quinta-feira, 25 de junho de 2020

ANãOZINHO










                                                            Anãozinho










    Mona Liza estava com sorte. Acabara de sair da Escola Normal e, de cara, arrumou emprego como professora na melhor escola de sua cidade.
    Como se tudo não bastasse, `a ela foi destinada a melhor classe de todas.
    Os alunos eram educados, asseados, amigos... Eram aplicados e adoravam estudar. De cara, todos gostaram da nova professora. Mona Liza era muito bonita... Olhos grandes, dedos longos, lábios carnudos, coxas grossas e pés finos e, apesar de ter acabado de se formar, ou talvez por isso mesmo, gostava de crianças.
-  Tudo corria perfeitamente bem para a nova professora e, também para a escola. Professor Salvador, o diretor daquele estabelecimento, estava super feliz... Tao feliz que, um dia, depois das aulas, quando ela ja’ estava de saída, a chamou de lado para uma conversa particular.
-  Dona Liza. disse o Diretor, queria lhe pedir um favor espacial...
-  Claro Professor! Respondeu ela.
-  Seguinte... Meu filho e' um pouco complicado. Bom menino mas e' um tanto rebelde, não gosta
   muito de estudar e, o pior...
-  Ainda tem pior Professor?
-  E' que ele adora falar palavrão... Fala uma palavra e três palavrões... Não sei mais o
   que fazer. A senhora o aceitaria como aluno? Não tenho como matricula-lo em outra
   escola. Ele tem que vir e voltar comigo... Sou pai solteiro. Sabe como e'!
-  Bem Professor, eu posso tentar. Não prometo nada mas, vou fazer o que puder...
   A assim foi feito.
   Dia seguinte, la’ estava Marquinho, o filho do Diretor.
   Mona Liza o tratava, de certa maneira, imperceptivelmente, tentava não fazer perguntas que pudessem gerar controversias, deixando-o mais ou menos `a vontade. Era como se tivessem feito um pacto secreto velado. De vez em quando at’e via o menino rebelde abrindo um livro ou, pelo menos, olhando na direcao do quadro-negro.
   Porem, uma coisa que incomodava Mona Liza era a mania do menino andar pela sala, de um lado pata o outro, aborrecendo aos colegas, testando sua paciência.
   O garoto era realmente muito indisciplinado mas, tinha algo muito importante a seu favor: era filho do diretor... Assim sendo, resolveu relevar os maus hábitos, e usar essa caracteristica do menino para faze-lo seu “secretario”. Fazia Marquinhos andar daqui pra la’, fazer isso ou aquilo, justificando assim, bem como usando a seu favor sua mania de desfilar pela sala de aula, por entre as carteiras dos outros alunos.
    O menino estava mais ou menos controlado e as aulas seguiam mais ou menos sob controle...

    Professora Liza tinha um método próprio no qual sempre tentava envolver os alunos no contexto de suas explicacoes. Não gostava de passar trabalhos para casa. Sabia que a maioria não seria executado e ela acabaria se aborrecendo. Achava que, se o aluno estudasse e fisese suas tarefas na escola, alem de aprenderem mais, e melhor, ela teria controle sobre seus desempenhos.
    Em uma Sexta-feira, quase ao final do dia letivo, quando não estava com muito saco para explicar mais nada, decidiu matar o tempo pedindo aos alunos para falarem a primeira palavra que viesse `a suas mentes depois de ouvirem uma letra que ela diria.
    Todos gostaram da ideia e começaram a sorrir, antecipando a diversão...
    Começou ela...
 -  Mariazinha, diga uma palavra começada com a letra P.
 -  Diz puta, diz puta! Sugeriu Marquinhos falando baixo ao ouvido de sua colega.
 -  Pastor, professora. Disse Mariazinha...
-   Muito bem! Agora, Gustavo, diga uma palavra com a letra M.
-   Diz merda, diz merda! Disse Marquinhos, atras do colega, falando baixinho.
-   Marmelada! Disse o menino.
-   Muito bem! E você Jorginho, diga uma palavra com a letra F.
-   Diz filho da puta, diz filho da puta... Insistiu Marquinhos.
-   Fazenda, professora.
-   Muito bem! Murici, me diga uma palavra com a letra C.
-   Diz caralho, diz caralho! Implorou Marquinhos.
-   Casa! Disse Murici.
-   Agora você Marquinhos, que esta’ andando pela sala inteira, sugerindo palavras aos
    coleguinhas, me dia uma palavra começada com a letra A.
    O pobre do menino pensou, pensou, e mesmo assim não conseguiu achar um único palavrão começado com a ela A. Depois de alguns segundos falou:
-   Anaozinho professora!
-   Muito bem Marquinhos! Muito bem!
-   E'! Mas com um cacete deste tamanho... Disse o menino abrindo os bracos,
    sugerindo algo enorme, no corpo do anãozinho...






