sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MELHOR DO QUE NADA!






                                                     Melhor do que nada!







   Ontem, em um programa de televisão, assisti a entrevista de uma famosa atriz Americana das décadas de quarenta e cinquenta, reminiscendo a respeito de seu casamento com um, também muito famoso, ator (na época, o mais importante de Hollywood). Ela tinha apenas vinte anos de idade, ele quarenta e seis, uma enorme diferença, especialmente naqueles dias quando, costumes e padrões morais eram mais rígidos do que atualmente.
   Esta atriz era muito bonita e, apesar de muito jovem, ja’ era cobiçada por todos os homens. Ele, embora um dos mais famosos da época, certamente não era o mais bonito, ou o mais idolatrado pelas mocinhas, embora possuísse um carisma impar.
   Quando esta atriz o pediu em casamento, ele ficou chocado. E’ claro que apreciava a jovem atriz, ja’ haviam ate’ trabalhados juntos em alguns filmes, conversavam muito, eram amigos mas, sua admiração parava ai’. Nunca pensou que seria possível te-la como esposa.
   Ela ficou desconcertada quando seu pedido não foi aceito imediatamente. Talvez, ate’ um pouco de seu orgulho tenha sido ferido.
   Ele, disse a atriz ao entrevistador, havia confessado meses mais tarde que, pela primeira vez em sua vida não sabia o que fazer. Gostava daquela atriz mas, achava que a diferença de idade entre eles era muito grande.
   Conversando sobre suas indecisões com um outro ator, amigo de ambos, este perguntou: “Quantos anos você acha que viveriam sem problemas, ate’ que esta diferença de idade começasse a interferir em suas vidas?” “Talvez uns cinco anos!” Respondeu ao amigo. Este então retrucou: “Cinco anos e’ melhor do que nada, não acha?”
   Os dois se casaram e viveram felizes por onze anos, ate 1957, quando ele faleceu.

   Esta entrevista então me lembrou a historia de meu amigo Élio e Sheila, sua namorada por quatro dias pessoalmente e dois meses “epistolarmente”.

   Sheila conheceu meu amigo através de um site de seminários literários que ele participava. Ali, poemas eram escritos e a discussão sobre as obras aberta ao publico. Duas vezes por semana ela mandava comentários, elogios, opiniões e ate’ pedidos para poemas a respeito de um determinado tema.
   Estava tao eufórica a respeito daquele homem que acabou, primeiro descobrindo seu telefone para contato e, apos algumas conversas, praticamente o “intimando” a visita-la na cidade onde residia.
   Sheila residia no Brasil, ele, nos Estados Unidos.
   Élio atendeu ao “pedido” de conhece-la, sem muitas pretensões ou esperanças mas, acabou com uma opinião favorável a respeito dela. Sheila era inteligente, muito afável, educada, interessante, apesar de sexualmente reprimida ao extremo, o que foi descoberto no primeiro dia do encontro...
   Essa característica so’ não era obvia para ela... “Jamais faria isso!” era a maneira que ela encontrava para indicar sua preferência sexual (“tara” em Português claro), em dado momento...
   Élio era um homem experiente. Naquela época estava com sessenta e cinco anos, embora aparentasse menos de cinquenta. Extremamente educado, gentil, considerado, parecia que havia estudado para ser um cavalheiro. Ouvia, prestava atenção, entendia o psique das mulheres, tinha bom gosto, sabia agradar sendo genuíno.
   Naqueles quatro dias Sheila conseguiu “botar pra fora” toda sua vida de repressões sexuais. Estava perdidamente apaixonada como ela mesma havia confessado... Mas, havia um problema. Sério! Ela tinha apenas quarenta e quatro anos...
   Você tem a idade da minha mãe! Disse uma vez, aos prantos, em uma conversa telefônica.
   Era visível, mesmo `a distancia, mesmo ao telefone, que ela sabia o que queria mas, temia de que maneira sua família, ou a sociedade em geral, reagiria diante daquela situação. Reação tipica de uma pessoa reprimida... Mais uma prova clara de como toda sua vida tinha sido manipulada por regras, normas e tabus que na maioria dos casos so’ se aplica ao alheio.
   No dia do aniversário de Élio, em uma conversa ao telefone disse: “Voce não foi, não e’ e nunca sera’ prioridade em minha vida”. Ele ainda tentou procurar saber de onde vinha aquela afirmacão meio aleatória, ao que ela respondeu: “Do fundo da minha alma.”
   Foi a ultima vez em que conversaram...

