segunda-feira, 21 de abril de 2014

HOMEM DE PAU PEQUENO







          
                                                  Homem de Pau Pequeno









   Magda Magdalena Morgado estava muito feliz. Resolvera aproveitar seu mês de ferias para visitar Pau Grande, RJ, sua cidade natal. Tinha certeza que, desta vez encontraria o que sempre buscou em sua vida, para sua felicidade, um homem de Pau Grande.
   Havia saído da cidade muito nova e a primeira impressão que teve, ao chegar, e’ que tudo era tão pequeno...
   As ruas estavam estreitas, as casas coladas umas nas outras... Ate’ a pracinha da cidade parecia ter encolhido em sua percepção de mulher que deixou a cidade quando menina e voltava agora depois de viver tanto tempo em uma cidade muito maior e mais agitada.
   Percebeu também que a cidade estava mal cuidada, abandonada, suja.
   Sua ideia, em principio, quando deixou o Rio de Janeiro, era de encontrar o amor de sua vida, casar, e aqui ficar mas, agora, depois de algumas horas, ja’ não tinha tanta certeza de que queria voltar a viver em Pau Grande definitivamente.
   A casa onde nasceu e foi criada ainda estava la’, no mesmo lugar, intacta, a não ser pela inexorável ação nos anos...
   Resolveu ficar no pequeno hotel local, pelo menos por alguns dias, ate’ que pudesse providenciar a limpeza de sua propriedade.
   No dia seguinte, bem cedo, depois de contratar a limpeza, saiu em busca de velhas amigas.
   A primeira que encontrou foi Ava Gina, agora casada com duas filhinhas; a maior se chamava Ava de cinco anos e a menor Gina, com apenas dois aninhos... Foi uma festa! As duas pularam e se abraçaram que nem duas galinhas no terreiro...
   Ali mesmo soube das grandes novidades e fofocas da cidade.
   Tonico, um menino ate’ jeitoso que tinha mania de beijar todas as maninas da cidade havia se casado com Marcelo, filho da Puglia, uma senhora Italiana que morava ao lado do Educandário.
   Jairo, faxineiro da lanchonete, agora era o Prefeito da cidade.
   Adelicia do Pinto Velho havia se casado com o filho da Alice Barbuda, quem era 30 anos mais novo do que ela e, o pior, quer dizer, o melhor e’ que os dois viviam demonstrando seu amor em todos os bancos e arvores da cidade. Ja’ haviam sido presos mais de cinco vezes por atentado ao pudor...
   Numa dessas vezes, por falta de vaga, colocaram os dois em uma mesma cela. Menos de meia hora depois, quando o delegado flagrou os dois trepando no chão da cela, chamou um guarda municipal e ordenou que levassem os dois ate’ em casa, so’ para ter certeza que não atentariam ao pudor mais uma vez, pelo menos no mesmo dia. Havia porem uma razão para isso... Adelicia era gostosa pra cacete e tinha uma bunda de dar inveja a qualquer mulher. Agora! Adivinha qual era a tara do marido? Pois e'!...
   Depois de colocarem as fofocas em dia resolveram visitar Gravitolina Lino, outra amiga de infância... Perderam o dia e a noite toda em reminiscências agradáveis e engraçadas.
   No dia seguinte, tratou de supervisionar a limpeza de sua antiga moradia que, para sua surpresa, estava melhor do que esperava, mesmo depois de tantos anos de negligência.
   Em menos de uma semana ja’ estava hospedada em sua própria casa.
   Havia organizado um encontro onde pretendia rever todos que com ela cresceram naqueles dias distantes...
   Ouvira dizer, por uma das convidadas que era a primeira reunião daquele tipo que acontecia na cidade ha’ anos... Comida e bebida `a vontade, encontros agradáveis, recordações saudosas marcavam aquela reunião.
   No meio da noite, quando Magda saia do banheiro da sala, ainda ajeitando as calcinhas por cima da saia, deu de cara com um homem lindo. O mais lindo que jamais havia visto. Alto, forte, olhos azuis, cabelos negros... Um Pão!
   Ao encarar o cara ate’ engasgou com um pauzinho de sacanagem que ainda trazia `a boca. O homem, verdadeiro cavalheiro, se desculpou imediatamente e abriu um enorme sorriso para a anfitriã.
-  Meu nome e’ Carlos. Falou.
-  Tudo bem Carlos? Eu sou Magda, dona da casa...
-  Que bom te conhecer Magda... Mas você mora aqui? Sempre passava pela rua e via
    a casa fechada.
-  A verdade e’ que moro no Rio. Vim aqui para limpar a casa e faze-la minha casa para
   finais de semana. E você? Mora aqui?
-  Mudei para ca’ com meus pais ha’ três anos para acompanha-los. Um dia estava na praça
   reclamando que a cidade era suja, um homem que se apresentou como o prefeito, quando soube que
   eu era urbanista, me contratou e aqui estou...
 -  E você gosta daqui?
 -  Gosto! A cidade e’ calma... Esta’ meia abandonada mas e’ para resolver isso que
