quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CUZINHO?... SIM!









                                               Cuzinho?... Sim!







   Trolinha, namorada de Brolha, havia combinado com ele, promover um encontro de casais em homenagem a seu amigo Três Pernas e sua namorada Rosilda Gostosa. Sorrateiramente porem, estava planejando chamar Armando Cacete, um vizinho Português, dono de sete botequins na região, para tentar envolve-lo com Betty Frigida,
antigo amor de Brolha, que ainda “rondava a area” tentando “chutar `a gol” sempre possível.
   Brolha estava na cozinha, meio desajeitado quando ao atender `a porta pode ver, para seu encanto, a presença de Betty, linda, maravilhosa, como sempre. Apos se certificar da hora da recepção, no dia seguinte, se ofereceu também para "ajuda-lo" hoje,  dia anterior.
   Ja’ estavam com a “mao na massa” quando Trolinha entrou em casa em busca de seu celular, amigo inseparável em qualquer ocasião, que havia esquecido em sua ida ao salão, para se empetecar toda.
   Assim que entrou em casa, sentiu o cheiro de “perfume ordinario” como se costumava a referir `a fragrâncias finas como “Imperial Majesty”, “Joy”, “Poivre de Caron”, coisas que seu nariz não aceitava devido `a sua total incapacidade de pagar, justamente o tipo de perfumes que Betty costumava usar.
   Ao ouvir vozes vindas da cozinha, se aprochegou `a porta na tentativa de ouvir a conversa sem ser vista...
-  Ta’ muito grande! Disse Betty com um sorriso que podia ser notado ate’ atrás da porta.
-  E’ so’ o que tenho! Disse Brolha.
 - Devagar! Bota com cuidado para não rasgar. Informou Betty.
 - Você ja’ fez isso? Perguntou Brolha.
 - Tu ta’ de brincadeira ne’? Respondeu ela.
 - Espera! Passa um pouco de manteiga antes... Instruiu Betty.
 - Dentro? Perguntou ele.
 - Dentro e nas beiradinhas também! Passa um pouco atrás... Nunca se sabe. Disse ela.
 - Você não quer tirar o vestido? Estou com medo de você se sujar ou nos atrapalhar. 
   Disse Brolha.
 - Não precisa! Se tiver atrapalhando eu levanto a saia um pouco mais. Alem do mais, se
   Trolinha chegar de repente, quero estar preparada... Não quero que ela nos surpreenda antes de
   terminarmos. Argumentou Betty.
   A esta altura, Trolinha atrás da porta estava morrendo de ódio, pronta para matar os dois ali mesmo mas, a curiosidade em saber ate’ que ponto a traição do homem a quem amava iria, a fazia ficar estática, ávida para presenciar o desenrolar dos acontecimentos.
   O barulho do liquidificador, certamente ligado para disfarçar e esconder o que realmente estava acontecendo naquela cozinha, fez com que Trolinha colasse o ouvido  na porta, não querendo parar de ouvir o que os dois conversavam enquanto faziam o que estavam fazendo.
 - Toma! Disse Betty.
 - Põe mais? Perguntou ele.
 - Bota tudo! Não tem problema! Disse Betty.
 - Hummm! Ja’ esta’ gostoso! Disse Brolha.
 - Pára de lamber o dedo! Ainda nem comecei... Disse Betty, confiante.  - Agora me da’ os ovos.
   Disse ela, soando muito satisfeita.
-  Aí não! Poe na minha mão! Instruiu.
-  Com cuidado. Não aperta! Disse Brolha. Toma segura com carinho... Vai querer farinha também?
-  Brolha! Farinha? Agora? Se botar farinha vai atrapalhar tudo...
-  Uau! Como você esta’ experiente. Disse Brolha, realmente impressionado com os 
   “progressos culinarios” de Betty.
-  Põe a mão aqui! Segura estes limões... Instruiu ela.