   E’ claro que meu amigo ficou triste, chocado... Não havia recebido o melhor presente que dela podia esperar mas, mesmo triste, mesmo desapontado, mesmo ferido, seguiu sua vida.
   Talvez para fugir do ambiente que no momento se associava com tristeza e desapontamento, resolveu passar uns dias na Itália. Sempre teve vontade de conhecer `a Europa mas nunca tivera tido a chance.
   Mesmo nos pouco tempo em que estiveram “juntos” ja’ haviam feito planos... Assim sendo, trazendo com ele para aquela viagem as mesmas tristezas das quais estava tentando fugir.
   Verona, local escolhido para a primeira parada no país, não merecia ser visitada com tanta tristeza como aquela que aparantemente carregara em sua “bagagem”.
   Embora tentando seguir sua vida na maior normalidade possível, nada era normal. Estava em um local estranho, sem amigos, sem namorada, sem ânimo, com uma puta dor de cotovelo... Nada bom!
   E’ claro que não deveria ter vindo... Como pensara varias vezes mas, agora não tinha jeito. A alternativa era tentar fazer o melhor do pior. Se e’ que, estar na Itália, visitando locais históricos maravilhosos, cheio de Italianas, que para ele sorriam a todo momento, doidas para levar um amasso, pode ser considerado “o pior”.
   De Verona, foi para Roma. Aparentemente, a mudança de ares melhorou um pouco seu estado de espirito... Como qualquer turista, de qualquer parte do mundo, que chega em Roma, visitar o Coliseu esta’ no topo da lista. Tentou! Não conseguiu! Assim que chegou perto dos arcos, sentiu um mal estar inexplicável. Um ambiente pesado e triste... Saiu dali o mais rápido possível. De longe admirava a maravilha arquitetonica embora a ideia `a qual aquela construção se propusera o repugnava.
   So’ em Roma pode apreciar as delicias culinárias da Itália, embora, o que mais o agradava era sentar em uma mesa de calcada de um bar e, degustando vinho enquanto beliscava pão com “dip” de azeite e especiarias locais, observando aos movimentos das pessoas que por ali passavam, tentando adivinhar suas historias. De onde vinham, para onde iam... Alguns conversavam alegremente com amigos, outros, sozinhos mostravam sinais de tristeza ou preocupação... Tantos, falavam ao telefone, marcando um encontro que talvez durasse apenas algumas horas ou aquela noite ou, procurando um membro da família que não haviam conseguido contactar durante o dia... Élio, como escritor, aprendera a prestar atencao `a reacoes pessoais, imaginar diálogos, tentar penetrar no íntimos daquelas almas ou, quem sabe, emanar alguma inspiração para uma nova historia que alguem, porventura, deixasse escapar de seus pensamentos.
   Seu segundo dia em Roma foi um pouco melhor. Estava mais conformado... Sabia que não podia controlar seu destino, se este estivesse, momentaneamente dependente  dos sentimentos de outra pessoa.
   Naquela noite, ao sair do hotel, foi informado que havia um bar, não longe dali, que oferecia musica ao vivo. Gostava de musica Italiana, estava entre suas preferidas...
   Ao chegar ao local, ficou surpreso... Aquele “bar” nada mais era do que um night club estilo Americano. No palco, um pianista, baterista, um guitarrista, pistonista e, do outro lado do palco, um órgão. Sem musico, abandonado, relegado ao ostracismo... A musica, de boa qualidade o agradava. Seus olhos porem, não saiam daquele instrumento mesmo sem uso naquela noite. Élio, alem de escritor, era também musico. Tocava órgão, piano e harmônica.
   Depois de alguns minutos, em um intervalo, quando os músicos possivelmente descansariam um pouco, se dirigiu ao gerente e indagou se podia tocar um pouco. Este  o apresentou ao pianista, responsável pelo grupo que, embora fosse Italiano vivera nos Estados Unidos por muitos anos o que facilitou enormemente sua comunicação.
   Élio sentou-se ao órgão e começou a “brincar um pouco” alguns acordes soltos come se estivesse se “aquecendo” para sua apresentação. Aos poucos começou a tocar alguns standards americanos, musicas que o acompanharam em sua infância e que ate’ hoje o faziam companhia, principalmente em horas como as que naqueles dias vivia.
   Estava tao embebido em seu próprio êxtase que nem percebeu os músicos que antes tocavam, `a sua volta. A pedido do pianista concordou, naquela noite, fazer parte do grupo que alguns minutos antes admirava.
   Musica, assim como literatura, tinham um efeito catalizador em meu amigo. Conseguia transferir para o papel ou para as teclas os mais íntimos e profundos sentimentos que o envolvia em determinado momento. Assim aconteceu `aquela noite. A audiência não poderia ter sido mais receptiva. A incorporação de um organista havia sido o “chantily do bolo”.
   No final da noite, o chefe dos músicos o convidou para, se concordasse, fazer parte daquele grupo, enquanto estivesse em Roma.
   Nada melhor para ocupar e transferir os pensamentos de Élio. Mais um dia, tocando no bar, e decidiu permanecer em Roma pelo resto de suas “ferias” ao invés de visitar outras cidades.
   Praticamente fazia parte daquele grupo. Por dias tocava ali todas as noites. No ultimo dia antes de sua volta para a América, ao se despedir, o pianista pediu que ele o aguardasse por alguns minutos. Ao voltar, ofereceu a Élio uma posição permanente, se assim o desejasse, agora, como um musico contratado, com salario... Ele olhou para o pianista, olhou para o órgão, cocou a cabeça, pensou um pouco, e aceitou o convite, pelo menos temporariamente, como explicou.
   New York, New York, o nome daquele bar, começou a ver suas mesas lotadas, cenário completamente inverso ao que meses atrás quase havia obrigado ao dono daquele bar encerrar suas atividades. Por acaso, haviam encontrado a solução que vinham procurando ha’ anos. Aos poucos outros músicos passaram a visitar aquele local, tocar um pouco, cantar um pouco, conversar, trocar ideias, socializar com outros amantes da musica Americana, ali tao bem representada por aqueles músicos, um Italiano, um Frances, um Alemão, um Espanhol e Élio, meu amigo Brasileiro. Retrato tipico da América.
   Muitas vezes, enquanto os músicos descancavam e Élio tocava sozinho, as pessoas conversavam um pouco mais alto do que o “aceitavel” em um bar. Ele não se importava, pelo contrario, tocava mais baixo ainda como se estivesse fazendo um fundo musical para aqueles diálogos, o que, certamente agradava aos frequentadores que pareciam ate’ estar treinados. Na hora certa, meu amigo tinha um dom especial. Gradualmente começava a tocar mais alto ate’ executar um glizando, que finalizava com uma nota muito grave e permanente por alguns segundos. Sinal que era a hora de diminuir a conversa e prestar atencao na musica.
   Um dia, enquanto meu amigo tocava sozinho, uma mulher, aparantemente muito jovem, perguntou se podia cantar uma cancão. Agora, como integrante do grupo e, acostumado com a leniência de todos que ali trabalhavam, se propôs acompanha-la. Assim que começou a cantar, todos que ainda conversavam, imediatamente dirigiram olhares e atencao a ela. Sua voz era grave, suave e agradável. Élio tocava ainda mais baixo, procurando faze-la ressaltar ainda mais... Os outros músicos, que ainda descansavam começaram, um a um, a voltar e tocar seus respectivos instrumentos. A cada um que chegava e começava a tocar ela virava, dando um sorriso como se estivesse agradecendo sua contribuição, a cada um deles os aplausos eram dirigidos pelos que se maravilhavam com o que ouviam. Uma canção foi seguida por uma outra, mais uma, e quando a jovem mencionou sair do palco, agradecida, todos pediram que continuasse. Aquela menina cantou canções em Inglês, Italiano, Frances e Espanhol.
   Não era verdade, aquilo não podia estar acontecendo, pensara Guilhermo, dono da New York, New York. Ja’ estava feliz com o que fortuitamente havia conseguido mas, aquela menina era muito mais do que podia esperar acontecer em um “fundo de porao” de uma viela de Roma.
   Guilhermo veio logo em seguida cumprimentar `a moca. Os outros músicos exibiam um sorriso que por si so’ expressava claramente o que pensavam a respeito daquela apresentacao.
-  Como você sabia em que tom me acompanhar? Como sabia o que eu ia cantar? Perguntou Gigliola,
   nome da jovem, ao final da noite, depois que o bar estava vazio.
   Élio apenas sorriu em resposta.
-  De onde você e’? Perguntou ele.
-  Sou daqui mesmo, moro em um subúrbio da cidade. Disse Gigliola.
-  Você costuma vir a este bar? Indagou meu amigo.
-  Nunca vim aqui antes desta noite. Uma amiga me disse que havia aqui estado e
   ouviu um organista maravilhoso tocando sozinho. Sempre tive fascinação por órgão. `As vezes,
   sozinha em casa, ficava ouvindo por horas, cantando, acompanhada pela gravação. Tenho gravações
   de todos os organistas que conheço e, ate’ de alguns a mim desconhecidos que acabo descobrindo.
   E você, de onde e’?
-  Nasci no Brasil mas moro nos Estados Unidos. Respondeu ele.
-  E o que faz aqui, tao longe dos dois países? Perguntou Gigliola.
-  Vim a Roma para visitar, um dia dei uma “canja” me convidaram para tocar 
   permanentemente e, aqui estou. Respondeu ele.
   A conversa continuava animada entre os dois. Um pouco mais tarde, Guilhermo se aproximou,
   agradeceu mais uma vez `a jovem e disse, se dirigindo a Élio:
-  Aqui esta’ a chave da porta de entrada. Tem comida na geladeira e bebida no bar. Quando vocês
   saírem, por favor, feche a porta e me devolve a chave amanha.
  
