quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

POETRY...









                                                         Poetry



                              To you my friend whom may write poetry
                              and so often rhyme  avalanches with  knee ,
                              maybe you should look, on a dictionary, let’ s say,
                              called “Pai dos Burros”  on a country far away,
                              to really understand what poetry means,
                              and then, by thinking or reading, to glean
                              words that will, on the right way convene.

                              Po.et.try: To write on emotional form,
                              experience in language must also be norm,
                              words to be arranged creatively to compound
                              beauty in meaning, of rhythm and sound.

                              Maybe if you try somehow harder next time,
                              you’ll be a poet and your lines would rhyme.
                              Oh! Let me tell a wee secret to you:
                              metric is also very important too.

    I wrote this poem years ago and sent to a radio talk show host to make fun of him, whom used to air "poems" with no rhyme.
   Days latter, while driving to work, I heard him reading my poem, on air, and thanking for the "contribution"...
     A few months later I sent it again, this time to enter a contest on a “Poetry Society” in America, which used to publish every kind of nonsense... It was my way to say that, if there’s no rhyme is not a poem... Not to say that “prose” has no literary value but, it’s “prose”, not “poem” and, just between us, a lot easier to write... Of course they deleted my entry.

   Days ago, reading a British Newspaper, I came across with this article from 2008.

   The Queen's English Society demands rhyme and metre in poems...

   The Observer on Sunday 13 April 2008 wrote:

   Sunday 13 April 2008.
   When Oscar Wilde argued that a 'poet can survive everything but a misprint' he had not foreseen the formation of the Queen's English Society.
   Members of the group, set up to defend the 'beauty and precision' of the English language, have turned their attention to contemporary poetry and poets, arguing that too often strings of words are being labelled as poems despite the fact they have no rhyme or metre.
   The campaigners say that there should be a new definition of poetry, outlining the characteristics needed before a piece of work can be called a poem.
   'A lot of people high up in poetry circles look down on rhyme and metre and think it is old-fashioned,' said Bernard Lamb, president of the QES and an academic at Imperial College London. 'But what is the definition of poetry? I would say, if it doesn't have rhyme or metre, then it is not poetry, it is just prose. You can have prose that is full of imagery, but it is still prose.'
   The campaign is being spearheaded by Michael George Gibson, who said it was 'disgraceful' that the Poetry Society had failed to respond properly to his demands for a definition. 'For centuries word-things, called poems, have been made according to primary and defining craft principles of, first, measure and, second, alliteration and rhyme,' said Gibson. 'Word-things not made according to those principles are not poems.' True poems, he said, gave the reader or listener a 'special pleasure'.
Carefully structured verse is relatively inflexible to change. (For example, if an editor/director wishes to alter a passage of prose, it may be easily done; if the passage is written in verse, the task may be more difficult).


   It was like they’ve had read my lines and wrote about them...
   Well, at least I’m not alone on my “crusade”! And what “partners” I have, setting the guides for poetry...







Copyright 9/2018 Eugenio Colin

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

RUA ECOLOGIA









                                                         Rua Ecologia










   Câmeras de televisão, repórteres, fios e cabos espalhados por tua rua... Um caos total na rua Philomena Carola, que a partir deste dia especial teria seu nome mudado para “Rua Ecologia”.
   Era a primeira tentativa do município em criar uma rua ambientalista. As casas geravam, através de seus painéis solares 73% da energia que consumiam, a agua que abastecia as casas eram filtradas e próprias para consumo antes mesmo de chegar `as caixas. Lixo reciclado em coletores apropriados para cada tipo de material, plantas de diversos tipos nas calcadas, canteiros de flores...  Realmente um esforco inédito para criar algo novo.

   Finalmente chegara a hora. Todos os moradores ali presentes.  O Prefeito,  recitando um discurso cheio de baboseiras ao qual ninguém prestara atenção, encerara a cerimonia, quando, oficialmente, mudou o nome da rua para “Ecologia”. Agora, como havia mencionado quando segurava o microfone, era so’ viver em paz, aproveitando os beneficios de uma rua planejada que se tornaria modelo `a muitas outras

    Era a primeira tentativa da cidade para melhorar, em muito, a qualidade de vida naquele município.
   Carvalho Pinto, Dona Xeca e seus filho Armando Pinto chegaram bem na hora. O caminhão que trazia a mudança foi obrigado a esperar ate’ que o prefeito e sua comitiva se mancassem e fossem embora.
   A família havia acabado de mudar para Rua Ecologia.

