quarta-feira, 27 de agosto de 2014

WRITER'S BLOCK









                                                         Writer's Block


































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Copyright 8/2014 Eugenio Colin

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

HUMILDADE






    
                                                              Humildade








   Ha’ algum tempo atrás, surpreso, tomava conhecimento de uma nova cantora que acabara de ser revelada nos Estados Unidos. Era muito jovem, talentosa, mas, o melhor nela, era sua habilidade de conquistar novos admiradores... Entre os de mais idade porque interpretava o melhor “song book standards” da musica americana, a eles muito familiar e, entre os de menos idade, porque dava um tratamento moderno e pessoal ao repertorio que agradava justamente os de linhagens anteriores.
   Sua carreira foi meteórica. Em poucos meses não se falava em outra coisa no meio musical. Ela se transformara na sensação de gerações musicalmente antagônicas.
   Muito poucos anos mais tarde, em um concerto, entre uma musica e outra, um jovem, no meio da plateia grita em voz alta: “Diana, eu te amo!”
   Calmamente ela pegou o microfone que mantinha em sua mão baixa, levou ate’ a boca e usando a outra para proteger sua vista dos holofotes que a iluminavam, e falou: “Quem e’ você? Por favor apresente-se...”
   O rapaz saiu de sua cadeira, feliz da vida por ter conseguido a atenção especial e valiosa de seu ídolo e se dirigiu em direção ao palco...
   A plateia estava curiosa... O que aconteceria? Alguns sorriam, principalmente os que viam a expressão de felicidade no rosto daquele jovem, `a medida que ele se mostrava aos que ocupavam as poltronas perto do corredor por onde ele caminhava...
   Finalmente, ainda sorrindo e, provavelmente muito mais feliz, ainda ha’ uns dez metros do palco, a cantora olha para ele e diz:
-  Você me ama? Com essa cara? Meu filho,você não tem a minima condição de me bancar... Eu custo
   muito caro... O melhor que você tem a fazer e’ voltar para o seu lugar e se contentar com a sorte de
   poder me ouvir cantar...
   O rapaz abaixou a cabeça, deu as costas para o palco e deixou o teatro.
   Alguns, na plateia, imediatamente se levantaram, quem sabe em solidariedade!...
   Eu, quando vi a gravação do episodio em uma rede social, fiquei igualmente indignado... Aquele rapaz era apenas um de seus fãs, não um cliente em busca de uma prostituta e, o fato de estar naquele concerto implicava que ele ja’ havia pago o que era devido e que, esta moca havia se comportado como uma pessoa soberba, insensível, mal educada, mesquinha...
   Foi a ultima vez que ouvi esta cantora, da qual também era admirador...
   Não vou desmerecer suas qualidades musicais ou sua beleza física mas, isto tudo foi enterrado por sua atitude inconsequente...
  