   A conversa se estendeu ate’ as cinco da manha quando Élio se ofereceu a acompanhar Gigliola ate’ sua casa.
   Quando la’ chegaram seus pais ja’ estavam acordados. Fizeram questão que ele ficasse para o cafe’.
   A certa altura, não querendo abrir mão da companhia e da conversa fascinante que a entertia tanto, Gigliola convidou meu amigo Élio a ficar para o almoço.
   A conversa na hora do almoço era agradável e divertida, regada por fettuccini e chianti.
   Ao descobrirem que Élio ainda residia em um hotel, convidaram para que  morasse com eles. A casa era antiga e tinha alguns quartos vazios. Gigliola, filha única e por vezes solitária, principalmente devido a grande diferença de idade entre ela e seus pais, o que de certa forma dificultava um pouco a comunicacao, estava mais do que feliz com a oferta. Agora tinha com quem conversar sobre musica com alguem que era capaz de tocar o instrumento que mais apreciava.
   Meu amigo estava relutante. Primeiro, não sabia se seria apropriado morar na casa de estranhos, que acabara de conhecer. Segundo, porque não sabia se conseguiria resistir aos encantos daquela bela jovem que tao rapidamente tomara conta de seus pensamentos em apenas um dia. Terceiro porque, quanto mais longe do fogo menos chance teria de sentir sua bunda queimada.
   Mas, pensando bem, estaria seguro. Não era possível que aquela linda jovem Italiana fosse se interessar por um Carioca, duro, nascido em Parada de Lucas, criado em um orfanato, sem nunca ter conhecido seus pais, que so’ conseguiu sobreviver devido `a caridade de um orfanato... Alem do mais, não pagando diárias de hotel, certamente teria condições de ajudar um pouco, monetariamente, `aquela família que, pela aparência do ambiente em que viviam, realmente precisavam de ajuda.
   Para a alegria de Gigliola e, de certa maneira de seus pais, aceitou o convite. No dia seguinte, traria seus poucos pertences `a casa de seus novos amigos Italianos.