    estou aqui.
    Magda estava perplexa. O homem era justamente o que sempre havia sonhado e jamais esperava encontrar naquela cidade. E, aparentemente, Carlos também havia simpatizado com ela, ja’ que não “desgrudaram” a noite inteira.
    O dia estava amanhecendo quando Carlos se despediu de sua anfitriã, não antes de marcar um próximo encontro...
   Em uma semana o novo conhecido ja’ frequentava a casa de Magda. Alem de tudo, o homem cozinhava como ninguém e, melhor ainda, fazia questão de lavar os pratos e arrumar a cozinha antes de se dirigirem a sala para tirar sarro ate’ o fim da madrugada.
   Apesar das caricias eróticas que trocavam, Carlos era um cristão fervoroso e acreditava que sexo, so’ depois de casados.
   Se fosse por Magda, ela tinha dado no primeiro dia mas, aquela altura dos acontecimentos ja’ estava ate’ pensando em casamento. Por mais que procurasse, não via nada de errado em seu novo conhecido.
   O mês de ferias foi muito melhor do que poderia esperar e, como tudo que e’ bom, passou rapidinho.
    Foi com lagrima nos olhos que comunicou a seu amigo que deixaria a cidade em apenas dois dias. Este, por sua vez, havia acabado de descobrir quer sua vida não seria a mesma sem a companhia de Magda. A noite foi triste, contrastando com tantas outras, vividas em um ambiente de  descontração e alegria.
   Ao se despedirem `aquela noite, Magda ainda pensou: “Nao e’ tao longe do Rio. Posso vir aqui sempre...”
   No dia seguinte, sete horas da noite, como havia acontecido quase todos os dias daquelas ferias, la’ estava Carlos, com um buquê de flores, `a porta da casa de Magda que o recebeu com carinho, pulando em seu pescoço, o cobrindo de beijos enquanto agradecida, colocava as flores no sofa’, notando porem que ele estava com um semblante solene e introspectivo.
-  Tudo bem? Indagou ela.
   Ao invés de responder, Carlos ajoelhou no chão e disse:
-  Magda! Não tenho como deixar você ir embora e arriscar perde-la para outro.
   Embora te conheça a menos de um mês, tenho certeza que você e’ a mulher da
   minha vida. Não sei como viver sem você. Por isso, queria a honra de te-la como
   minha esposa. Se aceitar, prometo que farei de você a mulher mais feliz do
   mundo, e isso seria minha maior felicidade. Poder viver para te fazer feliz.
-  Aiiiiiiiiiiiiiiii ! Foi a única coisa que Magda conseguiu dizer ao cair sentada justamente
   sobre os espinhos das rosas que Carlos lhe havia presenteado...
   O cara olhou para ela sem saber o que fazer quando ouviu:
-  Ta’ doendo muito! Acho que entrou espinho na minha bunda...
   Infelizmente, desta vez não havia o que fazer... Embora contrariado, Carlos teve que tirar a calcinha de sua amada e com uma pinça que resgatara do armarinho do banheiro, começar a extrair os "intrusos" cravados `as nádegas de sua amada. Depois de uma inspeção cuidadosa e verificar que nada mais estava enfiado na bunda da namorada, colocou, com todo respeito, compressas de arnica com sal para aliviar a dor de sua amada.
   Sentindo-se melhor, ainda deitada na cama, com o cu pra cima, Magda disse que ficaria muito feliz em casar com ele.
   Em menos de um mês tudo estava preparado. A festa foi o maior acontecimento da cidade desde que Garrincha se sagrou campeão pelo Botafogo em 1967.
   Finalmente, o grande dia chegara. Magda estava doida para dar para um homem de Pau Grande.
Depois da festa que durou quase ate' o sol nascer, ainda deixando tudo do mesmo jeito que os convidados haviam largado, garrafas vazias, pratos com restos de salgadinhos e cheios de resquícios de sacanagem, guadanapos pelo chão, uma verdadeira zona, nervosamente, se preparava para dormir, quer dizer, trepar, colocando um lindo Baby Doll que não escondia absolutamente nada.
   Com o coração quase saindo pela boca se deitava ao lado de seu, agora esposo, o qual a esperava ansiosamente.
   Começou a acariciar aquele corpo sensual de atleta, deslizando sua mão delicadamente por seu pectus, abdome, ate’ chegar ao seu pênis...
   Então, não pode se conter quando viu, para sua surpresa um pinto que com benevolência não passava de cinco centímetros. "Mas os homens daqui deveriam fazer jus ao nome da cidade... Xi! Mas ele não nasceu aqui... E agora?" Pensava em silencio...
   Esperava, pelo menos, que aqueles cinco centímetros resolvessem seu problema. E’ claro que amava seu marido e nada a impediria de ser feliz. Nem o fato de ter se casado com um homem de pau pequeno.






Copyright 4/2014 Eugenio Colin
  

   
  






  

Nenhum comentário:

Postar um comentário