quinta-feira, 24 de outubro de 2019

FRAQUEZAS










                                                    Fraquezas








   Na semana passada li um artigo que dizia: “ Se você não esta’ informado sobre seu trabalho, certamente vai perder grandes oportunidades”.

   Isto me trouxe `a mente e historia de um amigo de escola.
   Naquela manhã do dia de seu decimo nono aniversario, Carlos Augusto dos Santos Fogoso, pediu para que sua mãe se sentasse a seu lado, na cama e, soltou a bomba...
-  Mãe! Decidi que quero ser padre...
-  Meu filho! Isso não vai dar certo... Ponderou a senhora. Você não da’ uma folga `a 
   pobre da Maria... Você chega das noitadas `as cinco da manha e quando a menina
   esta’ acordando, se preparando para o dia de trabalho, você entra no quarto dela e
   obriga a menina a te satisfazer... Concluiu ela.
-  Como e’ que a senhora sabe disso? Perguntou seu filho Fogoso.
-  Um dia ela me chamou no canto da cozinha e disse: "Dona Clarinha, a senhora me faz  
   um favor? Pede pro seu filho pelo menos me deixar fazer xixi de manhã antes dele me 
   empurrar de volta pra cama e me abusar... Eu não ligo não, sabe? Ate’ gosto. Mas, 
   antes de fazer xixi dói muito...
-  Aquela filha da puta! Isso era um segredo... Disse seu filho.
-  Mesmo assim você acha que esta’ preparado para ser padre? Perguntou a mãe.
-  Mas por isso mesmo mamãe. Tenho que parar com essa vida antes de morrer de
    AIDS ou por um tiro de um marido, ou um namorado que eu nem conheço.
-  Por favor meu filho, pensa bem...
   Depois daquela conversa, aparentemente seu filho tinha abraçado a ideia de corpo e alma...
   Meses depois, um dia, meia sem jeito, Maria, a empregada chamou a patroa de lado e lhe tascou a pergunta, meio receosa, sem saber se devia...
-  Dona Clarinha, ta’ tudo bem com seu Fogoso? Nunca mais vi ele... Quero dizer, de
   manhã, no meu quarto... Da pra senhora da uma palavrinha com ele... Ja’ faz muito
   tempo... To morrendo de vontade.
-  Maria, vai procurar o que fazer... Respondeu Clarinha. 
   
    Anos se passaram, o menino agora ja’ era um seminarista e, certamente estava realmente cometido ao que se propusera, para a surpresa de todas as que, ainda então, não paravam de procura-lo por telefone e, algumas ate’ pessoalmente, batendo na porta e se apresentando como uma colega de faculdade.
   Aparentemente Fogoso não havia nem informado `as suas exes que estava estudando para ser padre... Em uma dessas visitas, Dona Clarinha olhou bem para a menina que parecia ter uns quinze anos e pensou com seus botoes: “imagina se ela soubesse que meu filho vai ser padre...”
   No dia de sua ordenação, Clarinha ate’ sentiu orgulhosa... Aquele “garanhão ” havia abdicado dos “prazeres da carne”... Nunca achei que isso fosse possível, ao lembrar o seu passado de orgias. Pensou ela.
   Com o tempo começou a desenvolver projetos sociais em sua paroquia e, não conseguia evitar os olhares das moças, com os dizeres “puxa, se ele não fosse padre...” “estampado” em suas testas.
   Tinha ate’ um carro, que a própria paroquia lhe havia cedido para que pudesse facilitar suas viagens palas pequenas cidades do interior do estado onde cumpria sua missão.
   Um dia, em uma dessas viagens, ao passar por uma para de ônibus no meio do nada, viu uma freira, la’ parada, de pe’ sob um sol causticante...
   Acometido por um ato de solidariedade, parou o carro e perguntou a freira se ela aceitava uma carona, para onde fosse.
   A freira, e’ claro, aceitou, antes que se derretesse.
   Imediatamente uma conversa super animada começou entre os dois. Falavam de seus trabalhos, missões, aspirações...
   A certo momento a freira, envolvida pela conversa, ou talvez para aliviar o calor causado por tanto sol, se destrai e cruza as pernas, revelando um par de coxas capazes de fazer qualquer um babar no prato da sopa.
   Ao ver aquilo, Fogoso se descontrola e quase joga o carro fora da estrada.
   Apos conseguir controlar o carro, evitando um acidente, não consegue resistir e tasca a mão nas coxas da freira, que olha para para ele, com muita calma e diz:
-  Padre, lembre-se de Corintios 2, capitulo 12, versículo 5.
   Fogoso, tirando a mão das pernas da freira se desculpa dizendo:
-  Me desculpe irmã. Estou muito envergonhado.
-  Não se preocupe padre... Lembre-se de Corintios 2, capitulo 12, versículo 5.
   O resto da viajem foi em silencio... Os sorrisos e olhares da freira, agora intrigavam Fogoso... Aparentemente, se e’ que ainda entendia um pouco  de mulher, ela não estava nem um pouco aborrecida, pelo contrario, continuava sorrindo, mudando de posição ao assento do carro, cada vez mais, revelando suas lindas pernas. A certa altura da viagem começou ate’ a cantarolar “Dois, doze, cinco...Dois doze, cinco”, como quem esta’ apenas entretendo suas cordas vocais.
   Chegando ao destino, a freira agradece e, com um sorriso enigmático e profundamente frustrada, desce do carro e entra no convento, não antes de olhar para Fogoso com um ultimo sorriso tristonho.
   Curioso, embora embaraçado consigo mesmo, assim que chega `a igreja, Fogoso pega uma bíblia procurando por Corintios 2, capitulo 12, versículo 5.

   Sua surpresa foi completa quando leu: “Nesse homem, finalmente, me glorificarei. Mas não em mim mesmo, a não ser em satisfazer minhas tantas fraquezas.”







Copyright 10/2019 Eugene Colin

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