domingo, 18 de janeiro de 2015

O RABINO









   
                                                                O Rabino


                                                        
                




        Parecia que o encontro da Comissão de Combate `a Intolerância Religiosa (CCIR) seria um sucesso absoluto. Assim era o que esperavam os responsáveis por sua realização `aquele ano.
   Pela primeira vez, representantes de mais de vinte diferentes religiões estavam reunidos. Depois do café da manha todos se dirigiram ao centro de convenções da igreja para primeiras apresentações, confraternização entre os representantes e inicio dos trabalhos.
   O juiz provedor da Igreja falou de esperança por dias melhores. “Esta fé tem que ser construída como o alicerce de uma casa. Espero que saiamos alegres por termos unido todos que, à sua maneira, tenham fé”. Seguindo o mesmo raciocínio, o pastor anglicano disse  acreditar que estamos convergindo para uma liberdade individual de credo. “Religião significa religar ao sagrado, aquilo que é luminoso, sobrenatural. É uma alegria ver que somos de várias religiões, mas estamos falando sobre a mesma coisa”, proferiu.
   Tudo corria como previamente planejado. Apesar de divergências profundas na maneira pela qual encaram a religião, aparentemente o respeito era a palavra de ordem daquele dia.
   Ao termino dos trabalhos iniciais, e para encerrar aquele primeiro dia do encontro, um almoço de confraternizacao estava preparado... Cada representante de cada religião tinha seu lugar `a mesa previamente demarcado, possivelmente de propósito colocando sempre, lado a lado duas religiões que mais se antagonizavam em suas crenças...
   Ao sentarem, cada um olhando para o outro com uma cara meia desconfiada, encontraram-se lado a lado um padre católico e um rabino.
   O padre olhava para o rabino com um olhar de gozador, com uma atitude meia superior mas, mesmo assim, conversavam amigavelmente... Descobriram, em meio `a baboseira que propositadamente conversavam, tentando evitar um “confronto religioso” que o padre torcia pelo flamengo e que o rabino era torcedor do botafogo... Ai o padre se sentiu mais poderoso ainda, e começou a gozação...
   A única coisa que o rabino conseguia dizer em sua defesa e, por extensão de seu time, era que o flamengo tinha o time mais feio do brasil, verdade incontestável, concordou o padre.
   Depois do vinho, o almoço, que mais parecia um banquete, por sua enorme variedade de carnes e saladas, começou a ser servido
   O padre, propositadamente querendo gozar o rabino, enche o prato com pedaços de um suculento leitão e, dirigindo-se ao rabino diz:
-  Posso lhe servir algumas fatias deste maravilhoso leitão?
   O rabino recusa dizendo:
-  Muito obrigado mas, não sabe que em minha religião não e’ permitido comer carne de porco?
-  Nossa! Que religião esquisita... Comer leitão e’ uma delicia... Comentou o padre, ironicamente.
   A confraternizacao continua e, aparentemente, apenas o padre instigava seu colega que, a esta altura ja’ estava quase lamentando sua falta de sorte.
   Ao final do almoço, ao se despedir, o rabino diz ao padre:
-  Mande minhas recomendações `a sua mulher...
-  Minha mulher? Não sabe que a minha religião não permite casamento de sacerdotes? Responde o padre, horrorizado.
-  Nooossa! Que religião esquisita! Comer mulher é uma delícia !!!....Mas, se você
   prefere leitão... Responde o rabino.





Copyright 12/2014 Eugenio Colin

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