sábado, 3 de agosto de 2013

BETTY






                                                                      Betty






   Elizabeth do Pinto Vermelho, carinhosamente conhecida por familiares e amigos como Betty, morava com seus pais em um apartamento de cobertura na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. No mesmo local onde ha’ dezenove anos atrás havia nascido.
   Naqueles dias todos estavam muito felizes. Ela havia ganho, devido unicamente `a seus esforços e ótimas notas, uma bolsa de estudos para a Faculdade de Economia da PUC.
   Betty, alem de estudiosa ao extremo, era também portadora de uma inteligência fora do comum. Ate’ ai’, tudo bem! Porem, o que a fazia ser estigmatizada principalmente pelas meninas de sua escola era o fato de, alem de tudo, ser indescritivelmente bonita. Era alta, loira, cabelos longos e bem tratados, olhos verdes, um corpo de fazer inveja `as mais famosas modelos internacionais, alem de possuir uma voz grave, requintada e sensual.
   Mas, Betty não era o tipo de pessoa a ser guiada pela opinião publica. Sabia o que queria na vida e sempre se mirava nos exemplos de seus pais, seus únicos e verdadeiros amigos, segundo verbalizara em varias ocasiões.
   Dona Bucetildes, sua mãe, nunca deixava passar a oportunidade de orgulhosamente relatar um episodio que para ela e seu esposo foram um dos mais importantes acontecimentos em suas vidas.
   Uma vez em uma daquelas reuniões entre professores, pais e alunos onde, principalmente os pais sempre ficam com um medo filho da puta do que pode acontecer, uma das professoras dava aos alunos, da mesma serie em que ela estudava, a oportunidade de, publicamente expressar opiniões sobre seus pais.
   “Se você pudesse, o que mudaria em seus pais?” Era a pergunta formulada a aluno por aluno... As respostas eram as mais honestas e reveladoras, principalmente para os pais...
-  Gostaria que fossem mais pacientes...
-  Queria que me dessem mais atenção...
-  Sempre rezo para que não briguem tanto...
-  Queria que passeassem mais comigo e meus irmãos...
-  Gostaria que me tratassem com mais respeito...
-  Queria que fossem mais carinhosos...
   E assim por diante. Cada aluno tinha uma observação. importante a respeito de seus pais.
   Quando chegou a hora de Betty responder `a pergunta, ela pegou o microfone, que espalhava frustrações pelas arquibancadas do ginásio da escola e falou, com o maior sorriso, olhando em direção. ao local onde seus pais sentavam:
-  Gostaria que meus pais fossem exatamente como são...
   O ginásio “explodiu” com aplausos enquanto seus pais não conseguiam esconder as lagrimas de agradecimento e satisfação..
   Nos finais de semana, enquanto algumas colegas se arrumavam todas e saiam, algumas ate’ escondidas dos pais, para festas ou encontros fortuitos, muitos deles com conseqüências desagradáveis, ela ficava, deitada a beira da piscina em seu apartamento, ouvindo musica, contemplando a paisagem maravilhosa que de seu apartamento podia deslumbrar e, agradecendo a seus pais por tudo que por ela faziam e pela vida de conforto a ela proporcionada.
   A única “amiga” que tinha naquele prédio era a menina do nono andar, Magnésia Torrada, “Maggie” como fazia questão de ser chamada, que na vida deu a maior sorte de ser rica e ter nascido na Lagoa. Se fosse dura e tivesse nascido em Bangu, seu apelido certamente seria “Caganeira”.
   Mas Maggie fazia Betty se divertir com suas futilidades:
-  Ei! Amiga... Esta semana comprei um sapato “supimpa”. Steve Madden! Custou mais de oitocentos reais. E’ lindão! tenho ate’ pena de usar...
-  Se você não vai usar, porque comprou? Respondia Betty, sorrindo.
-  Sei la! E’ bom comprar... Me faz sentir poderosa... Dizia Maggie.
    Betty apenas balançava a cabeça pensando; “quanta idiotice...”

