terça-feira, 16 de julho de 2013

3 M






                                                                  3M







   Marta Maria Murtinho havia acabado de chegar de volta ao Brasil apos cinco anos de ausência.
   Tinha  sido designada pela UNESCO, assim que havia graduado em engenharia ambiental por uma faculdade Americana, para trabalhar em Ouro Preto, Minas Gerais. 
   Sua conduta exemplar, ótimas notas, modéstia, preocupação com os problemas ambientais atuais que afligem a humanidade, além de ser Brasileira foram fatores importantes que, embora muito mais jovem do que outros candidatos, pesaram na decisão de ser nomeada como líder do grupo.
   Seus pais, que ainda residiam em Belo Horizonte, estavam mais do que orgulhosos. Marta era filha única que soube, muito bem, exceder as aspirações nela depositadas. Como havia voado direto para o Rio de Janeiro, decidira visitar primeiro sua futura cidade, tomar posse de sua moradia, antes de com eles encontrar. Ouro Preto estava bem no caminho de onde seus pais residiam...
   Assim que se instalou em uma casa muito modesta, na periferia da cidade, começou o processo de limpeza e adequação de sua residência `as novas tarefas que, de agora por diante, deveria exercer.
   Sua casa, longe de por perto lembrar uma mansão, necessitava de maiores cuidados, principalmente com relação `a limpeza e higiene, uma vez que estava abandonada por alguns anos. Tarefa que, por certo, tomaria mais de um dia de seu tempo para ser executada precariamente, ao contrario do que esperava. Mas isso não a desanimava, era so’ relatar `a seus pais o acontecido e eles ficariam mais do que felizes, ao saber que sua filha estava de volta, tomando rédeas de seu futuro. Marta era para eles o maior presente jamais recebido. Havia nascido apos quatro tentativas, que culminaram com resultados tristes. Sempre apoiaram a filha em qualquer decisão. Ate’ mesmo quando, ainda muito jovem, resolveu parar de estudar para trabalhar em um super mercado. Muitas vezes, mesmo sem entender certas atitudes da filha, tinham certeza que, de uma maneira ou de outra, ela “domaria” seu destino.
   A primeira providência seria se dirigir ao mais próximo super mercado e adquirir o que fosse necessário para aquela tarefa eminente.
   Assim que se viu em frente `a sessão de produtos de limpeza segurou uma embalagem de “scotch-brite”. Com a embalagem em sua mão, pode ver, no canto inferior esquerdo o nome do fabricante: 3M...
   Imediatamente, sua lembrança foi reportada `a anos atrás, quando trabalhara por alguns meses em um super mercado em Belo Horizonte.
   “Aquela voz estara’ para sempre em minha mente...” Pensara, ao recordar de Ze’ Raposo, um auxiliar de gerente do estabelecimento, que passava o dia inteiro, anunciando, pelo sistema de som do super mercado, as promoções do dia. De repente, sentiu um enorme aperto no coração, como uma ferida que nunca havia cicatrizado completamente e que vez por outra ainda doía.
   Naqueles dias, com apenas dezoito anos de idade, estava perdidamente apaixonada pelo colega. Sentimento que, aparentemente, ainda estava vivo e latente.
-  Vou ate’ la’, saber se o Ze’ ainda existe... Pensou, olhando para o nome 3M que havia sido seu apelido quando la’ trabalhava.
   Loucura! Pensou logo depois, colocando a esponja de limpeza no lugar onde estava, como se a mesma estivesse queimando suas mãos.
   Saiu da loja sem comprar nada, obsecada por aquela ideia repentina e absurda que a
dominava completamente. Sabia que não e’ de bom alvitre remexer muito no passado. Os efeitos podem causar danos insuperáveis. Por outro lado, seu “caso” com Ze’ Raposo nunca tinha sido completamente resolvido... Nunca havia se declarado. Talvez ele não tivesse conhecimento de seus sentimentos, talvez, na época, era comprometido... Pensando bem, naqueles dias, andava tão fascinada pelo colega que nem tentou investigar a seu respeito. A única coisa que queria, a única coisa que alegrava seus dias eram as horas de trabalho em que a voz de seu colega, através dos alto-falantes, soavam em seus ouvidos, como poemas sinfônicos do mais famoso compositor de quem jamais havia ouvido falar
   O resto do dia se arrastou... Não sabia o que fazer... “Cinco anos! O cara pode estar casado, ou namorando outras caixas, ou ter desaparecido, ou mudado de emprego...
   Que loucura!” Pensava... “Tenho que estar preparada para o pior” ou “para o melhor!" Rebatia, o lado otimista de sua personalidade.
   Não conseguiu dormir... Sabia que tinha que verificar, tentar encontrar seu ex-colega... Sabia também que estava se expondo `a maiores decepções mas, se não verificasse, aquela ideia a consumiria, pelo resto de seus dias. Queria virar para sempre aquela pagina de sua vida que ainda estava aberta no mesmo local... As lembranças estavam um pouco “empoeiradas” mas ainda dava para ver, claramente, em sua memoria, flash backs daqueles dias cheios de esperanças, regados por soba de jilo’ com quiabo, maxixe e batata baroa, prato favorito daquele colega, que cozinhava `a noite para, no dia seguinte, satisfazer seu querido Ze’ Raposo.
   Lembrou da primeira vez que resolveu preparar a legendaria sopa que seu interesse tanto apreciava. Marta odiava jilo’, com paixão. A baba do quiabo, escorrendo por entre seus dedos a faziam sentir calafrios, a batata baroa também era um pouco “pegajosa” mas, daquilo tudo era o que menos a repugnava. Maxixe não conta... Não tinha gosto de porra nenhuma.
   A primeira vez que, junto de seu colega, com ele dividiu a sopa, havia sido uma das mais horripilantes experiências de sua vida. A única maneira que conseguiu encontrar, para que ele não percebesse sua agonia, foi tagarelar o tempo todo, incessantemente, como um papagaio bem treinado. Ze’ Raposo devorava vinte colheradas e ela ainda estava tentando engolir a anterior. Mas, com o tempo, ate’ aprendeu a gostar de jilo’ e ate’ da sopa, que com tanto carinho preparava.

