domingo, 9 de agosto de 2015

A PRIMA










                                                              A Prima










   Em uma tarde de verão no sul da Florida, no meio do trabalho, recebo a visita de um jovem que ali estava respondendo a um anuncio de emprego.
   Em menos de cinco minutos descobri que o pretendente era Brasileiro e ali estava, como tantos outros, lutando pela sobrevivência. O empreguei na hora e, em poucos meses desenvolvemos uma amizade que dura ate' hoje.
   Anos mais tarde, ele ja' divorciado, ao voltar para a Florida, em uma visita, tive a oportunidade de conhecer sua prima, no apartamento de quem morava temporariamente.
   Em poucas semanas, eu e a prima desenvolvemos uma  amizade lúdica e sincera que meu amigo sempre acreditou ser algo mais. Ao perceber esta percepção, tanto eu, quanto a prima, alimentávamos esta suposição, através de toques duvidosos, olhares dissimulados, rissos sarcásticos e encontros em bares onde a prima tinha a oportunidade de encontrar um ombro amigo e de desabafar, especialmente após algumas “geladinhas”...
   Ao descobrir que os dois, em sua juventude haviam tido um “caso”, que talvez so' não tenha sido assumido devido ao parentesco de primeiro grau, aí mesmo e' que comecei a botar mais carga na pilha...
   Teve um tempo, em que ambos estavam solteiros e sem compromisso amoroso, morando ha' apenas alguns minutos um do outro,quando achei que, finalmente, teriam coragem de assumir os sentimentos que ambos, nitidamente, alimentavam em relação ao outro...
   Quase aconteceu!
   Sinceramente, acho que teriam dado certo, embora ambos se comportassem, quando juntos, como dois galos de briga.
   Nesta época escrevi este poema com o qual presenteei a cada um deles...
   
   
   Um dia, em um churrasco, na casa de uma menina,
   assim que cheguei ouvi: “Sai fora, essa e' minha prima.”
   Ja' tinha visto ela antes... Amor `a primeira vista!
   Novamente ouvi meu amigo: “Come on! Ja' disse, desista!”
   Pra ela ainda olhando, agora com muito cuidado,
   virei pro lado e ouvi: “Pô, cara! Tu e' muito safado”...

   Well! Melhor desistir. Pensei comigo calado.
   Se fico brincando com fogo, acabo saindo queimado.
   Sentei na mesa la' fora... O dia estava tao lindo!
   Em menos de cinco minutos, chegou a prima sorrindo...

   Mais tarde, comendo o churrasco, enjoying “la dolce vita”,
   A porta se abre, vem a prima, trazendo batata frita.
   Calado num canto, surpreso, brincando com meu cabelo,
   Fitando meu copo falou: “Adoro vinho com gelo.”
   Como pode ela saber meus gostos e preferência?
   Não e’ nada disso, pensei... Apenas coincidência.

   Sempre que encontro com a prima, e fico todo animado,
   e vejo meu amigo sorrindo aquele sorriso de lado,
   sei que ele fica pensando: “O velho esta' dominado...”
   E olhando pra mim ele diz: “Oh, Vô! Ta' sonhando acordado?”

   A prima também, por seu lado, ao meu amigo da' corda,
   enquanto dizendo em bom som, detesto aquele safado,
   mesmo sem claro motivo, a cada chance o aborda,
   mas diz, quando ele vem pra cima: “me solta, sai sai fora... Tarado!”

   “So' quero açúcar!” Ela diz, “Não tem na vizinha do lado...
   No meu caminho pra ca', so' vi dez supermercado!”
   Pior e' que o cara acredita que aquilo e' uma emergência,
   mesmo sendo jogado na cama com toda aquela “ciência”.
   “Não guento mais, tô tão triste...”, a ele a prima ainda diz:
   “so' quando me deito contigo, me sinto toda feliz...”

   Okay! Eu ja' desisti... Pra que lutar com o destino?
   Eu sei que gostam um do outro desde que ele era menino.
   Não sei o que tem na cabeça, nem “F” nem saem de cima...
   E'! Eu não consigo entender o meu amigo e essa prima...






Copyright 7/2015 Eugene Colin

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