quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

ISSO ACONTECE!...









                                                              Isso Acontece!...





   Crisântemo Flores estava completando hoje sessenta e cinco anos de idade... 
   Aposentado, com os filhos criados, decidira que agora era o seu tempo de aproveitar os anos de vida que lhe restavam. Esta ano, no dia de seu aniversário queria dar a si mesmo um presente especial, algo que pudesse marcar este dia para sempre, indelevelmente.
   Primeiro pensou em comprar uma moto mas, não tinha namorada e, para ele, andar de moto sozinho, sem uma linda mulher, preferivelmente muito gostosa, na garupa era o mesmo que tomar sopa com a mão.
   Depois lobrigou em comprar um computador novo mas, pensando bem ja’ vinha fazendo isso ha’ três anos... Ele tinha mais computadores do que tempo para usa-los.
   Que tal um jantar especial? Pensou consigo mesmo... Mas para se deliciar com o prato de sua preferência, ensopado de jilo’, quiabo, nabo seta, maxixe, abobrinha e agrião, acompanho por purê de mandioquinha, teria que preparar ele mesmo, nenhum restaurante, em sã consciência colocaria algo deste tipo em seu cardápio e Cris, no dia de hoje, não estava afim de esquentar o pinto no calor do fogão...
   Pensando em pinto... Boa ideia! Que tal uma trepadinha? Não fazia isto ha’ ja’ algum tempo, ja’ havia quase esquecido como era e, nada melhor do que o dia de hoje para realizar um sonho antigo...
   A primeira ideia que lhe veio `a cabeça foi de comer a Cremilda, com quem encontrava varias vezes no supermercado mas, pensando bem, toda vez que Cris sentia cheiro de linguiça, lembrava da Cremilda... Talvez porque so’ encontrava com ela na sessão de frios, talvez porque ela realmente cheirava como linguiça e este fato não era nada lisonjeiro ou  motivador de uma ereção.
   Olhava para sua cadernetinha de endereços e, parecia que a cada pagina passada a idade ia aumentando... So’ conhecia coroa com mais de sessenta anos e, na sua mente, mulher de sessenta anos não pensa mais em trepar, muito menos sem compromisso... O que não e’, necessariamente, correto...
   Ja’ eram quase dez horas da manha e ainda não havia planejado nada para seu aniversário. A esta altura ja’ sabia que queria passar o dia, possivelmente a noite também, com uma mulher, lembrar os velhos tempos de paquera e comilanças, referencialmente sem arrumar tanta complicação para sua vida, como era de seu estilo... Num ato de “desespero” lembrou-se daqueles comerciais que via muitas vezes quando usava seu computador; mulheres balançando bundas enormes e reluzentes bem ao seu nariz, ou deslocando seios prateados por glitter, parcamente protegidos por suotians mínimos que serviam apenas para apertar os pobrezinhos e mostra-los de uma maneira disformemente avantajadas.
   “- E’ mesmo!” Pensou... talvez consiga alguem pelo computador...
   Ligou o dito e, imediatamente, um festival de bundas e seios, cada qual melhor do que o outro.
   Lia os anúncios com cuidado e atenção, tentando desvendar o mistério escondido pelas imagens maravilhosas que `a sua frente desfilavam...
   “Maria Tereza, a única que vai te dar prazer em cima da mesa...”
   “Raimunda, linda de cara! Melhor de bunda...”
   “A melhor pra você! Sua querida Tete...”
   “Se você quer muito prazer no seu dia, não exite! Ligue logo para Bia...”
   E assim por diante...
   Mas por incrível que pareca, Cris ficou “tarado” por um anuncio muito simples que dizia: “Sou nova e inexperiente mas sei que vou te deixar contente...”
   Aquele rosto que a foto exibia eram encantadores... Simples, sem muita maquiagem, mas com feições que deixaram nosso amigo mais exitado do que jovem que toma viagra.
   Sem pestanejar ligou para o telefone do anuncio...
   Ao ouvir a voz da mulher, ficou mais doido ainda... Aquela voz era algo angelical, digna de proteção incondicional... Nem parceria uma mulher atrás de sexo para pagar as dividas...
   Depois de algumas palavras tocadas quando Cris ouvira exatamente o que queria e precisava, e’ claro, marcaram o encontro para três horas depois...
   Agora sim! Poderia começar a comemorar seu aniversário em alto estilo. Alias, membros de seu corpo ja’ haviam começado a “celebracao”...
   Na hora marcada la estava Cris, todo arrumado, paleto’ e tudo. Um verdadeiro cavalheiro. Estava levando este encontro a serio. Não queria apenas dar uma trepadinha e sair fora... Queria também um pouco de romance, algo de certa maneira escasso em sua vida...
