorda, e não estou a fim de ninguém hoje...” ainda olhando sua nova amiga de cima a baixo.
-  Você guarda meu lugar, enquanto vou ao banheiro? Disse Galvina, levantando-se e saindo sorrindo
   para seu novo conhecido...
   Ate’ agora, Felício ainda não tinha dirigido uma palavra `a sua companheira ocasional mas, não pode deixar de prestar atenção `aquela figura enquanto se afastava...
   E’ verdade que menina tinha uns quilinhos a mais, porem, justiça seja feita, estavam muito bem distribuídos, nos lugares certos. Alem disso, a garota era ruiva, olhos verdes, grandes e pidões, mais cheirosa do que bunda de neném depois do banho e, pôde reparar, por onde ela passava, as cabeças viravam em sua direção... Ate’ as mulheres a encaravam.
   Alguns minutos, e ela estava de volta a seu lugar...
-  Tomei a liberdade de pedir uma cerveja para você mas, se você não gostar, posso pedir um suco ou
    outra coisa... Disse Felício, aparente mente, mudando de ideia a respeito da moca...
-  Prefiro Chopp mas, tudo bem, faço um sacrifício em tua homenagem. Disse ela.
   E’ verdade que Galvina era muito bonita e chamava atenção por sua presença e por sua determinação mas, verdade também seja dita, os dois não tinham nada em comum... Qualquer assunto sobre o qual conversavam ressaltava mais ainda seus pontos de vista antagônicos. Sobre qualquer tópico...
-  Você sempre foi rebelde assim? Perguntou Felício.
-  Não sou rebelde! Apenas não sou uma daquelas dondocas idiotas como as quais você deve estar
   acostumado a passar suas horas vagas. Respondeu Galvina, imediatamente.
-  Me explica uma coisa que ainda não entendi... Eu estava quietinho assistindo meu filme, você me
   encheu o saco... Eu vim pra ca' tomar minha cerveja, quietinho e, me aparece você, novamente, e
   discorda de tudo que eu digo ou penso... Qual e' a tua?
-  Seguinte... Como você pode perceber, sou muito determinada. Aquele filme estava muito chato, o
   diabo do cara nem trepava nem saia de cima, quando te vi, ao meu lado, comecei a pensar em nos
   dois rolando na cama, como aqueles dois babacas que não faziam nada... Achei que seria muito
   melhor se fossemos protagonistas no nosso próprio filme. Sei que faco muito melhor do que aquela
   magrela anoréxica, feia pra cacete... Se você quiser experimentar... Alem do mais, sou solteira, não
   tenho namorado e estou no carito' por quase um ano... Não aguento mais...
-  Então e’ assim? Você acha que tenho que fazer o que você quer? Disse ele...
-  E’ isso ai meu amigo! Pegar ou largar... Disse ela.
   A esta altura, Felício ja’ estava ate' pensando nas cenas pornográficas do filme que estava, tao inesperadamente, prestes a protagonizar quando lembrou: “Puxa! Não me recordo de nenhum filme com nome de Galvina...”
   Mas, pensando melhor, olhando para aquela mulher linda que havia caído do céu, com todo aquele apetite, tão inesperadamente; lembrando que nunca se sabe o que o futuro nos reserva, dando uma chance ao destino, agradecendo `a sua sorte, se levantou, beijou aqueles  cabelos ruivos delicadamente e, tentando vencer uma de suas idiossincrasias ou ainda tentando inclui-la em sua logica, de certa maneira irracional, lhe estendendo a mão, com carinho, falou:
-  Vem! Vamos fazer nosso filme minha “Roliça Rebelde”..





  


Copyright 12/2014 Eugenio Colin  

sábado, 3 de janeiro de 2015

O MENINO











                                                               O Menino







   Lourival acabava de realizar o maior sonho de sua vida... Ser Pai!
   Sua esposa, Regina, acaba de lhe dar uma menina linda. Clara como a neve, cabelos loiros olhos azuis, feições delicadas...
   Se Lourival não amasse sua mulher com fervor a coisa ia ficar complicada, ja’ que ambos tinham cabelos pretos olhos castanhos, pele morena e com características completamente diferentes da menina...
   Mas, Lourival era um homem justo e jamais duvidaria de fidelidade de sua amada esposa, a menos que alguém lhe provasse o contrario... E’ claro que se ninguém procurar por provas elas não caem do céu mas, deixa isso pra la'...
   Decidiram, de comum acordo, dar o nome de Valgina `a sua filha. Uma combinação dos nomes dos pais.
   A menina crescia feliz, em um ambiente saudável, sem menores complicações ou maiores problemas... Era uma boa aluna, estudava muito e desde de cedo manifestara seu interesse por crianças com TDAH ( Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade ), sintoma que acometia alguns de seus colegas na escola onde estudava.
   Por ter ouvido dizer que “é uma doença inventada pelos laboratórios farmacêuticos” ou que é uma “medicalização” de comportamentos de indivíduos que são simplesmente diferentes dos demais, estudou o assunto profundamente e, não concordando com esta concepção, se formou em pedagoga de crianças portadoras destas peculiaridades...
   Por toda sua vida Valgina nunca teve vergonha de seu nome. Sempre o expôs orgulhosamente em seus livros cadernos e agora em seu crachá de professora de ensino médio. A grande maioria de seus colegas a chamavam de Val, outros tantos de Gina. Com o tempo ela aprendeu `a responder pelos dois nomes, embora nunca houvesse entendido o porque das abreviações.
   Val estava muito feliz. Agora, finalmente começava a realização de um sonho de menina... Ensinar para crianças especiais.
   Todos os meninos adoraram sua professora. Quando perguntados alguns respondia `a  suas mães: “porque ela e’ linda” ou, “porque ela e’ boazinha” ou, “porque ela brinca comigo” ou ainda, “porque ela e’ paciente, coisa que a senhora não e’!”
   Um dia, uma das mães, ao chegar em casa com o filho, perguntou:
 Come e’ o nome da tua professora?
 Não me lembro! Respondeu o menino.
-  Mas, quando você que falar com ela como a chama? Indagou a mãe.
-  Professora!!! Respondeu ele.
   A mãe insistia em que o filho lhe dissesse o nome da professora sem ele nunca se lembrar, ate’ que um dia ela sugeriu:
   Hoje, durante a aula, presta bem atenção ao nome dela que esta’ escrito em uma
   plaquinha que ela traz na blusa, bem aqui, perto do coração... Quando chegar em
   casa você me diz... Sugeriu a mãe.
   O menino durante a aula não tirava o olho dos peitos da professora, maiores do que dois melões maduros... A principio ela pensou que o menino estava com segundas intenções mas depois, olhando bem para ele, resolveu perguntar:
-  Você gostou da minha blusa?
-  Não professora! E’ que minha mãe pediu para eu dizer seu nome e eu estou tentando
   ler e lembrar...
-  Tudo bem! Diga a sua me que meu nome e’ Valgina.
   O menino abriu um sorriso ao mesmo tempo que memorizava o nome.
   Ao chegar em casa a mãe perguntou:
-  Então, como foi a aula de hoje? Viu o nome da professora?
-  Vi, mamãe! Mas, esqueci! E’ um nome complicado...
-  Tenta lembrar meu filho! Disse a mãe, talvez ate’ com o intuito exercitar a memoria do
    menino.
-  Pera ai! Deixa eu pensar... E’ diferente! Hummm!
-  Lembrei! Disse ele com alegria, abrindo um sorriso feliz.
-  E qual e’? Perguntou a mãe.
-  Bucleta! Disse o menino.





Copyright 1/2015 Eugenio Colin