sábado, 30 de janeiro de 2016

HOMEM DE PAU GRANDE






   Exatamente ha dois anos atrás, em 31 de janeiro de 2014 prestei minha homenagem `a algo praticamente em extinção nos dias de hoje, sem nenhuma entidade, governamental ou filantrópica, em busca de sua preservação.
   Porém, o que era inicialmente apenas mais uma narrativa incoerente, como tantas outras aqui postadas, se tornou um enorme sucesso, ultrapassando essa semana a marca de mais de 20.000 acessos. E isto antes mesmo de completar dois anos...
   Quando comecei a escrever este blog, sabia que além do Brasil, teria leitores nos Estados Unidos, talvez Portugal, mas nunca imaginei tamanha audiência em países como China, Rússia, Alemanha, Franca, Itália, Malásia, Ucrânia, Índia, entre outros.
   Por este motivo, para quem não teve a oportunidade de ler, entre tantas histórias aqui contadas, e comemorando esta surpreendente marca, prestamos, mais uma vez, nossa homenagem ao "Homem de Pau Grande".




                                                 Homem de Pau Grande









   Homens de Pau Grande estão praticamente em extinção... Estatísticas não comprovadas indicam que existem apenas 5.530 homens de Pau Grande, no mundo inteiro.
   E' claro que também se tem conhecimento de mulheres de Pau Grande e, quem procurar direitinho, no lugar certo, as encontrará...
   Homens com esta característica encantam `a certas mulheres, apesar das serias consequências por vezes proporcionais `a essas "qualidades"...
   Vejam o caso de Magda, por exemplo. O sonho dela era casar com um deles. Talvez porque nunca tivesse namorado ninguém em sua infância, talvez apenas uma lembrança de criança, daquele dia inesquecível que viu um de seus amiguinhos brincando com uma cobra, e ela, na sua inocência infantil, confundiu isto com aquilo... A saudade daqueles dias simples e divertidos talvez ainda a iludisse, fazendo com que ela acreditasse que, namorando um homem de Pau Grande, todos os seus problemas poderiam ser resolvidos e todas suas lembranças resgatadas permanentemente...
   Muitas de suas amigas, principalmente as atuais, achavam que Homem de Pau Grande e’ algo desnecessário e supérfluo... Muitas delas se contentariam apenas em ter apenas um homem, completo, e' claro, com todos os membros, mesmo que um pouco flácidos...
   Um dia, uma de suas amigas de infância, que havia ha' muito tempo deixado esses homens no passado, com quem casualmente havia encontrado na rua Marques de Pombal no Rio de Janeiro, cidade que havia tomado emprestada como sua ha’ muitos anos, para onde migrou ainda criança e hoje trabalhava, lhe disse que jamais se casaria com um homem de Pau Grande. Não queria nem ver Homem de Pau Grande `a sua frente...

