sexta-feira, 28 de abril de 2017

BUNDA DOURADA












                                                        Bunda Dourada











     Brolha estava pensando em ir à decisão mas, não gostava de assistir a jogo de futebol sozinho. Em casa, na televisão, tudo bem mas, ir ao Maracanã sozinho não era algo que o atraísse. Naquele dia, uma vez convidado por seu amigo Três Pernas, companheiro de muitas peladas, aceitou acompanhá-lo.
    Três Pernas, era considerado por muitos residentes locais como um traidor… Como é que alguém, nascido e criado em Bangu pode torcer pelo Flamengo, pior ainda, tendo o Bangu como seu segundo time?
   Brolha, por sua vez era coerente. Torcia pelo Bangu desde pequeno fazia até questão que todas as suas namoradas fossem torcedoras do seu time do coração… Elas sempre disseram que eram…
   Mas, campeonato Carioca é coisa séria e, decisão é decisão…
   Como em todo jogo do Fluminense, o estádio estava repleto de mulheres. Naquele dia era mais fácil pegar uma mulher no Maracanã do que pulga em cachorro que não toma banho ha' muito tempo.
    Três Pernas queria sentar junto com a torcida do Flamengo o que Brolha rejeitou enfaticamente. Primeiro porque, na realidade, não torcia por nenhum dos times, segundo porque na torcida do flamengo so' tinha homem. Concordaram em ficar no centro, onde as torcidas se misturam e 
onde certamente poderia ate' apreciar nádegas rubro-negras que por acaso estivessem `a sua frente.
    Desde o inicio do jogo o Fluminense estava encurralando o Flamengo. 
A cada ataque a mulherada pulava mais do que pipoca em panela quente, balançando seus “atributos” como bandeiras no mastro…
   Brolha estava mais feliz do que pinto no lixo…
    Nem estava prestando atenção ao jogo, concentrando-se principalmente em uma loira que pulava em sua frente e, a cada pulo, revelava uma tatuagem no cox que dizia: “bunda que mamãe limpou vagabundo nenhum poe a mão”. Aqueles loiros cabelos muito longos e lisos refletindo os parcos raios de sol que naquele final de tarde se atreviam a atravessar a multidão e brilhar justamente nas costas da mulher, davam a ele a ilusão de que estava, pela primeira vez em sua vida, vendo uma bunda dourada.
    Aquilo estava deixando Brolha maluco… Estava doido para arranjar uma desculpa para encostar na moça, mesmo que por uma fração de segundos…
    Mais um ataque do Fluminense… A bola bateu na trave. No rebote um jogador do Flamengo roubou a bola, correu que nem um desesperado ate' chegar em frente ao goleiro tricolor. Olhou para trás e viu mais de quinze jogadores correndo em direção a ele. Fingiu que ia chutar para um lado, quando o goleiro se mexeu, chutou para o outro e marcou o primeiro gol do Flamengo.
   Os homem pularam de alegria, as mulheres sentaram consternadas…
   O jogo prosseguia e o Fluminense atacava mais ainda. A cada ataque a mulherada se manifestava…
    A certa altura, Brolha, ainda elaborando seu plano, viu um cachorro quente voar sobre sua cabeça e atingir a loura em cheio. Justamente quando ela tentava incentivar seu time. O cabelo da pobre ficou vermelho de ketchup que escorria por suas costas, o pão se espatifou em mil pedaços e a salsicha deslisou pelo pescoço e parou dentro do sutiã da moça, entre seus seios.
    Sem perder a esportiva ela se levantou, virou para traz e gritou, tirando a salsicha dos peitos e dando uma mordida: 
-  Ei! O filho da puta que me jogou um cachorro quente, da' pra me mandar um guarana'?
   Depois do acontecimento, Brolha achou que seria melhor se contentar apenas em apreciar aquele material do que tentar uma aproximação…
   O primeiro tempo terminava com a vitoria parcial do Flamengo…
    No intervalo, enquanto Três Pernas saiu para fazer xixi, Brolha ficou em seu lugar, apreciando a “paisagem”.
    Não tardou e a tal loira virou para trás, talvez tentando identificar quem a atingiu desrespeitosamente e, languidamente, deu um sorriso para Brolha que, apavorado, constatou que a moça, de cabelos tão bonitos e corpo escultural, não possuía os quatro dentes superiores. Ao notar que Brolha reparou esta característica marcante, ainda sorrindo para ele, meteu a mão nos peitos, que alguns minutos atras aqueciam a salsicha de um estranho e, tirando uma prótese, colocou em sua boca, justificando: 
-  As vezes eu fico com medo de perder o meu sorriso…

   Todos os “musculos” de Brolha, ate' então duros, relaxaram instantaneamente. Ele so' não mudou de lugar porque o Maracanã estava cheio e Três Pernas ainda não havia voltado para o segundo tempo da decisão do campeonato Carioca. So' esperava que, dali para adiante aquela mulher que havia tirado toda sua atenção do jogo que no gramado se desenrolava, o que para ele não fazia a menor diferença, uma vez que não dava a menor importancia a nenhum dos dois competidores, não virasse para trás novamente para que ainda pudesse, sem traumas, admirar aquela bunda dourada...