   No dia seguinte bem cedo se dirigiu `a rodoviária, com destino a Belo Horizonte. Nem havia se arrumado direito como seria apropriado. Saíra de casa com a mesma roupa do dia anterior... Estava tao ansiosa que nem tomou banho, se maquiou ou se embonecou toda, tentando fazer seu antigo amor, avaliar o que tinha perdido. Juntou algumas pecas de roupas `as pressas, enfiou em uma mala e saiu de casa. Talvez estivesse mais interessada em uma auto-satisfação, ter certeza que seu antigo quase namorado tinha se mudado e seu paradeiro era ignorado pelos antigos colegas, se la’ ainda estivessem.

   Eram cinco horas da tarde quando desceu do ônibus na rodoviária da cidade. Menos de quinze minutos depois estava bem em frente ao “Guardiao do seu Bolso” nome do local onde trabalhara, depois de uma viagem que havia sido, no minimo, angustiante... 
   A fachada estava um pouco abandonada, o letreiro meio desgastado pela ação do tempo... Assim que entrou na loja, um aperto no coração. “E’ claro que as chances de encontrar o Ze’ eram remotas mas, quem sabem, alguém daquele tempo ainda trabalha aqui e pode me indicar seu paradeiro.” Pensou.
   Ainda olhava `a esmo, tentando se situar no tempo e na loja em que acabara de entrar quando ouviu:
-  A filha da pulga não tem lugar em nosso estabelecimento... Aqui, a higiene e’ total...
   Compre seus produtos com confiança. Limpeza aqui abunda... E, por falar em bunda,
   não esqueça do carinho que seu neném merece. Na ala de recém-nascidos temos as
   famosas fraldas perfumadas “Ja’ Limpei”, as melhores para seu bebe. Não se
   esqueça que todo o Sábado e’ dia de Piranha em nosso estabelecimento. Se quiser
   pode comer aqui mesmo. Piranha ensopada, piranha empanada, piranha frita... E,
   “cala a boca”, marca da nossa melhor chupeta para bebes de seis meses a dois anos...
   3M quase desmaiou ao ouvir aquela voz...
   Não podia acreditar... Ze’ Raposo ainda trabalhava no mesmo local!
   Impaciente, como quem esta’ prestes a perder seu voo internacional que a levaria ao destino sonhado, corria pelas alas do super mercado `a procura de seu antigo amor.
   Não conseguiu encontrar o interlocutor.
   Procurou pelo gerente. Não o conhecia! Não era o mesmo de seu tempo. Explicou seus motivos tentando saber onde estava o Ze’ Raposo.
-  Isto e’ apenas uma gravação. O Ze’ grava os textos em casa e nos manda para ser
   executado no dia seguinte. Informou o gerente.
   Desapontada, tentou descobrir o endereço do antigo colega para um encontro. O gerente se recusou a fornece-lo mas, ao sentir o desespero e agonia daquela moca, alem de não tirar o olho de seus peitos, combinou com ela que, naquela mesma tarde, telefonaria para seu sub-gerente solicitando sua presença no dia seguinte.
   3M deixou a loja em busca de um hotel onde pudesse passar a noite. Sua melhor opção foi um Motel, não longe dali, onde um enorme cartaz exibindo a foto de duas bolas de sorvete, quase coladas uma na outra, com uma cereja um cada uma, propositadamente tentando sugerir dois enormes seios, onde se lia em letras garrafais; “chupa que e’ doce...” logo abaixo, em letras muito menores estava escrito; “sorvetes gratis”. Sem duvida um estabelecimento de classe...

