sábado, 25 de janeiro de 2014

XAQUECA









                                                                 XAQUECA








   Percimundo e Clarivalda era casados ha’ mais de vinte anos...
   Quando se conheceram, o “fogo” era tao grande que andavam sempre com uma garrafa de dois litros cheia de agua, so’ por precaução...
   Quando viajavam, não podiam ver um banheiro de estrada. Eram tao sem vergonhas... Ela entrava primeiro em um daqueles banheiros de família, alguns minutos depois vinha ele, dava uma tossidela do lado de fora da porta, esta era a senha que haviam combinado, ela abria por dentro e “o pau comia”, literalmente... Os dois gostavam muito, se observássemos suas fisionomias, quando saiam do banheiro, meia hora depois. Sempre deram tanta sorte que nunca apareceu ninguém com caganeira do lado de fora, batendo na porta, querendo entrar...
   Em casa nem se fala... Clarivalda era a pior dos dois... `As vezes seu marido chegava cansado e perguntava:
-  Tem comida pronta?
   A descarada da Clarivalda sobia no segundo andar da casa, descia escorregando com as pernas abertas sobre o corrimão da escada e falava:
-  Aqui esta’, quentinha!
   Isto ao mesmo tempo que tirava a calcinha e jogava pra cima, sem nem olhar onde iria parar.
   Um dia, foi o Percimundo que chegou “arretado”. Mal abriu a porta, entrou gritando:
-  Não aguento mais! tenho que dar uma trepadinha... AGORA!
   A mulher ficou tao desnorteada que assim que desceu do corrimão da escada tirou a calcinha com tanta pressa que a arremessou bem em cima do fogão.
   Calcinha de seda! Chama do fogão acesa! Adivinha o que aconteceu? Isso mesmo... A porra da alcinha “lambeu” imediatamente, jogando chamas ate’ o pano de prato pendurado ao lado do fogão... Tudo começou a pegar fogo. A esta altura Clarivalda ja’ estava completamente pelada mas, não tava nem ai... Não podia deixar a casa queimar. Foi no quintal, pelada e tudo, pegou a mangueira do jardim e apagou o fogo.
   Assim que acabou, ainda pelada, olhou para o bico da mangueira que ainda segurava, olhou para seu marido, ainda vestido e falou:
-  Vai tirar as calcas ou eu resolvo meu problema com este bico?
   Antes de acabar a sentença, caiu de costas, quando Percimundo se jogou sobra ela...
   Viveram suas taras por muitos anos, passando inclusive por situações delicadas como quando um dia, em uma viagem de ferias, decidiram dar uma trepada no banheiro do ônibus. Os dois eram completamente além dos limites... Estavam tão entretidos que so’ perceberam que deveriam ter parado ha’ muito tempo quando o motorista, alertado pelos gritos e gemidos, abriu a porta com sua chave mestra e pegou  os dois, mais grudados do que chicletes em sola de sapato. O pobre do motorista ficou tao assustado que quase caiu pra trás quando viu a mulher com a saia suspensa, sentada no colo do homem, que por sua vez sentava no vaso, com as calcas arreadas. Pra piorar o vexame, a hora em que a mulher resolveu sair de onde estava, fez um esforco tao grande que peidou...
   O coitado do motorista saiu correndo, gritando;
-  Safados! Imorais! Sem vergonhas! Saiam fora dai, seus depravados, antes que eu
   chame a policia.