   A rua, que era sem saída, havia sido fechada pelas autoridades, tornando-a assim em uma especie de condomínio. Tinham ate’ eleito um administrador responsável pela preservação daquele lugar maravilhoso, na opinião dos moradores.
   Embora com apenas oitenta casas, quase duzentos jovens ali habitavam.
   Nas calcadas, de ambos os lados, canteiros de flores davam um perfume especial ao ambiente. No final da rua, uma praça, cheia de arvores e ate’ um coreto, era o lugar favorito para o encontro de rapazes e moças que ali se reuniam todas as tardes para conversar, tocar violão, fofocar e, os que ainda não tinham namorada, tentar arrumar uma.
   Joãozinho, um dia, conversando com um monte de amigos, ponderou que a rua so’ tinha arvores e flores, relegando verduras, legumes e vegetais a um segundo plano, no contexto ecológico.
   Decidiram então, em uma reunião naquela mesma tarde, apelidar os moradores com nomes de verduras, legumes e vegetais, de acordo com suas aparências “verduleguvegetarianas”, homenageando assim `aquelas plantas que tao bem nos nutrem, ate’ então esquecidas…
   Joãozinho recebeu o apelido de Pepino, Angela seria conhecida como Uva, Ricardo agora era chamado de Nabo, Maria Emília seria Vagem mas, como era pequenina, carinhosamente a apelidaram de Vaginha. Lourival passou a ser chamado Quiabo, uma vez que babava toda vez que ria muito, Clarisse era chamada de Pera, Alex, descendente de Alemães, recebeu o apelido de Pimentão, ja’ que seu rosto era redondo e vermelho, Jaime, sempre descabelado, recebeu o apelido de xucrute. Irritado pelo apelido que não gostou, convocou uma nova reunião pedindo a abolição de seu apelido, tendo como base factual, o argumento que xucrute não e’ vegetal, teoria que foi unanimimente rejeitada apos outra reunião da comissão na casa de Alex, quer dizer, Pimentão, quando sua mãe demonstrou, inequivocamente que xucrute e‘ preparado com repolho, razão pela qual o apelido foi mantido  e assim por diante.
   So’ depois do terceiro dia em sua nova residencia, Armando teve tempo de começar a conhecer os outros jovens que moravam na rua. A esta altura porem ja’ haviam esgotado todos os nomes de vegetais, legumes ou verduras que conheciam. Haviam ate’ apelado para outras línguas quando resolveram apelidar Genoveva de Petit-Pois e Tony, que era filho de Italianos, de Zuchini que, embora não tenha nada a ver com o idioma, soava Italiano.
   So’ restava então, pelo menos por enquanto, apelidar o novo morador de Pintinho. Se pais também fossem receber apelidos, Seu Carvalho seria apelidado de Pintão.
   Numa das tardes em que estavam todos reunidos na praça do final da rua, Pintinho não pode deixar de notar a presença encantadora de Vaginha. Foi amor `a primeira vista. Sabendo porem, por um dos meninos, que ela era muito tímida, começou a tomar cuidados especiais quando conversavam para não assusta-la com alguma palavra mal colocada ou uma frase dúbia e assim, perder, quem sabe, a primeira chance em sua vida de conquistar a primeira namorada.
   Depois de alguns encontros e vários passeios de mãos dadas pela rua, para a ira de alguns rapazes que nunca haviam nem de perto sentido o cheiro de Vaginha, a coisa caminhava bem estre os dois. Pintinho começa a saber das preferências de Vaginha e a cercava com todo carinho e atenção. Alguns ate’ ja’ estavam de implicância com Pintinho. “Como e’ que um cara estranho chega na rua e arruma logo uma namorada? E logo a Vaginha que todos querem!”
   Mas Pintinho era de boa paz. Queria mesmo era ficar bem juntinho de Vaginha, com ela gozar de sua companhia, e ignorar o mundo.
   Um dia, quando ja’ estavam juntos por mais de três meses, convidou sua namorada para tomar um sorvete em sua casa, o que ela, um pouco reticente aceitou.
   Quando la’ chegaram perceberam que seus pais não estavam em casa. Vaginha olhou pare ele com uma cara desconfiada mas, também gostava de Pintinho e, um sorvete e’ um sorvete, alem do mais, eram três horas da tarde e seus pais deveriam chegar a qualquer momento, pensara...
   Carinhosamente ligou a televisão em frente ao sofa’ da sala onde ela sentou aguardando pelo sorvete prometido, enquanto ele ia `a cozinha para lhe servir uma “banana split” de creme chocolate e morango, favoritos de sua namorada. Os sorvetes estavam na geladeira mas a banana, o caramelo e a castanha de caju’ não conseguia encontrar.
   Vaginha olhava para os movimentos de seu namorado, `aquela altura realmente desconfiada. O que sera’ que ele esta’ tentando? Pensava.
   Mais alguns segundos e Pintinho chamou Vaginha para ir `a cozinha ajuda-lo, após, finalmente haver descoberto a castanha, a banana e o caramelo em um armário la’ no alto, fora de seu alcance.
   Assim que ela se aproximou, falou:
-  Pega aqui p’ra mim, abre as pernas e deixa eu trepar em cima. Depois eu deixo você comer
   tudo sentada no sofa’, ate’ lamber o caramelo que sobrar em cima da banana que vou te dar.
   Vaginha cobriu a boca com uma das mãos e fugiu apavorada, sem nem reparar que seu namorado apontava para uma escada que pretendia ela pudesse alcançar e abri-la para que subindo, pudesse alcançar o que encontrara.
   Vaginha era tão tímida que nem entendeu que quando sua mãe a recomendava que tivesse muito cuidado com os pintinhos, não estava se referindo a um menino, filho do Carvalho.