   Na manha seguinte, antes das sete, antes da loja abrir, la’ estava de pe’ olhando para todos os lados, na esperança de encontrar seu antigo amor. Continuava curiosa... Sera’ que ele estava casado? Sera’ que tinha uma namorada? Sabia que so’ gostava de coroa... Possivelmente tinha se juntado com uma senhora de setenta anos, com um monte de netinhos que azucrinavam sua paciência.
   Mais alguns minutos, mergulhada em antigas recordações, pode ver Ze’ Raposo atravessando a rua em sua direção... Estava do mesmo jeito mas, não se vestia tao bem quanto no passado e, em seu semblante, mesmo de longe, dava para notar uma certa tristeza, carecteristica de quem tinha feito uma cagada filha da puta com seu destino.
   Pensando ser uma cliente madrugadora, que fazia questão de ser a primeira a entrar na loja, a cumprimentou.
   Mas algo era diferente naquela linda jovem, pensava Ze’. Parecia que ja’ a havia visto antes... Provavelmente uma cliente fiel ciente de que o “Guardiao do seu bolso” e’ o melhor lugar para esvaziar o cofre.
-  Ze’ Raposo? Disse 3M
   Agora sim! Tinha certeza que ja’ havia ouvido aquela voz. Talvez fosse uma das muitas clientes que havia salvo da ira de uma das caixas, apos uma reclamação, antes de ser atingida, no meio da testa, pelo mesmo rabo do bacalhau que havia acabado de comprar...
-  Lembra de mim? Repetiu a moca.
   Ze’ Raposo olhou bem para ela, pensou, pensou e disse:
-  Marta?
-  Pensei que ainda se lembrasse do meu apelido... Disse a moca.
-  Claro que me lembro... 3M! Disse Ze’ Raposo. Como esta’ você? Tao linda! O que
   aconteceu? Você esta’ parecendo um atriz de cinema... Que a esta’ fazendo aqui,
   quer teu emprego de volta? Posso conseguir isso. Concluiu.
-  Bem! Um mês depois que deixei o emprego, embarcava de viagem para os Estados
   Unidos. Estava tao desesperada em fugir daqui que aceitei o convite que meus pais
   receberam em uma carta, sobre um programa Americano de troca de estudantes.
   Meus pais seriam responsáveis por um estudante de la’ e uma família Norte
   Americana me receberia para a mesma finalidade. Depois de quatro anos me formei
   em engenharia ambiental e acabei indo trabalhar para a UNESCO. Depois de algum
   tempo. sabendo que era Brasileira, me perguntaram se gostaria de voltar ao Brasil
   para supervisionar um projeto em Ouro Preto. Aceitei e, aqui estou... E você? Me
   conta! Como vai? Finalizou 3M.
 - Ainda estou aqui...
 - Você me parece um pouco triste, o que aconteceu?
 - Uma longa historia... Respondeu Ze’ Raposo. Deixa eu ver porque me chamaram
   aqui e, se tiver tempo, saímos para tomar cafe’. Você ja’ tomou cafe?
 - Não! Sai do hotel muito cedo para te encontrar e, você não tem que trabalhar. Te
   chamaram aqui para me encontrar... Disse 3M.
 -  Como sabe?
 - Ontem, quando vim aqui a tua procura, falei com o gerente tentando descobrir teu
   paradeiro. Notei que ele não tirava os olhos do meu peito. Fiz beicinho, uma cara de
   triste, debrucei sobre o balcão espremendo meus seios e, “voila'” ele se ofereceu a
   te chamar para me encontrar. Confessou 3M.
 - Puxa vida! Você esta’ tao linda! Parece tao madura... Nem lembra aquela menina que
   trabalhava aqui... Você deve ter 25 ou 26 anos, certo? Disse Raposo.
 - Estou com 25. Faco 26 em outubro.
 - Tao jovem, trabalha para uma instituição Americana e ja’ vai ser responsável por uma
   cidade? Estou feliz por voce...
-  Porque voce não procura o gerente, so’ para dar uma satisfação que aqui esteve e
   vamos tomar cafe’?
-  Veja so'! Não consigo parar de te olhar... Voce’ e’ uma deusa. Que aconteceu?
 - Vai la! Fala com ele e vamos... Insistiu 3M.