   Semanas atrás assisti a outro ato de falta de humildade quando a seleção de futebol do Brasil perdeu suas chances de disputar a final da copa do mundo que, segundo a grande maioria da população, e das entidades esportivas do Brasil, ja’ havia sido conquistada.
   O próprio ônibus que transportava os jogadores daqui para ali exibia, em letras garrafais: “Aquardem! O hexa esta’ chegando...”
   Foi uma pena que esses dirigentes, e todos que assim pensavam, houvessem esquecido de dizer aos outros, principalmente aos adversários, que a competição havia terminado, antes mesmo de ter começado.
   Os Alemães, que nos derrotaram tao categoricamente, em momento algum esqueceram a humildade... Pelo contrario, mesmo os que estavam em seu pais nos consolaram e não cansaram de tecer elogios ao futebol Brasileiro e sua contribuição ao esporte mundial.
   Sera’ que se o oposto fosse a realidade agiríamos da mesma maneira?
   Alguns dizem que o amor e’ a maior qualidade do ser humano. Outros apontam o respeito, saber ouvir aos mais velhos, a cortesia, o patriotismo, a fidelidade, a generosidade, o amor aos pais e por ai vai...
   Na realidade, a maior qualidade do ser humano e’ a humildade.
   A humildade engloba todos os outros valores ou qualidades em uma pessoa, assim como, e’ diretamente responsável por eles. Ser humilde e’ saber perder ou vencer, ver a simpliciade nos acontecimentos ou coisas, enxergar acertos e assumir erros, receber uma critica ou um elogio da mesma maneira...
   A humildade e’ a única base solida de todas as virtudes, como dizia Confucio. E, muitos dizem que o topo da inteligência e’ alcançar a humildade.
   Se isto e’ verdade, ainda estamos muito longe de ser inteligentes...
   Ser humilde não e’ ignorar valores, qualidades, capacidade, realizações e sim dar, a cada um desses fatos, a medida certa da devida importância.
   Não devemos confundir derrotas com fracassos ou vitorias com sucesso. Um campeão sempre sofrera’ derrotas da mesma maneira que um perdedor conseguira’ vitorias. A grande diferença e’ que enquanto os campeões crescem com as derrotas os perdedores se acomodarão com as vitorias...
   A selecao do Brasil foi campeã da “Copa das Confederacoes” e com isto se acomodou e, pior ainda, ganhou a “Copa do Mundo” muito tempo antes de seu começo.
   Por incrível que possa parecer, em minha modesta opinião, a campanha de 2014 foi infinitamente pior do que a maior derrota que a Seleção Brasileira havia sofrido em 1950. `Aquela época, tínhamos uma seleção de primeiríssima categoria que apesar de ter empatado com a Suíça, venceu seus outros confrontos categoricamente. Desta vez... O mundo todo assistiu... Ao vivo e em cores!
   Sera’ que aprendemos a lição? Seremos humildes na próxima vez? Ja’ ouvi gente falando no “Hexa” novamente. Não deviam estar falando, por exemplo, em como armar um time como aquele de 1970? O único, na historia das copas que venceu todos os jogos, e com categoria... Sera’ ainda possível?
   Infelizmente não contamos mais com aqueles jogadores que tanto nos orgulharam mas, temos o seus exemplos, temos o legado que aquele time nos deixou... Alguns que tiveram o privilegio de assistir `aquela copa jamais irão esquecer aqueles nomes ainda hoje reverenciados por todos aqueles que amam o futebol, aqui e acola’.
   Não fomos humildes! Não somos humildes! Resta apenas saber se aprendemos... Se, mesmo sendo derrotados, seremos campeões ou se depois de tudo, apesar de tudo, continuaremos a tentar esconder problemas ou seremos capazes de enxerga-los com clareza e resolve-los com humildade aprendendo com nossos erros.
   Muitas vezes na vida temos que voltar quando descobrimos que o caminho que percorremos não nos leva onde almejamos, admitir que erramos, e nos esforcarmos para vencer. Como fazem os verdadeiros campeões, sempre com humildade...








Copyright 8/2014 Eugenio Colin

  
  
  
  

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

DEDÃO MACIO









                                                             Dedão Macio







   André Pé, depois de mais de quinze anos `a frente de sua industria de calcados, resolvera diversificar...
   Depois de alguns anos de pesquisas de mercado, vendendo sandálias, achava que era hora de investir em sapatos. “Dedão Macio”, como era o nome da industria, devido ao seu know-how havia criado um modelo de sapato que, segundo eles era categoricamente revolucionário. Era como ter o mesmo conforto de uma sandália em um sapato fechado.
   Em uma promoção para testar a qualidade de seu novo produto, André havia ordenado que protótipos fossem distribuídos a alguns transeuntes felizardos que, poderiam e deveriam dar sua opinião com relação a conforto, qualidade, custo e tudo mais... O slogan que criaram para aquela promoção era “ Falem mal mas, falem do Dedão Macio”. E não e’ que ninguém falou mal...
   Foram mais de mil pares de sapatos, propositadamente fabricadas sem o menor cuidado ou controle de produção mas, o tal do sapato era tão bem bolado que assim mesmo era super-confortável.
   Agora, faltava apenas acertar a estrategia de mercado e pronto. Dedão Macio ficaria melhor ainda. Porem, André sabia que a concorrência no mercado domestico era muito grande, por isso, teve uma ideia: pensara em tentar abrir um novo mercado, ajudando assim, caso as vendas no mercado Brasileiro estagnasse por algum motivo.
   Andre’ era muito meticuloso e gostava de fazer tudo com  muita segurança, gostava de dar passos seguros, não gostava de surpresas ou imprevistos...
   Para isso, numa primeira etapa de estudo de um mercado internacional de calcados, pensara em lançar uma produção exclusiva dirigida especificamente para o oriente-médio.
   Contratou um vendedor experiente com a finalidade exclusiva e especifica de verificar, tomar conhecimento e dar sua opinião a respeito de alguns países daquela região, principalmente a Arabia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, praticamente esquecidos pelo mercado Brasileiro.
   A entrevista com Murilo Moroso agradou a Andre’ e, depois de explicar ao primeiro pretendente o que realmente tentava realizar, deixou a reunião esperançoso e confiante em seu tino comercial.
   Murilo ficaria uma semana hospedado em cada pais. Neste período faria contatos, visitaria lojas, tentaria, se pudesse estabelecer um esboço de negócios que poderiam ser realizados e ate’ mesmo tentar estabelecer um representante local que se interessasse por uma distribuição exclusiva.
   O cara estava tão animado que, todo orgulhoso fez questão, ele mesmo, de levar seu novo vendedor ao aeroporto e desse se despedir todo esperançoso, desejando-lhe boa sorte.
   Moroso não mostrava o mesmo otimismo que pudesse animar seu patrão. Talvez porque ele morria de medo de avião. Atravessar o oceano e voar ate’ Londres e depois sofrer mais ainda, num total de mais de 24 horas, era algo que o vendedor não sentia o menor prazer em fazer mas, por outro lado, era uma grana boa que não podia deixar passar por fora de seu bolso, alem do mais quem sabe, ate’ conseguiria arrumar um revendedor e, segundo ele, a partir dai, tentar ganhar dinheiro pelo telefone, sem ter que voltar la’, pelo menos por algum tempo.
   Pé estava otimista, mesmo sem ter recebido um único telefonema de seu empregado. A esta altura, não tinha certeza de que havia feito a escolha certa mas, também, Moroso fui o único que se apresentou interessado na proposta.
   Os negócios continuavam progredindo com o Dedão Macio. O protótipo final do novo calcado havia chegado e André estava realmente orgulhoso. O novo lançamento era da melhor qualidade e, principalmente o custo de produção era irrisório comparado com a concorrência... Desta vez André Pé havia pisado na mosca. Quer dizer... Acertado da mosca!
   Finalmente o grande dia havia chegado. Murilo estava de volte de sua viagem ao Oriente-Médio, com as respostas para as aspiracoes do empresário.
-  Preparou seu relatorio, Sr. Murilo? Perguntou André, sentado `a cabeceira da mesa 
   da sala de reuniões de sua empresa.
-  Não! Respondeu Murilo.
-  Como assim? Você passou duas semanas viajando e nada a dizer?
-  Como e’ que eu vou vender sapato em um local onde todo mundo só anda de
   sandália? Não preciso de um relatorio para dizer isso...
   O homem estava devastado... Não era possível que não houvesse uma solução. Também não queria ir la’ ele mesmo. Não se via em condicões de deixar sua empresa neste momento tão crucial... O remédio era tentar novamente, mandar outra pessoa para la’ e, antes de desistir de seus planos, receber uma segunda opinião...
   Desta vez resolveu usar alguem da própria empresa, ao invés de um vendedor profissional.
   Ja’ por algum tempo estava prestando atenção em um faxineiro da empresa que estava sempre com espanador de pó e uma vassoura em sua mão, o Horácio Rodo. O cara tinha sempre uma solução para qualquer problema que se apresentasse. 
   Soube que em um dia de verão os funcionários estavam reclamando do calor insuportável na linha de produção da fabrica. Ja’ estavam ate’ pensando em pedir dispensa quando o faxineiro botou a mão no queixo, olhou um pouco para um enorme exaustor que tomava conta da metade da parede dos fundos da fabrica, foi `a caixa de ferramentas, botou uma escada nas costas, subiu la no alto, soltou a enorme hélice, fixando-a na posição inversa e, pronto! Ou invés de sugado, agora o ar estava sendo soprado mas, como se não bastasse, ainda improvisou um chuveiro na ponta de uma mangueira d’agua que colocou `a frente do “ventilador”... “Muito engenhoso”, comentou Dr. Pé quando soube do fato.
   Porque não então tentar? Quem sabe o Rodo não resolve mais um problema da empresa...
   Dito e feito! Uma semana mais tarde la’ se ia nosso herói ao encontro do mercado Arabe...
   Desta vez André não estava la’ muito confiante. Ja’ começava ate’ a pensar em uma outra alternativa, caso o Rodo viesse a confirmar a mesma opinião de seu antecessor.
   No dia programado para o encontro com o vendedor improvisado, de certa maneira responsável pelos destinos do Dedão Macio, la’ estava seu presidente sentado `a cabeceira da mesas de reunião.
   Assim que viu seu empregado chegar, `a ele fez a mesma pergunta:
-  Preparou seu relatorio, Sr. Rodo?
-  Não!
   O presidente pensou por instantes... “Novamente!”
-  Não doutor mas, se o senhor quiser eu preparo um... Não e’ preciso ser muito
   esperto para ver o que eu vi...
-  E o que foi que o Sr. viu Sr. Rodo?
   O funcionario olhou para ele entusiasmado e falou, quase gritando:
-  Eu vi que nos vamos arrebentar de vender sapatos... La’ todo mundo só anda de sandália...


