quinta-feira, 15 de agosto de 2019

SÃO PAULO










                                                            SÃO PAULO
  








   Trolinha estava feliz da vida com o convite de sua prima Rosilda e seu marido à ela e Brolha, seu noivo… Fazia muitos anos que não visitava sua terra natal mas agora, finalmente teria a oportunidade de desfrutar com seu noivo as belezas dos Morros de São Paulo.
   Sendo a próxima segunda-feira era feriado, enforcando a sexta e saindo de casa pela manhã, teriam praticamente quatro dias para usufruir as maravilhas da terra Paulistana.
   Como combinado, todos se encontraram no Galeão com destino ao passeio tão aguardado.
   Feliz, como não se sentia ha muito tempo, Trolinha era toda sorrisos para o noivo.
   Não tardou para que o portão de embarque fosse aberto e os quatro tomassem seus respectivos lugares na aeronave que os conduziria ao destino.
   Andando pelos corredores apertados do avião, com a cabeça abaixada para não dar porrada no teto, uma vez que ela tinha quase dois metros de altura, localizou seus assentos e entrou primeiro, já que queria sentar-se à janela para aproveitar a vista do voo matinal.
   Espremeu daqui e dali e chegou à conclusão que, ou o avião era muito pequeno ou ela era muito grande. A solução foi a de sentar-se próximo ao corredor onde, esticando a perna, conseguiria, ao menos, se acomodar melhor.
   Brolha sentou-se à janela e ela a seu lado.
   Rosilda e seu esposo sentaram-se imediatamente à sua frente.
   Prestes a decolar, a aeromoça, vendo a perna de Trolinha no meio do corredor, abaixou-se junto a ela e disse:
-  Por favor coloque sua perna no espaço de seu assento…
   Trolinha ajeitou-se o máximo que pode junto ao encosto colocou ambas as pernas em cima do assento, esmagando seus enormes seios que, se juntando abaixo de seu pescoço fazia com que eles parecessem enormes bochechas em seu rosto.
-  Assim tá bom ou você quer que eu corte as minhas pernas e as coloque no bagageiro superior, como você diz `a todo mundo, sua idiota! Ainda não deu para ver que essa porra deste avião foi desenhado para anões? Disse Trolinha em resposta à aeromoça que, hoje em dia e’ conhecida como “atendente de bordo”. Primeiro porque as “mocas” fugiram do serviço e também porque os “moços” começaram a aparecer para completar as vagas... A pobre da “atendente de bordo” saiu fora, de fininho, sem dizer nada.
   Mais alguns segundos e o avião já estava no ar.
   Trolinha, sem muita visão da paisagem, já que seu rosto estava bem mais alto do que a janela minúscula do “avião de brinquedo”, perguntou à Brolha que, distraído, olhava lá em baixo pela janela:
-  Vem cá! Esse avião não está indo na direção errada?
-  Como assim? Respondeu ele.
-  Se estamos voando para o sul o oceano não deveria estar à nossa esquerda?  Ou fui reprovada em geografia, sem saber... Perguntou Trolinha, meia sonolenta…
Brolha estava tão entretido com a paisagem que nem prestou atenção `a
pergunta, muito menos `a sarcástica orservação.                                                                                       -  A menos que a gente esteja voando de cabeça pra baixo e eu nem me dei conta…” Pensou Trolinha, ainda meio confusa… “Neste caso, eu deveria estar sentada com a cabeça na cadeira e com a bunda pra cima, recebendo esse ventinho chato e aporrinhante que eu não consigo desligar… Deixa pra lá!” Concluiu seus pensamentos, “arquivando” o assunto, doida para chegar logo em São Paulo.
   Estava dormindo já há algum tempo quando sentiu uma mão estranha apertando sua perna com força. Acordando assustada, encolheu a perna dizendo:
-  Vai passar a mão na perna da tua mãe, seu filho da puta!
-  Três Pernas, assustado por aquele grito, virou para trás e falou:
-  Calma Trolinha, só estava tentando achar o botão para voltar a cadeira para a
posição normal. Já estamos pousando. Alem do mais, qual e’ o maluco que vai querer passar a mao em coxas mais cabeludas do que ouriço irritado?
-  Desculpe Três Pernas, foi sem querer…
-  Trolinha você precisa “lavar” essa boca. Ninguém te aguenta! Disse Rosilda 
   sentindo-se mais ofendida do que seu marido.
   Um pouco envergonhada, tentando se esconder dos olhares dos outros passageiros que, evidentemente, ouviram tudo virou-se para o lado de seu noivo, ainda a tempo de ver o avião pousar e o terminal aparecer, lentamente.
   Saindo do avião, passando pelo túnel, chegaram à sala de desembarque que, pareceu estranha à Trolinha, mesmo sem ter ido a São Paulo por tanto tempo…
   De mãos dadas com Brolha ela comentava:
-  Acho que São Paulo encolheu… Esse aeroporto me parecia ser maior…
   Brolha apenas sorriu daquela observação sem dar muita importância…
   Andaram mais alguns metros e Trolinha viu à sua frente uma placa que dizia: “Bem-Vindos a Salvador”... Aquilo lhe pareceu estranho.
-  Salvador? Que é que estamos fazendo em Salvador? Indagou.
-  Não tem voo para Morro de São Paulo, a cidade é muito pequena. Disse Brolha.
-  Estamos na Bahia? Perguntou Trolinha começando a perder a esportiva. Eu detesto baiano!      Concluiu…
-  Trolinha fala baixo porque Salvador tá cheio de baiano. Não vai me arrumar confusão…
-  Confusão e’ o caralho! Eu quero ir pra São Paulo...






Copyright 8/2019 Eugene Colin.

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