   Raposo estava estupefactamente embasbacado. Como podia ter sido tao burro? Diziam que aquela “deusa” que ali estava, `a sua frente, era apaixonada por ele... Como e’ possível alguem ser cego tendo a visão sadia? Comparar 3M com Mujinha, romance mal sucedido que o mantinha triste ate’ hoje, era o mesmo que comparar Nosso Senhor com Ze’ Buchudo.
   Falou com seu Gerente, voltou ao encontro de sua antiga colega e saíram em direção a um botequim para tomar cafe’.
   Se 3M não fosse bem sucedida ainda, certamente estava no caminho certo. Notara que ela estava muito segura de si, sofisticada, elegante, assertiva... Completamente diferente daquela menina que, a seu lado almoçava, todo dia, sopa de jilo’, maxixe, quiabo e batata baroa.
   Assim que ele chegou de volta a seu lado, 3M tomou seu braço e saíram rumo `a sua primeira refeição em dois dias.
   Conversaram a manha inteira. Marta falara de sua “aventura” Americana, Raposo relatara sua “desventura” amorosa com Mujinha...
   Um pouco depois a convidou `a sua casa, oferecendo-se a cozinhar para ela, em troca das muitas sopas que havia degustado em almoços passados. Marta aceitou!
   Assim que chegaram, ela tirou o casaco que a protegia da frente fria que visitava a região, pendurando-o atrás da porta de entrada.
   Raposo olhava para ela, babando, literalmente.
-  O que vai me oferecer? Perguntou 3M.
-  O que você quer comer? Indagou Ze’ Raposo.
-  O que eu quero você não tem pratica em fazer, alias, sei por muitas fontes que nunca soube fazer
   direito... Disse 3M, sarcasticamente...
-  O que? Perguntou ele, um pouco constrangido e intimidado.
-  Sopa de jilo’, maxixe, quiabo e batata baroa. Respondeu 3M, sorrindo.
-  E’! Isso ai e’ com você mesmo! Retrucou Raposo.

   Marta se dirigiu `a cozinha, separou uma panela, as verduras, batata, alho, sal, pimenta e, iniciou o mesmo ritual que anos atrás a mantinha ocupada quase diariamente.
   O resto da tarde foi alegre e reminiscente...
   Ja’ era noite quando, sentados em sofa’ em frente `a televisão, que servia apenas de fundo pictórico para a conversa, Marta falou:
-  Me diz! Quais são teus projetos? O que você vê para teu futuro?
   Raposo olhou para ela, talvez pensando quão diferente sua vida poderia ter sido e respondeu:
-  Não sei! Nunca fiz planos para minha vida... Sempre vivi dia-a-dia...
-  Bem! Ja’ que não tem planos, que tal vir comigo para Ouro Preto? Tenho um trabalho   
   longo, árduo e complexo `a minha frente e sei que vou precisar de toda ajuda que
   poder conseguir. O salário não e’ muito. Eu mesmo recebo muito pouco pelo que faço
   mas, trabalho para uma instituição filantropica que vive de doações. Alem do mais,
   so’ o orgulho de ser responsável por um trabalho que ficara’ para posteridade ja’ e’
   uma grande recompensa... Nosso trabalho  e’ de suma importância para preservação
   das belezas do nosso planeta.
-  Mas, não conheço ninguém la'! Onde vou morar?
-  Vai morar comigo! Queria ter uma chance de te mostrar o quanto sempre te amei,
   desde menina... Você sabia que parei de estudar e fui trabalhar no super mercado so’ 
   para poder ficar a teu lado, diariamente? Disse 3M.
-  Ta’ falando serio? Você pode ter, a teus pés qualquer homem que escolher... Disse
   Ze’ Raposo.
-  Verdade? Indagou Marta.
-  Verdade! Respondeu Raposo.
-  Então, se ajoelha agora! Aqui na minha frente! Parabéns! Você acaba de ser 
   escolhido... Afirmou 3M.
   E não e’ que o nosso amigo ajoelhou mesmo...
-  Levanta dai seu bobo! Estou brincando... Não! Estava brincando quando disse para se
   ajoelhar. Não quero você como meu empregado, ou subserviente. Quero você como
   meu namorado, meu amor...
-  Marta, você esta’ me gozando?
-  Não! Sempre gostei de você...
-  Mas olha para mim... Eu não sou nenhum garotão, bonito, cheio de músculos...
-  Eu não quero um garotão bonito, cheio de músculos... Disse 3M.
-  Você tem 25 anos, eu tenho mais de 40. O que vai acontecer daqui a vinte anos?... 
   Disse Raposo.
-  Vinte anos? Estou preocupada com o que vai acontecer na semana que vem. Daqui
   a vinte anos, penso no que vai acontecer daqui a vinte anos e um dia. Respondeu
   Marta.
-  Não e’ bem assim! Ponderava Raposo, ao ser interrompido com assertividade.
-  Me responde! O Bingulim ainda sobe? Perguntou 3M.
-  Claro!
-  Você gosta de mulher? Indagou, novamente.
-  Muito!
-  Você me acha atraente? Repetiu...
-  Você e’, e sempre foi, um sonho de pessoa... Quando trabalhávamos juntos, ouvia 
   cochichos que você gostava de mim mas, nunca pude acreditar... Você era tao jovem,
   tao bonita...
-  Deveria ter me perguntado! Disse 3M.
-  Eu sei! Me arrependi, tempos mais tarde. Disse Raposo.
-  Quando vamos para Ouro Preto? Indagou 3M.
-  Você esta mesmo seria a respeito disso, não? Perguntou Raposo.
-  Muito! Quando vamos para Ouro Preto?
-  Você acha que com o tempo poderia gostar de mim? Indagou 3M.
-  Eu gosto de você! Disse Ze’ Raposo.
-  Ótimo! Quando vamos para Ouro Preto?
   Ze’ Raposo sentou no Sofa’, longe de Marta, colocou sua cabeça entre as mãos, com os cotovelos apoiados sobre os joelhos, balançou a cabeça, olhou para ela e disse:
-  Me ajuda a fazer as malas?
   Marta saiu correndo, pulou sentada em seu colo e começou a beijar Ze’ Raposo.
   Em dado momento, quase sufocado por aquela quantidade de carinho e afeição, ele a afastou um pouco, segurando-a pelos ombros e perguntou:
-  Você tem certeza que e’ normal?
-  Claro que não! Você acha que isto e’ uma atitude de uma mulher normal?
-  Onde vamos morar, em Ouro Preto? Perguntou Raposo.
-  Não se preocupe! Tenho uma casa la’, na zona rural. Muito pequena, muito linda,
   muito aconchegante, que precisa de muito trabalho para poder se tornar habitável...
   Vai ser muito bom trabalharmos juntos novamente... So’ tem um detalhe! Gostaria de,
   primeiro passar pela casa de meus pais para te apresentar... Eles são meio
   antiquados e não quero que cheguem para visitar e me encontrem vivendo com
   um homem a quem não conhecem... Você se importa?
-  Claro que não! Respondeu ele.
-  Quem diria? Jamais pensei que este dia fosse chagar... Disse 3M, eufórica.
-  Posso te pedir um favor? Disse Ze’ Raposo, sisudo e compenetrado.
-  O que você quiser! Sorriu ela, em resposta.
-  Você faz sopa de Jilo’, maxixe, quiabo e batata baroa de vez em quando? Perguntou `a 3M.





Copyright 2013 Eugenio Colin








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