   Olhando para frente, pode ver uma linda mulher, saia vermelha rodada, mostrando metade das coxas e uma blusa branca com enfeites prateados que sugeriam uma gravata, saltos altos, muito altos que faziam com que Gigi parecesse ainda mais alta e esguia.
   Ao se certificar, depois que a moca viu o cravo branco que haviam combinado ele traria na lapela para identificação da pessoa certa, Gigi abriu o maior sorriso do mundo. Cris, por sua vez, abriu os bracos andando em direção ao seu “presente de aniversario”.
   Trocando um beijo carinhoso, saíram de mãos dadas em direcao `a “festa”.
   Cris havia reservado a suite nupcial de um Motel de primeira categoria, o que podia ser comprovado pelo cartaz postado bem a porta do “estabelecimento”, o qual dizia: “So' gostamos clientes duros... Entrem e relaxem!”
   E assim fizeram os “pombinhos”... Ao chegarem `a suite, Gigi usava de toda sua experiência para excitar seu parceiro... A medida que ia tirando as pecas de roupa, como se estivesse fazendo um strip tease ao som da musica que tocava, o aniversariante começava a suar frio. Quando sua parceira se livrou da saia que usava, o cara quase teve um ataque. Reparando melhor, pode perceber que a mulher, alem de linda, portava um par de coxas de fazer inveja a qualquer modelo.
   Seguindo o ritual, livrou-se do soutian, revelando os seios mais lindo que Cris havia visto, como ele confessou, assim que recuperou o folego.
   Como uma amante apaixonada, andou em direcao ao parceiro, o empurrou com certa   violência contra a cama, fazendo com que ele caísse deitado, suando mais do que operador de britadeira ao sol de quarenta graus.
   Com um gesto sutil, livrou-se de sua calcinha e caiu sobre o aniversariante.
   Ao mesmo tempo que cobria o cara de beijos, enfiou a mão dentro de suas calcas `a procura do “homenageado”...
   A esta altura, Cris estava morto de vergonha. Seu pinto estava mais murcho do que boca de velho sem dentadura.
   O homem não sabia onde enfiar a cara... Quanto mais Gigi acariciava seu companheiro, mais o pinto do cara encolhia...
   O objeto em questão estava tao encolhido que ele nem conseguia se masturbar. Ato que, normalmente faria nosso amigo “acordar”.
   Depois de quase uma hora de tentativas frustrantes e embaraçosas, Gigi confessou estar sem alternativas, perguntando se ele tinha alguma sugestão que pudesse ocasionar uma erecao. Ai mesmo e’ que o cara brochou de vez... Que humilhação! Ele ate’ ja’ estava gostando um pouquinho da companheira...
   Cris estava indignado! Isso nunca havia acontecido! E’ bem verdade que nunca esteve com uma mulher tao gostosa como Gigi mas, de qualquer maneira, isso não era desculpa para tamanha inaptidão.
   O remédio era se despedir da moca, envergonhado...
   Ela ainda tentou consola-lo dizendo: Isso acontece ...
   Foi a pior coisa que Cris poderia ouvir `aquela hora. Estava realmente desapontado, com raiva daquele pinto inútil e sem vergonha... “Negar fogo” justamente em frente da mulher mais gostosa que jamais vira em sua vida...
   O jeito era se desculpar e voltar para casa carregando a maior decepção de sua vida.
   Gigi, num ato de solidariedade ainda disse:
 Não esquenta não! Você não queira saber quantas vezes isso aconteceu em minha
   vida profissional... Amanha “ele” volta...
  Ao invés de consolar, Cris ficou muito mais injuriado. Sua raiva de si mesmo era tanta que chegava a babar na camisa.
  O caminho de volta `a casa foi um dos mais longos em toda sua vida... Não podia acreditar no acontecido... Entrou em casa, foi direto a cozinha, abriu a porta do armário da pia, pegou o martelo de amaciar carne, pousando-o sobre a mesa, abriu a calca, deixando-a cair ao chão, pegou o pinto sem vergonha, causador daquele tremendo embaraço, colocou-o sobre a mesa e começou a bater nele com o martelo, com toda a força. Sua raiva era tanta que simplesmente ignorava a dor que sentia.
   Em dado momento, talvez como protesto contra tamanha violência, talvez por solidariedade ao vizinho, sem querer, Cris soltou um peido, daqueles altos e sonoros... Sem mesmo pensar, numa reação intuitiva, ele olhou um pouco para trás e falou, quase gritando, ainda possesso de raiva:
-  Cala tua boca que teu passado também e’ bem triste...




Copyright 2014 Eugenio Colin

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