quinta-feira, 2 de maio de 2019

DILEMA DE CONQUISTA











                                             Dilema de Conquista










   Confesso que esta noite ao chegar em casa fiquei com pena da minha vizinha. Bem, a filha da vizinha que também e' minha vizinha.
   Estava toda jururu, sentada `a beira da calcada, triste, olhando para o chão. Quando me viu, acenou displicentemente, nem me olhou...
   Mas, eu sou esperto! Sei como tirar adolescente da fossa...
   Sem sequer entrar em casa, virei o carro, fui ate' o super mercado, comprei um embalagem de dois quilos de sorvete Galak e, voila'!
-  Pra mim? Perguntou Jeralda, tomando o sorvete da minha mão, com o maior sorriso.
-  Você não esperou a resposta. Eu disse. E se fosse pra mim?
-  Você não gosta de sorvete! Obrigada!
-  Vai la'! Trás uma taca e vem tomar sorvete enquanto me conta o que aconteceu agora. Falei.
   Enquanto tomava sorvete, sorrindo, me falava, chorando, que o Andre', aquele rapaz lindo pelo qual se apaixonara nem ligava para ela. Achava ate' que estava namorando outra menina.
-  Escreve um verso pra mim? Sempre que leio as bobagens que você escreve me sinto melhor.
   E' como se você estivesse me aconselhando contando piadas.
-  Vou entrar, tomar banho, te escrever e jogo o poema por cima do muro.

Depois de tomar um banho escrevi:

   Agora, ja' decidi'!
   Na vida vou dar um jeito,
   esquecer tudo que eu li'.
   Eu sei! O Andre' e' perfeito...

   O que fazer, eu pensei,
   pro seu amor conquistar?
   Mamãe, vem ca', eu falei,
   vem ca' pra me consolar...

   Namora alguem diferente,
   a minha mãe ponderou,
   e' assim que, dizem, a gente
   se esquece do que passou...

   Um dia, na outra rua
   eu vi' o Cid andando
   distraído, olhando pra lua,
   assobiando e cantando...

   Foi bom te encontrar, falou
   pegando na minha mão,
   você esta' onde estou,
   não sai do meu coração...

   La' em casa ele apareceu,
   tentando me namorar,
   ate' meu peito doeu
   ao meu amor lhe negar...

   Vai la' na casa da Lia,
   a minha amiga falou,
   a cartomante que um dia,
   da Zilda, a vida mudou...

   Esperançosa eu fiquei,
   agora eu vou dar certo,
   comigo argumentei,
   olhando pra Lia de perto...

   Aqui estou minha filha,
   disposta a te ajudar,
   te botar de volta na trilha,
   o amor do Andre' conquistar...

   Vou olhar para ele de perto,
   me mostra então o retrato,
   assim te digo, por certo,
   como vais conquistar o "gato"...

   Menina, pelo que vejo,
   e, antes que outros o tomem,
   pra realizar teu desejo,
   vais ter que virar um homem...


   Mais tarde, mesmo assistindo televisão pude ouvir Jeralda gritar: "O Andre' não e' bicha não!"
   Sempre conquistei quem quis, nunca tive dilema de conquista!...






Copyright 11/2013 Eugene Colin

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