   As ferias finalmente terminaram. Hora de encarar a faculdade...
   Betty estava um pouco apreensiva. Ouvira falar muitas coisas a respeito de Universidades. Os grupinhos que se formavam, os que queriam ser os mais importantes, os que eram relegados, os que queriam aparecer a qualquer preço...
   Sabia também que tudo isso fazia parte da educação. extra curricular. Como enfrentar o mundo, na maioria das vezes injusto e implacável, como lidar com rejeição., como superar a opinião publica, como se impor em um ambiente hostil... Sabia que poderia sempre contar com o apoio de seus pais e que com isso conseguiria superar qualquer obstaculo.
   No primeiro dia de aula ja’ pode ter uma ideia do que a esperava... Andava distraída `a procura de sua sala quando ouviu, em resposta a sua pergunta:
 Esquece onde e a sua classe meu bem. Vamos comigo ao banheiro e eu faco você
   se sentir como uma atriz de Hollywood enquanto segura o meu “Oscar”.
   Marcão., o apelido daquele rapaz, ficou injuriado quando viu Betty morrer de rir com a idiotez que acabara de ouvir. Esperava que ela ficasse chocada, ou com medo, ou saísse correndo mas, nunca, nunca, rir na sua cara...
   Aos poucos Betty foi se adaptando ao ambiente, `a ela hostil. Sua única amiga era uma moca muito humilde, Adelaide, uma órfã ja’ nos seus trinta e poucos, que havia trabalhado nove anos, juntando dinheiro para poder custear seus estudos.
   Ao saber de sua historia, Betty começou a se conscientizar das injustiças da vida. Ali estava ela, milionária, estudando de graça e sua colega tendo que economizar centavos para poder cuidar da filha e ainda cursar uma universidade.
   Um dia, ao chegar em casa quase chorando, conversava com seus pais `a hora do jantar `a respeito de Adelaide, os quais a ouviram atentamente. Seu pai explicava que o mundo não e’ cruel ou benevolente, apenas indiferente... Não ha’ justiça no mundo, existem apenas acontecimentos que se desfecham de maneira aleatória.
   Uma semana depois, sua mãe pediu que ela convidasse sua nova conhecida para com eles almoçarem no próximo Sábado. A principio Betty ficou reticente. Como seria a reação. de quem mora em um subúrbio pobre da cidade ao vivenciar todo aquele contraste. Seu pai porem, ponderou que e’ sempre melhor encarar o problema e aprender a lidar com suas consequencias, se não puder resolve-lo, do que fingir que ele não existe.
   Sábado, como combinado, la’ estava Adelaide com sua filha. Dona Tildes se encantou com a menina imediatamente. Depois de conversar bastante com Adelaide, apos o almoço pediu permissão para sair com sua filhinha para um passeio.
   Em casa, ao lado de Betty, seu pai trocou ideias com ela e sua amiga por horas. Aparantemente sobre futilidades, falava sobre filmes, livros, passeios que Adelaide havia feito, futebol, esportes em geral... Mais tarde, quando as duas amigas conversavam displicentemente, pediu permissão `a Betty e Adelaide para poder custear os estudos daquela amiga de sua filha. Sabia muito bem as despesas necessárias para uma educação superior... Foi difícil convencer Adelaide de que tinham mais do que suficiente para uma vida de luxo pelo resto da vida. Explicou a ela que estava preparado para financiar os estudos de sua filha.. Ponderou que não estava fazendo sacrifícios, apenas transferindo fundos.
   Adelaide não sabia o que dizer. E’ claro que estava surpresa. Primeiro, jamais pensara que Betty fosse tao rica como acabara de evidenciar não so’ pela casa que estava visitando, como também pela generosidade a ela oferecida. Para ela, sua colega parecia com quem, como ela, passava por dificuldades. Jamais havia visto por parte dela algum gesto que pudesse conotar ostentação.. Betty ia para a faculdade de ônibus. Foi com enorme surpresa que soube que aquela menina tao simples tinha um BMW conversível `a sua disposição. na garagem do prédio onde morava. Na hora do almoço, no refeitório da faculdade, quando não dividiam um sanduíche, comia arroz, feijão e ovo frito, como ela mesma também, mitas vezes, fazia.
   Depois de tantas surpresas, como se não fossem bastante, enquanto apreciava a magnifica paisagem que podia ser deslumbrada do terraço do apartamento, ouviu Dona Tildes e sua filha chegarem do passeio. A menina entrou gritando pela mãe, coberta por bolsas de compras que havia feito. Adelaide não pode resistir. Lagrimas felizes desciam de seus olhos discretamente...
   Foi, inequivocamente um dia insólito.