   Porque não soube ser claro em sua maneira de se comunicar, Pintinho perdeu Vaginha para sempre, mesmo continuando ser seu vizinho na Rua Ecologia.







Copyright 9/2018 Eugenio Colin.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

ULTIMO DESEJO










                                                     Ultimo Desejo










-  Meu amor, que tal se a gente desse uma trepadinha no banheiro do avião? 
-  Você acha que dá? Indagou Betty.
-  Em pé eu acho que dá. Informou Brolha, seu marido, agora já se preparando psicologicamente para
   o acontecimento prestes a acontecer no voo no qual ambos aconteciam.
   Àquela altura, completamente esquecida de que estava em um avião, até achando que a turbulência pela qual voavam eventualmente eram ondas no mar, cortada pelo navio no qual viajavam, Betty começava a planejar sua “lua de mel” no banheiro do avião.
-  Eu vou primeiro! Um minuto mais tarde você vem e mexe no trinco da porta. Aí eu abro e você
   entra. Disse Betty, toda sorridente…
   Levantou vagarosamente, olhando aos que dormiam ao por eles passar e se dirigiu à sua “alcova nupcial”…
   Não demorou vinte segundos e ouvia o barulho no trinco, como havia combinado com seu noivo…
Puxa! Ele deve estar realmente ansioso, quase não tive tempo de me sentar… Falou baixinho, consigo mesma, antes de abrir a porta.
   Ao abrir a porta, para sua surpresa, viu um menino, aparentemente com nove anos de idade, do lado de fora olhando para ela com os olhos mais esbugalhados do que os do Marty Feldman.
   Quando a viu sentada no vaso, com as pernas abertas como quem estivesse realmente fazendo suas necessidades, abriu a boca e voltou correndo, apavorado, para o lado de sua mãe que indagou:
-  O que houve meu filho? Você está pálido…-
-  Vi uma mulher sem calcinha, de perna aberta no banheiro, cagando e rindo para mim…
-  Não tem problema meu filho. Isso acontece. Talvez ela tenha esquecido de trancar a porta. Por que você não usa o banheiro na frente do avião?
-  Ah! E, se por acaso você ver um homem sentado, cagando, com o piru para fora 
   do vaso, não se assuste. Os vasos de avião são tão pequenos que, dependendo 
   do tamanho, ele tem que ficar p’ra fora. Disse a mãe do menino, carinhosamente.
   Exatamente um minuto depois de Betty ter entrado no banheiro, ouviu novamente alguém mexer no trinco da porta.
   Desta vez, já adquirindo alguma experiência em como trepar em um banheiro de avião sem despeitar suspeita, com cuidado, olhou pela fresta da porta, antes de abri-la completamente.
   Agora era realmente seu esposo, visivelmente preparado para a ação.
   Betty teve que se levantar do vaso para que seu marido pudesse entrar…
-  Vai ser difícil! Exclamou.
-  A gente dá um jeito...
-  Deixa eu entrar antes de você levantar a saia… Assim não dá!
-  Espera! É melhor você ficar de joelhos, de costas para mim. Instruiu Brolha, com
   a experiência de um trepador aéreo profissional
-  Minha cara vai bater na parede… Ponderou Betty, falando baixinho…
-  É verdade! Vê se dá para você se debruçar na pia… Perguntou.
-  Não dá nem pra eu debruçar minha mão na pia, olha o tamanho dessa pia. Não  
   dá nem para lavar os dedos, quanto mais as mãos… Se eu fosse homem mijava 
   na pia. É mais fácil do que acertar no vaso com esse balanço todo…Ela 
   respondeu.
-  Meu amor, vamos nos concentrar na nossa “lua de mel” depois a gente conversa sobre a melhor
   maneira de mijar… Disse ele.
-  Já sei! Você ajoelha, abre as pernas um pouquinho e eu me ajeito entre alas.
-  Será que eu tiro os sapatos? Perguntou Betty.
-  Acho que não precisa. Só toma cuidado para não furar meu saco com os
   saltos se o avião balançar… Pediu, tentando se precaver.
   Ela virou-se cuidadosamente e se ajoelhou no tampo do vaso que, não aguentando seu peso, partiu no meio, fazendo com que seu joelho ficasse preso na borda do mesmo.
-  Cacete! E agora? Desesperou-se o ainda noivo, testemunhando, através do espelho, a única   
   maneira que no momento podia ver dor e sofrimento estampado no rosto de sua esposa.
-  Já sei! Disse ele, como se a lâmpada do Professor Pardal tivesse se acendido em sua cabeça…
   Imediatamente tirou o cinto, amarrou na perna da recém casada, com toda força, fazendo com que a perna se dobrasse ainda mais e, assim sendo abraçando-a pela cintura, ajudou a liberá-la do vaso.
   Ele estava pronto para voltar ao seu assento quando ela falou:
-  Onde você vai? Não vamos trepar?…
