quarta-feira, 1 de outubro de 2014

VAGABAL







                                             


                                                                      Vagabal









   A língua portuguesa e’ notoriamanente a mais rica entre todas. Uma situação, um objeto, um acontecimento podem ser descritos de inúmeras maneiras...
   Temos palavras alegres, tristes, sombrias, em nosso vocabulário...
   “Bagulho” e’ uma palavra engraçada. “Chinfrim” e’ outa delas. “Matusquela”, “xexelento”, “quiproquó” (do Latim quid pro quo - uma coisa em vez de outra) são outros exemplos...
   “Antes de ferir um coração, certifique-se que você não esta’ dentro dele” ou, “as pessoas que mais amamos são as que mais nos decepcionam porque acreditamos que são perfeitas e esquecemos que são humanas”, formam exemplos de frases que nos fazem emocionar e refletir...
   Existem também palavras “importadas” que através dos tempos fizeram parte do dicionario de nossa língua...
   Pintar, por exemplo, vem da palavra inglesa “to paint”.
   Forro’, outro exemplo, vem de “for all”, bailes que os Ingleses promoviam e era permitidos para todos que quisessem comparecer: para todos.
   Gol, e’ outra palavra derivada do inglês “goal” que naquele idioma significa também uma meta a ser atingida, algo que se pretende realizar ou conseguir.
   E por ai vai...
   Alem das palavras importadas, outrossim existem as que foram inventadas e que depois de cair no vocabulário popular, entram, por esta porta, para a nossa literatura.
    Alhures, alguns escritores ou autores criaram palavras...
   O termo “Robo”, foi criado pelo escritor Karel Capek, que escolheu a palavra Tcheca que significa “trabalho escravo” para definir o estilo de produção mecânico em seu livro “Rossum’s Universal Robots”, de 1921. A palavra foi utilizada mais tarde, em 1941, por Isaac Asimov, que criou também o termo “robótica”.
   O profissional “freelancer” é aquele que presta serviços sem um vínculo empregatício e por um curto espaço de tempo. O termo foi usado pela primeira vez no livro Freelancers, de Sir Walter Scott, representando pessoas mercenárias que vendiam sua lealdade.
   Charles Dickens, em “Grandes Esperanças”, foi quem usou a palavra “capacho” pela primeira vez no sentido de se referir a alguém que permite que outras pessoas “limpem suas botas” em cima dele.
   No Brasil, também criamos... “Safanagem”, palavra composta de “safadeza” e “sacanagem”, ainda não foi reconhecida oficialmente pelos vocabulistas mas, para muitos, significa coisa muito boa... “Farfonha” e’ outra palavra inventada, assim como outras ainda não reconhecidas ou descritas oficialmente, para substituir o orgão da mulher idolatrado por uns mas, ao mesmo tempo, repugnante aos boiolas...
   Existem também palavras que tomam emprestado um significado totalmente diverso. Por exemplo: “Pinto” muitas vezes não se refere a uma ave, bem como “perereca”, muitas vezes, não tem nada a ver com rãs.
   Os exemplos são vastos e vários.
   Como em todos os léxicos, no nosso, do mesmo modo, existem palavras que ferem ou chocam, que quando pronunciadas deferem uma conotação pejorativa ou ofensiva mas, que por outro lado precisam ser usadas para, adequadamente, qualificar o fato, objeto ou acontecimento.
   Entre as mais notórias estão, vagabundo, ordinário, que denunciam varias denotações. Devem sempre se referir a uma pessoa mas `as vezes definem um objeto, por exemplo...
   Ha’ pessoas que não gostam, e ate' mesmo evitam, o uso de palavras como estas. Porem, em certas ocasiões, o uso e' pertinente e mesmo imprescindível para definir ou qualificar, ou mesmo, adequadamente expressar o pensamento intendido (que tambem, se trata de uma palavra “importada” do vocabulário Inglês: “to intent”).
   Muitas pessoas no entanto não aderem ao uso deste tipo de palavras.
   Semanas atrás, conversando com uma das mulheres mais lindas que jamais conheci, ouvi uma expressão pela primeira vez...
   Referindo-se a um objeto que possuía, falou:
-  Não usa esse não! E’ muito vagabal...
-  Vagabal? Perguntei...
-  E’! Você sabe... Mal feito,. sem qualidade... Ouvi em resposta.
-  Você quer dizer “vagabundo”? Respondi.
-  Não gosto de dizer “vagabundo” ou “ordinario”... São palavras ofensivas, me chocam... Disse ela.
   Então perguntei:
 - E uma pessoa? Devemos chama-la de vagabal, se for o caso?
 - Não! Neste caso, devemos usar “vagabundo” ou “ordinaria” porque existe a intenção de notorizar
   (outra palavra “importada” com o significado de fazer obvio) a característica, ou defeito, se
   preferir, do individuo. Explicou ela...
   Achei muito interessante a colocação e, a partir daquele dia, resolvi incluir em meu vocabulário, e usar com frequência, a nova palavra que acabara de aprender.
   Tenho certeza que aquele rosto, aquela mulher, aquela delicadeza e sofisticação jamais me sairão da memoria, assim como jamais abrirei mão da nova palavra apendida, e seu significado adequado.
   Por isso, `a próxima vez que você quiser “pejorizar” (palavra que não existe em nosso idioma, mas deveria, significando “tornar pejorativo”) algo, sem ser agressivo ou vulgar, seria conveniente o uso de “vagabal” para atingir este objetivo.
   Na realidade, o uso da palavra “vagabundo” para qualificar um objeto mal fabricado, e’ incorreto... Vagabundo refere-se a uma pessoa e não a um objeto.
   Então, vamos inserir de maneira indelével esta nova palavra, que embora tenha sido pensada para conotar algo de menor qualidade, não ofende, não soa pesado e, assim sendo, preencher uma lacuna léxica ate' hoje existente. Trata-se de uma palavra alegre e divertida... Pense! Repita com você mesmo e me diga, se ao pronunciar, não chega imediatamente um sorriso aos seus lábios...
    Repita:
-  Isso e’ vagabal!








Copyright 9/ 2014 Eugenio Colin

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