   As duas se encontravam quase que diariamente pelos corredores e salas da PUC. Betty estudava economia enquanto Adelaide atendia `as classes de psicologia.
   O tempo passava mas as hostilidades contra Betty não diminuíam. Ela porem não dava ouvidos aos comentários maldosos... Marcao continuava a assedia-la. Havia inclusive feito uma aposta que seria o primeiro da faculdade a “come-la”. Sabendo da aposta, por terceiros, ela resolveu tomar a situação. pelas rédeas. Aos poucos começou a ser mais receptiva aos assédios de Marcao. Depois de algumas semanas nas quais os dois haviam se tornado mais “amigos”, resolveu aceitar o convite para no próximo Sábado  leva-la a um Motel onde os dois de tornariam “intimos”.
   Marcão havia espalhado para todo o mundo que Betty seria “executada” naquele Sábado. Ela porem estava calma, ao contrario de seu companheiro que se comportava nervosamente.
   No dia do encontro, no carro de Marcão, enquanto dirigia, proferia obscenidades que longe de chocar sua parceira, a faziam usar de toda sua discrição. para não rir das bobagens que ouvia.
   Chegaram ao Motel.
   Assim que Marcão fechou a porta do apartamento onde estavam. Betty muito seria, encarava seu companheiro enquanto, como uma strip teaser profissional, começava a se despir. A cada peca de roupa que tirava, podia ver mais uma gota de suor descer pelo rosto do “machão” que dela se afastava lenta e amedrontadamente. Ao chegar perto dele, agora so’ com uma calcinha de rendas pretas cobrindo seu corpo escultural, começou a despi-lo com assertividade. Ao ver seus jeans caírem ao chão. deu uma bofetada em seu rosto ao mesmo tempo que, com a outra mão, o empurrava sobre a cama.
   Montou em seu corpo, sobra suas pernas, com toda sua forca, rasgou a cueca que o protegia, olhou para ele com uma cara de tarada, mais uma bofetada, desta vez com mais forca e segurando seu membro com uma das mãos, a outra rasgando a camisa que ainda o cobria falou: “ Vamos ver o que você tem a oferecer.”
   Betty teve dificuldades em manter em sua mão aquele “objeto” inútil que por entre seus dedos escorregava envergonhado, encolhendo mais do que minhoca quando e’ tocada.
   Marcão suava mais do que porco no sol apos a refeição..
   Betty olhava para ele e dizia: “ Come e’? Vamos meter ou não?”
   Seu companheiro, muito envergonhado, respondeu: “E’ melhor a gente deixar para a próxima vez...”
-  Mas você me perseguiu tanto... So’ pra isso? Disse Betty.
-  Esse troco não sobe? Disse Ela, agora olhando para o pintinho do Marcão, ainda em
   sua mão. “Que vergonha Marcão!” falou ironicamente enquanto saia de cima de sua
   “presa” que ate’ agora tentava entender o que havia acontecido com aquela menina
   tão quieta que ete’ então pensava intimidar.
   No carro, de volta para casa, Marcão não disse uma palavra enquanto Betty brincava com sua “vitima”...
-  Puxa vida! Eu ate’ ja’ estava animada... Toda molhada! E agora? Dizia sorrindo.
   Ao chegar na porta do prédio onde morava, ao se despedir, ela ainda brincou...
-  Sera’ que ate’ Sábado que vem você vira homem para me encarar?
   Marcão apenas baixou a cabeça e murmurou:
 Desculpe!

   Mas Marcão, alem de brocha, era covarde... Naquela segunda feira, havia espalhado por toda faculdade que Betty não tinha “conseguido” e começou a chama-la de Betty Frigida.
   Ela sabia muito bem que, se quisesse poderia mudar o apelido daquele babaca para “Bundão” mas, pensando bem, se fosse “frigida” como seu apelido verbalizava, estaria a salvo de outros “garanhoes” de desenho animado. Por isso, acolheu seu apelido e ficou livre de assédios inoportunos inconsequentes.