-  Pensei que você tivesse desistido… Pensei que estava com dor… Disse.
-  Estou com dor na perna. Não na “xereca”… informou Betty.
   Animado pela ponderação de sua esposa, voltou-se e, quando ela colocou um pé sobre o vaso, agora sem tampo, começou a revelar sua “masculinidade”.
-  Meu amor! Você já está “preparado”? Disse Betty, ao ver o que lhe estava sendo revelado.
-  Minha querida, desde que te conheci, tenho estado preparado constantemente… 
-  Que bom, meu amor… Disse Betty, beijando seu esposo amorosamente ao
   mesmo tempo em que se apoiava, com as duas mãos coladas nas paredes do  
   banheiro, não só tentando evitar maiores complicações como, também para 
   tentar consumar seu casamento…
   Ele levantou a saia da esposa e perguntou:
-  Dá p’ra você segurar tua saia?
-  Só se for com a boca… 
    Mesmo sem ter certeza se a resposta havia sido retórica ou não, pegou a ponta da saia de sua esposa e enfiou em sua boca, aberta, ainda rindo da resposta que havia dado à seu esposo que
com esforço e cometimento tentava “alcançar” sua esposa. Toda vez que 
tentava, via seu corpo ser empurrado em outra direção pelos movimentos bruscos do avião que parecia estar atravessando uma área de turbulência.
   Mas ele era decidido. Gostava sempre de terminar a tarefa que havia começado, por isso mesmo não iria desistir tão facilmente.
   Novamente, com o auxílio de ambas as mãos, tentando apontar seu “projétil” em direção ao “alvo”, foi jogado, desta vez contra a porta, batendo com sua cabeça no gancho de pendurar roupa, afixado na mesma.
   Não havia como evitar um grito de dor… “Fôda-se que todo mundo vai ouvir.” Pensou…
   Betty porém, antevendo o acontecimento, mesmo arriscando sua segurança e equilíbrio, colocou uma das mãos tampando a boca de seu esposo com toda a força, ao mesmo tempo em que este se preparava para dar um grito tão grande que, por si só, seria capaz de fazer o piloto frear o avião como se fosse um carro, evitando atropelar um cachorro que, ao atravessar a rua olha para os dois lados, vê uma porrada de carro passando mas que, assim mesmo, caga pra todo mundo e continua seu caminho.
   Alguns minutos depois, mais aliviado, tentava concluir a tarefa tão bem planejada mas, até então, tão mal executada.
   Agora parecia que o avião estava mais estável, já por alguns segundos.
   Aproveitando a oportunidade rara, tentou mais uma vez…
-  Meu amor, tenta usar os buracos que eu tenho, invés de querer furar outros… 
   Mais tarde, quando estivermos sozinhos na cama eu deixo você me furar em 
   outros lugares. Disse ela, amorosamente.
   O cara estava em um dilema… Era muito difícil “acertar” a mulher, que se mexia
mais do que gelatina em prato de criança mas, por outro lado, não queria desistir…
   Apesar de ter o ventinho do ar condicionado soprando bem em seu cangote, estava todo suado, desgastado física e emocionalmente, com a cabeça machucada, tonto de tanta porrada que deu nas paredes, ainda devendo “uma” à sua esposa, que não estava muito preocupada com isso, embora pronta para a “ação”.
   Finalmente, conscientes de que o destino e a turbulência haviam adiado sua lua-de-mel, resolveram voltar aos seus assentos.
   Betty saiu primeiro, cuidadosamente, mesmo sabendo que todos ainda estavam dormindo…
   Alguns segundos depois, Brolha abriu a porta e, certificando-se de que ninguém prestava atenção ao banheiro, voltava ao seu lugar.
   Havia dado apenas dois passos quando sentiu uma mão macia segurar seu pulso com determinação.
   Voltou-se para trás e viu uma senhora de mais ou menos noventa anos, muito bem apessoada, ainda segurando seu punho com firmeza chamá-lo, fazendo sinal com seu dedo indicador.
   Gentilmente ele se agachou, ao lado da senhora e olhando para ela com um sorriso amigo e respeitoso a ouviu dizer, bem baixinho:
-  Meu filho, já fui casada três vezes, tenho cinco filhos, quinze  netos e trinta e 
   três bisnetos, já viajei pelo mundo inteiro, já morei na Europa, Estados Unidos e 
   Guatemala… Bem! Ninguém é perfeito! Já passei por uma guerra mundial e me 
   sinto realizada…
   A esta altura, ainda agachado no chão, conformado, já estava se preparando
para ouvir a história da vida desta estranha, sem na realidade entender onde ela queria chegar… -  -   - Mas, o grande sonho da minha vida, continuou a senhora, sempre foi, dar uma 
   trepadinha em um banheiro de avião… Você me ajuda? Tenho medo de morrer 
   sem realizar meu sonho...
   O homem não sabia se ria ou se chorava…

