quarta-feira, 14 de maio de 2014

HOMEM SEM PAU








                                                           Homem sem Pau







   Magda agora trazia dentro de si um dilema... Durante toda sua vida havia guardado tudo de melhor em si, seu amor, sua intimidade, sua virgindade, para presentear a um homem de Pau Grande... Sempre fantasiou que sua em sua noite de núpcias seria praticamente violentada por um homem desvairado que, com um cacete enorme, arrobaria suas entranhas mas, ao invés, teve em naquele dia tao esperado, um homem extremamente delicado carinhoso, cuidadoso que havia conseguido no máximo, com muito custo, fazer cosquinha na sua farfonha.
   Para quem cresceu lendo romances pornográficos, sonhando com concurso de pingolin, descascando cenoura so’ pra se distrair, a situação estava, realmente, totalmente, fora de controle... Não que não amasse seu marido mas, um cacete de cinco centímetros, e isto quando estava duro, era algo muito aquém de suas expectativas... Não tinha certeza que conseguiria viver com esta situação por muito mais tempo.
   E’ claro que não pretendia, pelo menos por enquanto, acabar com seu casamento por uma diferença métrica de apenas uns vinte centímetros que seus sonhos de puberdade idealizavam mas, por outro lado, se fosse ficar o resto da sua vida apenas sentindo cosquinha na periquita, então não precisava de um homem para isso. Ate’ um ventilador “turbo” resolveria o problema.
   No momento, o que precisava mesmo era um pinto grande e grosso que pudesse sacia-la por alguns dias.
   Magda não sabia o que fazer... Não queria ferir os sentimentos de seu marido, mesmo sabendo que com aquele pinto miniatura ele não estivesse conseguindo “ferir” nem pensamento. E agora? E’ claro que não queria sair pela cidade dando para qualquer “cacetudo” mas, também, agora era uma questão de sanidade mental...
   Resolveu então arranjar uma desculpa para ir ao Rio de Janeiro, queria pensar por algum tempo, reorganizar seus pensamentos sexuais, assumir ou desistir...
   Deu um beijo de ate’ logo em seu marido, colocou sua valise no porta-malas do carro e partiu em direção `a alguns dias de reflexão.
   Resolveu se hospedar no Copacabana Palace... Seria so’ por alguns dias e, melhor ainda, pensara, longas caminhadas pelas areias da praia a ajudariam a sossegar o tacho.
   E, assim o fez em seu primeiro dia de volta ao Rio de Janeiro, depois de uma noite mal dormida, quando havia sonhado com cobras, pepinos gigantes, troncos de arvores rolando a ribanceira a a esmagando contra as areias da praia... Traja-se casualmente, como tantos outros que aproveitam as manhãs da cidade correndo pela orla da praia. Calca leg, tênis confortável, peitos esmagados, cabelos presos e óculos escuros...
   Andou! Andou! Andou! Do Hotel ate’ o Arpoador, ate’ o final do Leblon, de volta ao Arpoador, de volta ao Hotel. Estava tao cansada que naquela noite mal conseguira comer algo leve antes de dormir.
   No dia seguinte, ainda exausta, decidira apenas observar os que em sua situação do dia anterior estavam. Debruçou-se `a janela de seu apartamento e olhava para a praia, vagamente... La’ ficou por horas, com a mente vagando, absolutamente em duvidas do próximo passo a ser tomado. Resolveu se produzir toda e sair para jantar em um dos muitos restaurantes que se aproveitavam do cenário magnifico para cobrar preços absurdos por refeições minusculas `a título de serem sofisticadas.
   Toda bonita e cheirosa, desacompanhada em uma mesa de restaurante era o suficiente para atrair a atenção de todos os que, casualmente e notavam.
   Magda estava tão concentrada em seus pensamentos que nem percebia o quanto se fazia notar.
   Terminada a refeição, resolveu voltar `a pe’ para seu hotel, não muito longe de onde estava...