 -  Na grande maioria dos casos, conversava sua amiga casualmente, homens de Pau Grande são
    burros, muito feios alem de mal educados e, muitas vezes, mal asseados... O que adianta vir de Pau
    Grande pro meu lado com todos os defeitos por tanto tempo acumulados...
    Clodoimundo, meu primeiro namorado, era um desses homens. Nunca tivemos relações
    sexuais mas, naqueles encontros fortuitos acompanhados de muita excitação e  
    descobertas, pude sentir o que seria se entregar a alguém assim. Nunca poderia
    dizer que o cara era o príncipe da beleza ou o rei do charme, pelo contrario...
    Nunca esqueci um dia que estava pronta para me entregar `a ele. Tinha feito tudo
    para deixa-lo entender que, `aquela noite, o presentearia com minha virgindade. Eu
    queria ter a  certeza que meu “querido” havia entendido aos sinais que
    eu “emitira”, entre eles o de, em um beijo ardente que trocamos naquela manha,
    quando enfiei a mão dentro das calcas do Clo, como era conhecido, e apertei com
    carinho o que ali encontrara, perguntando em voz alta: “- Preparado para o banquete
    de hoje `a noite?”
    Em minha mente, não havia duvidas... O grande dia havia chegado...
    `As oito da noite como combinado, la’ estava eu, `a beira do rio, sentada `as suas
    margens, em baixo de uma arvore de Pau Brasil, a única na região...
    Para falar a verdade, estava um pouco apreensiva... E’ claro que não pensava,
    antecipadamente em me casar com o Clo mas, quem sabe, se ele conseguisse
    superar, so' um pouquinho, sua enorme falta total e absoluta de um minimo de
    inteligência, talvez ate’ arriscasse.
    Estava absorta em meus pensamentos quando um trovão muito forte me trouxe de
    volta `a realidade. Instintivamente olhei para o meu relógio. Nove e meia da noite. Ja’
    estava ali por mais de uma hora e nada do tal do namorado aparecer...
    -  Sera’ que vai chover? Indaguei voz alta.
    Tentei olhar para o céu por entre as arvores que praticamente cobriam minha visão...
    Mais alguns segundos e outro trovão, este acompanhado por um raio que, por
    instantes, clareou completamente a região.
    Olhei mais uma vez para o relógio, apenas para constatar que a chuva anteriormente
    anunciada, havia chegado, E’, o jeito era ir para casa, ainda virgem e, agora
    molhada... Havia pensado em ficar toda molhada `aquela noite, mas apenas em
    partes localizadas de meu corpo, não dos pés `a cabeça...
    Nem corria da chuva, entregava-me totalmente `a ela, triste e desapontada...
    No dia seguinte, `as primeiras horas da manha, ouvindo a campainha tocar, fui `a
    porta da casa, constatando, para minha surpresa que ali estava Clo, todo ensopado,
    vestindo um terno com gravata e tudo, pingando água como uma torneira defeituosa...
    -  O que aconteceu?” Perguntei.
    -  Mi discurpa, andei  noite toda, bati na porta di tudu qui era as casa da cidade onde 
    qui vi luz acesa mair num consegui discubri o diabo du “banquete” que você havia me
    cunvidado pra cume...” Disse Clo, todo apologético.
    Olhei para ele, pensei bem e, de certa maneira, me vi agradecida pelo que não
    aconteceu.
    O pobre do homem ainda estava la olhando para mim com uma cara de babaca
    quase impossível de ser descrita quando eu disse:
-   Eu e’ que tenho que me desculpar... O “banquete” foi cancelado e eu esqueci de te avisar...
    E você ainda quer um homem de Pau Grande?

    Magda, ouvira a historia de sua amiga, compenetrada e interessadamente... Lembrava agora depois do relatado que, quando menina ria a vontade ao ver alguns de seus colegas tropeçarem no ar, sair catando cavacos e aterrissar com a cara na lama. Mas, sem saber explicar porque, queria e achava de tinha a obrigação moral de casar com um desses homens... Tinha esperança de encontrar alguém menos burro do que Clo. Se não fosse cheiroso ou asseado, talvez o problema pudesse ser contornado. Beleza física era algo que para ela não importava muito. E’ claro que, sendo fotografa profissional, ate’ agora so’ havia namorado homem bonito, talvez ate’ por sua profissão e circulo de amizades mas, em sua mente, estava preparada para “encarar” um cara feio. Horroroso não! Feio!
   Magda nunca havia tido, em toda sua vida, pelo menos um namorado de Pau Grande. Saiu de onde morava  muito pequena, antes de atingir aquela idade mágica onde os meninos começam a virar homens, se interessar por mulheres,   e as meninas começam a abracar a possibilidade de trocar as bonecas de pano por um “boneco” de carne e osso.
   Estava louca para voltar `a pequena cidade onde nascera, no interior do Estado do Rio de Janeiro que impregnava sua mente. Queria visitar parentes e amigos, passear por locais ainda guardados em sua memoria de menina e, se possível, arrumar para si um namorado que, quem sabe pudesse, futuramente, ser seu marido... Sabia que a tarefa não seria fácil. A cidade possuía apenas pouco mais de cinco mil homens, muitos dos quais seriam eliminados antes mesmo de começar o “teste” mas, Magda era tenaz, firme em suas convicções, obstinada na sua persistência em buscar um sonho de infância... Tinha certeza que, qualquer que fosse o escolhido, ela teria como aparar as arestas, fazer de seu “projeto” um homem de verdade... A única exigência, que para si mesmo fazia, e' que ele fosse um homem de Pau Grande, RJ, sua cidade natal.