   A senhora, olhando para ele com aquele olhar de cachorro triste que apanhou a vida inteira, ainda segurava seu braço com determinação, como se não fosse desistir de sua chance de, quem sabe, satisfazer seu ultimo desejo.






Copyright 8/2018 Eugene Colin.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

CHAPEUZINHO VERMELHO










                                            Chapeuzinho Vermelho











   Aos 37 anos de idade, Charles Wolf finalmente sentiu a necessidade de buscar sua educação universitária. Era quase um gênio em computação  mas, aparentemente, pelo menos para ele, achava que era hora de levar `a serio o que começou de brincadeira quando, ainda era uma criança que acabara a andar ha’ poucos anos, desmontou e montou novamente o celular de sua mãe. E’ bem verdade que conseguiu transformar um telefone em dois e que ambos não funcionavam mas, por outro lado, não podemos ser tao exigentes com uma criança que havia completado sua primeira conquista tecnológica.
   Charles, ainda um freshman na Universidade de Miami, adorava seus poucos amigos brasileiros que la estudavam. Por eles era conhecido por “Lobinho”, palavra estranha que mal conseguia pronunciar, mas fez com que se interessasse em conhecer aquele idioma para ele engraçado e difícil mas que o som o agradava.
   Quando aprendeu a pronunciar e entender o significado de “abundancia” começou a falar frases como “sei que o amor em tu abunda” ou “eu comi ja'” quando rejeitava um lanche que lhe era oferecido.
   Um dia, no refeitório, sentado `a uma mesa com mais de quinze colegas, a maioria brasileiros e ate’ alguns portugueses, provou o cha' que sua amiga Linda Bella (uma brasileira de ancestragem italiana) tomava, muitos exclamaram: 
-  Grose!
   Lobinho nem pensou. Imediatamente respondeu:-
-  Linda e’ meu amiga! Ela sempre deixa eu tomar cha’ no sua xereca...
   Todos riram. Mesmo os que não entenderam que xereca e xícara não são a mesma coisa.
   Mas, o importante e’ que Lobinho estava estudando e se divertindo no processo.
   No dia 31 de outubro, foi convidado por Linda para a acompanhar a uma festa de Halloween (Dia das Bruxas para ela). Como ela seria “Chapeuzinho Vemelho” pediu para seu amigo se caracterizar de Lobo Mau. 
   E’ claro que nem passava pela cabeça de Lobinho tentar comer a Chapeuzinho, ja’ que ela mal havia completado dezessete anos.
   Ao encontrar com ela em sua casa, foi indagado se se importaria dar uma parada no apartamento da avo’ para entregar algumas frutas que sua mãe havia comprado mas esquecera de levar.
   Lobinho, educado como era, obviamente concordou e la’ se foram os dois em seu Mustang conversível `a casa da avozinha.
   Assim que tocaram a campainha da casa, Linda, quer dizer, a Chapeuzinho Vermelho  foi logo pulando no pescoço da avo’ e, a cobrindo de beijos, entregou a cesta de frutas.
-  Pensei que as frutas eram para sua avo’. Ponderou Lobinho, falando baixo ao pe’ do ouvido de sua amiga, que respondeu:
-  Essa e’ minha avo’!
   O queixo do Lobinho so’ não caiu porque, ao contrario do que dizem, e’ impossível acontecer.