-  Puxa! Que limões grandes e lindos. Como você conseguiu?
-  Nasceram pequenos e cresceram... Como tudo mais. Sorriu ela, em resposta.
-  Me da’ tua mão! Deixa eu te ensinar! Põe um pouco de pressão sobre eles... Não faz 
   com muita forca pra não machucar... Faz assim! Movimentos circulares, um de cada 
   vez, Quando você sentir que estão macios, espreme eles. Se quiser apertar os dois
   ao mesmo tempo, um com cada mão, e’ ate’ melhor... Explicou Betty.
-  Porra! Você esta’ mesmo muito melhor nisso. Não sabia que você era tao boa assim.
   Disse Brolha, encantado com o desempenho da amiga.
-  Claro que sabe! Lembra daquele dia na casa da mamãe? Lembrou Betty.
   Ainda atrás da porta, com um ódio tao grande que seria capaz de encarar um caminhão cheio de
   PM’s
   "Que cachorros! Usando minha cozinha para ter um flash-back". Pensou Trolinha.
   Apesar de toda raiva, não queria perder uma única cena das que compunha em sua mente `a medida que ouvia o dialogo. Custava a creditar no que ouvia.
-  Quer que eu te ajude a lavar a mão para se livrar desta gosma branca? Disse Brolha.
-  O que adianta lavar a mão? Ainda não acabamos e sei que vou melar tudo de novo.
-  Puxa! Se soubesse que você era tao boa assim, tinha pedido ajuda ha’ mais tempo.
   Tantas vezes, desde que nos separamos, tentei fazer isso e não consegui... Lamentou Brolha.
-  Ue’? E a Trolinha não sabe fazer? Perguntou Betty.
-  Não assim como você...
   “Filho da puta!” Foi a única coisa que Trolinha pensou, ainda atrás da porta, se segurando para não cobrir os dois de porrada.
-  Vamos! Fala menos e mexe mais... Disse Betty.
-  Ta’ vendo esse pauzinho? perguntou Betty.
-  Claro que sim! Ta’ aqui mesmo, bem `a minha frente... E’! Mais isso, deste tamanho, não e’ um
   pauzinho... Ponderou Brolha.
-  Bem! Isso e’ uma questão de semântica...  Põe aqui na minha mão rápido. Estou 
   precisando dele. Agora! Disse Betty, agoniada.
-  Toma! Segura ele! Agora e’ tua vez... Coloca aqui dentro e começa a mexer. Depressa!  
-  Ta passando da hora... Disse ela, preocupada com que tudo desse certo, na hora certa.
-  Mexe mais um pouco. Vai! Pediu Betty.
-  Assim ta' bom? Indagou Brolha.
-  Mexe mais! Mais rápido! Com mais forca, se não vai demorar o dia inteiro. Disse ela.
-  Devagar! Não põe muito! So’ um pouquinho, se não vai arder depois... Parece sal...
   Concluiu ela.
-  Vê se você se decide! Você diz com mais forca, depois de vagar... Fico sem saber o
    que fazer. Disse Brolha, perdido, olhando para “tudo aquilo” `a sua frente.
-  Você parece que desaprendeu! Disse Betty sorrindo.
-  Não sei como te agradar... Ponderou Brolha.
-  Meu amor!  Põe de vagar! Mexe com forca! Entendeu? Disse ela.
-  Ta’ bom! Não precisa ficar nervosa...
-  Não estou nervosa meu querido. So’ estou estou ansiosa para terminarmos logo,
   antes de Trolinha chegar...
-  Eu também gostaria muito de terminar antes dela chegar mas, agora não adianta
   apressar. Ela vai ficar sabendo que qualquer maneira. E’ melhor que a gente faça  
   bem feito para não lamentarmos depois. Explicou Brolha.
   Ouvindo, ainda no mesmo lugar, o sangue de Trolinha ferveu. “Esse filho da puta!” Pensou.