Copyright 1/2014 Eugene Colin

  

sábado, 23 de janeiro de 2016

GOODBYE










                   Goodbye




I hate to write to say goodbye,
I've tried to focus and not to cry
When then I saw you "moving" away...
Why are you leaving? Why can't you stay?

The dream I had of you and me,
the lovely couple that we would be,
the long strolls holding your hand,
our naked feet shaping the sand…
The nights we danced our lives away,
the church on Sunday, when our souls prayed,
the many times we laughed together
playing with words and things that matter,
the beauty of you, lighting my face,
our hearts connected, our fingers laced,
longing to be husband and wife
with you, my love, sharing my life,
was just a dream, sadly I'd say
but, one so real that, day by day,
I almost thought it could be true,
then, I "woke up", looking for you…
 




Copyright 9/2015 Eugene Colin.

sábado, 16 de janeiro de 2016

UMA MÃO LAVA A OUTRA...












                                            Uma Mão Lava a Outra...











   Dias atrás, Genivalda, uma grande amiga me liga pela manhã, como faz com frequência e, quando ouve minha voz afirma:
-  Ja' sei, tava dormindo ne’? Quer que eu ligue mais tarde?
-  Não tem problema, respondi. Ja’ terminei o sonho que estava sonhando...
-  Com que você estava sonhando?
-  Estava comendo bolinho de bacalhau na praia... Respondi.
-  Nunca vi ninguém comer bolinho de bacalhau na praia. Pamonha, cachorro quente, pastel, ate'
   empada, tudo bem. Mas, Bacalhau?
-  E' que eu estava em uma praia em Portugal... Justifiquei.
   Pronto! Deu a louca na mulher. Ela que ja' estava rindo, começou a ter um ataque de riso que eu pensei que fosse passar mal.
   Aliás, um dos fatores pelos quais gosto tanto de conversar com ela e' porque quando conversamos, ela ri o tempo todo... Eu não acho que tudo que digo e' engraçado mas, tem vezes que ela sorri so' de ouvir minha voz... E' muito bom trazer alegria a alguém, fazer sorrir, dar um pouco de felicidade. Completamente ao contrario do que acontecia com uma ex-namorada que so' ao ouvir minha voz começava a chorar. Eu nunca entendi o que eu fiz para lhe causar tanta tristeza. Finalmente, depois de chorar tanto, ela desistiu de me telefonar... Pelo menos agora não me preocupo tentando adivinhar o que fazia para causar tanta tristeza.
   Nesta mesma conversa, ( com a Genivalda, e' claro! ) vai e vem, ela me diz, referindo-se a um comentário que fiz:
-  Você sabe! Uma mão lava a outra e as duas lavam a cara...
   Porque não gosto que ditados ou frases populares sejam usadas inadequada ou erroneamente, imediatamente a corrigi.
-  Você quis dizer: “uma mão lava a outra e as duas lavam a bunda”, não e’?
-  Eu lavo minha bunda com so' uma das mãos. Retrucou ela.
-  Das duas uma! Ou tua bunda e’ muito limpa ou você não a higieniza adequadamente. Observei.
   Claro! Mais um ataque de rizo...
   A verdade e' que aquela afirmação  me fez lembrar da historia do Seguro Carvalho...
   Um dia ele me liga para contar a respeito de um experimento que fez para descobrir se seria possível conseguir lava a bunda com apenas uma das mãos?
-  Naquele dia, me contava, tratei de comprar tudo necessário... Dois espelhos, chinelo antiderrapante,    capa `a prova d'água, para proteção de minha câmera e, o mais complicado de encontrar, um sabão      liquido que produzisse muita espuma e que tivesse cor para contrastar. Sabão convencional produz      espuma branca e como minha bunda e' muito branca, não daria para notar a diferença.
   Finalmente encontrei um sabão a base de jabuticaba, açai e jamelão.
   Tudo reunido, voltei para casa e, na hora de meu banho, comecei a adaptar o box, para a   
   concretização do projeto.
   Ao começar o experimento, lavei a parte superior do corpo com sabão convencional. Ao chegar `a      altura da cintura, troquei para o sabão de contraste.
   Comecei lavando o meu pin... Quer dizer, minha masculinidade. Tentei usar apenas uma das mãos      e, sem problema.... Consegui!
   Ai, com o testemunho da câmera que, através do jogo de espelhos, não perdia um movimento,  
   comecei a lavar a bunda. Primeiro tentei usar apenas uma das mãos. A mão direita não fazia um  
   serviço bom no lado esquerdo e, vice-versa. Isto ficou perfeitamente comprovado pelo contraste da 
   espuma do sabão.
   Após varias tentativas, resolvi usar ambas as mãos. Perfeito. Minha bunda só não ficou brilhando 
   porque não usei vaselina.
   Agora tinha certeza. Uma higiene adequada de sua bunda e adjacentes, tem que ser ser feita com 
   ambas as mãos, confirmando o ditado popular.
   Estava feliz! Agora queria ligar para todo mundo e mandar o video comprobatório da minha tese e
   experiência cientifica.
   Sai do box, peguei a toalha e comecei a me secar...
   Ao reparar na toalha, constatei que ela estava toda preta.
   Olhei então para o corpo. Não pude acreditar... Estava preto da cintura para baixo. Me desesperei! 
   O pior e’ que alem da cor escura, minha pele estava coberta por uma gosma recalcitrante que se
   recusava a ser dissolvida... Tentei álcool. Nada! Acetona. Nada! Sabão Omo. Pior! Ai, parti pro
   desespero. Fui `a dispensa e peguei uma lata de Querosene... Ma' ideia! Sem querer deixei entrar
   um pouquinho no fiofo'.
   Imediatamente começou a arder profusamente. Sem saber o que fazer, fui ao fogão para ferver água    para compressas quentes que aplicaria no local doente...
   Segundo erro! Assim que ascendi o fogo, soltei um peido que expelindo gotículas de querosene, em
   direção  `as chamas, voltou para mim em forma de fogo.
   Agora, a dor era insuportável com minha bunda toda em chamas. a única coisa que me veio `a 
   cabeça, `aquele momento, foi correr para o quarto e esfregar a bunda no colchão... Felizmente deu 
   certo.
   O fogo acabou mas, as consequências da experiência foram inesquecíveis.
   