Copyright 8/20126 Eugene Colin

sexta-feira, 21 de abril de 2017

PER SEMPRE...











                                                Per sempre...







        Poco tempo ancora è passato...

        e, nella mia mente nulla ho dimenticato
        si dice che il tempo cancelli i ricordi
        o almeno li renda velati,
        ma quello che tra noi c'è stato
        niente e nessuno cancellare potrà mai,
        i tuoi occhi, il tuo sorriso,
        il tuo amore vero,
        i giorni con te passati,
        uno squarcio mi si è aperto nel cuore
        una ferita che porterò dentro
        e con essa un gran dolore,
        tutto mi riporta a te
        tutto mi parla di te,  
        vorrei che capissi i miei silenzi
        e poter riuscire a farti guardare il vuoto che ho dentro,
        l'orgoglio, l'odio, ci ha rovinto,
        io non ti ho mai tradita,
        e nemmeno il pensiero ho sfiorato
        ti avevo giurato con te o con nessuna
        ti sembrerà strano, forse non crederai
        un giorno mi auguro di reincontrarti
        e coi tuoi occhi guarderai
        che quest'uomo, il giuramento ha mantenuto
        nonostante tu non mi hai creduto,
        e mentre scrivo
        la gola è stretta in una morsa, mi attanaglia, 
        stringe forte, fino a togliere il fiato,
        vago senza una meta 
        i miei occhi ormai spenti
        non godranno mai più della tua luce,
        queste parole son dettate dal cuore
        non dalla mente,
        che ormai spenta
        nulla immagina, nulla pensa,
        ma tutto è fatto ormai
        e queste, lo so bene,
        sono parole che non leggerai mai
ti amerò per sempre.





Copyright 1/ 2001 Eugene Colin

da PensieriParole <http://www.pensieriparole.it/poesie/poesie-anonime/poesia-312037?f=a:1196>

sexta-feira, 14 de abril de 2017

TOO MUCH TO ASK?









                                      Too much to ask?








I'm not asking you to meet everyday
I could try & bare
When you are away...
All I need is just some care.
All I need is not to feel so much alone,
All I ask is a heart not hard as stone,
is to hear your voice over the phone...
All I need is to know you're fine
Is to know that you're mine,
to know that I'm in your heart,
even If we're going to stay for so long apart...
I'm not asking you to count every drop of rain! 
but, is to stop making me feel this pain...
I'm not asking you to count every particle of sand on the shore! 
All I need is to know that you love me from your very inner core,
is to know that I'm the only one you adore...
I'm not asking you to make the birds swim or the fish fly! 
All I need is not to hear the word 'Goodbye '
I'm not asking you to climb a mountain so high! 
Nor am I asking you to swim across the deepest sea! 
All I need is to show me that you love me...
I'm not asking you to walk a thousand mile! 
All I need is your very simple smile.
I'm not asking you to make the trees blue! 
All I need is to know that you're really true...
I'm not asking you for a diamond ring! 
All I need is a much humble thing
All that I seek is your attention,
all that I really need is some affection...
I'm not asking you for a princess dress! 
All I need is something much, much less
All I need is a gentle caress...
I'm not asking you for a castle of gold! 
I'm not asking you for more than you could posses! 
I need is not to feel foolish or old,
all I need is not to feel you're bored,
and not making me feel I'm ignored...
All I need is your gentle, kind word,
I won't want to fill like I'm your "third''...
I'm not asking you to make the year like it's longer! 
Please, don't make the week look much somber...
I'm not asking you to make the sun rise from the west! 
All I need is to sleep on your chest.
I want to hear from your heart every beat,
thus also making me feel I'm complete...

Is it too much to ask?





