sexta-feira, 11 de agosto de 2017

PEGADAS









                                                              Pegadas








   E’ interessante perceber, apesar do muito que sabemos, como nossa compreensão e’ limitada em diversos aspectos.
   Existem em muitos países, cientistas que dedicam e dedicaram toda uma vida na tentativa de entender como nosso cérebro funciona. Os estudos ainda estão, praticamente, em fazes preliminares. Muitos ainda tentando desvendar cérebros menos complexos como o de uma mosca, por exemplo.
   Mas, assim mesmo, conscientes de nossa limitação, muitas vezes tentamos entender  os mistérios de Deus.

   Em 1943, Reinhold Niebuhr escreveu a oração da serenidade, que diz: Concede-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso e sabedoria para distinguir uma da outra – vivendo um dia de cada vez, desfrutando um momento de cada vez, aceitando as dificuldades como um caminho para alcançar a paz, considerando o mundo pecador como ele é, e não como gostaria que ele fosse, confiando em Deus para endireitar todas as coisas para que eu possa ser moderadamente feliz nesta vida e sumamente feliz contigo na eternidade. Amém.

   Uma vez presente ao enterro de uma pessoa muito querida ouvi algo muito interessante... Uma senhora, ao ouvir; “Ha’ tanta gente ruim solta por ai... Porque so’ as pessoas boas morrem?” Sem mesmo pensar respondeu; “Porque Deus quer a seu lado pessoas boas...” Temos também o habito de reclamar a respeito dos acontecimentos que por vezes nos afligem sem nunca pensar que a alternativa poderia ser bem pior...
   Normalmente procuramos preencher o vácuo de nossa compreensão com algo fácil de entender ou assimilar, concluindo assim a busca por algo que, de antemão, sabemos imcompreensível.


   Existe na América um conto muito conhecido pela maioria das pessoas religiosas; “Footprints”. Ele relata a historia de um homem que, ao morrer, questionava Deus sobre sua vida.
   Este conto e’ um exemplo tipico de como vemos as coisas mais claras de uma maneira destorcida e não conseguimos entender eventos simples. Como se fosse um desenho de ilusão ótica que, depois que conseguirmos visualiza-lo pela primeira vez, nunca mais nos esquecemos.
   Apesar de gostar da historia, o fato de estar escrito em prosa não me agradava.   
   Resolvi então, traduzi-lo para Português e, desta vez, em forma de poema..





                       Pegadas





   Um homem no céu por Deus esperando
   o juízo final, com calma aguardava,
   olhando pra Terra apenas pensando
   em locais e pessoas que ainda amava...
   Ao ver Deus chegar `a ele sorrindo,
   humilde dizia ao seu criador,
   tristeza na alma ainda sentindo,
   apesar de ama-Lo com todo fervor...
   Por toda uma vida andaste comigo.
   Os passos lado a lado a praia la’ mostra
   mas, nas horas mais duras a mim destinadas,
   não vi tuas pegadas na areia marcadas...
   Filho! O’ meu filho! Como todo mortal
   ainda la’ em baixo, tu pensas igual, 
   sem ver com clareza o que acontece,
   aceitando apenas o que lhe parece...
   Pegadas de um so’ que vez no caminho,
   quando pensas que triste andavas sozinho,
   são marcas que eu deixava no solo
   quando a ti, em meus braços, trazia no colo...






Copyright 8/2017 Eugene Colin

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

CHUPETA NA BOCA










                                                        Chupeta na Boca.