   Depois de ouvir a historia do Carvalho, tirei algumas conclusões sobre o acontecido...
   Primeiro... Nunca use sabão colorido em seu corpo...
   Segundo... Jamais use álcool, acetona ou querosene ou sabão em po' para limpar o traseiro...
   Terceiro... E’ proibido peidar perto do fogão...
   Quarto...  E’ impossível lavar a bunda com apenas uma das mãos...
   Minha amiga estava equivocada em pelo menos metade de sua afirmação ou, como disse antes, ela tem uma bunda extremamente limpa, que não necessita cuidados especiais.

   Assim como e' verdade que apenas  “duas mãos lavam a bunda” (principalmente se você tem princípios rígidos de higiene), também e’ verdade que “uma mão lava a outra”...






Copyright 8/2015 Eugene Colin

sábado, 9 de janeiro de 2016

L'AMOUR ET LE TEMPS










                                               L'Amour et Le Temps










   Il était une fois, une île où tous les différents sentiments vivaient: le Bonheur, la Tristesse, le Savoir, ainsi que tous les autres, l'Amour y compris...  Un jour on annonça aux sentiments que l'île allait couler.  Ils préparèrent donc tous leurs bateaux et partirent.  Seul l'Amour resta...    
   L'Amour voulait rester jusqu'au dernier moment.  Quand l'île fut sur le point de sombrer, l'Amour décida d'appeler à l'aide.  La Richesse passait à côté de l'Amour dans un luxueux bateau.  L'Amour lui dit:
-  Richesse, peux-tu m'emmener?
-  Non car il y a beaucoup d'argent et d'or sur mon bateau.  Je n'ai pas de place pour toi.   
   L'Amour décida alors de demander à l'Orgueil, qui passait aussi dans un magnifique vaisseau: 
-  Orgueil, aide moi je t'en prie!
-  Je ne puis t'aider, Amour. Tu es tout mouillé et tu pourrais endommager mon bateau...
   La Tristesse étant à côté, l'Amour lui demanda: 
-  Tristesse, laisse moi venir avec toi.
-  Ooh... Amour, je suis tellement triste que j'ai besoin d'être seule !
   Le Bonheur passa aussi à côté de l'Amour, mais il était si heureux qu'il n'entendit même pas l'Amour l'appeler!  Soudain, une voix dit: 
-  Viens Amour, je te prends avec moi.
   C'était un vieillard qui avait parlé.   L'Amour se sentit si reconnaissant et plein de joie qu'il en oublia de demander son nom au vieillard.  Lorsqu'ils arrivèrent sur la terre ferme, le vieillard s'en alla.   L'Amour réalisa combien il lui devait et demanda au Savoir: 
-  Qui m'a aidé?  
-  C'était le Temps" répondit le Savoir.  
-  Le Temps? s'interrogea l'Amour.  
-  Mais pourquoi le Temps m'a-t-il aidé?
   Le Savoir sourit plein de sagesse et répondit: 
-  C'est parce que seul le Temps est capable de comprendre combien l'Amour est important dans la Vie.






