quarta-feira, 10 de setembro de 2014

FICÇÃO








                                                                 Ficção 









   James Earland acordou e, no seu ritual diário, passando pela sala de estar ligou a televisão a caminho da cozinha para preparar o seu desjejum.
   Como para a maioria dos Americanos, James também cozinhava uma refeição quase completa... Ovos, as vezes estrelados, por vezes cozidos, bacon frito, biscuit, grits e muitas vezes, torrada com geleia.
   Entretendo todo aquele "preparo", as noticias da manhã eram transmitidas mais como um fundo sonoro, já que James quase nunca prestava atenção a elas.
   Metódico e detalhista como era, esse ritual diário durava cerca de maia hora. Depois de ter tudo impecavelmente preparado, como a melhor refeição de um restaurante de alta classe, James sentava na mesa, aumentava o som da TV ligeiramente e começava seu breakfast.
   Não tardava e estava pronto para sair.
   Poucos minutos de carro e chegava a fábrica onde trabalhava.
   James era considerado um dos melhores artesãos em seu ramo. Todos o respeitavam, admiravam seu trabalho e, muitos se dirigiam a ele toda vez que precisavam de conselho ou esclarecimento.
   Ele era um homem de poucas palavras e muito menos de mostrar emoção, principalmente com o que dizia respeito a seu trabalho. 
   Por vezes, compradores pediam para lhe falar, para mostrar admiração pelo trabalho impecavelmente executado. A reação de James era sempre muito educada, inclinando a cabeça como se estivesse saudando a rainha da Inglaterra, um sorriso quase imperceptivel e la estava ele, de volta `a sua mesa de trabalho.
   De toda a produção diária, James era responsável por mais de vinte por cento, entre os dez outros colegas que naquela empresa também trabalhavam.
   Se havia um desenho intrincado, um novo produto, James era o selecionado para desenvolver a primeira peça. O protótipo. Por vezes ate modificava o desenho para tornar a peca mais agradável aos olhos ou para facilitar ou agilizar a producao. 
   Na Inglaterra, desde menino, havia trabalhado por conta própria mas, quando vendeu sua empresa para um conglomerado internacional se viu compelido a mudar de pais. 
  - Não há nada mais que eu saiba em minha vida ou gostaria de fazer... Explicara James aos poucos amigos que não entendiam sua paixão tão grande por um trabalho, a ponto de faze-lo mudar para outro continente. 
   Naquela manha, James havia sido encarregado de um novo projeto. Foi a primeira vez que ele iria trabalhar com ouro branco. Ouro amarelo era mais fácil de ser manuseado por James, já que sua vista não era a mesma de 45 anos atrás quando chegou aos Estados Unidos e começou a compartilhar sua experiência com seus colegas Americanos.
   Mas, James adorava um desafio, gostava de vencer dificuldades. Dizia que na vida nada e' impossível quando se entrega de corpo e alma `a meta a ser alcançada, seja ela qual for.
   Calmamente, como era de seu feitio, alinhou as 
peças na mesa. Carregou o desenho em seu computador, maravilha moderna, ausente nos seus tempos de aprendiz, quando tudo era desenho em papel que, embora muito menos preciso, era mais fácil para sua compreensão.
   Começou a executar seu projeto pelo exterior do anel… Subindo pelas laterais do circulo fazia "casas" para os diamantes, minúsculos, delicados, com um corte perfeito. Finalmente o "gancho" que seguraria a pedra principal...
   Não custou muito para James finalizar o protótipo que seria depois passado a linha de produção.
   Quando finalmente viu sua obra completa, chamou os colegas e começou a explicar os novos processos de execu
ção para aquela nova jóia que seria lançada, como novidade da linha de produtos do distribuidor para qual sua empresa trabalhava.
   A admiração foi total! Tanta delicadeza, beleza de um desenho contemporâneo mas, ainda assim, com um toque nostálgico. Alguns ate' aplaudiram quando viram o resultado final.
   James explicou, detalhadamente todos os processos da produ
ção, por ele implementados. 
   Depois que seus auxiliares voltaram a suas mesas e deram início ao trabalho, James Earland pegou o anel de Ouro Branco, Opal, Turmalinas e Diamantes com a ponta de seus dedos e, admirando a beleza de sua criação falou para si mesmo com um sorriso: -It will be beautiful in your hands, my darling!

   Alguns dias depois aquele anel foi comprado na loja que distribuía as jóias por James criadas e atravessou países e oceanos e foi presenteado a uma mulher belíssima, fei
ções delicadas, corpo escultural, sorriso lindo, mãos maravilhosas...
   Sem saber, James profetizou... Seu trabalho, feito com tanto carinho criatividade e dedicação enfeitam mãos, encantam corações... Suas jóias são  testemunhas de promessas eternas, pelo menos enquanto durem...
   Agora mesmo, alguém esta’, em algum lugar do mundo, comprando uma das jóias que confeccionou enquanto ele, deixa seu trabalho, mais um dia, com a satisfação da criação... 

   Se dedicarmos ao nosso trabalho o mesmo carinho, prazer e emoção, todos nos seremos James Earland’s e alguém, em algum lugar, de alguma maneira, ficara' maravilhado e se beneficiara'  com o que fomos capazes de realizar..






Copyright 8/2014 Eugenio Colin
   



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