   Mas, com o decorrer dos anos, depois de três filhas, o fogo foi se abrandando e as noites de orgias interináveis haviam se resumido em uma ou duas trepadinhas mensais, e olhe la’.
   Clarivalda, que andava sempre arrumada, com shortinhos apertados nas coxas, de proposito para provocar o marido, passou a andar em casa com vestidos sacos, daqueles bem folgados, cabelos desgrenhados, com o esmalte das unhas se soltando das pontas e, um chule’ que dava inveja a jogador de futebol ao final da decisão do campeonato, antes de tomar banho.
   Percimundo, que ainda guardava um pouco de sua imaginação sexual ainda tentava aqui e ali mas, sempre ouvia:
-  To com dor de cabeça!
   Aquilo irritava o homem de uma tal maneira que sua vontade inicial era cobrir a esposa de porrada. Não tanto pela recusa mas pela mentira descarada... “Como pode alguem ter dor de cabeça so’ nos dias em que estou com vontade de dar uma trepadinha?” Pensava muitas vezes...
   E o que o irritava mais era que sua esposa nem tentava inventar algo diferente como; “qeimei os peito quando fazia almoco” ou “escorreguei no sabonete e meti a bunda no chao”... Mentiras desse tipo. Mas, Não! Era sempre a porra da dor de cabeça...
   Clarivalda não queria mais saber de dar... Se não precisasse fazer xixi, poderíamos dizer que havia enfiado uma rolha na perseguida...
   Percimundo, por sua vez era determinado. não ia desistir tao facilmente mas, nada! A cada tentativa, a mesma frase era repetida. “Estou com tanta dor de cabeça...”
   Uma vez havia pensado em comer a empregada. Claro que Clarivalda nem perceberia. Primeiro porque não queria mais saber de sexo, segundo porque tinha um sono tao pesado que nem bala perdida entrando no quarto a acordaria. Naquele dia, em que havia concebido a ideia, percebeu os “olhares de desejo” da Maria Raimunda, depois, pensando melhor, ao reparar ao tamanho do “parachoque” da mulata, achou que era mais seguro ir ao banheiro e fazer mais uma vez o que ja’ fazia ha' muito tempo.
   Conversando sobre o problema com uma Psicóloga, amiga de ambos, ela aconselhou:
-  Tenta sair de casa! Desliga ela do ambiente de familiar, crianças, afazeres domésticos, talvez ela se
   solte um pouco mais...
   A primeira tentativa, foi leva-la a um restaurante de luxo. Gastou uma puta grana e antes mesmo do fim da refeição começou a ouvir:
-  Essa dor de cabeça esta’ acabando comigo... Percimundo ficou tao irritado que, quando ouviu a
   frase, pagou a conta e disse:
-  Tudo bem! Te espero no carro!
   A segunda tentativa foi leva-la a um parque de diversões... Ele mesmo estava se divertindo, ate’ a hora em que entraram no “Palacio dos Espelhos” e não pode deixar de rir quando viu a imagem de sua esposa, toda disforme, com os seios, o ela que mais gostava em seu corpo, diminutos e a bunda, que ela achava muito grande, ampliada umas dez vezes.
   A mulher ficou tão injuriada que meteu um soco no braço do marido e vociferou:
-  Vamos embora, estou morrendo de dor de cabeça...
   Aquela historia de dor de cabeça estava acabando com ele.
   Certo dia, voltando para casa por um caminho alternativo, tentando evitar um puto engarrafamento, olhava para um lado e para o outro, tentando conhecer um caminho por onde nunca passara, quando, de repente... Eureca! Viu bem `a sua frente a entrada do Jardim Zoológico da cidade...
-  Como não pensei nisto antes? Perguntou em voz alta a si mesmo.
   Proto! Problema resolvido! Sabia que Clarivalda adorava animais... No inicio do casamento havia implorado a ele que comprasse um cachorro... Depois que as meninas nasceram, voltou `a carga mas, ate’ agora sem resultado. E, o pior e’ quela queria, no minimo um Pitbull. Dai pra cima... Se pelo menos fosse um Chihuahua...
   Havia, miraculosamente encontrado a solução de seus problemas conjugais... A mulher ia ficar tão feliz de dar uma passeio no Zoológico que, depois disso, tinha certeza que irai trepar direto, ate’ com dor de cabeça...
   Dito e feito! Domingo, avisou `a mulher e `as meninas que iriam ao Jardim Zoológico.
   Todos estavam radiantes... A mulher e as filhas por que teriam a chance de ver animais que nunca viram e ele porque, finalmente iria ver a único “bicho” que gostava, uma “perereca”.
   Estavam todos felizes, principalmente porque O Zoo era daqueles modernos, que os animais andam soltos pelo parque. Nenhum fica em jaulas...
   Ninguém estava nem um pouco cansado, mesmo depois de mais de três horas andando pelas alamedas arborizadas... Estavam passeando pela Ala dos Macacos quando, Clarimunda percebeu que um gorila enorme vinha em sua direção. Não tirava os olhos dela mas, ela não se importava. Estava tão contente que nem deu muita importância ao fato.
   Andou mais uns passos e agora, via o gorila quase correndo em sua direcao. Ainda olhou para trás. Talvez tivesse uma gorila atrás dela e o macho a havia visto.
   Mais uns dois passos, o enorme gorila a agarrou por trás, rasgou sua calca comprida, nem se preocupou em tirar a calcinha da mulher. Afinal, gorilas não usam calcinhas.
   Começou a beijar o pescoço da mulher que, a esta altura não aguentava mais aquele halito de banana, segurou seu membro com uma das mãos e o colocou entre as pernas da mulher que, a esta altura estava apavorada... Ainda tentou se desenvencilhar mas logo percebeu que quando um gorila quer, não tem como negar...
   Num ato de desespero gritou:
-  Percimundo, meu amor, me ajuda! Este macaco vai me estuprar...
   Percimundo sentou-se em um banco, bem em frente `aquela cena “horripilante” que sua esposa enfrentava e disse, calmamente:
-  Diz pra ele que você esta’ com dor de cabeça...
 




 Copyright 2013 Eugenio Colin

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