   Depois desta reunião, André Pé, descobriu que os fatos são os fatos e que na maioria dos casos não temos poder sobre eles mas a grande diferença, o que move montanhas, o que promove sucessos ou testemunha fracassos e’ a maneira com que encaramos estes mesmos fatos... E’ aquela velha historia de ver o mesmo copo d’agua meio cheio ou menos vazio... 








Copyright 8/2014 Eugenio Colin

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MRS. BANKS








                                                                Mrs. Banks







   John Banks estava devastado...
   Ali, num magnifico motel, acompanhado pela mais linda mulher do mundo, em sua opinião, gostosa pra cacete, um sorriso encantador, mais cheirosa do que bunda de neném depois do banho, e o cara com um pinto de apenas cinco centímetros, assim mesmo porque estava duro...
   Ca’ entre nós, nenhuma mulher merece tanto!
   E agora? Vergonha a parte, na realidade, como ela mesma havia mencionado, aquilo nem dava pra fazer cosquinha na moça.
   Os “castelos” que John começara a construir estavam desmoronando...  Seu país ja' havia se despedido prematuramente da copa do mundo e, agora, Dagmar estava prestes a desaparecer de sua vida permanentemente, atitude que ele, como homem, não tinha condição de recriminar... 
   Ela ate’ tentou usar de sua imaginação para ver se, de alguma maneira aquele bonitão conseguiria chegar `as vias de fato mas, `a esta altura, o homem estava mais envergonhado do que recém casado em noite de núpcias. Sabia que de sua mata não sairia coelho, cobra ou qualquer outra coisa picante.
   Com resignação, deitou em silencio e chamou John para, a seu lado compartilhar aquela frustração mutua.
-  Meu querido! Eu gostei de você... Acho você educado, gentil, carinhoso, muito
   diferente daqueles caras la' da comunidade que vivem me paquerando mas, como e'
   que eu vou fazer? To aqui toda lubrificada, e... Não da' ne'!
-  Nao sabe o que ser cuminidadi... Disse John.
-  Favela! Favela agora e' chamada de comunidade... So’ uma questão de semântica. O local e' o 
   mesmo. De certa forma ate' pior... Esclareceu Dagmar.
-  Também gostou muito di voxe mas nao sabe o que vai fazer... Confessou John.
-  Não da' pra aumentar esse negócio so' um pouquinho, pra gente poder “brincar de casinha”?
   Tentando pensar no que fazer, o gringo resolveu estender sua estadia por mais alguns dias, para talvez salvar pelo menos parte de seu sonho...
   Com a ajuda de Dagmar, ja' que seu vernáculo não dava para entender quase nada, começou a pesquisar novas maneiras de aumentar sua “personalidade”. Pesquisando em uma Lan House, ao lado do pretendente, por métodos de aumentacão penílica, não conseguia conter seu lindo sorriso ao ver demonstrações , teorías, esperanças por parte dos menos afortunados.
   Dentre as sugestões apresentadas, John escolheu o método de colocar pesos de meio quilo amarrados na cabeça de sua masculinidade. O “exercicio” deveria ser executado três vezes ao dia, diariamente por três semanas, em uma primeira fase.
   Enquanto isso, John e Dagmar passeavam, se conheciam melhor, dividiam momentos alegres, embora em abstinência total. Sem saber, começavam a se apaixonar.
   Após quase um mês de exercícios diários, os “pombinhos” arriscaram “tentar” mais uma vez. Dagmar estava apreensiva enquanto John estava nervoso mas, mesmo assim resolveram arriscar.
   Desta vez, embora parcialmente, o gringo alcançou seu objetivo... Sua “confianca” havia, literalmente, aumentado e Dagmar se dava por satisfeita. E’ claro que ela deve ter diminuído um pouco suas expectativas, tentando assim se situar no contexto da realidade que a encontrara.
   John estava exultante. Acabara de ver sua companheira literalmente gemer de prazer. Dagmar, por sua vez começava a se acostumar com a personalidade de seu companheiro e, aprendendo a valorizar emoções  mais sutís e permanentes em troca das  volúpias imediatas, inconsequentes e sem futuro.
