terça-feira, 13 de agosto de 2013

DAS ANKUNFT







                                                     Das Ankunft







   Ainda de longe, chegando em casa, pude ver Jeralda, a minha vizinha com algo no seu colo. Mais de perto, quase `a porta da minha garagem pude ver que se tratava de um cachorrinho...
   Era um Basset Round, aqueles de pernas curtas que mais parecem uma salsicha do que um cachorro. Mas, o importante e' que as duas estavam felizes. A cachorrinha abanava o rabinho com tanta forca que Jeralda fechava o olho a cada vez que levava uma porrada no rosto pelo rabo de sua nova companheira.
-  Olha so' o que ganhei... Disse ela toda feliz assim que me viu.
-  Puxa! A quanto tempo não te vejo... Você anda tao quieta. Nem tenho escutado tua voz... Ja'
   "batizou" a bichinha? Falei.
-  O nome dela e' Mel. Ela e' marronzinha, parece um pote de mel.
-  Além da Mel, que mais anda acontecendo com você? Perguntei.
-  Ando meia preocupada. Respondeu.
-  O que aconteceu agora? Indaguei.
-  Sabe, o Caio? Aquele cara de São Paulo que conheci? Esta' querendo vir aqui me ver...Disse
   Ela.
-  Mas, qual e' o problema? Perguntei, achando engraçado... Por sua atitude, parecia que estava
   decidindo sobre o futuro da humanidade.
-  Sei la'! E se ele for feio, ou baixinho... Se tiver mal halito? Ele disse que fala Alemão... E se eu não
    entender nada que ele fala? Respondeu ela.
-  Porque você não vai por partes? Se ele for feio, ou anão, e você não gostar, não vai precisar saber
   se ele tem mal halito. Se não entender nada do que ele fala, fica quieta ete' ele cansar de falar
   sozinho e ir embora. Concorda? Ponderei.
-  Sua mãe ja' sabe disso? Perguntei.
-  Sabe!
-  E, o que ela disse?
-  Nada! Disse que se ele vier `a cidade que eu o convide para almoçar.
-  Então pronto! Esta' resolvido. Disse.
-  Tô com medo! Disse Jeralda.
-  Faz o seguinte... Se ele for realmente baixinho e fraco e estiver te aborrecendo, me grita e eu dou
    uma surra nele... Sugeri.
-  Puxa! Você não leva nada a serio... Eu estou morrendo de preocupação e você esta' brincando...
   Disse ela.
   Mais tarde, fui ate' o portão de sua casa e deixei este poema para ela. Espero que tenha lido...



 
   Mamãe, tive um sonho horrível.
   Estou ainda tremendo,
   meu braco coçando, sensível,
   com o dedo do pe' doendo...

   Em uma cidade plantada,
   esperando la' pelo Caio,
   cansada de ficar sentada...
   - Daqui sem ele não saio!

   Pousou o primeiro avião,
   correndo pra porta fugi,
   com dor no meu coração
   ate' calafrios senti...

   Pro meu relógio olhava,
   avião, avião e nada,
   de vez em quando chorava,
   pensando não ser amada...

   Minha mãe ter ouvido devia,
   sou mesmo muito inocente...
   Se tivesse, assim não sofria
   por esse cara indecente...

   Negocio de Internet e' furada,
   os caras so' fazem mentir,
   inventar historias, mais nada,
   com a cara dos outros curtir...

   - Ja' chega! Eu ja' desisti!
   Vou embora pra casa voltar!
   Quando puxar minha saia senti,
   comecei a me assustar...

   Pisando em meu pe' eu vi
   um Alemão, um metro de altura.
   Não pude aguentar, sorri!
   Ouvi: "A ti toda minha ternura..."

   - Amor, meu nome e' Caio,
   eu vim pra te conhecer.
   Se quiseres, daqui não saio,
   contigo eu quero viver...

   - Por favor, me pega no colo,
   me deixe seu rosto olhar,
   agora não mais me controlo,
   so' quero na vida te amar...

   No colo o cara peguei,
   pensando no que dizer.
   Agora que faço? Não sei
   como em casa aparecer...

   Mais tarde, na hora do almoço,
   ao em frente da mesa sentar
   nem pude olhar para o moço,
   então comecei a chorar...

   Aí, ele quis me beijar...
   Sem ter mais o que fazer,
   pensei: Não posso deixar!
   Meu pe' começou a lamber...

   Pulei na cama assustada,
   como se caindo do céu,
   feliz por ter sido acordada
   pelo nariz frio da Mel...




Copyright 2013 Eugenio Colin

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