Copyright 1/2013 Eugene Colin


sábado, 2 de janeiro de 2016

CARA DE BUNDA











                                                          Cara de Bunda









   Naquele dia, Herculino Delgado que diga-se de passagem, estava muito mais para Delgado do que para Herculino, em seus 65 quilos, acordou assustado quando, ao olhar seu rosto refletido no espelho, ao abrir o armário para pegar sua escova de dentes, pode constatar que, infelizmente, tinha nele mais ruga de que em um maracujá guardado na gaveta por muitos anos.
   Mas, o que fazer? Pensou... Sinal dos tempos...
   Escovou seus dentes e, ao sentar ao vaso para fazer seu primeiro xixi do dia, soltou um tremendo “trovão matinal” (primeiro peido do dia) que ate' a ele mesmo assustou.
   Talvez, o esforço trouxe a dor, para lembra-lo que suas hemorróidas estavam sendo negligenciadas por algum tempo. Passou a mão de leve, para verificar o tamanho e, desta vez, se impressionou de verdade. Estavam enormes...
   Naquele mesmo dia, ao sair para sua caminhada matinal, passou por uma farmácia e comprou uma pomada que, segundo o vendedor, era capaz de fazer milagres. Disse que sua namorada havia usado a “pomada milagrosa” e suas hemorróidas encolheram tanto que a moça, que era rainha da bateria da escola de samba perto de onde morava, foi demitida sumariamente quando, no primeiro ensaio, depois do “milagre” que a pomada realizou, o presidente da referida escola, pode constatar que a mulher estava mais “chata” do que uma tábua... Sua bunda que, ate' então, a todos encantava, havia sumido, talvez entrado intestino a dentro...
   E' claro que Herculino se conteve ao máximo para não rir na cara do vendedor que, a esta altura, olhava para ele com lagrima nos olhos.
   Das duas uma; ou a tal pomada era verdadeiramente milagrosa ou o vendedor era um mentiroso filho da puta...
   O fato e' que depois de toda esta cena, ele comprou a pomada, ate' com uma certa esperança de ela realmente iria resolver seu problema...
   Naquele mesmo dia, ao chegar em casa, aplicou um pouco da pomada no fiofó, começando assim o tratamento imediatamente.
   Passados uns quinze dias de tratamento intensivo, três vezes por dia, pode constatar, logo após fazer seu xixi matinal, que o peido que soltou, desta vez sem querer, não doeu nada. Passou a mão na bunda e, para sua surpresa, nada! A porra da hemorróida havia sumido. O cara ficou tão feliz que naquela mesma manhã voltou a farmácia para agradecer ao vendedor por sua ajuda inestimável.
   A caminhada daquele dia foi tomada por pensamentos referentes `a sua “condição” que por tantos anos o atormentou e agora, como por milagre o havia deixado.
   Chegando em casa, ainda embasbacado, foi `a bula da pomada para tentar descobrir, ao analisando sua composição, como se ele entendesse alguma coisa de química, pudesse chegar `a conclusão do mistério que tão feliz o deixou.
   Lendo como o medicamento agia, descobriu que, na verdade, fazia com que a pele encolhesse. Imediatamente, pensamento vai, pensamento vem, se reportou `aquele dia em que ao ver seu rosto todo enrugado e quase levou um susto.
   Pensado e feito! Na mesma hora começou a aplicar a pomada no rosto. Quem sabe?
   Toda manhã, ao acordar, verificava seu rosto no espelho, não notando muita diferença...
   Um dia na hora do almoço, sua esposa indagou:
-  Você escovou os dentes hoje pela manha?
-  Porque? Estou com bafo?
-  Na verdade, não! Mas você esta’ com um cheiro estranho... Talvez fosse bom tomar um banho...