   Eram seis horas da tarde quando os dois saíram em direção ao hotel no qual Élio ainda se hospedava para retirarem seus pertences e se dirigirem ao bar onde se apresentariam.
   E’ claro que Gigliola foi convidada para fazer parte do grupo. Aceirou a oferta de Guilhermo sem mesmo procurar entender de quanto se tratava. So’ queria cantar, acompanhada por aquele grupo que tanto a encantara desde os primeiros acordes que emolduraram sua voz.
   Em menos de um ano, New York New York era o local mais badalado de Roma. Aquele minusculo bar que pouco tempo atrás funcionava de dez da noite `as duas da manha, de terça `a sexta, agora abria, diariamente de seis da tarde, para uma especie de “Happy Hour” ate’ `as três da manha, de segunda a sábado. Foi necessário ate’ uma remodelação para que, um melhor planejamento do parco espaço, pudesse espremer os músicos e abrigar mais clientes.
   Élio, que começou apenas com uma canja, hoje se tornara em um musico regiamente remunerado, assim como os outros músicos e ate’ aquela jovem que apenas queria ouvir os sons de seu instrumento favorito acompanhando sua voz.
   Aquela convivência diária, fizeram com que meu amigo e a jovem cantora se aproximassem ainda mais. Dia apos dia, conheciam que tinham muito mais em comum do que apenas o gosto musical.

