terça-feira, 28 de maio de 2019

ZÉ BUCHUDO.












                                                 Zé Buchudo.





   A cidade de Jijoca do Jericoacoara, ao norte do estado do Ceara' estava em festa, seu filho mais famoso, Antônio Jose' Maria Conceição do Nascimento Filho, agora internacionalmente conhecido como Ze' Buchudo, havia acabado de receber o premio Nobel de literatura irreverente... Esta era uma nova categoria recém-criada pela Royal Academy in Memory of Alfred Nobel, com a finalidade de premiar aqueles que contribuem para um dia a dia menos tenso e mais humorizado.    
   E, neste caso, ninguém melhor do que o Ze' para ser o primeiro a receber esta honrosa honraria. 
   No nordeste brasileiro todos não so' o conhecem, como proferem suas famosas mençoes como; "o que abunda não prejudica", "pra quem ta' se afogando, jacare' e' tronco de arvore", "depois de passar o tempo, desligue o ferro", "as rosas são lindas mas as trepadeiras são mais apreciadas", "ladrão em casa de pobre, so' leva susto", "no Havaí, todas as sandálias são havaianas" entre outras joias do pensamento popular por ele mesmo criado.
   Mas, o que realmente lhe valeu o premio daquele ano foi um de seus mais famosos pensamentos de todos os tempos... " A diferença entre um menino de quatro anos e um homem de oitenta e' que, o menino pensa que o pinto so' serve pra fazer xixi, o homem tem certeza."
   Quando os caras em Estocolmo ouviram seus pensamentos, traduzidos para o Sueco, e' claro, não tiveram mais duvidas; Zé Bichudo, era o escolhido. Alias, um dos grandes problemas enfrentados pelas perdas da tradução era pronunciar seu nome ( Sueco não consegue pronunciar "bu") e, maior ainda encontra-lo em seu pais natal... O nome da cidade onde reside chegou na Suécia como "Jerí", abreviação de Jijoca do Jericoacoara, como os locais chamam sua cidade natal, talvez por vergonha de um nome tao ridículo. se pode?
   A Academia então, começou a procurar no Brasil pela cidade de "Jerry", o que e' claro não encontraram. A sorte e' que uma das faxineiras da Academia era imigrante, justamente do Ceara' e depois de bisbilhotar a conversa dos diretores, enquanto limpava a sala de conferencias onde estavam reunidos, delicadamente interferiu:
-  Jag är ledsen sir, jag tror att du letar efter Jijoca do Jeriquaquara, vilka lokalbefolkning
kallar Jeri, inte Jerry ...
E assim, por pura coincidência, nosso herói pode ser encontrado. Porém reportagem vai, reportagem vem, quando os representantes Suecos chegaram a Jeri, CE, para entrevistar o premiado, o chamaram de Ze' Bichudo o que originou a pergunta relacionada com a prununcia equivocada de seu nome, indiscreta, imprópria e descabida que lhe fizeram em sua entrevista televisada, `a qual respondeu:
-  Cada um faz o que quer com suas próprias extremidades mas eu acho que bunda por 
   mamãe beijada, vagabundo nenhum enfia nada...
   Aparentemente, esta foi a maneira que ele encontrou para ratificar que era macho, se por acaso alguém estivesse em duvida.
   Ze' Buchudo estava puto da vida com a pergunta daquele branco-azedo da TV Suéca mas, por outro lado estava super feliz por saber que ia botar a mão numa grana preta. Suficiente para comprar uma casa, um carro, arrumar os dentes e, quem sabe ate' encontrar uma namorada e melhor ainda, ter dinheiro para gastar com ela... Por isso mesmo, esperto como era, apenas deu um sorriso amarelo ao ouvir a pergunta, ao invés de mandar o entrevistador para a puta que o pariu, como foi seu primeiro impulso.
   Quando soube que seu premio seria de aproximadamente um milhão de dólares, o cara so' não mijou nas calcas porque não tinha bebido água o dia todo. E, pensando bem, para botar a mão nessa grana preta, ate' concordaria em dizer que era bicha, se necessário fosse.
   O resto do dia foi tomado por solenidades, sessões fotográficas e, antecipando as mudanças que faria em sua fachada, ate' aventurou uma olhada paras as coxas de uma sueca gostosa que balançava seus cabelos louros toda vez que virava a cabeça.
   Ao final do dia porem ficou meio preocupado quando lhe disseram que a cerimonia seria em Oslo, Norway. Imediatamente perguntou a um barbudo a seu lado:
 - Tao de sacanagem, ne'?
 - I beg your pardon! Respondeu o barbicha.
 - Por que "No way"? A festa vai ser cancelada logo na minha vez?
   Um dos repórteres que por coincidência falava sueco, e entendeu a pergunta, esclareceu:
 - Não! O gringo ta' dizendo que a entrega do premio vai ser em Oslo, Norway , que e' o nome da Noruega, em Inglês.    
 - No way! Eu entendi... E' a única coisa que sei falar em Inglês. Costumava responder para    uma vizinha americana banguela que vivia dizendo que ia casar comigo.
   Tendo tudo esclarecido pelo governador do estado do Ceara' que ali estava tentando "tomar uma carona" na fama de Ze' Buchudo, que ate' então tinha sido completamente ignorado por todos seus conterranos, ele se acalmou um pouco, depois de ser a ele esclarecido que deveria viajar ate' a Noruega para receber o prêmio milionário. 
   Ainda meio perdido naquilo tudo, desacostumado com fama, não pode deixar de prestar atenção `a tal loura gostosa que se aproximava dele, acompanhada de uma baixinha que se apresentou como tradutora.
 - A loura esta' perguntando se você aceitaria acompanha-la ao apartamento e jantar em        sua companhia. Disse a tradutora.
 - Ela ta' me gozando? Perguntou Ze'.
 - Acho que não! A grandona ta' toda derretida pro teu lado. Alem disso ela disse que foi 
   designada pelo governo de seu pais para acompanha-lo na viajem `a Oslo e ficar a seu  
   lado permanentemente ate' o fim da cerimonia de premiação. Respondeu a tradutora.
   Tomando coragem, Ze' Buchudo ofereceu o braco `a loura, deu um beijo delicado em 
sua mão e, de bracos dados, saíram os dois em direção ao apartamento da mulher que, aparentemente gostou do homenageado.
   Não tinha a menor ideia de como se comunicar com a Sueca, ou o que poderia acontecer mas, desde pequeno, havia aprendido que "presente" não se rejeita...
   Sem duvidas, a sorte estava ao lado do Ze' Buchudo.






Copyright 4/2019 Eugene Colin.

   

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