segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

CHRISTOBEL








                                                                 Christobel






   Christobel, costumava dizer que o Natal como uma festa sem o menor sentido, apesar de viver em Santa Claus, Indiana, conhecida como "a cidade do Natal dos Estados Unidos."
   Segundo ele, a noite de 24 de dezembro era a mais triste do ano, porque muitas pessoas se davam conta de quão solitárias eram, ou quanto sentiam a ausência da pessoa querida que não esteve presente durante o ano.
   Mas, Chris era um homem bom. Achava que “Natal” foi criado pelo comercio para iludir o crédulo e vender tudo que ninguém precisava...
   Tinha uma família unida e amorosa, sempre ajudava ao próximo, e era honesto nos negócios. Entretanto, não podia admitir que as pessoas fossem ingênuas a ponto de acreditar que um Deus havia descido à Terra só para consolar os homens.
   Sendo uma pessoa de princípios, não tinha medo de dizer a todos que o Natal, além de ser mais triste do que alegre, também estava baseado numa história irreal; um Deus transformado em homem.
   Como sempre, na véspera da celebração do nascimento de Cristo, sua esposa e seus filhos se prepararam para ir à igreja e, como de costume, ele resolveu, mais uma vez,  deixá-los ir sozinhos, dizendo:
-  Seria hipocrisia da minha parte acompanhá-los. Estarei aqui esperando pela volta de vocês.
   Quando sua família saiu, sentou-se em sua cadeira preferida, acendeu a lareira, e começou a ver as noticias daquele dia, pela televisão.
   Entretanto, logo foi distraído por um barulho na sua janela, seguido de outro e, mais um.
   Achando que se tratava de alguém jogando bolas de neve, pegou o casaco para sair, na esperança de dar um susto no intruso.
   Assim que abriu a porta, notou um bando de pássaros que haviam perdido o rumo devido a uma tempestade e, agora tremiam na neve.
   Como aqueles passaros haviam notado a casa aquecida, tentaram entrar, mas, depois de repetidas tentativas chocando-se contra o vidro, machucaram suas asas, e não podiam mais voar. "- Não posso deixar essas criaturas aqui fora", pensou Chris. "- Como ajuda-las?"
   Ele foi até sua garagem, abriu a porta e acendeu a luz.
   Os pássaros, porém, não se moveram.
   "- Eles estão com medo", pensou...
   Então, entrou na casa, pegou alguns miolos de pão, e fez uma trilha até a garagem aquecida... A estratégia não deu resultado.
   Christobel abriu os braços, tentando conduzi-los com palavras carinhosas, tentou empurrar delicadamente um e outro, mas os pássaros ficaram ainda mais nervosos. Começaram a se debater, andando sem direção pela neve e gastando inutilmente o pouco de energia que ainda possuíam.
   Ele já não sabia o que fazer...
-  Vocês devem estar me achando uma criatura aterradora. Disse, em voz alta. Será que não entendem
   que podem confiar em mim? Finalizou..
-  Se eu tivesse, neste momento, uma chance de me transformar em pássaro, só por alguns minutos,
   vocês veriam que eu estou apenas tentando salvá-los! Disse, como se estivesse conversando om as
   aves.
   Neste momento, o sino da igreja tocou, anunciando a meia-noite...
   Um daqueles pássaros transformou-se em anjo com asas prateadas e reluzentes que se moviam ligeiramente, iluminadas por um raio de luz que vinha de uma das estrelas do céu. Tentando manter-se parado, poucos metros acima do chão disse `aquele homem assustado, imobilizado por uma cena inusitada pela qual não estava esperando:
-  Agora você entende por que Deus precisava transformar-se em Homem?







Copyright 2013 Eugenio Colin

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