   Poucos dias depois, `a saída de um motel, depois de haver conseguido mais um gol,  enquanto passeavam de mãos dadas, John para instantaneamente, coloca-se bem a frente de sua namorada e diz, de sopetão:
-  Quero me casar com voxe... Quero levar voxe para o England para ser meu esposa.
   Dagmar tremeu nas bases. Para ela, aquilo não passava de umas trepadinhas inconsequentes, acompanhadas de jantares em restaurantes finos, regados de vinhos de qualidade, e noitadas que ela nunca havia experimentado anteriormente. Antes de conhecer John, estava acostumada a dar uma “rapidinha”, se vestir as pressas, porque a hora do hotel estava quase terminando e, no máximo um beijinho na testa antes de ver seu companheiro eventual sumir na escuridão da noite.
   Desta vez era diferente. O cara queria conhecer os pais de sua namorada, pedir sua mão em casamento e leva-la para seu país, com a promessa de, pelo menos uma vez por ano, traze-la de volta, so' para matar as saudades da família.
   E’ claro que Dagmar ja' havia aceitado, mesmo antes de falar alguma coisa. O fato do gringo morar em um castelo, nos arredores de Londres, ser milionário, bonito pra cacete, ter um iate e um avião particular, certamente não teve nada a ver com a empolgação da moça. Para quem nasceu, foi criada e ainda morava em uma “comunidade” aquilo era muito mais do ela jamais sonhou.
   No próximo domingo, como haviam combinado foi `a casa da namorada para oficializar a comelança.
   Em la' chegando, todas as atenções  se voltavam para o gringo que, por sua vez não tirava os olhos da Dagmar. Ela estava linda. Usava um vestido tão curto que se ela desse uma risada, a calcinha apareceria. Sua mãe, ao vê-la chegar assim vestida, não perdeu tempo em critica-la... 
-  Dada’, vestida assim você vai espantar o otário do gringo.
   Mas, o cara estava realmente apaixonado. Assim que ouviu as ponderações maternais respondeu:
-  Nao sabeu o qui ser otário mas, nao xe pirocupe dona Xena o qui e' bonita se bota para se veir.
-  Dada’, não sabia que o gringo entendia Português... E ainda chamei ele de otário...Que vergonha! 
   Disse a mãe da noiva.
-  Nao faix mal... Vergonha e' roubar e nao sabeir crregar... Rebateu John.
   E’! Na realidade o homem estava começando e entender e praticar o “lingo”...
   Pouco a pouco começaram a chegar as amigas de Dagmar, so' pra dar uma bisbilhotada no futuro da amiga. Cada uma com as calças mais curtas e apertadas. Mas isso não fazia a menor diferença para John, que estava certo do que queria para sua vida.
   O almoço decorreu sem maiores incidentes, alem do fato de Conceição, melhor amiga de Dagmar, praticamente se sentar no colo de John e colocar um dos bracos agarrando seu pescoço. Ninguém entendeu nada. John olhou para a “noiva”, desculpativamente, dizendo: 
-  Tem cupa eu?
-  Se você quiser eu acho ate' que ela te da'... Respondeu Dagmar.
   John não entendeu a resposta mas também não tentou elaborar. Ele sabia que mal conseguia dar conta da noiva, assim sendo, nem pensava em mais confusão.
   De repente, se levantou, quase jogando Conceição ao chão, pegou sua namorada pela mão, sentou-a em uma cadeira, ao lado da mãe e, ajoelhando-se em frente `a ela, tirou do bolso de sua calca uma caixinha roxa e, abriu, exibindo um maravilhoso anel cheio de diamantes. O brilho do tal anel era tanto, refletido pelo sol escaldante que cobria o terraço da casa que quase cegou aos que para a jóia olhavam... Segurou a mão de Dagmar, dirigiu-se `a Dona Xena, ainda estpefata com aqueles acontecimentos inusitados, todos chegados `a ela de sopetão, sem o menor aviso, e falou:
-  Dagmar, se voxe queiser e, com o abenção de sou mae, gostario que voxe foxe minho mulier.
   Prometo que vou continuar a usar o peso pra aumenta meu confianço. Prometo tambem te fazeir
   feilix e sempre, com muita orgulia aprexentar  voxe `a todos como minho querida Mrs. Banks.






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