sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A GALINHA E O PINTO...








                                                    A Galinha e o Pinto...









   Galinha passeava tranquilamente pelas ruas da Lagoa dos Patos quando, ainda de certa forma distraída viu, involuntariamente, sua visão se fixar no Pinto que andava em sentido contrario...
   Ao reparar melhor naquela "maravilha", como sua mente classificou o que se apresentava `a sua frente, pode perceber que se tratava de um Pinto de respeito. Não so' era grande mas também volumoso, totalmente tomando conta do ambiente e dos olhares de todos que por ele passavam.
   Pintos, por si so' ja' chamam atenção, principalmente do sexo oposto... São bonitinhos, pouco pelo, na grande maioria dos casos tem cabeças peladas mas, quando "rebolam" despretensiosamente dentro das calcas que os escondem, ai as "moelas" ficam doidas...
   Galinha era seria, de certa maneira ate' rude e mal educada mas, isto nada mais era do que um artificio para afastar de si, qualquer pinto que pretendesse brincar com ela e se sentir como "um pinto no lixo", neste caso, a caracterizando como o lixo.
   Galinha era muito bonita. Por onde passava atraia os olhares de todos.
   Era alta, bem aplumada, bastante asseada, andava sempre na ponta do pe', mostrando suas unhas muito bem cuidadas e, mais do que tudo, prestando muita atenção em sua higiene, e principalmente cheirosa, atributo extremamente raro de ser encontrado em galinhas.
   No momento exato em que se cruzaram, o Pinto não prestou muita atenção `a Galinha e ela percebeu isto, mesmo sem estar olhando diretamente para os olhos daquela maravilha, como anteriormente ela o havia qualificado. Mas, em sua mente, aquele Pinto não podia ser desprezado ou esquecido. Sabia que corria o risco de perde-lo para sempre se o deixasse escapar. E, não queria perder mais um pinto em sua vida, principalmente este, que a havia excitado tanto...
   Assim sendo, pensou rápido e, imediatamente bolou o plano genial de sair correndo pela multidão, no mesmo sentido em que seu objeto de foco se descolava, com cuidado para que ninguém percebesse e, mais adiante, tentasse novamente cruzar com o Pinto na esperança que, desta vez, tivesse sucesso em sua tentativa conquistual.
   Um pouco mais adiante, ainda reparando no Pinto que, percebera se aproximar novamente, esticou o pescoço, se aprumou toda e tascou o maior sorriso no semblante.
   Desta vez, deu certo. O Pinto ficou maluco quando reparou nas curvas da Galinha. Aquilo que ali estava em sua frente não era algo de se deixar escapar.
   Como todo Pinto tímido e envergonhado, murchou diate da possibilidade, começou a suar de nervoso mas, mesmo assim, reuniu coragem e se atreveu a dar uma "bicada" na Galinha.
   Aparentemente foi amor a primeira vista.
   Mesmo que tecnicamente o tal interesse tivesse apenas acontecido na segunda vez em que se cruzaram, na realidade se qualificava como amor `a primeira vista, uma vez que so' agora, o Pinto havia encarado a Galinha e, desta maneira, apropriadamente, mantendo as características do famoso dito popular. Uma baboseira que, na realidade, e' a coisa mais difícil de acontecer na praticidade de mortais apaixonados ou pressupostos ao acontecimento.
   Imediatamente, assim que se encararam, ja' de mãos dadas, corações esperançosos, e hormônios `a flor da pele, sentaram no primeiro banco que encontraram na praça principal da cidade, onde `aquele momento estavam e começaram, sem perder tempo com necedades, a trocar confidencias, explicitar esperanças, silenciosamente rezar `a tudo quanto e' santo que conheciam, para que aquele encontro fortuito se transformasse em algo duradouro e prazeroso.
   Galinha não tirava os olhos do Pinto que estava cada vez mais "inchado" sentindo um prazer enorme em cada elogio que ouvia daquela que o devorava com os olhos, e que so' não o fazia literalmente por receio de ser presa por atentado ao pudor, se por acaso tentasse agarrar o Pinto na frente de todo mundo.
   Aquele achamento ja' durava por mais de quatro horas e, `a esta altura ambos ja' tinham certeza que haviam encontrado o amor de suas vidas... A Galinha impressionada pelo tamanho do Pinto não o largava nem por um segundo. Apertava tanto o pobre que ele ja' estava todo marcado, mais parecendo um camarão do que pinto. Este, por sua vez, encantado pela beleza, feminilidade, sinceridade e determinação da Galinha, enfiava sua cabeça no sovaco da "moça" que, prazeirosamente, o aconchegava com seu calor maternal... Se algum transeunte por acaso prestasse atenção `aquela cena, certamente não entenderia porra nenhuma. A cabeça do pinto tentando furar um buraco no sovaco de uma galinha era algo incompreensível `a qualquer mente, por mais pornovisual que fosse, mesmo tomando em consideração que, afinal de contas, estavam na Lagoa dos Patos.
   So' havia uma coisa que, depois de toda aquela conversa, entendimento, troca de carícias, cheia de revelações, histórias de infância, e sentimentos expostos preocupava o Pinto e ele, honesto e direto como era, e também tendo a certeza que o que havia surgido entre os dois não era apenas uma galinhagem ou uma aventura de fim de tarde ao redor do galinheiro, neste caso sedimentado naquela praça fatídica e inesquecível, carinhosamente se dirigindo `a sua ja' considerada namorada, falou:
-  Sabe? A única coisa que me preocupa e' este teu apelido... Não quero que você passe por
   constrangimento quando ouvir alguém te chamar de Galinha. Mesmo porque, não sei o que faria
   para te defender do insulto... Por que te chamam de Galinha? Você me parece uma pessoa tão seria,
   tão comedida e, segundo o que me disse, ate' hoje só teve um namorado, o que jamais poderia te
   qualificar como uma galinha...
   Com um sorriso sincero, puro, destemido e assertivo ela respondeu...
-  Não tem como, meu amor! Meu nome e' Maria Júlia Galinha... Galinha e' meu nome de família.
   Aquela revelação, soou como uma bomba explodindo nos ouvidos de quem esta' prestes a ouvir a narração do único gol do Brasil em um jogo contra a Alemanha, que ate' então o derrotava por 5 X 0. De certa maneira triste mas conformado, também disposto a aceitar o óbvio após ouvir aquele
segredo contundente e, mais do que tudo, ja' cogitando em defender o seu amor, se preciso fosse, ele desabafou...
-  E'! Ja' que meu nome e' Armado Pinto. o jeito e' me acostumar com o fato que, de agora em diante,
   seremos referidos por todos como A Galinha e o Pinto...






Copyright 2/2017 Eugene Colin

Um comentário:

  1. KKKK, muito bom seu conto e realmente tem tudo haver com a historia de duas pessoas que se conheceram e surgiu amor a primeira vista....lindo!!

    ResponderExcluir