   Os anos corriam como ladrão depois do assalto. Num piscar de olhos ja’ estava cursando o ultimo ano de seus estudos. Havia ate’ arrumado um estagio na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro onde, por ja’ algum tempo pensara em trabalhar.
   Em seu primeiro dia de estagio resolvera ir para la’ de taxi. Afinal, da Lagoa, onde morava, ate’ a Praça XV, sede da BVRJ, era praticamente uma reta, sem muito trafego. Com o tempo saberia como e onde estacionar seu carro, se fosse o caso.
   Atravessou a rua e ficou a espera de um taxi... Quinze minutos! Meia hora, e nada...
Nenhum taxi `aquela manha... Sera’ que estão em grave? Brincou com seus pensamentos...
   A única saída era tentar outro meio de locomoção.. Esperava agora em uma parada de ônibus quando viu um homem, passar em um carro, acintosamente olhando para ela. Ainda pensou: “Oito horas da manha e esta cara ja’ esta’ paquerando... “
   Mal concluíra seu pensamento e la’ estava o cara, novamente, desta vez quase dando uma porrada num poste quando o carro passou por ela mas, a cabeça, invés de olhar para frente, contorcia seu pescoço, fixado que estava naquela linda loira.
   “Bingo!” Pensou... Se esse cara passar outra vez vou pegar a carona e parar na Praça XV. Deixou ate’ passar o ônibus que a levaria ao destino ir embora sem ela.
   Assim que o ônibus arrancou, o carro do admirador parou.
   Quando ele parou, Betty meteu a mão na porta, abriu e sentou-se, sem a menor cerimonia...
-  Tudo bem! Disse o homem.
-  Tudo! E com você? Respondeu Betty.
-  Não sei ainda! Vai depender de você... Respondeu o admirador.
-  Eu sei que você queria apenas uma aventura matinal mas, a verdade e’ que estou 
   super atrasada para o meu estagio na Bolsa de Valores e, se possível gostaria que
   você me levasse ate’ la’. Confessou Betty.
-  Sem problema! Respondeu o homem gentilmente.
-  Você não se importa? Indagou Betty.
-  Claro que não! Se posso te ajudar, fico feliz.
   Betty ficou, de certa maneira surpresa, passando a prestar mais atenção ao seu motorista ocasional. “E’ simpático!” Pensava, olhando bem para ele. “Tem um sorriso inocente... Vai ver e’ o maior comilão... Lobo em pele de cordeiro... Esses caras são perigosos... Se estivesse de bobeira não sei se dava para este cara... Puxa! Olha o tamanho do pe’ dele...  Esse cara e’ perigoso... Ainda bem que estamos quase na Praça XV ...”
   Assim que chegaram ao destino, Betty, instintivamente, meteu a mão na bolsa, rasgou um pedaço da primeira folha de papel que encontrou, puxou uma caneta, escreveu seu telefone e falou: “Me liga! Por favor, me liga...
   O homem pegou o papel displicentemente, agradeceu e arrancou o carro sem nem olhar para traz o que, de certa maneira, a incomodava ja’ que, ao invés de correr para poder compensar o atraso, havia ficado ali estática, no mesmo lugar, esperando pelo aceno ou olhadinha, o que não aconteceu
   Assim que tomou consciência de sua atitude pensou: “Sera’ que estou maluca? E se esse cara for um pervertido, um assaltante? Não! Ele não tem cara de assaltante. Parece ate’ inocente... Sera’ que ele vai me ligar?”
   Betty não estava nem se reconhecendo. Um estranho, que nunca mais veria em sua frente, não merece seu tempo. Pelo menos havia conseguido seu objetivo, embora atrapalhando o do outro... “E se ele não conseguir pegar ninguém hoje?” Pensava... Agora, alem de tudo, estava se condoendo por aquele desocupado que, `as oito da manha, ja’ procurava o que comer...
   Duas semanas apos aquela carona providencial, ela estava definitivamente convencida de que aquela estranho não a procuraria. Se serve de consolo, pensara, pelo menos me ajudou quando eu precisava.
   Betty estava realmente muito ocupada. Conciliar os estudos com seu estagio não era tarefa nada fácil. A Bolsa de Valores era, por si, so’ um ambiente muito estressante... Quase não tinha tempo para estudar mas, fazia o possível...
   No terceiro mês, desde que começara a trabalhar paralelamente aos estudos, estava realmente cansada. Naquele final de semana havia decidido, inclusive atendendo sugestão de seus pais, ficar em casa sem fazer nada, assistindo televisão e dormindo.
   Naquele Domingo `a tarde, acabado de despedir de seus pais, apos recusar um convite para jantar fora quando o telefono tocou.
 Três meses! Você me liga depois de três meses? O que você acha se eu desligasse o
   telefone na tua cara agora mesmo? Respondeu Betty, apos saber com quem falava 
   ao telefone.
 Não estou a fim de sair hoje. Estou muito cansada mas, se você quiser nos
   encontramos na porta do meu edifício para conversar um pouco. Disse Ela, agora
   menos agressiva.