   Olhava para os lados, pensando o que poderia usar como arma para matar aqueles dois  desgraçados, sem vergonha...
   Enquanto isso, a “ação” continuava, na cozinha...
-  Abre! Abre mais... Assim não vou conseguir. Disse Brolha.
-  Se abrir mais do que isso vai quebrar. Não acredito que você não consiga acertar um
   buraco desse tamanho. Sorriu Betty.
-  Cuidado para não encostar a bunda no forno e se queimar... Disse Brolha, carinhosamente.
-  Toma! Lambe meu dedo! Veja como esta’ gostoso... Disse Betty.
-  Puxa vida! Da’ vontade de comer tudo de uma vez... Comentou Brolha.
   Trolinha, atrás da porta, enojada, enraivecida, indignada, ouvia aquilo com lagrima nos olhos. Como era possível tamanha traição? Em sua casa... Na cozinha! Porque Brolha nunca havia mencionado suas preferências sexuais, suas taras? Certamente, ela tentaria experimentar...
-  Estou toda suada! Pegando fogo! Disse Betty com uma voz satisfeita e realizada.
-  Eu também estou todo melado... Que bom você ter vindo!
-  Agora bota um pouquinho d’água para ajudar. Disse Betty.
-  Água ajuda?
   Betty apenas sorriu em resposta. Estava feliz por poder passar algumas horas com seu antigo namorado que, tinha certeza, ainda exercia muita influencia sobre ela.
-  Abre! Deixa eu tirar... Disse Brolha.
-  Tira com cuidado para não machucar os lados. Ainda esta’ muito inchado. Quando
   esfriar, diminui um pouco. Disse Betty.
-  Não esta’ saindo... Acho que grudou! Disse Brolha.
-  Se não sai e’ porque você não sabe tirar. Tinha manteiga ate’ nos lados, deixa eu
   abrir mais um pouquinho...
-  Agora saiu! Que cheirinho gostoso! Exclamou Brolha emocionado. Da’ ate’ pena
   tirar... Finalizou.
-  Ainda bem que não esta’ muito quente. Pega o chocolate e passa bastante, por cima
   e nos lados... Eu sei que você adora chocolate... Deixa eu deitar aqui na mesa para
   ficar mais fácil. Disse Betty. Poe também um pouco de chantilly. Pediu Betty.
-  Ta’ bom ou poe mais? Indagou ele.
-  Mais um pouquinho!
-  O que você achou? perguntou Brolha.
-  Gostei! Gostei muito! Disse Betty, agora olhando para a mesa.
-  Deixa eu me limpar meu querido! Estou toda melecada.
-  Eu também estou todo melado. E’ melhor trocar a calca antes de Trolinha chegar e
   nos surpreender... Disse Brolha.
   Naquele momento, devastada pelo que “ouviu” acontecer, Trolinha, olhando vagamente, percebeu uma espingarda pendurada na parede, que servia não so’ como decoração mas, também, para mandar chumbo na bunda do primeiro que ousasse invadir sua moradia.
   Sem pensar nem mais um segundo, chorando convulsivamente, voou ate’ a espingarda e tirando-a do local onde estava.
   Meteu o pe’ na porta da cozinha que se escancarou, batendo na parede com tanta forca que estremeceu tudo...
   Betty e Brolha, assustados com a fisionomia transtornada de Trolinha, se afastaram vagarosamente ate’ encostarem na parede, deixando entre eles e a “traida” a mesa da cozinha com um enorme bolo, caprichosamente decorado ao seu cento.
   Ao ver aquele bolo maravilhoso, tao cuidadosamente confeccionado, envergonhada, sem saber o que fazer, como explicar sua desconfiança, abaixou a espingarda que apontava em direção aos dois e com um sorriso muito sem graça perguntou `a Betty com seu Português de analfabeto:
-  Você cuzinha?
-  “Cuzinho?”... Sim! Respondeu Betty, sarcasticamente.









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