   A tal da vozinha era morena, alta, cabelos negros, olhos verdes, um corpo escultural, mãos delicadas e impecavelmente manicuradas, mulher que poderia fazer morrer de inveja qualquer atriz de novela pornográfica, violenta e repleta de incompetência da globo.
-  Vocês querem beber alguma coisa, antes de ir? Disse Mônica, a avo’ da neta.
   Quando ouviu aquela voz rouca e grave, nosso amigo, literalmente babou na fantasia. Estava na presença da mulher mais bonita que seus olhos jamais enxergaram. Ficou tao nervoso que deixou cair de sua mão, chaves do carro, de casa, sua carteira e ate’ um lenço que ele nem sabia como veio para ali.
   Os três conversaram por alguns minutos, nos quais Mônica não tirava os olhos do amigo de sua neta, achando que ele aparentava ser bem mais velho do que a menina. Quando sua amiga o convidou para ir, ele, mais apressadamente colocou em seu bolso os mesmos objetos que havia deixado cair e, menos apressadamente, havia colocado `a mesa de centro, bem a sua frente. Despediram da “avozinha” e se foram.
   Ja’ no carro, ao lado de Chapeuzinho, dirigindo em direção  `a festa, “inocentemente” perguntou:
-  Quantos anos tem sua avo'?
-  Cinquenta e cinco! Nova ne'? E’ uma historia triste que qualquer dia te conto. Disse sua
   companheira, risonha e feliz.
   A festa foi divertida. Para Chapeuzinho! Lobinho estava pensativo e boqueabundembasbacado, sem conseguir tirar a imagem da avozinha de sua mente.
   Por volta das nove da noite, Chapeuzinho perguntou `a Lobinho se poderiam ir embora. Disse que estava cansada, com o chapéu apertando sua cabeça e as calcas entrando e machucando sua xícara, quer dizer, xereca.
   Lobinho a deixou em casa, se despediu, e foi embora. 
   Ao chegar, agora `a sua casa, procurou pelas chaves da porta mas, não encontrou. Não estavam em algum de seus bolsos ou no carro.
-  So' pode estar na casa da avozinha. Pensou...
   Entrou novamente no carro e, chegando ao destino, muito sem  graça tocou a campainha.
   Para sua surpresa, viu a “senhora” abrir a porta balançando as chaves de Lobinho em sua mão, dizendo:
-  Você esqueceu mesmo, ou fez de proposito so' para voltar aqui?
   Ele ainda tremia de nervoso, sem saber direito o que fazer quando a “velhinha” o puxou pelo braço e tascou-lhe um beijo na boca.
   Mesmo nervoso, vencendo suas idiossincrasias, empurrou a nova conhecida no sofa' com um carinho quase violento e a comeu ali mesmo.
   O som da campainha da casa acordou aos novos amantes que ainda dormiam no mesmo local onde horas atrás haviam se amado com audácia.
   Era John Hunter (João Caçador), um antigo pretendente que cortejava Mônica, sem nenhuma reciprocidade.
   Experiente que era, a “senhora” despachou o “caçador” imediatamente, sem deixa-lo perceber que tinha companhia e muito menos saber que havia sido “devorada” na noite anterior, evitando assim que seu “protetor-pretendente”, talvez num ato de ciúme, tentasse meter uma faca na barriga do Lobinho, mesmo vendo que a avo' estava viva, feliz e realizada, bem `a frente de seus olhos.