   Em menos de uma hora, la’ estava aquele mesmo homem que a havia conduzido `a cidade. Ao vê-lo se aproximar, ainda de longe, pode notar que ele era mais alto do que pensara. Seu andar também era bastante assertivo, parecia ser confiante, certamente não era nenhum garotão... A medida que se aproximava, sua fisionomia se tornava mais nítida, como uma imagem distante sendo focalizada em um câmera fotográfica. Era simpático... Aos poucos, as primeiras conjeturas formadas ao longo daqueles dias em que aguardara um telefonema foram se desfazendo `a medida que aquele estranho se aproximava.
   Finalmente...
-  Boa noite, como esta’ você? Disse o homem.
-  Pensei que você não fosse me procurar mais... Retrucou Betty.
-  Desculpe! Meu nome e’ Brolha. Quer dizer, meu apelido. O nome e’ Brasilino.
-  Brolha! Apelido de Brasilino? Perguntou ela, sorrido, agora completamente
   descontraída.
-  Brasilino Olegário Hass. Duas letras de cada nome... Esclareceu Brolha.
-  Puxa vida! Pensei que nunca mais ia te ver... Disse Betty.
-  Bem, primeiro deixa eu esclarecer... Naquele dia em que te dei carona, estava
   testando um carro da oficina em que trabalhava como mecânico. E’ claro que não
   deveria ter te dado carona mas, não pude resistir. Você e’ a mulher mais linda que ja’
   vi em toda minha vida. Não achei que você perderia tempo com um mecânico. Fis um acordo
   comigo mesmo que so’ te procuraria se pudesse conseguir um emprego descente... Agora, pelo
   menos, estou trabalhando no BNDES. Justificou Brolha.
-  Não mudou nada! Você e’ a mesma pessoa, so’ que tem um outro emprego. Disse  
   ela.
-  Não sei! Estava envergonhando em te procurar. Foi preciso muita coragem para
   chegar ate’ aqui... Ponderou Brolha.
 - Você e’ sempre tao honesto assim? Disse Betty.
-  E’ a verdade! Se fingisse disfarçar ou tentar passar por quem não sou, você acabaria
   descobrindo a se decepcionaria comigo, findando assim a chance que teríamos, caso
   nos entendêssemos. Falou ele.
-  Você quer subir? Convidou Betty.
-  Não sei se e’ apropriado... Você mora so’? Indagou Brolha.
-  Não! Moro com meus pais mas eles saíram... Gostaria que você subisse para que 
   quando chegassem, pudesse te apresentar...
 - Você não acha que esta’ se apressando um pouco? Afinal, acabou de me conhecer...
   Disse Brolha.
-  Você e’ um bandido?
-  Não!
-  Assaltante?
-  Não!
-  Sera’ capaz de fazer mal a alguem?
-  Claro que não!
-  Vamos subir?
   Betty realmente não estava se reconhecendo. Parecia que conhecia aquele estranho ha‘ muito tempo. Estava absolutamente confiante.
   Brolha, por sua vez, mal estava acreditando no que estava acontecendo. Se Betty soubesse que so‘ o fato de estar a seu lado, sentir seu perfume, poder olhar de perto sua figura maravilhosa, o deixava tao nervoso que nem tinha coragem de chegar muito perto dela, certamente ficaria muito mais confiante do que ja‘ estava.
-  Olha! Pelo que vejo, pelo local onde mora, você deve ser muito rica. Pela tua beleza, 
   desenvoltura, deve ter muitos admiradores. Eu sou pobre, simples, moro em Bangu
   e, praticamente, não tenho onde cair morto.
-  Quanta bobagem! Primeiro, não estou te pedindo em casamento, so‘ para te
   apresentar a meus pais... Gosto que eles sempre saibam com quem ando e onde
   estou. Segundo, não preciso de ninguém para me sustentar. Realmente, meus pais
   tem o suficiente para me manter ate‘ eu poder tomar conta de mim mesmo. Sou
   independente e não tenho culpa de ter nascido rica.
-  Desculpe! Não quis te ofender...
-  O negocio e‘ o seguinte! Não sei porque, gostei de você... Pode ser que venhamos a
   ser o casal mais feliz do mundo. Pode ser que isso não de em nada... Mas, se não
   tentar, nunca vou saber se o que sinto e‘ apenas enfatuação. amorosa ou algo mais.
   Agora, cabe a você decidir se vai dar uma chance ao destino ou vai fugir, com o rabo
   entre as pernas... Disse Betty, em tom de brincadeira mas, falando seriamente.
   Brolha olhou para ela, com o coração. saindo pela boca, doido para “dar uma
mordida na carne fresca”, cocou a cabeça, deu mais uma olhada e ao abrir a boca
para responder ouviu:
-  Porque vocês eatão aqui na rua? Vamos la‘ pra cima, sua mãe faz um cafe‘ e você
   nos apresenta a seu amigo... Disse o pai da moça que acabara de chegar...
   Brolha não precisou responder... Ela agarrou o seu braço, abriu o maior sorriso, seu
 “amigo” olhou para ela, sem entender o que aquela linda jovem havia visto nele e,
 feliz, da vida, aceitou mais um “presente” que o destino lhe oferecia; o amor de Betty.



Copyright 2013 Eugenio Colin

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