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domingo, 21 de junho de 2020

PAI










                                                                   Pai







Havia um homem muito rico, possuía bens, uma grande fazenda, muito gado e vários empregados a seu serviço. Tinha ele um único filho, um único herdeiro que, ao contrário do pai, não gostava de trabalho, nem de compromissos.
O que ele mais gostava era de fazer festas e estar com seus amigos e de ser por eles bajulado.
   Seu pai sempre o advertia que seus amigos só estavam ao seu lado enquanto ele tivesse o que lhes oferecer depois, o abandonariam. Aos insistentes conselhos do pai ele não dava a mínima atenção.
   Um dia o pai já avançado na idade, disse aos seus empregados para construírem um pequeno celeiro e, dentro dele, ele mesmo fez uma forca e, junto a ela, uma placa com os dizeres:
   "PARA VOCÊ NUNCA MAIS DESPREZAR AS PALAVRAS DE SEU PAI.”.
   Mais tarde, chamou o filho e o levou até o celeiro e lhe disse:
-  Meu filho, eu já estou velho e, quando eu partir, você tomará conta de tudo o que é meu e eu sei qual será o seu futuro. Você vai deixar a fazenda nas mãos dos empregados e irá gastar todo o dinheiro, seus amigos vão se afastar de você e, quando você então não tiver mais nada, vai se arrepender amargamente de não ter me dado ouvido. Foi por isto que eu construí esta forca. Ela é para você e quero que você me prometa que se acontecer o que eu disse, você se enforcará nela.
   O jovem riu, achou um absurdo mas, para não contrariar o pai prometeu e pensou que jamais isso pudesse ocorrer. O tempo passou, o pai morreu, o filho tomou conta de tudo. Assim como seu pai havia previsto, o jovem gastou tudo, perdeu os bens, perdeu os amigos e a própria dignidade.
   Desesperado e aflito, começou a refletir sobre sua vida e viu que havia sido um tolo.
   Lembrou-se das palavras de seu pai, começou a chorar e dizer:
- Ah, meu pai..... Se eu tivesse ouvido os seus conselhos... Mas agora? Tarde demais.
  Pesaroso, o jovem levantou os olhos e, longe, avistou o pequeno e velho celeiro. Era a única coisa que lhe restava. A passos lentos, se dirigiu até lá e, entrando, viu a forca e a placa empoeirada e pensou:
- Eu nunca segui as palavras do meu pai. Vou cumprir a minha promessa. 
  Não me resta mais nada... Então, ele subiu nos degraus e colocou a corda no pescoço e pensou:
- Ah, se eu tivesse uma nova chance.
  Então se jogou da alto dos degraus e, por um instante, sentiu a corda apertar. 
  A sua garganta. Era o fim...Mas o braço da forca era oco e quebrou-se facilmente. O rapaz caiu e, sobre ele caíram jóias, ouro, prata, esmeraldas, pérolas, rubis, safiras e brilhantes - a forca estava cheia de pedras preciosas - e caiu também um bilhete:
  "Esta é sua nova chance. Eu te amo...
   Com amor. Seu velho e já saudoso pai. "





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sexta-feira, 12 de junho de 2020

SEM NENHUM TEMOR










                                                   Sem nenhum temor...






                   No dia que eu te vi,
                   depois que te conheci,
                   não sei se beijei tua mão,
                   se roubei teu coração,
                   se disse: "você e' linda"
                   ou, mesmo, seja bem-vinda
                   ao canto dos pensamentos
                   no qual, em todos momentos,
                   eu guardo tua presença
                   que faz tanta diferença
                   no mudo que então vivia
                   sem ter tua companhia…
                   `As vezes fico pensando
                   sozinho na rua andando
                   em como tão bom seria
                   manter esta ousadia
                   não por apenas um dia
                   mas numa vida sadia
                   agora a dois vivida
                   assim pro resto da vida,
                   amando, rindo, brincando,
                   dormindo e acordando
                   ainda de braços dados,
                   destinos abençoados,
                   dos que souberam sonhar
                   ousando se arriscar
                   nas artimanhas do amor
                   com fe', sem nenhum temor...          




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sexta-feira, 5 de junho de 2020

PROFISSAO PREFERIDA










                                              Profissão Preferida








Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.
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Pálido, porém perseverante, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo… "Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses".
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Passando pela principal praça parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos pássaros pretos. Pintou, prostrou perante políticos, populares, pobres, pedintes. - "Paris! Paris!" Proferiu Pedro Paulo. -"Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir".
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: -Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? -Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.

Ponderado, procurando preencher pretensão paterna, procedia, pensando poder posteriormente praticar pintura; profissão preferida.





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