   Na tentativa de agradar sua “amada” e, ele não era nem besta de tentar desagrada-la, ja' que a mulher tinha quase dois metro de altura, era forte pra cacete e, no dia em que se conheceram a moça quase matou de porrada um homem so' porque, ao passar pelo “casal de pombinhos”, o cara falou, brincando:
-  Vai se enfiar no lombinho de porco hoje `a noite, ne' Mane'?
   Se não fosse Herculino, o cara havia morrido ali mesmo e ele sim, teria virado comida de porco. 
   Saindo do banho fresquinho, sua esposa começou a cheira-lo, tentando descobrir pelo seu olfato super apurado de onde vinha aquele cheiro. A certa hora ate' perguntou:
-  Delgado, você peidou?
   Ainda tentando desvendar o mistério, ao olhar bem para o rosto do marido disse:
-  Não sei de onde vem o cheiro mas teu rosto esta' muito melhor. Parece que as rugas estão 
   sumindo...
   Ao ouvir isso, ele pulou da cadeira e correu para o banheiro.
   Felícia, sua esposa, ate' se assustou ao exclamar:
-  Não sei para que estes pudores repentinos... Desde quando você tem que correr para o banheiro
   para peidar?
   Agora Herculino estava realmente feliz... A porra da pomada, alem de consertar seu fiofó, estava também melhorando sua fachada... E' claro que Felícia não sabia que seu “querido” estava usando pomada de cu' na cara... A mulher era tão ciumenta que, assim que casaram enfiava macarrão, salgadinho, pizza, batata frita no noivo, para que ele engordasse e as mulheres não mais olhassem para ele mas, o que aconteceu? Ela engordou pra cacete, com ele comendo tudo aquilo,  e o marido, quanto mais porcaria comia, mais esbelto ficava, alem de estar sempre feliz, uma vez que adorava comer besteira.
   Em frente ao espelho, passando a mão no rosto, verificando as rugas, notou que o cheiro que a mulher tanto reclamava era da pomada. Agora teria que ser mais cuidadoso. Se a mulher soubesse que ele estava tentando se livrar das rugas, seria capaz de jogar um balde de soda cáustica em sua cara... Que mulher!!!
   Em dois meses, a cara do cara estava mais esticada do que dinheiro de pobre.
   Herculino, homem cheio de ideias, resolveu então, industrializar aquela pomada milagrosa só que, desta vez, teria que se livrar do cheiro de cu' que a pomada emitia, dando a ela uma fragrância parecida com algo que se pudesse chamar de “o perfume das estrelas de cinema”.
   Naquele mesmo dia, sentou-se ao computador e começou a “estudar” os mistérios dos perfumes... Concomitantemente, teria que bolar um nome chamativo, que por si so' vendesse sua invenção. Pensou em “Estica-pele”... Não! Esticador? Não era bem por ai...Vamos ver... Elasticream? Mais ou menos...
   Pensou, pensou, pensou... Resolveu então partir para línguas estrangeiras. Depois de algum tempo pensou em “visage tendeur”, que podia ser traduzido por “esticador de cara”. So' que, em francês fica muito mais bonito. Alem do mais, ninguém fala francês... Pelo menos, não no morro onde pretendia dar inicio a seu empreendimento.
   Agora era so' descobrir o fabricante da pomada para comprar quantidade, bolar uma embalagem de bom gosto e dar inicio, pela primeira vez em sua vida, a seu próprio negócio.
   Bem! Ainda tinha que fazer a cabeça da Felícia que, certamente seria contra mas, ele bem sabia que mais do que ser do contra, ela adorava dinheiro. Era so' tentar convence-la de que ficaria rica por tabela.

   E' claro que ninguém, clientes, futuros distribuidores, nem mesmo sua esposa poderia jamais descobrir que seu marido agora estava comercializando uma descoberta fortuita que percebeu quando, um dia, ao se olhar ao espelho, descobriu que, felizmente,  estava com cara de bunda.






Copyright 9/2015 Eugene Colin