sexta-feira, 6 de julho de 2018

POEMA

   









                                   Poema






   A noite estava linda como nunca havia visto,
   não tinha uma estrela no céu,
   que se apresentava todo nublado...
   De repente... chovia pra cacete!
   O cavalo, pobre coitado,
   não sabia o que fazer.
   Não sabia se bebia água ou corria da chuva...
   O apartamento ao lado de minha casa
   estava completamente `as escuras.
   Não sei porque mencionei este fato...
   Não tem nada a ver com o que escrevo.
   Maria, a faxineira não veio hoje,
   deve estar com dor de dente
   ou outra desculpa que vai inventar amanhã 
   para justificar a ausência...
   Voltando ao inicio, posso afirmar
   que e' possivel existir uma noite linda e chuvosa.
   Pensa so'! Imagine estar em Paris, 
   iluminada por aquelas luzes cor de rosa,
   as fachadas dos cafés com seus letreiros
   ensopados pelas gotas que choram dos céus,
   os carros passam lentamente,
   fazendo,  com seus pneus molhados
   aquele barulhinho de abelhas
   voando em torno da colmeia,
   as mulheres fazendo toc-toc ao tentarem correr
   com seus escarpins de Christian Louboutin,
   caros pra cacetes, mesmo para que ganha em euros;
   as viaturas policiais fazendo inhom, inhom, inhom...
   Pensou?
   Então acorda! Esquece!...
   Esta história que relato se passa em Jijoca de Jericoacoara,
   no estado do Ceara’.
   A porra da cidade não via chuva há três anos.
   Neguinho já estava até bebendo água do mar...
   Se não fosse o nosso amigo, o Atlântico,
   aqueles dezessete mil habitantes já haviam
   virado comida de urubu há muito tempo.
   E’ claro que o prefeito morava em uma mansão
   com muita água e mais mordomia ainda e,
   estava pouco se lixando para seu eleitores...
   Se aquela desgraçada não vier trabalhar amanhã, 
   pode procurar outra casa pra limpar.
   Tenho quase certeza que vai dizer que estava tudo alagado
   e por isso não pode vir. Duvido que ela vai ter
   dor de dente, ou caganeira... A chuva vai ser a desculpa.
   Onde estava? Ah, sim!
   Chovia aos cântaros e por isso,
   depois de três anos de seca,
   a noite estava linda, como não havia estado
   durante este tempo todo da estiagem...
   Quanto ao cavalo, juntou o útil ao agradável; 
   ja' que estava todo molhado mesmo,
   resolveu beber um pouco da água,
   que escorria pelo canto do meio fio da rua,
   antes de procurar abrigo...
   Aquela miserável vai me dar o bolo amanhã...
   Tenho certeza!


   Infelizmente, isto e' o que chamam poesia nos dias de hoje...
   Tenho lido nomes famosos e reverenciados ate' por autores sérios, escrever baboseiras como esta e taxa-las como poesia.
   Não e' necessário muito talento para criar algo assim...
   E' so' pensar na chuva, no cavalo e na coitada da empregada, com ou sem PEC das domésticas, botar tudo na tela do computador (se isto tivesse sido escrito ha' cinquenta anos atrás eu diria “botar tudo no papel”) e, voila'! Você virou poeta...
   Bem! O apartamento ao lado entrou na história não sei porque, ja' a cidade de Paris e os sapatos do Christian Louboutin foram para dar um toque de sofisticação e fazer parecer que sei estar escrevendo uma bela obra.
   Sinceramente... E preciso ser muito papalvo e não ter sensibilidade alguma, para dizer que isto, ou qualquer outra coisa neste estilo, pode ser considerado um poema...








Copyright 7/2018 Eugenio Colin

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