   Não havia dado mais de dez passos quando levou uma porrada no ombro que a estabacou de cara no chão. O homem que a acidentou, muito cavalheirescamente quase se ajoelhou pedindo desculpas. Ajudou-a a levantar e se ofereceu a leva-la de volta ao hotel em seu Mercedes-Benz conversível que fizera questão em mencionar que possuía. Magda não aceitou. Disse que estava próximo `a seu hotel e que estava bem, conseguiria caminhar sozinha embora com o rosto e uma das mãos ligeiramente cortados... O homem porem, “atencioso” como ninguém, pediu que sentassem por alguns minutos em um dos bancos do calcadão, so’ para se certificar que ela estava realente bem, antes de seguir seu caminho.
   Funcionou!
   Conversaram por quinze minutos, meia hora, duas horas... A esta altura ja’ sabiam bastante um sobre o outro. Magda não escondeu que era casada e que ali estava `a procura de um caminho a seguir, na encruzilhada em que seu casamento estava... Cornelio, nome do homem, disse que estava, finalmente, naquele dia fazendo juz a seu nome pela primeira vez...
   Conversa vai, conversa vem, confissões confessadas, confissões escutadas, Magda convidou o estranho para acompanha-la ate’ seu hotel. Quando la’ chegaram, Cornelio se ofereceu a leva-la ate’ a porta de seu apartamento e ela aceitou...
   Asim que ela encostou o cartão na fechadura e se voltava para trás, seu companheiro ocasional tascou-lhe um beijo que quase a fez desmaiar. Magda nem pensou no casamento, marido, dignidade, porra nenhuma... A única coisa que queria era sentir emoções ainda ignoradas.
   Os dois andava em direção `a cama ao mesmo tempo que se livravam de suas roupas `a medida que avançavam em direção ao destino. E tome beijo, passar de mãos, segura aqui, encosta ali, ate’ que finalmente se deitaram...
   Magda ja’ estava toda molhada, ansiando pelo prazer que seu marido ainda não havia conseguido lhe proporcionar, quando, acariciando as pernas de Cornelio, diga-se de passagem mais lisas que que as suas, chegando ao lugar onde estaria o que procurava, percebeu que seu marido parecia um “gigante” em comparação ao que apalpava. A esta altura, seu companheiro, passando a mão por seus cabelos, trazia ente os dedos a peruca masculina que usava... Naquela euforia e mistura de sensações, passava por frações de segundos pela mente de Magda que o cara era careca e tinha vergonha do fato. Depois, instintivamente tentando se acalmar e, possivelmente se preparando para enfrentar a cruel realidade, reparou que o homem tinha seios no local onde deveriam estar músculos...
   A esta altura, sentou-se `a beira da cama, colocou a cabeça sobre as mãos que, com os cotovelos apoiados sobre seus joelhos ajudavam a suportar todo o peso daquela decepção, traição, expectativa frustrada, e tudo mais que `aquele momento sentia.
   Virou em direcao `a Cornelio, que confessara ser Cornélia, em busca de uma explicação. O que ouvira foi algo inusitado... Seu companheiro confessou ser um transgender que se passava por homem para conseguir conquistar mulheres, na esperança que, no processo, alguma delas decidisse tentar, e acabar gostando de sua companhia.
   Magda esta indignada. “Porra! Que azar!” Pensava em voz alta...
   Cornélia ainda tentava se explicar, concomitantemente com sua caracterização masculina que ja’ havia começado a reestruturar, aos sons de “Sai daqui!”, Sem vergonha!”, “Canalha!”... Ate’ “Filho da Puta!” deixara escapar...
   Finalmente, ja’ `a porta do apartamento, pronto para deixar Magda novamente com seus problemas, talvez, em seu egoismo, sem ter percebido que havia contribuído para o agravamento deles, ainda falou:
-  Sou apenas uma mulher diferente, também `a procura do amor...
   Magda, sem piedade, olhou para "ele" e gritou:
-  Você não e’ e, nunca sera’ uma mulher! Você não passa de um homem sem pau.




 Copyright 5/2014 Eugenio Colin
  
  

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