   Marco Aurélio Gaylor estava apavorado com o nascimento de seu filho, prestes `a acontecer em poucos meses...
   A duras penas havia conseguido sobreviver ao estigma cruel que rondava em todo Brasil sobre sua cidade natal... "Todo homem de Pelotas, ou seus decendentes sao gays". A duras penas conseguira se casar sem que sua namorada duvidasse de sua masculinidade.
   E' bem verdade que `a primeira noite em que dormiram juntos, sua atual esposa, então namorada, quase desistiu do cara. Não porque ele era gay, muito pelo contrario. Nosso amigo deu uma "surra" tão grande na pobre coitada que no dia seguinte a moca quase não conseguia falar, com a boca toda inchada, estava toda assada,  so' andava muito devagar e, alem disso se escorando nas paredes para não desmaiar de fraqueza. E isto tudo após haver tomado o melhor cafe' da manha de sua vida, segundo ela mesmo confessara ao seu namorado, a duras penas, e' claro.
   Passou um mês sem responder `as ligaçoes telefônicas do Marco Aurélio. Mudou-se temporariamente para casa de sua prima, da qual o namorado nem sabia da existência, para poder tentar se livrar dos assédios do homem.
   O único problema era que o tal namorado era bonito pra cacete, forte que nem um touro... Seu corpo parecia uma escultura de algum herói desconhecido da mitologia Grega e, além disso, depois que o inchaço passou, pensando bem, ela nem sabia que aquilo poderia ter acontecido.
   Já tinha ouvido historia de algumas amigas sobre encontro sexuais maravilhosos e inesquecíveis mas, passar dez noras na cama, "brincando" sem parar era algo inexplicável, incomum, inacreditável e, por isso mesmo, depois de um mês, ja' estava maluca para repetir a dose.
   Assim sendo, sucumbiu aos prazeres da carne, implorando a seu namorado que tentasse se controlar um pouco mais, com que ele concordou e cumpriu... Naquele segundo encontro ficaram no hotel por apenas nove horas. No dia seguinte, Marcela ate' que se movia bem melhor do que no primeiro encontro... Das duas uma: ou ja' estava com calo nas regiões afetadas ou ja' estava se acostumando com a "masculinidade" do namorado...
   Aparentemente Marcela era uma ótima aluna ja' que, na noite de nupcias estava tao "animada" que saiu da festa assim que partiu o bolo, direto para sua casa e, ao invés de lua de mel, mandou imprimir um cartaz que dizia: "mudamos temporariamente para Jijoca do Jericoacoara, por três meses".
   So' queria ficar na cama com o marido o dia inteiro... A mulher tava tao doida que nem ligava mais para as novelas da Globo. As mesmas que a fizeram companhia, que a consolara e a viciara durante aqueles mês em que tentava avaliar em sua mente se teria coragem de encarar o bonitão...
   Agora porem, apos dois anos de casados, a coisa tava feia...
   Marcela estava gravida de seu primeiro filho e Marco Aurélio estava apavorado com a possibilidade de que seu primogênito nascesse em Pelotas, onde viviam e, por isso mesmo, fosse considerado "gay", preocupação de certa maneira infundada ja' que apenas 20 milhões de homens brasileiros são homossexuais, ou seja, um em cada dez... Mas pra quem e' macho de verdade, um ja' e' demais, imagina vinte milhões!
   A única solução que encontrara era mudar de Pelotas o mais rápido possível. Queria ir para uma cidade onde todos os homens eram machos para que, assim sendo, seu menino se acostumasse, mesmo antes de nascer com os ares masculinos da cidade escolhida.
   O problema era descobrir a tal cidade de macho, ja' que a "bichisse brasileira" e' tao grande que e' difícil de encontrar uma esquina sem um bicha.
   Finalmente, depois de árdua pesquisa, escolheram a cidade de Noiva do Cordeiro, no estado de Minas Gerais... Nem as mulheres conseguem encontrar homens na cidade, assim sendo vai ser difícil ser gay... A tal lei da "oferta e da procura"...
   Dito e feito! De comum acordo, arrumaram as malas e se mandaram rapidinho pra Minas Gerais enquanto era tempo.
   Mais uns meses e Marcela estava preparada para dar a luz a seu macho, que dizer, primeiro filho...
   Na maternidade, com a mente aliviada, depois de uma gravides tranquila e feliz, finalmente chegou o grande dia.
   Marco Aurélio estava nervoso enquanto sua esposa, alem de muito tranquila, o acalmava com palavras e pensamentos positivos, enquanto ja' na maca, rumo a sala de parto, segurava a mão de seu esposo que sua profusamente por tudo que era buraco.
   O parto foi ótimo, sem qualquer complicação... Marcela estava feliz e seu marido aliviado.
   Uma das enfermeiras que assistiram no parto, em alguns minutos, entrava no quarto com um lindo menino, enrolado em uma manta azul.
   Assim que ela saiu, deixando o menino no peito da mãe, Marco Aurélio, desmanchou a manta que o enrolava para tentar ver o "tamanho" do menino.
   Sua esposa so' teve tempo de ver o sorriso de satisfação do pai quando, olhando para ela, abriu a mão, mostrando cinco dedos e sussurrando: " cinco centímetros... Esse e' macho!".
   No dia seguinte, ao chegar `a maternidade a mesma enfermeira que ate' então cuidava de sua esposa o chamou em um canto e reservadamente perguntou:
-  O senhor e' de Pelotas, não?
-  Sou! Porque? Respondeu Marco Aurélio.
   A enfermeira então, deixando escacar um sorriso maldoso respondeu:
-  E' porque os recém nascidos aqui não estão acostumados a acalmar usando partes de seu corpo.
   Aqui, os bebes põem a chupeta na boca...







Copyright 2/2017 Eugene Colin