Copyright 3/2001 Eugene Colin

sexta-feira, 7 de abril de 2017

O GRANDE PICASSO










                                                                 O Grande Picasso









   Arnudo Bichou, acabara de realizar o sonho de sua vida... Estava super feliz e agradecido `a sua esposa Marta Talco pelo nascimento de seu primogênito.
   Amante das artes e, ao mesmo tempo talvez tentando vingar-se de seus pais, decidiu dar a seu filho o mesmo nome de um dos maiores pintores da humanidade, a quem admirava severamente...
   Se filho se chamaria Paulo Diego Francisco de Paula João Nepomuceno Maria dos Remédios Cipriano da Santíssima Trindade Mártir Patrício Luiz Clitóris e Picasso Bichou, tradução literal do nome do famoso pintor com apenas uma adaptação que, segundo ele parearia com a alcunha que definiu o pintor através dos tempos. O “Bichou” só entrou ali para dizer que o menino não era filho de chocadeira.
   Após alguns anos, quando o garoto começou a frequentar a escola, alvo de maldosas gozações, percebeu que talvez, em sua vingança, tivesse cometido um erro maior e mais grave do que seus pais. Só esperava que, que a adaptação ao nome do pintor não se tornasse uma sugestão maleficamente profética, nem desse ideias a seu herdeiro de se tornar um hermafrodito.
   Anos depois, sempre pensando no fato, andava um pouco mais tranquilo, depois que a terceira empregada doméstica se demitiu após relatar que o rapaz abriu a fechadura de seu quarto e, quando ela acordou assustada, viu o Picasso balançando `a sua frente já concluindo seu intento carnal que a embranqueceu com pavor...
   “Dos males o menor!” Pensava Arnudo, toda vez que acertava as contas com a empregada, tentando se desculpar pelo filho quando, na realidade, estava era muito satisfeito... Pelo menos seu filho era macho e, reparando bem, quando as “moças” a ele davam as costas, até que o menino tinha bom gosto... Especialmente Ermengarda, a ultima a se demitir, não era de se jogar fora. Pensando bem, dava de dez a zero na Marta Talco, sua esposa. Sentiu foi uma certa inveja do menino ao pensar: “se fosse eu ela não escapava, nem que eu tivesse que dopar a mulata”...
   Mas, o pior estava para vir...
   Aos dezoito anos, ao iniciar o cursinho para o ENEM, seus colegas, mais maldosos, ao saberem de seu nome completo, esqueceram o “Picasso” e, por causa do penúltimo nome, o apelidaram de “Bichaldo”.
   Ai o cara pulou... Embora na realidade, sabia ele, seus atributos físicos não fizessem jus a seu ultimo nome, ele não se importava... Ser chamado de Picasso era uma honra. Alem disso, ninguém nunca havia visto... Como poderiam desmentir ou apelida-lo que Piquinha?
   Agora, “Bichaldo”? Era demais! Não podia tolerar tamanha ofensa...
   Certo dia, ao saírem da aula, procurou Zé Melâncio para tomar satisfações... Tarde demais! A esta altura, todos os colegas sabiam que ele era o “Bichaldo”.
   Xinga daqui, argumenta dali, nada! Mesmo que o Melâncio quisesse, nada poderia ser feito. A única solução cabível era seguir pelas vias físicas, ou seja, cobrir o cara de porrada... Dançou! O colega lutava Karatê e só não machucou mais o Bichaldo porque ficou com pena...
   E agora? Se pelo menos o tivessem visto tomar banho e o apelidassem de Pintinho não seria tão humilhante...
   Em sua mente, a única maneira de se vingar de Melâncio, metido a galã, era namorar a garota mais bonita do cursinho...
   Por uma semana, Bichaldo, quer dizer, Picasso, prestou enorme atenção a todas as meninas. Não falava nada. Só butucava... Tomava em consideração altura, atributos físicos, desenvoltura, comportamento, som da voz, cor dos olhos... Enfim era como se fosse juri de um concurso de Miss Brasil...
   Reservou o Sábado para o desempate entre as duas melhores qualificadas: Ingrid, uma loira alta, lábios finos, olhos azuis, nariz afilado e empinado, filha de Suecos, rica pra cacete, a notar pela maneira como se vestia, gestos sofisticados, fala pausada, vocabulário próprio e pensado... O tipo da garota que o Melâncio gostaria de namorar e, Maria Mujinha, uma mulata baiana, de olhos verdes, lábios grossos, cabelos pretos e lisos, nariz grosso e chato, aparentemente muito simples e pobre mas... olha! Mais bonita do que qualquer mulher do mundo, além de, obviamente, ao notar seu rebolado, que fazia com que as saias rodadas que sempre usava, se movessem de um lado para o outro, como aquelas havaianas dançando “hula”, gostosa pra cacete.