   `As nove horas da noite ainda estavam conversando... A ele contou que aos 14 anos de idade, em uma cidade do interior, onde morava, havia sido violentada por um estranho e que, quando todos, inclusive alguns parentes, a aconselharam a abortar a criança, ela trocou as bonecas com as quais ainda brincava por um emprego para poder criar sua única filha. Com o auxilio dos pais que cuidavam da mãe de Chapeuzinho enquanto ela estudava direito, pode se formar e dar `a filha e aos pais o conforto no qual não lhe foi possível crescer. “Nunca me casei. Demorou muitos anos para que pudesse confiar novamente em desconhecidos, principalmente homens.” Falou... Confessou que quando viu Lobinho pela primeira vez, ao lado de sua neta, a principio se sentiu um pouco triste, depois percebeu que ele e sua neta eram apenas amigos, o que a deixou mais esperançosa de que aquele amor enfatuativo `a primeira vista pudesse, talvez um dia, ser reciprocado... Mônica, ao saber da idade de seu amante, concluiu que ele estava muito mais para ela do que para sua neta.
   Estava claro que Lobinho não tinha preconceitos e, por suas palavras e atitudes da noite anterior estava disposto a tentar dar `a vovo' o amor que ela nunca havia encontrado. 
   Foi com surpresa que, alguns dias após Halloween, ao se encontrarem no refeitório da faculdade, ouviu de Linda, a tal Chapeuzinho Vermelho:
-  O que esta’ acontecendo? Minha avo' anda me evitando e você foge de mim mais do  que lagarticha
   da boda de gato... 
   Meio sem graça cocando a cabeça, tentando esconder um sorriso maroto que seu rosto incontrolavelmente estampava, sem saber o que responder, olhando para sua amiga com aquele olhar de cachorro triste quando sabe que fez merda, a viu pular ao seu pescoço, da mesma maneira que havia feito com sua avo‘ dias antes, dizendo:
-  Ah! Ja' entendi... Ta' sem graça porque comeu minha vo', ne'? 
   A vida e' engraçada! Aquele caçador enche a vovo' de presentes por mais de três anos; e' perfume
   francês, vinho italiano, relógio suçco, chocolate alemão. Ate' um Rolls Royce ele trouxe para ela
   em uma viagem que fez `a Inglaterra. E' bem verdade que era um relógio de mesa de péssimo gosto
   imitando o carro mas, ela aceitou sorrindo e enfiou em algum lugar bem escondido, ao invés de
   jogar fora. Um dia chega você e da' `a ela uma linguiça usada e torta, ela aceita, e ainda fica toda
   feliz... Eu  não vou pedir para ele tirar ela de você mas, por favor, faca minha avo' feliz. Ela
   merece...
   Vovô!!!!!
   Com um sorriso nos lábios e semblante aliviado, Lobinho respondeu:
-  Eu prometo, Chapeuzinho Vermelho.
      




Copyright 11/2018 Eugene Colin

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

TROPPO TARDI.








                                                          Troppo Tardi









          Non ti amo più.
          Mentirei dicendo che
          Te voglio ancora come sempre.
          Sono sicuro che
          Nulla era invano...
          Sento profondamente dentro di me, che
          Tu non rappresenti niente.
          Non potrei mai dirlo
          Nutro un grande amore.
          Sento sempre più ogni giorno che
          Ti ho già dimenticato.
          E non userò mai la frase
          Ti amo!
          Scusa, ma devo dire la verità.
          Se non è troppo tardi...


          Ora, leggi la poesia dal basso verso l'altro, iniziano dall'ultima riga.







Copyright 5/2018 Eugene Colin.