   Em uma tarde de domingo quando Gogliola e Élio sentavam `a varanda da casa onde  residiam, ela virou-se para meu amigo e, segurando sua mão com carinho, como poucas vezes havia feito antes, sentou-se a seu colo e, depois de um beijo apaixonado, que ele, e’ claro, respondeu, afinal de contas não e’ todo o dia que Papai Noel aparece e, tascou-lhe a pergunta:
-  Casa comigo? Ou, pelo menos, vamos viver como namorados ou marido e mulher,
   ou de qualquer maneira que quiser? So’ quero poder fazer você sentir todo o carinho,
   amor, amizade que tenho por você...
   Meu amigo so’ não perdeu o queixo no chão porque queixo não cai, apesar do ditado. Mas, ficou alguns segundos sem saber o que dizer, fazer ou pensar.
-  Quantos anos você tem? Foi a clássica pergunta que conseguiu fazer...
-  Vinte e cinco!
-  Gigliola! Eu tenho Sessenta e cinco... O que você tem na cabeça?
-  Tenho amor, carinho, admiração, felicidade... Tudo inspirado por você.
-  Isto não faz sentido, você e’ apenas uma menina...
-  Então que dizer que se eu encontrar alguem de minha idade, com quem não tenho a 
   menor afinidade, devo me entregar?
-  Não! Deve tentar conhece-lo, depois então...
-  Agora você esta’ falando como um velho! Interrompeu ela.
-  Desde quando você sente assim?
-  Desde o dia em que você me trouxe em casa...
-  Isto foi no dia em que te conheci!
-  Desde então. Enfatizou ela.

   A principio Élio ficou embaraçado, sem saber o que fazer. E’ claro que estava enfatuado por aquele sentimento. Gigliola era uma das mulheres, ou meninas, mais lindas que jamais havia visto, mas quarenta anos de diferença era mais do que qualquer “machao” conseguiria superar...
   Élio so’ aceitou a realidade de sua sorte no dia em que, dizendo que talvez não conseguissem viver como um casal por mais de três anos, ouviu em resposta:
-  O que e’ melhor, três anos ou nada?

   Sheila ainda esta’ so’. Tem uma pagina em varias redes sociais onde, em quase todas suas fotos, sopra beijinhos pensando que ainda e’ uma cocotinha. A idade ja’ a encontrou e ela ainda não percebeu.
   Gigliola e Élio vivem juntos por dez anos, tem uma filha, repartem seus talentos com os frequentadores no mesmo bar, ainda moram na mesma casa onde os avós mimam a neta ao extremo, enquanto os pais trabalham. Nestes últimos anos a vida tem sido muito generosa com meu amigo. Talvez tentando compensa-lo por tantos desachegos em seu passado.

   No ultimo ano Élio veio ao Brasil me visitar, trazendo sua esposa e filha. Nunca o vi’ tão feliz, radiante e jovem. Gigliola e', realmente, uma das mulheres mais lindas do mundo e Grazia, sua filha, e’ uma bela prova do que o amor e’ capaz...
   Tudo isso aconteceu porque Élio sempre achou que alguma coisa e' melhor que nada...










Copyright 2013 Eugenio Colin

  
  

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