   Mas a duvida persistia... O fato e' que, os olhos verdes da mulata não saiam da cabeça do Bichaldo, quer dizer, do Picasso mas, por outro lado, namorar a Ingrid significaria dar um tapa na cara do colega abusado.
   Outro problema... Como iria se apresentar `as colegas? As aulas haviam apenas começado e os colegas ainda estavam se conhecendo, não havia tido tempo de muita interação entre eles. E’ claro que não poderia chegar para uma ou outra e dizer:
 Ola! Sou o Bichaldo...
 Ola! Sou o Picasso, pior ainda. Seria como fechar as portas do futuro para sempre.
   Mas, o cara era esperto, apos pensar por algum tempo resolveu que um “encontro” casual seria a melhor opção... A escolhida receberia um encontrão na bunda, quando estivesse de costas para ele. O ato teria força suficiente para fazer com que a eleita deixasse cair todos os livros que abracava, sem, e' claro, machucar ou derrubar a “felizarda”.
   Genial! Agora só faltava escolher quem.
   Aquela duvida estava fazendo com que o Picasso ficasse com a cabeça dolorida.
   Aqueles olhos verdes... Mas, por outro lado, namorar a Maria significaria abdicar da vingança para sempre e, talvez abrir o caminho para o seu desafeto... O Melâncio jamais chegaria perto de uma mulata... Ele era muito esnobe, ja' estava bem claro.
   E’! Não tinha jeito... Tinha que namorar a branquela... Decidido!
   No dia seguinte, logo `a entrada do cursinho, a oportunidade ideal se apresentou. Na hora em que mencionou entrar na porta da sala, Ingrid correu para entrar `a sua frente.
   “E'” agora!” Pensou!
   Assim que se preparou para o “ataque” recebeu uma porrada que o atirou longe da Ingrid, de seus pertences e, da porta da sala.
   Ainda estava meio grogue, sem saber o que aconteceu quando viu bem `a sua frente um par de mãos delicadas, unhas vermelhas e bem manicuradas... Olhando um pouco mais acima pode ver aquele par de olhos verdes que rondavam seus sonhos por alguns dias e uma voz desgrenhada dizendo:
-  Num si avexe não colega... Sô meia zangaralhada assim mesmo... Mi dexa ajudar!
   Nosso amigo estendeu a mão, sem pensar... Quando, já de pé, perto da mulata, foi por ela abraçado, seu joelhos fraquejaram. Só não caiu ao chão porque Maria o segurava pela cintura... O coração do Picasso batia tao rápido que ele pensou que ia morrer ali mesmo...
   “A Ingrid? Esquece a branquela, não troco essa baiana por nada na vida”... Pensou enquanto era paparicado pela colega.
   Agora mesmo e' que o apelido pegou. O Bichaldo estava namorando a única mulata da classe mas, quer saber? O cara nem ligou, estava era feliz... Passaram a sentar juntos, se ajudar e destacarem entre os outros alunos...
   Uma semana depois, Maria Mujinha o convidou para conhecer seus pais.
   Picasso não era muito familiar com a cultura Baiana. No almoço, ao lado da nova namorada, comeu acaraje', vatapá e arroz doce de sobremesa... Adorou!
   Resumindo a história... Picasso e Maria Mujinha nunca mais se separaram... Estudaram juntos. Se formaram juntos. Fundaram sua própria firma de arquitetura e se mudaram para uma cidade do interior de Minas Gerais onde continuaram a prosperar...
   Anos mais tarde, quando se casaram, na noite de núpcias, Maria Mujinha confessou que se havia se apaixonado por ele, `a primeira vista e, como era muito tímida, bolou aquele esbarrão para que pudessem se aproximar.
   Naquela mesma noite descobrira também, ja' que haviam feito um mutuo voto de castidade ate' o casamento, que seu agora marido, não fazia exatamente jus ao seu nome, ou apelido se preferirem mas, em compensação havia presenciado uma especie de “milagre dos peixes”... Acabara de ver algo muito pequeno se multiplicar em tamanho de uma tal maneira imponente que ate' ele mesmo, Picasso,  se impressionara...
   O fato e' que hoje, estava de saída, `as pressas para o Aeroporto da cidade, onde receberia seus pais e os de Mujinha, para que juntos comemorassem o nascimento da primeira filha dos dois...
   E’ claro que havia aprendido a lição. Não queria saber de nomes como Bibinha, Cabrocha, Luluca, Periquita, Xana ou coisas parecidas...
   Nada melhor que dar `a menina o nome de Maria, o mesmo nome da mãe, nome forte simples, nome da sua amada, sua esposa, mulher maravilhosa que soube, como ninguém, conquistar seu eterno amor, aquele que ela sempre teve em sua mente  como o grande Picasso..
  
  
  
  





Copyright 9/2014 Eugenio Colin