sexta-feira, 15 de maio de 2020

TARADO









                                                      Tarado









   Ontem chegando em casa, ao parar o carro vi, pelo retrovisor, a Jeralda, filha da minha vizinha, correndo em direção `a casa ao lado.
   Sua mãe, que estava no portão recolhendo a correspondência, a recebeu.
   Ao sair do carro ainda ouvi seu discurso nervoso:
-  Sabe aquele tarado que dizem estar solto pela cidade? Sentou ao meu lado no 
ônibus
   Quase morri de medo...
   Quando ela viu meu sorriso, respondeu:
-  Não ri não! Eu quase morro de susto e você fica rindo? E' porque não foi com você... E 

   se uma tarada sentasse ao teu lado, no ônibus, e quisesse te levar para casa dela? Disse    a menina, afagando seu cabelo, uma das caracteristicas mais importantes, 
   segundo ela, em sua aparencia. Sua mãe uma vez comentou que, se algum dia algo 
   acontecesse `aquele cabelo, a menina, provavelmente, se suicidaria...
   Não disse nada porque, certamente, ela não concordaria com a resposta...
   Uma tarada, ao meu lado, querendo me levar? Nunca tive essa sorte!
   Mas, escrevi um poema a respeito do evento... 


   Subi no ômbus correndo,
   fugindo de um tarado,
   de medo o peito doendo
   virei e o vi' a meu lado...

   - Amor, toma essa balinha,
   pra adoçar sua boca.
   Eu sei que você vai ser minha, 
   na sua cabeça oca...

   Desci do ônibus com medo
   correndo pra minha vo'.
   - Você acordou t
ão cedo!
   Me disse ela com do'...

   - Não e' isso não vovo',
   eu vi' um tarado na rua,
   me pegou quando estava so'
   distraída, no mundo da lua...

   Com meu cabelo na mão
   dizia que me amava.
   Gritei: - Me larga, se não...
   Me largou, enquanto gritava...

   Limpei o cabelo enojada,
   xingando a sua mãe...
   - Não faz assim minha amada!
   - Ici, prenez a ma main!

   Eu acho que era um Frances,
   falava todo enrolado,
   babando que nem Pequinês,
   fazendo um bico pro lado...

   Mais tarde ao computador,
   olhando noticias de gente,
   eu li com grande pavor:
   o tarado estava doente...

   - E agora, o que vou fazer?
   Perguntei para minha mãe.
   - Não sei o que te dizer! 
   Vou pensar, te digo demain...

   - Falei com o meu doutor,
   contando o teu problema.
   Me disse com muita dor
   como resolver o dilema...

   - Vais ter que o cabelo cortar!
   Todinho! Deixa-lo pelado,
   pra então poder se livrar
   da doença daquele tarado...




Copyright 3/2020 Eugenio Colin. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário