quarta-feira, 6 de agosto de 2014

MRS. BANKS








                                                                Mrs. Banks







   John Banks estava devastado...
   Ali, num magnifico motel, acompanhado pela mais linda mulher do mundo, em sua opinião, gostosa pra cacete, um sorriso encantador, mais cheirosa do que bunda de neném depois do banho, e o cara com um pinto de apenas cinco centímetros, assim mesmo porque estava duro...
   Ca’ entre nós, nenhuma mulher merece tanto!
   E agora? Vergonha a parte, na realidade, como ela mesma havia mencionado, aquilo nem dava pra fazer cosquinha na moça.
   Os “castelos” que John começara a construir estavam desmoronando...  Seu país ja' havia se despedido prematuramente da copa do mundo e, agora, Dagmar estava prestes a desaparecer de sua vida permanentemente, atitude que ele, como homem, não tinha condição de recriminar... 
   Ela ate’ tentou usar de sua imaginação para ver se, de alguma maneira aquele bonitão conseguiria chegar `as vias de fato mas, `a esta altura, o homem estava mais envergonhado do que recém casado em noite de núpcias. Sabia que de sua mata não sairia coelho, cobra ou qualquer outra coisa picante.
   Com resignação, deitou em silencio e chamou John para, a seu lado compartilhar aquela frustração mutua.
-  Meu querido! Eu gostei de você... Acho você educado, gentil, carinhoso, muito
   diferente daqueles caras la' da comunidade que vivem me paquerando mas, como e'
   que eu vou fazer? To aqui toda lubrificada, e... Não da' ne'!
-  Nao sabe o que ser cuminidadi... Disse John.
-  Favela! Favela agora e' chamada de comunidade... So’ uma questão de semântica. O local e' o 
   mesmo. De certa forma ate' pior... Esclareceu Dagmar.
-  Também gostou muito di voxe mas nao sabe o que vai fazer... Confessou John.
-  Não da' pra aumentar esse negócio so' um pouquinho, pra gente poder “brincar de casinha”?
   Tentando pensar no que fazer, o gringo resolveu estender sua estadia por mais alguns dias, para talvez salvar pelo menos parte de seu sonho...
   Com a ajuda de Dagmar, ja' que seu vernáculo não dava para entender quase nada, começou a pesquisar novas maneiras de aumentar sua “personalidade”. Pesquisando em uma Lan House, ao lado do pretendente, por métodos de aumentacão penílica, não conseguia conter seu lindo sorriso ao ver demonstrações , teorías, esperanças por parte dos menos afortunados.
   Dentre as sugestões apresentadas, John escolheu o método de colocar pesos de meio quilo amarrados na cabeça de sua masculinidade. O “exercicio” deveria ser executado três vezes ao dia, diariamente por três semanas, em uma primeira fase.
   Enquanto isso, John e Dagmar passeavam, se conheciam melhor, dividiam momentos alegres, embora em abstinência total. Sem saber, começavam a se apaixonar.
   Após quase um mês de exercícios diários, os “pombinhos” arriscaram “tentar” mais uma vez. Dagmar estava apreensiva enquanto John estava nervoso mas, mesmo assim resolveram arriscar.
   Desta vez, embora parcialmente, o gringo alcançou seu objetivo... Sua “confianca” havia, literalmente, aumentado e Dagmar se dava por satisfeita. E’ claro que ela deve ter diminuído um pouco suas expectativas, tentando assim se situar no contexto da realidade que a encontrara.
   John estava exultante. Acabara de ver sua companheira literalmente gemer de prazer. Dagmar, por sua vez começava a se acostumar com a personalidade de seu companheiro e, aprendendo a valorizar emoções  mais sutís e permanentes em troca das  volúpias imediatas, inconsequentes e sem futuro.
   Poucos dias depois, `a saída de um motel, depois de haver conseguido mais um gol,  enquanto passeavam de mãos dadas, John para instantaneamente, coloca-se bem a frente de sua namorada e diz, de sopetão:
-  Quero me casar com voxe... Quero levar voxe para o England para ser meu esposa.
   Dagmar tremeu nas bases. Para ela, aquilo não passava de umas trepadinhas inconsequentes, acompanhadas de jantares em restaurantes finos, regados de vinhos de qualidade, e noitadas que ela nunca havia experimentado anteriormente. Antes de conhecer John, estava acostumada a dar uma “rapidinha”, se vestir as pressas, porque a hora do hotel estava quase terminando e, no máximo um beijinho na testa antes de ver seu companheiro eventual sumir na escuridão da noite.
   Desta vez era diferente. O cara queria conhecer os pais de sua namorada, pedir sua mão em casamento e leva-la para seu país, com a promessa de, pelo menos uma vez por ano, traze-la de volta, so' para matar as saudades da família.
   E’ claro que Dagmar ja' havia aceitado, mesmo antes de falar alguma coisa. O fato do gringo morar em um castelo, nos arredores de Londres, ser milionário, bonito pra cacete, ter um iate e um avião particular, certamente não teve nada a ver com a empolgação da moça. Para quem nasceu, foi criada e ainda morava em uma “comunidade” aquilo era muito mais do ela jamais sonhou.
   No próximo domingo, como haviam combinado foi `a casa da namorada para oficializar a comelança.
   Em la' chegando, todas as atenções  se voltavam para o gringo que, por sua vez não tirava os olhos da Dagmar. Ela estava linda. Usava um vestido tão curto que se ela desse uma risada, a calcinha apareceria. Sua mãe, ao vê-la chegar assim vestida, não perdeu tempo em critica-la... 
-  Dada’, vestida assim você vai espantar o otário do gringo.
   Mas, o cara estava realmente apaixonado. Assim que ouviu as ponderações maternais respondeu:
-  Nao sabeu o qui ser otário mas, nao xe pirocupe dona Xena o qui e' bonita se bota para se veir.
-  Dada’, não sabia que o gringo entendia Português... E ainda chamei ele de otário...Que vergonha! 
   Disse a mãe da noiva.
-  Nao faix mal... Vergonha e' roubar e nao sabeir crregar... Rebateu John.
   E’! Na realidade o homem estava começando e entender e praticar o “lingo”...
   Pouco a pouco começaram a chegar as amigas de Dagmar, so' pra dar uma bisbilhotada no futuro da amiga. Cada uma com as calças mais curtas e apertadas. Mas isso não fazia a menor diferença para John, que estava certo do que queria para sua vida.
   O almoço decorreu sem maiores incidentes, alem do fato de Conceição, melhor amiga de Dagmar, praticamente se sentar no colo de John e colocar um dos bracos agarrando seu pescoço. Ninguém entendeu nada. John olhou para a “noiva”, desculpativamente, dizendo: 
-  Tem cupa eu?
-  Se você quiser eu acho ate' que ela te da'... Respondeu Dagmar.
   John não entendeu a resposta mas também não tentou elaborar. Ele sabia que mal conseguia dar conta da noiva, assim sendo, nem pensava em mais confusão.
   De repente, se levantou, quase jogando Conceição ao chão, pegou sua namorada pela mão, sentou-a em uma cadeira, ao lado da mãe e, ajoelhando-se em frente `a ela, tirou do bolso de sua calca uma caixinha roxa e, abriu, exibindo um maravilhoso anel cheio de diamantes. O brilho do tal anel era tanto, refletido pelo sol escaldante que cobria o terraço da casa que quase cegou aos que para a jóia olhavam... Segurou a mão de Dagmar, dirigiu-se `a Dona Xena, ainda estpefata com aqueles acontecimentos inusitados, todos chegados `a ela de sopetão, sem o menor aviso, e falou:
-  Dagmar, se voxe queiser e, com o abenção de sou mae, gostario que voxe foxe minho mulier.
   Prometo que vou continuar a usar o peso pra aumenta meu confianço. Prometo tambem te fazeir
   feilix e sempre, com muita orgulia aprexentar  voxe `a todos como minho querida Mrs. Banks.






Copiright 7/2014 Eugenio Colin


   

Nenhum comentário:

Postar um comentário